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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Essas outras crianças

Reunião pública de 16/10/59
Questão nº 383
Quando abraçares teu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar.
*
Dispões de alimento abundante para que teu filho se mantenha em linha de robustez.
Essas outras crianças, porém, caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atiras, com displicência, findo o repasto.
*
Escolhes a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestirá, conforme a estação.
Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.
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Defendes teu filho contra a intempérie, sob teto acolhedor, sustentando-o à feição de joia no escrínio.
Contudo, essas outras crianças cochilam estremunhadas, na via pública, quando não se distendem no espaço asfixiante do esgoto.
*
Abres ao olhar deslumbrado de teu filho os tesouros da escola.
E essas outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muita vez, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a existência.
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Conduzes teu filho a exame de pediatras distintos, sempre que entremostre leve dor de cabeça.
Entretanto, essas outras crianças, minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra.
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Ofereces aos sentidos de teu filho a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante.
No entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sempre sintonizados no lodo abismal das trevas.
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Afaga, assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as, quanto possas!
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Quem serve no amor do Cristo sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas.
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Proclamas, a cada passo, que esperas, confiante, o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.

Página extraída da obra: Religião dos Espíritos, capítulo 72,  onde o Espírito Emmanuel tece comentários e reflexões sobre questões de O Livro dos Espíritos, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, em reuniões públicas, sendo a presente página referente à questão indicada no início, tanto quanto a data da reunião.


REFLEXÃO: Para que o leitor possa se situar, com relação à questão 383 de O Livro dos Espíritos, a transcrevemos abaixo:

383. Qual, para este [o Espírito], a utilidade de passar pelo estado de infância?

“Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”

Todos os apontamentos do Espírito Emmanuel chamam a atenção para o desencontro de cuidado existente entre o filho pequeno que está dentro de casa e aqueles que estão sem amparo regular de suas famílias, relegados às ruas. No entanto, o que mais aviva a responsabilidade é a sentença final do texto: Proclamas, a cada passo, que esperas, confiante, o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.” O Estudo em análise foi realizado em 1959, há quase 60 anos, e muito pouco se fez pelas crianças em desamparo. Uma parte considerável, que conseguiu se tornar adulta, se extraviavam para a criminalidade. Outra seguiu o possível, vivendo à margem da sociedade de maior potencialidade econômica, com educação deficiente e cultura praticamente inexistente, procriaram formando família sem estrutura mínima, com exceção, multiplicando filhos também com pouca assistência, formando um círculo vicioso.
Filhos sem os cuidados devidos dos pais educam-se pela influência do meio social onde se encontram, geralmente um meio de influência nociva.
Nos tempos atuais, com as exigências modernas, e as novas normas sociais, onde os cônjuges com muitas obrigações no campo profissional, sempre ressalvando as exceções, mas em boa parte há a transferência dos cuidados das crianças a terceiros, outros familiares ou profissionais, embora recebam informações e cuidados, não são os pais que cuidam, ficando, em parte, também abandonados da assistência educacional destes.
A responsabilidade dos pais pela educação dos filhos, diante da Lei Natural, é intransferível; exceto quando a própria Lei Natural faz a transferência, com a morte do pai ou da mãe ou de ambos; em conta a Lei de Causa e Efeito; aí haverá a transferência para outros responsáveis, que diante da mesma Lei, assumirão a condição de pais.
No noticiário hodierno, verifica-se o registro de uma população carcerário de mais de 600 mil pessoas, no Brasil, todas foram crianças e faltou-lhes, em grande parte, a educação de berço, a formação de um caráter equilibrado. 
Como ensina a resposta da questão inicialmente citada, a criança é acessível as impressões que recebe, estão prontas para acolher as orientações adequadas, alterando na sua intimidade espiritual hábitos negativos adquiridos em outra vida, que agora tem a possibilidade de os substituir por novos interesses ou diminuir a influência que essas ideias exercem na continuidade da vida.
O futuro melhor, que ofereça a segurança, respeito aos direitos da pessoa, depende da qualidade das pessoas que comporão a população do futuro, por isso que nascem e morrem indivíduos todos os dias, sempre renovando as gerações, são as oportunidades para a educação.
É preciso a renovação constante das ideias, dos costumes, do “modus vivendi”, é o renascer, é o reeducar, superando-se as deficiências, é “construir um novo futuro”.  Seria injustiça se não existisse a possibilidade de experimentar uma nova realidade, num outro contexto, com outras pessoas (pelos menos personas), embora possam ser os mesmos Espíritos que retornaram em novos corpos. “Deus é Justo”.
“(...), enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.”  Foi assim no passado, verifica-se no presente, e cabe a cada pessoa os esforços para mudar o futuro, assumindo as suas responsabilidades diante da sociedade, começando pelos próprios filhos, estendendo os seus préstimos àqueles que, seja por qual motivo for, estão à margem das possibilidades evolutivas, cabendo ao mais forte socorrer o mais fraco.
Não adianta clamar pelo mundo melhor, é preciso construí-lo.


