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sexta-feira, 29 de março de 2024

Inquietude da alma

                                                            Inquietude da alma 

A inquietude de que queremos tratar é observável na maior parte da humanidade. Não podemos dizer se tratar de pessoas más; antes disso, são pessoas que ainda não se educaram para vivência espiritual equilibrada. Pensam que vivem o ideal e que gozam de liberdade, muitas vezes se manifestam ao gosto dos seus iguais, até cometem erros crassos contra si e terceiros, achando que lhes é de direito.  Falta de reflexão!  

Atualmente fala-se muito em liberdade; no entanto, essa liberdade é muitas vezes estranha, confundindo-se com a ideia de fazer o que se quer!  Como se não existisse o depois! O depois, aquele daqui a pouco; e o depois, daqui a um certo tempo que não se sabe quando! São as respostas do tempo. Da madureza. Do estado evolutivo espiritual. É o tempo sem fim! Estamos nele! 

Inquietude existe em virtude da ignorância, tanto quanto pelo recolher as consequências do estado de experiência e aprendizado.  

O modismo é uma inquietação. Cabelos assim ou daquele modo. Pinturas na epiderme! Raminho envergonhado em parte quase imperceptível do corpo; depois, uma floresta inteira, que toma conta de toda a pele do indivíduo. Outros modos de comportamentos: “Meu corpo, minhas regras.”; “Meu corpo, minha vida.” Outros e outros… 

Inquietações, inconformismos e incompreensões 

Em relação ao nosso corpo, não somos proprietários dele, mas sim usufrutuários. Ficaremos sem ele independente de nossa vontade. Mas, quaisquer consequências nos seguirão, porque essas nos pertencem. Deliberamos em fazer isso ou aquilo. Assim, responderemos. Se estão condizentes com a Lei de Amor, a resposta será a felicidade. Se não, daremos conta à consciência. Quando? 'Quando a razão puder encarar a consciência.' A partir desse momento estarão todos os fatos infringentes resolvidos? Não! Inicia-se a expiação. Posteriormente, vem a reparação.  

Tudo está na Lei da Vida. “O plantio é livre, mas a colheita é obrigatória.”  

Ao invés de exigirmos direitos que se adequam às nossas conveniências e que consideramos irreparáveis, deveríamos procurar entender as circunstâncias em que estamos inseridos nesta vida. O estudo do contexto social em que vivemos, mostra-nos as nossas necessidades espirituais e diz a nós mesmos quem somos, mesmo que relativamente.  Não se trata da condição social, econômica ou financeira. Mas, a condição espiritual, do Espírito que somos.  

A inquietude, geralmente, é a ausência de perspectiva de futuro. Não se sabe para onde está indo. Qual a razão de estar aqui. Qual o objetivo primordial desta vida? Já que sabemos que ela é temporária, e nem tem prazo determinado para o seu término. Então, o que estamos fazendo aqui? 

Quase tudo ao que se dá importância é supérfluo. Toda atenção se dá para o que está fora de nós. Alcançamos com os olhos, os ouvidos, com o tato e o olfato. Tudo que é passageiro ou fungível, permanece apenas na duração de seu efeito. Logo depois a frustração, ou o estado de vazio, aquilo que se avaliava relevante não logrou satisfazer o desejável.  

Assim, dá-se o início ao vazio existencial. É o reflexo do desejável, que não permaneceu, que vai acostar-se à Alma, tal como uma sombra, um espaço que não se preenche.  Busca-se nas coisas e coisas, nos fatos e fatos, o desejável, o ideal, o sonho da realização imediata que não se encontra. É a felicidade desejada, mas que não se faz presente. As investidas para encontrá-la estão no rumo oposto. Ao invés de procurá-la no exterior de si, é preciso buscar na intimidade do seu próprio Espírito.  

Seria de se perguntar: tudo que está fora de nós, na Natureza, no ambiente de nossas vidas, não serve de nada? Serve, e muito! O problema é como se usa e o valor que se lhe dá. Nosso corpo físico e as organizações sociais precisam desses meios. A alimentação, a vestimenta, as indústrias e os comércios, as diversidades organizacionais têm por finalidade atender as necessidades dos homens e mulheres no período de sua existência corporal. Razão por que se deve usar todas as coisas com moderação e o devido respeito, sem desperdício! É moralmente desejável que todos sejam beneficiados com o necessário, inclusive preservando os meios produtivos para as gerações futuras, que com muita certeza, depois desta existência, retornaremos nas novas gerações, porque é o caminho evolutivo que estamos fazendo desde há longos tempos.  

