Qual a sua religião?
Toda religião que leva o
indivíduo à religiosidade é importante. Religiosidade aqui é no sentido: “Religare”, ou seja, religar o crente a Deus, o que corresponde o
indivíduo comunicar-se através da fé, da inteligência e dos seus valores morais
com Ele, sem intermediário instituído.
Jesus, o guia da Humanidade,
quando na sua passagem pela vida material ia à sinagoga, conversava com os doutores
do Sinédrio, com doentes de todas as espécies, com o povo comum e com as
autoridades do governo de seu tempo, sempre falou aos Espíritos das multidões
de sofredores referindo-se a Deus. Qual a sua religião?
Religião no aspecto formal,
com estrutura hierárquica, com templo, organização administrativa, tem o seu
valor dentro do contexto social, auxilia na condução das pessoas que muitas
vezes estão perdidas, no entanto, precisa libertar as consciências que estão
cristalizadas em conceitos estabelecidos no tempo, que relembrados com
insistência impedem o voo do religioso no rumo do Criador.
As obrigações convencionais,
os rituais, as cerimônias são peias a manter o religioso num crescimento
horizontal de entendimento, dependente de algo ou alguém que faça a
interlocução com Deus.
O estudo dos elementos da religião fica estanque no intervalo em que os dogmas estabelecem, sendo que estes são limites convencionais de líderes dominadores.
Jesus o maior líder que a Terra conheceu não impôs nenhuma limitação, apenas não podia ensinar tudo o que queria, em conta o nível intelectual e cultural da época, tanto quanto a insipiência da Ciência daquele momento.
O Mestre, na Última Ceia,
anunciando que seu tempo chegara ao termo aqui na Terra foi questionado, como ficariam os seus seguidores sem a sua orientação, vez que estavam habituados a sua sabedoria e grandeza na condução do grupo, com tantas
realizações que socorriam os doentes de todos os matizes e oferecia o consolo e
a esperança a todos com quem tivesse contato? “Rogarei ao Pai e Ele mandará outro Consolador, que ficará para sempre
convosco, O Espírito da Verdade, que fará relembrar tudo o que ensinei e
ensinará tudo o que não pude ensinar.”. -- Repetimos com nossas palavras.
O Consolador prometido por
Jesus já chegou em 1857, no dia 18 de abril, com o aparecimento da Doutrina
Espírita, que não é produção dos homens de carne, mas de uma plêiade de
Espíritos Elevados que vieram trazer as elucidações necessárias à libertação do
Espírito do homem das amarras que desvirtuaram a pureza dos ensinamentos
iniciais do Cristo. Abrindo novos horizontes, rasgando o véu dos
preconceitos e dos arranjos interesseiros do poder temporal.
A revelação feita pelos
Espíritos, através de Allan Kardec, apresentando a continuidade da vida após a
morte do corpo, patenteando a comunicação dos espíritos, o que sempre ocorreu,
embora não fosse compreendida, mas que com os trabalhos da nova revelação isso
foi comprovado.
Os comunicadores do espaço trouxeram
ferramentas que modificaram a compreensão de muitos entendimentos
anômalos na vida dos homens, tal como os preconceitos e outros.
Além da sobrevivência do
Espírito após a vida na carne, também revelaram a existência de vida no campo
espiritual em diversos níveis, de acordo com o estado evolutivo de cada um, que
pode ser de sofrimento ou de felicidade, ambos em graduações desde o mais
sofrido até a plenitude de paz. Ainda, demonstra que a vida na Terra é
antecedida no espaço, pois o ser que nasce num corpo de criança já existia
no campo espiritual, quando surgem o entendimento de espírito reencarnado e espírito
desencarnado, o que retornou em novo corpo e o que deixou o corpo,
respectivamente.
Com o entendimento do
fenômeno da reencarnação, muitas ideias, hábitos, convenções e costumes estabelecidos,
deixaram de ter sua força ou até desapareceram, sendo que com essa revelação de
que todos viveram e viverão depois desta vida muitas outras existências,
através das idas e vindas – mortes e renascimentos. É lei natural, o Espírito precisa aprender,
intelectualizar-se e conquistar virtudes, com as quais alteará aos planos
sublimados do infinito. Para isso necessita de várias vidas para aprender, corrigir-se no que for necessário e aprimorar-se.
Na esteira das revelações,
vem a comunicabilidade dos Espíritos, que são as Almas daqueles que viveram no
Mundo em outro momento, que utilizam de Espíritos reencarnados, que possuem
características próprias, ou seja, sensibilidade capaz de perceber o pensamento
de outro Espírito, que são os médiuns, neste caso denominada comunicação
inteligente; vez que existe o modo de comunicação através de efeito físico, que também
depende de médium que ofereça o elemento ectoplasmático, que manipulado com o fluido do próprio Espírito comunicante produza barulho, batidas, movimentos de objetos...
Os efeitos inteligentes são
caracterizados pela escrita, a psicografia, que revela a cultura, o grau
evolutivo e às vezes a identidade do comunicante. Também se mostram pela
psicofonia, a oratória, o diálogo; pela psicopictografia, a pintura, o desenho; muitas
outras formas, como enumeradas em O Livro dos Médiuns, que compõe a Codificação
Espírita.
Os Espíritos também revelam
que os mundos do Universo são habitados e têm estágios evolutivos desde os mais
primitivos até os mais sublimados aos olhos de Deus; sendo que o Planeta Terra
figura entre os menos adiantados, classificado no estágio de provas e expiações.
Diante de tudo que o
Espiritismo revelou, ficam para a nossa análise, que o Espírito pode renascer
como homem ou mulher, em qualquer raça, em qualquer país; então, caem os
preconceitos de raça, sexo, cor, religião...
Esse farol, que elimina a
escuridão da Alma, dá entendimento para os nascimentos de aleijados, cegos, surdos, portadores de doenças incuráveis, dementados, ricos, miseráveis, seres brilhantes em várias áreas da vida e dos medíocres...
Sempre se encontrará na vida presente o patrimônio das vidas precedentes, com
os recursos adequados aos ajustes do estado de consciência, quando
comprometido, ou de aprimoramento, quanto seus méritos permitem. Compreende-se
que não há injustiça, mas oportunidade. O Espírito precisa vivenciar situação
em que se vinculou por sua própria responsabilidade para aprender e sedimentar
os valores que em passada experiência desprezou ou aviltou.
A Doutrina Espírita está
postada na Filosofia, na Ciência e na Religião. Com a Filosofia transcende os
limites da materialidade, avançando nas asas do pensamento abrangendo o
Universo; com a Ciência de observação estabelece bases seguras para avaliar e
validar os fenômenos mediúnicos e espirituais, pois, com os seus recursos Allan
Kardec fez uma varredura do campo espiritual, elaborando a escala espírita,
que bem dá a ideia do caminho que a Humanidade precisará percorrer com seus
esforços; e a Religião, que não é hierarquizada, não tem chefe, nem dono e nem cerimônias, a
sua feição é conforme a moral ensinado por Jesus Cristo,
como norteia o seu Evangelho. Estabelece com isso a fé raciocinada.
Finalmente, a Doutrina
Espírita ao tempo que é consoladora é também libertadora de consciência, não
tem dogma, todos podem e devem estudar metodicamente seus postulados, livremente, não tem
restrição a busca de conhecimento em nenhum setor do conhecimento, não
discrimina nenhuma religião, raça, país, sexo... Tem por base o lema: “Fora
da caridade não há salvação”.
Dorival da Silva