                                                 Dorival da Silva

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará

Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará

Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á.

Qual o homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? — Ou, se pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? — Ora, se, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que está nos céus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem? (S. MATEUS, cap. VII, vv. 7 a 11.)


Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em ação as forças da inteligência.


Na infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição, que o leva às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da Ciência, porquanto é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Pelas suas pesquisas, a inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe depura. Às necessidades do corpo sucedem as do espírito: depois do alimento material, precisa ele do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.


Mas, bem pouca coisa é, imperceptível mesmo, em grande número deles, o progresso que cada um realiza individualmente no curso da vida. Como poderia então progredir a Humanidade, sem a preexistência e a reexistência da alma? Se as almas se fossem todos os dias, para não mais voltarem, a Humanidade se renovaria incessantemente com os elementos primitivos, tendo de fazer tudo, de aprender tudo. Não haveria, nesse caso, razão para que o homem se achasse hoje mais adiantado do que nas primeiras idades do mundo, uma vez que a cada nascimento todo o trabalho intelectual teria de recomeçar. Ao contrário, voltando com o progresso que já realizou e adquirindo de cada vez alguma coisa a mais, a alma passa gradualmente da barbárie à civilização material e desta à civilização moral. (Vede: cap. IV, nº 17.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, itens 1 e 2.)

Extraído  Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/mensagens.asp?r=1

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Buscai, acima de tudo, o Reino de Deus e sua justiça...

Buscai, acima de tudo, 
o Reino de Deus
e sua justiça...

 
Álvaro Reis

Amigos, que Jesus nos mantenha em seu amor.


Não sabemos de outra felicidade maior que a vossa, porque ainda na carne sois preparados para a senda do Espírito, de maneira a que não vos desvieis do roteiro de luz.

O Espiritismo funciona em vossas experiências como intérprete das lições divinas, oferecendo soluções simples aos problemas complicados, satisfazendo indagações e decifrando enigmas, ao clarão da fé sem artifícios, capaz de guindar-vos às eminências do trabalho com o Se­nhor, sem a contenção muita vez abusiva de autoridades humanas, estranhas à vocação do Evangelho, e que, ao invés de vos garantirem a escalada, talvez até vos to­lhessem o direito de aprender, servir e experimentar.

Entretanto, crede que muito maior é a responsabili­dade que vos pesa nos ombros, porquanto o nosso irmão católico romano, em transpondo o limiar do túmulo, po­derá referir-se às peias mentais a que foi escravizado no culto externo, e o companheiro da Igreja Reformada alegará com justiça o insulamento a que foi constran­gido na clausura da letra.

Vós, porém, avançais a céu escampo, guardando co­nhecimentos evangélicos mais suscetíveis de plena iden­tificação com a Verdade, nutrindo-vos, desde agora, com os frutos sazonados da vida eterna.

A concepção real da justiça vos favorece mais clara visão do Universo e sabeis como ninguém que o Paraíso deve ser edificado gradativamente em nós mesmos, todos os dias.