Quem não vive a inquietude em algum grau? São as imperfeições que carregamos. A partir da percepção da inquietação, em relação a algum tema da vida, isso é tomar consciência de algo que destoa do equilíbrio comportamental ou emocional desejável, é um avanço. A partir deste estágio é indispensável a reflexão, lidar com o conflito, e buscar a solução. Onde?  Na mudança de nós mesmos, naquilo que descobrimos imprescindível. É fácil? Não; dificílimo! Porque a ilusão de beleza, alegria e outros interesses que trazem satisfação, mesmo que enganosos, criam raízes profundas em nossa Alma. Assim, como se libertar de uma viciação, é um esforço enorme para deixar uma satisfação, um gozo. Dessa forma, o estado de consciência e a força de vontade precisam estar acima dessa outra força atrativa.  

A vitória sobre tudo isso depende de saber por que estamos nesta vida física e qual o objetivo de passar por um período transitório, sem saber quando será o seu término.  

O estudo sobre a reencarnação, como apresenta Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, lançado em 18-04-1857, obra básica da Doutrina Espírita, elucida com grandeza as inquietudes desta vida. Com a conscientização das responsabilidades que temos com a nossa existência, tudo ao que, de modo geral, se dá muita importância começa a esmaecer, e outras coisas às quais não dávamos importância ou não as percebíamos começam a ter um significado relevante para os nossos dias. Vamos gradativamente substituindo inquietações que não trariam nada de proveitoso para nossa vida por outras que proporcionam valores que permanecerão como patrimônio enriquecedor de nossa Alma. Estas, em certo momento, se estabilizam e não incomodam mais.  

Inquietações sempre exigem esforços. Algumas nos impactam negativamente, e nos levam ao trabalho de refazimento, custando esforços e sofrimentos. Outras, apesar das lutas necessárias para superar as nossas mazelas e realizar conquistas benéficas, permanecerão para sempre como base para novos avanços evolutivos.  

Inquietações sempre serão da Alma. Umas estarão com as ilusões, embora passageiras, proporcionam dificuldades, sofrimentos; outras, positivas, trazem realizações permanentes, proporcionando vitórias sobre nós mesmos.  

Inquietude! Inquietude! Vida! Vida! 

 

Dorival da Silva. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Jesus está presente

 Jesus está presente


No caminho de Emaús Ele junta-se aos dois que se dirigiam àquela localidade e comentavam sobre o que ocorreu com o Senhor naqueles últimos dias; falavam da ida das mulheres ao seu túmulo e seu corpo lá não se encontrava, naquele local alguns Anjos informavam que Jesus estava vivo…  Na caminhada de dez quilômetros o Estrangeiro relembrou as profecias desde os escritos antigos, prevendo que tudo aquilo se daria, após o que, o Emissário Divino retornaria à vida espiritual. Somente ao entardecer, quando do agradecimento a Deus pelo alimento e do gesto característico no partir do pão e distribuir-lhes os pedaços foi reconhecido pelos viajantes, desaparecendo de suas vistas, incontinenti…¹

Nos tempos modernos a multidão continua olhando o momento significativo que marcou a linha divisória entre a presença material, que se desfazia, e a presença espiritual que se confirmava, logo depois, reafirmada com a aparição junto aos apóstolos, demonstrando que a vida continua noutro plano, que o Espírito segue a sua trajetória, passada a experiência do corpo. 

O ato da crucificação, que marcou a humanidade, conquanto a importância histórica, não se trata de obra de Jesus, Ele foi vítima da ignorância e da injustiça dos homens. O que continua até os nossos dias, com o desrespeito aos seus ensinamentos (que são verdades imutáveis), além da ingratidão dos que dizem segui-Lo, mas que cometem crimes hediondos em Seu nome, e buscam hipocritamente justificativa  para o desvirtuamento do sentido de seus ensinamentos, nos próprios textos sagrados. O uso desrespeitoso de seu nome e de sua imagem, como propaganda de quaisquer coisas, o colocar de palavras “em sua boca” para afiançar mentiras como se de verdades fossem, no atendimento de propósito esdrúxulo, perpetuando inverdades no coração dos ignorantes  e dos incautos. Certamente que dores de toda ordem virão.

O Mestre está presente, pois o Trabalhador Divino não abandona a sua vinha, com frequência colhe êxito das plantas que frutificam; enquanto os olhos e ouvidos do mundo aturdem-se com os choros e lágrimas, lamentos e exprobrações, luxos e exacerbação de prazeres. Apesar de tudo isso, muitos deixaram de ouvir os gritos, os lamentos e o chamamento da materialidade, e aguçaram suas percepções espirituais para notarem a Sua presença,  sutil, mas intensa, aquecendo corações de corpos murchos, fortalecendo almas para a vitória sobre si mesmo, cheias de esperança e conforto espiritual, sendo que os ruídos externos já não incomodam as almas que anteveem se cumprir a promessa do Cristo: “Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28 a 30.)²”.

A presença do Senhor nunca deixa de existir, como se utilizou dos caminheiros de Emaús, que retornaram junto aos Apóstolos para dar testemunho de que Ele estava vivo, também recorre à ajuda dos humildes de coração e de boa vontade para certificar aos que desejarem saber de Sua presença.  Jesus mesmo deixou a indicação de onde estaria, caso desejassem encontrá-Lo: Atendendo o pobre desvalido, a criança abandonada, aliviando a dor dos humildes… 

Logo, pode-se concluir onde Ele não estaria atuando, até que cesse o império materialista e o interesse da criatura se volte para Deus, modificando o seu estado espiritual; o que, quase sempre,  dá-se por um sofrimento grande, um acidente que mexe com as convicções cristalizadas,  abrindo brechas para novos raciocínios, assim,  estará presente,  com os seus prepostos, oferecendo recursos emocionais de reconstrução. 

Jesus está presente em todas as fases evolutivas da Civilização da Terra, mesmo de todos os períodos da construção do próprio Planeta, tem compromisso junto ao Criador de Todas as Coisas, de levar os Espíritos de seu redil à plenitude. Para isso, faz-se necessário que os indivíduos caminhem com seus esforços e adquiram méritos. Sendo o Governador do mundo, trabalha para que o objetivo maior alcance êxito, no entanto, não pode invadir o direito individual, não pode fazer e nem decidir pelo outro; com paciência aguarda que a planta chegue ao tempo próprio de frutescer no bem, conscientemente, a seu próprio benefício. 

O que parece balburdia no mundo, nada mais são do que os recursos em favor da educação dos Espíritos reencarnados num espaço de tempo, com suas virtudes e mazelas, servindo como escola de autoaprimoramente, sendo que geração sucede geração, colhendo os resultados de seus feitos no tempo; a reencarnação mostra consistentemente a comprovação de que sempre se encontrará a herança de existências passadas nos povos do futuro.  A coletividade e os indivíduos carregam as suas experiências boas ou comprometedoras, as favoráveis  para serem ampliadas e as de consequências danosas para serem solucionadas. 

O que precisa ser notado é que a mudança significativa acontece na individualidade, as resoluções modificadoras e restauradoras do Ser espiritual se dão na intimidade. Sendo que, Jesus lançou as suas sementes nesse terreno e aguarda que germinem, renovando a paisagem do Espírito, que com humildade reconhecerá o trabalho do Benfeitor da Humanidade. 

Reconhecer que Jesus está presente no caminhar evolutivo de cada personagem da vida, que conhece cada irmão pelo nome e respeita integralmente os seus direitos; no entanto, pacientemente  aguarda que despertem e entendam que todos são viajantes do infinito e têm o dever de alcançar a perfeição pelos seus esforços. 

Jesus está presente, contribui incessantemente, e nós como participamos desse caminhar a nosso próprio proveito?  


                                        Dorival da Silva

  1. Lucas 24:13-35

  2. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 1.

Nota: Todas as obras de Allan Kardec poderão ser consultadas no endereço:

www.kardecpedia.com.br