Egressos da Igreja Reformada, lastimamos a impos­sibilidade de retroação no tempo, para reestruturar a conceituação do Testamento Divino e buscar, como acon­tece convosco, o supremo consolo da fé ajustada aos fun­damentos simples da vida, sem o férreo arcabouço das convenções humanas.

Desejávamos para nós mesmos o trato espontâneo e puro com a fonte viva da Boa-Nova, a fim de nos habi­litarmos às revelações maiores, pela regeneração de nos­sos próprios preceitos.

Ainda assim, não obstante os prejuízos do passado, rejubilamo-nos com a formação da vanguarda espírita-cristã, valoroso e pacífico exército de almas fervorosas que, pelos méritos da oração e do arrependimento, da boa-vontade e do serviço aos semelhantes, vem construindo no mundo precioso trilho de acesso a comunhão com Jesus.

Regozijamo-nos, como quem sabe que a fortuna do vizinho é também a nossa fortuna, e, se é possível deixar-vos uma lembrança amiga, em sinal de contentamento pelo primeiro contacto convosco, ofertamos aos vossos corações a palavra do Mestre Divino, nas anotações do Apóstolo Mateus, no capítulo 6, versículo 33, quando o Celeste Amigo nos adverte:
— «Buscai, acima de tudo, o Reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas ser-vos-ão acrescentadas.»

Recuando ao tempo de sua palavra direta, recorde­mos que a multidão perguntava sobre o comer, o beber, e o agasalhar-se...

Essas coisas, porém, cresceram com a civilização.

Não apenas pão do corpo, mas pão do espírito em forma de educação e paz.

Não apenas beber água, na ordem material, mas sor­ver o idealismo santificante de que o Mestre mesmo foi o excelso portador.

Não apenas o agasalhar-se com as vestes corruptí­veis que cobrem o corpo denso, mas o abrigar-se cada um de nós na alegria da consciência reta, para que o coração unido ao Cristo respire na inexpugnável cidadela do dever respeitado.

A significação dessa trilogia de verbos tão rotineiros no mundo é, hoje, como vemos, mais complexa.

Precisamos dessas coisas...

Essas coisas, que podemos também simbolizar como harmonia interior, tranquilidade doméstica, equilíbrio na vida pública e privada, compreensão para com os ami­gos, tolerância para com os adversários, dignidade nas provações e força para ultrapassar as nossas próprias fraquezas, são necessidades prementes que não podemos olvidar.

Mas para que essas coisas sejam acrescentadas à nossa vida, é indispensável procuremos o Reino de Deus e sua justiça, que expressam felicidade com merecimento.

Façamos o melhor, sentindo, pensando e falando o melhor que pudermos.

Honrando o Reino de Deus e sua justiça, o nosso Divino Mestre passou na Terra em permanente doação de Si mesmo...

Eis o padrão que nos deve inspirar as atividades, porque não nos bastará crer acertadamente e ensinar com brilho, mas, acima de tudo, viver as lições.

O Reino de Deus inclui todos os bens materiais e morais, capazes de serem incorporados ao nosso espírito, seja onde for, no entanto, importa merecê-lo por justiça e não apenas desejá-lo pela fé.

Amigos, temos agora conosco o programa certo. Atendamo-lo.

E que o Senhor nos reúna em valioso entendimento, para a obra de cooperação no Evangelho que nos cabe executar, é tudo o a que aspiramos de melhor para que o serviço do bem nos conduza ao Grande Bem com que nos acena o futuro.

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier na noite de 25 de março de 1954. Álvaro Reis foi eminente pastor protestante em nosso país e sua palavra focalizou elevado tema evangélico, além de destacar a responsabilidade dos espíritas como detentores das interpretações mais avançadas do ensinamento de Jesus. A mensagem acima foi extraída do cap. 3 do livro Instruções Psicofônicas, transmitidas por Espíritos diversos por meio do médium Francisco Cândido Xavier.


Mensagem copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: