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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Jesus está presente

 Jesus está presente


No caminho de Emaús Ele junta-se aos dois que se dirigiam àquela localidade e comentavam sobre o que ocorreu com o Senhor naqueles últimos dias; falavam da ida das mulheres ao seu túmulo e seu corpo lá não se encontrava, naquele local alguns Anjos informavam que Jesus estava vivo…  Na caminhada de dez quilômetros o Estrangeiro relembrou as profecias desde os escritos antigos, prevendo que tudo aquilo se daria, após o que, o Emissário Divino retornaria à vida espiritual. Somente ao entardecer, quando do agradecimento a Deus pelo alimento e do gesto característico no partir do pão e distribuir-lhes os pedaços foi reconhecido pelos viajantes, desaparecendo de suas vistas, incontinenti…¹

Nos tempos modernos a multidão continua olhando o momento significativo que marcou a linha divisória entre a presença material, que se desfazia, e a presença espiritual que se confirmava, logo depois, reafirmada com a aparição junto aos apóstolos, demonstrando que a vida continua noutro plano, que o Espírito segue a sua trajetória, passada a experiência do corpo. 

O ato da crucificação, que marcou a humanidade, conquanto a importância histórica, não se trata de obra de Jesus, Ele foi vítima da ignorância e da injustiça dos homens. O que continua até os nossos dias, com o desrespeito aos seus ensinamentos (que são verdades imutáveis), além da ingratidão dos que dizem segui-Lo, mas que cometem crimes hediondos em Seu nome, e buscam hipocritamente justificativa  para o desvirtuamento do sentido de seus ensinamentos, nos próprios textos sagrados. O uso desrespeitoso de seu nome e de sua imagem, como propaganda de quaisquer coisas, o colocar de palavras “em sua boca” para afiançar mentiras como se de verdades fossem, no atendimento de propósito esdrúxulo, perpetuando inverdades no coração dos ignorantes  e dos incautos. Certamente que dores de toda ordem virão.

O Mestre está presente, pois o Trabalhador Divino não abandona a sua vinha, com frequência colhe êxito das plantas que frutificam; enquanto os olhos e ouvidos do mundo aturdem-se com os choros e lágrimas, lamentos e exprobrações, luxos e exacerbação de prazeres. Apesar de tudo isso, muitos deixaram de ouvir os gritos, os lamentos e o chamamento da materialidade, e aguçaram suas percepções espirituais para notarem a Sua presença,  sutil, mas intensa, aquecendo corações de corpos murchos, fortalecendo almas para a vitória sobre si mesmo, cheias de esperança e conforto espiritual, sendo que os ruídos externos já não incomodam as almas que anteveem se cumprir a promessa do Cristo: “Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28 a 30.)²”.

A presença do Senhor nunca deixa de existir, como se utilizou dos caminheiros de Emaús, que retornaram junto aos Apóstolos para dar testemunho de que Ele estava vivo, também recorre à ajuda dos humildes de coração e de boa vontade para certificar aos que desejarem saber de Sua presença.  Jesus mesmo deixou a indicação de onde estaria, caso desejassem encontrá-Lo: Atendendo o pobre desvalido, a criança abandonada, aliviando a dor dos humildes… 

Logo, pode-se concluir onde Ele não estaria atuando, até que cesse o império materialista e o interesse da criatura se volte para Deus, modificando o seu estado espiritual; o que, quase sempre,  dá-se por um sofrimento grande, um acidente que mexe com as convicções cristalizadas,  abrindo brechas para novos raciocínios, assim,  estará presente,  com os seus prepostos, oferecendo recursos emocionais de reconstrução. 

Jesus está presente em todas as fases evolutivas da Civilização da Terra, mesmo de todos os períodos da construção do próprio Planeta, tem compromisso junto ao Criador de Todas as Coisas, de levar os Espíritos de seu redil à plenitude. Para isso, faz-se necessário que os indivíduos caminhem com seus esforços e adquiram méritos. Sendo o Governador do mundo, trabalha para que o objetivo maior alcance êxito, no entanto, não pode invadir o direito individual, não pode fazer e nem decidir pelo outro; com paciência aguarda que a planta chegue ao tempo próprio de frutescer no bem, conscientemente, a seu próprio benefício. 

O que parece balburdia no mundo, nada mais são do que os recursos em favor da educação dos Espíritos reencarnados num espaço de tempo, com suas virtudes e mazelas, servindo como escola de autoaprimoramente, sendo que geração sucede geração, colhendo os resultados de seus feitos no tempo; a reencarnação mostra consistentemente a comprovação de que sempre se encontrará a herança de existências passadas nos povos do futuro.  A coletividade e os indivíduos carregam as suas experiências boas ou comprometedoras, as favoráveis  para serem ampliadas e as de consequências danosas para serem solucionadas. 

O que precisa ser notado é que a mudança significativa acontece na individualidade, as resoluções modificadoras e restauradoras do Ser espiritual se dão na intimidade. Sendo que, Jesus lançou as suas sementes nesse terreno e aguarda que germinem, renovando a paisagem do Espírito, que com humildade reconhecerá o trabalho do Benfeitor da Humanidade. 

Reconhecer que Jesus está presente no caminhar evolutivo de cada personagem da vida, que conhece cada irmão pelo nome e respeita integralmente os seus direitos; no entanto, pacientemente  aguarda que despertem e entendam que todos são viajantes do infinito e têm o dever de alcançar a perfeição pelos seus esforços. 

Jesus está presente, contribui incessantemente, e nós como participamos desse caminhar a nosso próprio proveito?  


                                        Dorival da Silva

  1. Lucas 24:13-35

  2. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 1.

Nota: Todas as obras de Allan Kardec poderão ser consultadas no endereço:

www.kardecpedia.com.br

domingo, 26 de agosto de 2018

Aborto em debate público. O que moralmente se conclui?


Aborto em debate público. O que moralmente se conclui?


O Supremo Tribunal Federal promoveu audiência pública nos dias 3 e 6 de agosto de 2018, coordenada pela ministra Rosa Weber, sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.  Entre os expositores estão representantes do Ministério da Saúde, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), da Academia Nacional de Medicina, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Conselho Federal de Psicologia e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Houve manifestações abrangendo pessoas físicas com potencial de autoridade e representatividade, organizações não governamentais, sociedade civil e institutos específicos, além de entidades da área de saúde, institutos de pesquisa, organizações civis e instituições de natureza religiosa e jurídica.

Argumentações contrárias e favoráveis, explicações jurídicas, científicas, religiosas etc. Conquanto a magnificência do evento, em conta a grandiosidade do tema, trata-se de eliminar a possibilidade de uma existência orgânica, para a vivência e experiência material de um Espírito, circunstância regida por Lei Natural em favor da alma humana, que se quer descriminalizar pela lei transitória do homem para se comprometer grandemente por se desrespeitar a Lei Divina, a Lei da Vida.

Seja a gestação de um dia, seja de 12 semanas, em se interrompendo voluntariamente o seu curso estará interferindo na Lei que tudo rege e ninguém com o mínimo de senso poderá alegar desconhecimento de tratar-se da Lei Divina.
Moisés apresentou para a Humanidade de todos os tempos o Decálogo, em um dos seus postulados indica “não matar”, o que se conhece por Lei de Deus, e ninguém em sã consciência poderá dizer que não se refere ao ser humano.

Jesus posteriormente veio dizer a todas as Gentes, o que ecoa grandemente nos dias atuais, sendo a humanidade mais capaz de entender a mensagem, porque a inteligência geral está aumentada, as ciências evoluíram e a comunicação é instantânea, de que não veio derrogar a Lei, mas cumpri-la,  no entanto, sintetizou: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” — (Mateus, capítulo 22, versículo 39.); Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas.  (Mateus, 7:12.); Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.  (Lucas, 6:31.).

O bom senso diz que nenhuma lei humana, nenhuma orientação científica, nenhuma orientação religiosa pode sobrepor a Lei Natural, porque ela é permanente e não se dobra diante da instabilidade dos interesses do homem. A única possibilidade admitida é se, verdadeiramente, a mãe gestante corre risco de vida, que não poderá ser utilizado subterfúgio para se justificar diante da lei dos homens a legalidade do ato, o que só por isto seria crime.

O problema é de consciência, parece que isto não diz muito aos materialistas, que por ora têm apenas uma visão estreita da vida e julgam poder solucionar com suas canhestras convicções, apenas com base nas suas opiniões e saberes calcados no próprio materialismo, que em nada se preocupam com a condição espiritual de cada indivíduo agora e depois desta vida corporal.

Busca-se uma justificativa para descriminalizar o aborto até  12ª semana, dizendo-se solucionador de um problema de saúde pública e morte de mães em clínicas clandestinas, ou nas mãos despreparadas para a realização de tal crime com segurança, é a ação de menor esforço, porque o que se precisa é levar o esclarecimento à massa populacional sobre a vida desde a infância, ampliar o acesso à educação integral de verdade, do desafio de libertar uma quantidade enorme de gente da miséria social e da ignorância cultural, visando o planejamento familiar adequado às suas condições.

Quando se fala de consciência, é ter a lucidez de que o homem não é o corpo físico, embora precise dele para sua evolução, a vida na sua essência não é material, não se extingue com o corpo físico, ela continua depois do desaparecimento da massa carnal, porque existia antes do presente corpo e continuará a existir após ele, e a vida ressurgirá no corpo físico incontáveis vezes, em conta a lei de reencarnação.  Os senhores e senhoras que hoje defendem a descriminalização do aborto em discussão, certamente encontrarão grande dificuldade para retornar num novo corpo físico no futuro, vez que ninguém há neste mundo que não precisará retornar à vida no corpo físico e isso somente se dará com a gestação no ventre de uma mãe, em conta que trabalham para fechar a porta de retorno para o seu próximo, através do renascimento, dificultando essa via para si mesmos.  Quanta falta faz estudar e compreender a lei da reencarnação? Não é porque não acredita que a reencarnação deixa de existir,  queiram ou não estão reencarnados. É da Natureza.

Será que os defensores do aborto, postados nas justificativas colhidas em interesses governamentais, científicos, sociais ou econômicos, sabem a causa dos que nascem aleijados, com doenças graves, os que se apresentam com idiotia, má formação congênita, a frigidez nas mulheres e a impotência nos homens, a infertilidade etc. etc. Nada acontece sem uma razão e uma necessidade. Trata-se da lei de causa e efeito, também conhecida como a lei de retorno.  Se alguém nascesse com qualquer defeito, degenerescência por mínima que seja, seria uma imperfeição da natureza, o que seria uma injustiça do responsável pela criação, como o filho não é criação dos pais, que somente oferecem os recursos materiais, doando atributos genéticos, então, o único responsável seria o Criador, mas não é assim, o Criador é perfeito e suas leis são perfeitas, somente resta a responsabilidade recair sobre o próprio renascente, que se apresenta em novo corpo com as consequências de seu estado de consciência, na tentativa de oportunidade para solucionar o seu crime. Trata-se da dor da alma, do remorso, do arrependimento dos crimes que ficaram sem solução no passado e que se refletem no presente.

Ser doutor em leis, doutor em ciências, doutor em questões sociais, doutor em questões religiosas, doutor ...  doutor ... , ou não,  não dá direito a impedir o funcionamento da Lei Natural sem assumir grave responsabilidade e o infrator deverá dar solução diante da própria consciência, em qualquer tempo, pois o despertar da consciência ocorrerá em algum momento da eternidade, porque Deus é justo.

O livre-arbítrio é Lei Natural, todos tem a liberdade de se postar segundo o seu entendimento, no entanto assumirão a responsabilidade do que se der, o que for virtuoso trará consequências boas e ajudará no progresso particular e coletivo, se se trata de negativas, mas sem premeditação,  terá suas consequências e servirá de aprendizado, no entanto, os erros premeditados, sabendo que é crime, terá desfecho danoso, imediato, ou, ainda, quando houver o despertamento que afetará de pronto a consciência dos envolvidos, de resgate obrigatório em algum tempo, certamente em vida ou vidas posteriores, vez que quase nunca é possível a solução na vida em que se deu o crime.

Os Benfeitores Espirituais lecionam: “A semeadura é livre, no entanto, a colheita é obrigatória”.

O ser humano, ciente de que é um Espírito e sua vida não terá fim, tem o dever de lutar pela vida, pois está cuidando de outras vidas que também não terão fim, que formam a família universal e para isso foram criados. Não é difícil deduzir que Deus espera de cada ser humano o trabalho de  cocriação na evolução da Humanidade e não a destruição da ferramenta evolutiva que disponibiliza a favor do próprio homem.

A vida em primeiro lugar! 

                                                                       Dorival da Silva.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Educação da mediunidade

Correio Mediúnico
Ano 1 - N° 35 - 16 de Dezembro de 2007
 

Educação da mediunidade
Manoel Philomeno de Miranda  


Sendo a faculdade mediúnica inerente a uma disposição orgânica, semelhante às outras responsáveis pelas manifestações sensoriais, deverá ser educada com cuidados especiais, a fim de bem desempenhar a função para a qual a Divindade dotou os seres humanos.

Concedida a todos os homens e mulheres sem privilégio de etnia, de caráter, de fé religiosa, de condição sócio-econômica, representa uma alta concessão, que faculta o conhecimento da imortalidade do Espírito, assim como das conseqüências morais resultantes da conduta existencial.

De igual maneira como se educam os sentidos físicos e as faculdades intelectuais, disciplinando o comportamento moral, a mediunidade, que desempenha relevante papel na vida humana, requer desvelos e condutas específicos, para que possa contribuir eficazmente em favor da harmonia do indivíduo e do seu incessante progresso espiritual.

Demitizada pelo Espiritismo, que esclareceu os falsos atributos divinatórios e especiais com que a vestiam, torna-se instrumento precioso para o bem-estar, a saúde e a paz, na condição de recurso próprio para a auto-iluminação e a libertação do primarismo ainda persistente naquele que a possui.

Causa estranheza, não poucas vezes, encontrar-se a mediunidade ostensiva em pessoas de conduta reprochável, enquanto outras, dignas e corretas, dela não se fazem possuidoras com a mesma intensidade. Essa visão proporciona aos incautos o conceito de que a mediunidade independe da moral do indivíduo, o que é certo, enquanto que a qualidade das comunicações não se subordina ao mesmo raciocínio. Isto porque os Espíritos comunicam-se por meio de quaisquer instrumentos, valendo ser lembrado que as primeiras comunicações que precederam ao surgimento do Espiritismo deram-se através de recursos muito primários, com o objetivo de chamar a atenção, logo passando àquelas de natureza transcendental e elevada.

Na ocasião, fazia-se necessário assim apresentar-se o fenômeno, considerando-se que, noutras épocas, em face da naturalidade com que ocorriam e da sua multiplicidade, foram mal interpretados. Mediante esse recurso algo primitivo, foi necessário o estudo sério e a busca da causalidade do fenômeno, quando os próprios Espíritos encarregaram-se de definir e elucidar com sabedoria a ocorrência.

Os indivíduos maus, orgulhosos e corrompidos apresentam-se, portanto, com faculdades ostensivas por misericórdia do Amor, a fim de que sejam, eles mesmos, os instrumentos das advertências e orientações de que necessitam para uma existência de retidão e de equilíbrio, com alto discernimento a respeito dos objetivos da caminhada terrestre. Permanecendo nos vícios a que se entregam, voluntariamente, tornam-se mais responsáveis pelos atos danosos que os prejudicam, padecendo-lhes as conseqüências lamentáveis. Advertidos sobre a transitoriedade do carro material de que se utilizam, não terão como justificar-se ante a própria consciência pela leviandade que se permitiram, assumindo as graves responsabilidades morais em relação ao futuro.

Somente através do conhecimento lúcido e lógico da mediunidade, mediante o estudo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, é que se deve permitir o candidato à educação da sua faculdade, ao aprimoramento pessoal, iniciando, então, o exercício dessa disposição orgânica, profundamente arraigada nos valores morais do Espírito.

Uma das primeiras providências a ser tomada, em relação a esse programa iluminativo, diz respeito à auto-análise que se deve propor o interessado, trabalhando as imperfeições do caráter, os conflitos comportamentais, lutando pela transformação moral para melhor no seu mundo interior.

Esse esforço, no entanto, não se aplica a um certo período da vida, mas a toda a existência, porquanto à medida em que se avança no rumo da ascensão melhor visão interna se possui a respeito de si mesmo.

Quanto mais esclarecida a pessoa se encontra, mais facilmente observa as imperfeições que possui, dando-se conta de que necessita ampliar o esforço, a fim de as superar.

O contato com os Espíritos com equilibrada freqüência, faculta a percepção da lei dos fluidos, mediante a qual torna-se factível a identificação dos comunicantes, em decorrência das sensações e das emoções experimentadas.

Cada comunicante é portador de vibrações especiais, assim como ocorre na Terra, caracterizando-se cada qual por determinados hábitos e mesmo pelos seus condicionamentos. A observação do conteúdo das mensagens também é de salutar efeito, analisando-o e aplicando-o em si mesmo, quando expresse orientação e direcionamento propiciadores de felicidade.

Os médiuns sérios devem sempre aceitar para si mesmos, em primeiro lugar, as mensagens de que se fazem instrumento, assim aprimorando-se e crescendo na direção do Bem. À medida em que se torna maleável às comunicações, mais expressivas se fazem, proporcionando melhor qualidade de filtragem do pensamento que lhe é transmitido.

Colocada a serviço do Bem, a disciplina e a ordem são fundamentais para o seu mais amplo campo de realizações, porquanto a mediunidade não pode constituir-se estorvo à vida normal do cidadão, nem instrumento de interesses escusos sob a falsa justificativa da aplicação do tempo que lhe é dedicado.

O aprofundamento das reflexões, alcançando o patamar da concentração tranquila, faculta a ideal sintonia com os Espíritos que se comunicarão, diminuindo a interferência das fixações mentais, dos conflitos perturbadores, melhor exteriorizando o pensamento e os sentimentos dos comunicantes.

A tranqüilidade emocional, defluente da consciência de que se é instrumento e não autor das informações, é fundamental, tornando-se simples e natural, sem as extravagantes posturas de que são seres especiais que se atribuem ou emissários irretocáveis da Verdade, merecedores de tratamento superior durante o seu trânsito pelo mundo físico...

João, o batista, proclamou, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. O exemplo deve ser aplicado aos médiuns que desejam alcançar as metas ideais do seu exercício, considerando-se apenas como instrumentos que diminuem de importância enquanto a Mensagem cresce e expande-se.

A busca atormentada da notoriedade, da fama, do exibicionismo, constitui terrível chaga moral, que o médium deve cicatrizar mediante a terapia da humildade e do trabalho anônimo. Desse modo, a arrogância, a presunção, a vaidade que exaltam o ego diminuem a qualidade dos ditados mediúnicos de que se faz portador aquele que assim mantém-se.

Prosseguir com naturalidade a experiência reencarnatória, sendo agradável e gentil, vivendo com afabilidade e doçura, de modo a se tornar seguro intermediário dos Espíritos nobres e bons, que preferem eleger aqueles que se lhes assemelham ou que se esforçam por melhorar-se cada vez mais.

O bom médium, desse modo, conforme esclareceu Allan Kardec, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. (*)

Combater o ego e os seus parceiros, para dar sentido aos valores espirituais, é, sem dúvida, conduta salutar, no processo da educação mediúnica e por toda a existência.

No sentido oposto, quando a faculdade mediúnica não recebe a consideração nem os cuidados que lhe são devidos, não desaparece, antes permanece à mercê dos Espíritos frívolos, irresponsáveis ou perversos que se comprazem, utilizando-a para fins ignóbeis com os quais o intermediário anui, culminando em transtornos emocionais graves, enfermidades simulacros que proporcionam assimilação de agentes orgânicos destrutivos ou de obsessões de longo curso...

De bom alvitre, portanto, será que todos os indivíduos, portadores de mediunidade ostensiva ou natural, esmerem-se e penetrem-se de responsabilidade, adquirindo afinidade com os Mensageiros da Luz, na grande obra de regeneração da sociedade e do planeta a que eles se vêm entregando com abnegação e devotamento.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 14 de novembro de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


(*) O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Capítulo XXIV, Item 12. 52ª. Edição da FEB. 

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Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/35/correiomediunico.html

quinta-feira, 9 de abril de 2015

É suficiente crermos em Jesus para sermos salvos?, ...

– É suficiente crermos em Jesus para sermos salvos, como professam algumas religiões?  
Raul Teixeira: Esses mesmos irmãos que pregam que basta crermos em Jesus para sermos salvos não se dão conta de que estão desdizendo a Sua própria fala. Se Jesus Cristo disse: Meu pai trabalha sempre e eu trabalho também, bastaria ao rebanho dEle apenas acreditar? Essa é uma panaceia criada na Idade Média pela Igreja para agradar os nobres, que a partir disso não trabalharam mais; o trabalho era para mulheres e escravos.
Foi Jesus que nos disse que a cada um será dado conforme suas obras. Veja lá: Thiago diz que a fé sem obras está morta em si mesma e Jesus nos disse que a cada um será dado conforme suas obras e não conforme suas crenças.
É muito fácil a criatura ler no texto, memorizá-lo e repeti-lo, sem digerir intelectualmente o que leu. Fica repetindo frases prontas, palavras de ordem que não são verdades segundo o Evangelho de Cristo.
A salvação é um trabalho que realizamos dentro de nós próprios quando entendemos as leis divinas e temos a disposição de vivenciá-las. Aí estabelecemos uma sintonia com o bem, de tal ordem que nos salvamos da ignorância, nos libertamos de todo mal. Conhecereis a verdade e essa verdade vos libertará. Essa libertação é a redenção, é a salvação.
 
  José Raul Teixeira
(Revista Eletrônica: O Consolador) http://www.oconsolador.com.br
Extraído de entrevista publicada no jornal espírita Libertador, de junho/julho de 2010.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Culpa, arrependimento e reparação sob a ótica espírita - II


Especial Inglês Espanhol
Ano 6 - N° 280 - 30 de Setembro de 2012

CLAUDIA GELERNTER
claudiagelernter@uol.com.br
Vinhedo, SP (Brasil)
 

Claudia Gelernter

Culpa, arrependimento e reparação sob a ótica espírita

Parte 2 e final 

Hoje, a questão da culpa tornou-se ainda mais abrangente, de acordo com a ideologia vigente. No capitalismo, somos culpados se não juntamos capital. O fracasso consiste em não ser sucesso nos negócios, nos estudos, na empresa, no consumo. Para as mulheres, mais que isso: fracassadas são as que não conseguem manter o padrão de beleza das modelos magérrimas das passarelas.
Jean-Yeves Leloup, o padre francês, autor do livro “Normose, a Patologia da Normalidade”, criou um conceito bastante interessante para definir o contexto atual. Chamou de “normose” tudo o que é aceito socialmente como sendo algo normal, mas que, no entanto, causa sofrimento, patologias e até mesmo a morte.
As relações fluidas, o consumo exacerbado, a busca pelo padrão de beleza ideal, pelo sucesso, pelo poder etc., faz com que boa parcela da população sofra, gerando sintomas de difícil solução. Somos culpados por não conseguirmos atingir a meta proposta, dentro desse padrão de normose atual. E, buscando encobrir a culpa, usamos máscaras sociais que nos fazem parecer. Parecemos não errar, parecemos ter, parecemos ser. Mas só parecemos. Todos erramos, nada possuímos [uma vez que tudo pertence a Deus e pode nos ser retirado a qualquer momento] e, nesse caminho, nem sequer temos conhecimento de quem realmente somos.
Salientamos ainda que, se por um lado temos a questão da culpa como produto social, não é menos verdadeiro que temos tido contato, há mais de dois mil anos, com outras formas de pensamento que nos trazem reflexões sobre a situação do apego à matéria e o descaso com as questões do Espírito. Portanto, embora mergulhados numa ideologia marcante e opressora, não nos faltam opções filosóficas e religiosas neste contexto para que possamos analisar nosso modo de ser e agir no mundo e suas possíveis consequências.
O remorso como mecanismo de autopunição 
Culpa é a consciência de um erro cometido através de um ato que provocou algum prejuízo [seja material ou moral] a si mesmo ou a outrem. A consciência do erro traz-nos sofrimento. E tal sentimento pode ser vivenciado de duas formas: saudável ou patologicamente.
Chamaremos de culpa saudável aquela que nos leva ao arrependimento sincero e que, embora revestida de dor, impulsiona o ser à reparação.
Na origem da palavra, arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente. Ela origina-se do grego metanoia (meta=mudança, noia=mente). Arrependimento quer dizer, portanto, mudança de mentalidade.
Temos, então, no processo saudável, primeiro o diagnóstico do erro. Sem este, impossível seguirmos adiante sem acumularmos mais débitos. Pessoas que se mantêm com a consciência adormecida, ao acordar, resgatam dores maiores, acumuladas devido à cegueira espiritual em que se comprazem. Importante ressaltar que nenhum filho está à margem do Amor do Pai Celestial. Todos temos, em diversas oportunidades e em variados contextos, contato com as verdades do Mundo Maior. Preciso é que a boa vontade surja no cenário, sob risco de ficarmos derrapando na estrada evolutiva além do necessário, colhendo dores tardias. É preciso que exista o arrependimento sincero. Ou seja, a mudança de mentalidade.
Diagnosticamos o erro e não desejamos mais praticá-lo. Contudo, não ficaremos apenas na luta pela não repetição do mal cometido, sentindo a dor da expiação [a dor sentida pela dor causada]. Iremos além: no terceiro [e imprescindível] passo, seguiremos em direção à reparação.
Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, no código penal da vida futura, afirma que "o arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. (...) Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências".
Na culpa patológica temos, como resultado, apenas o remorso, num pensamento em circuito fechado, no qual o ser acredita [erroneamente] que, ao sentir a dor repetida, está pagando pelo mal cometido e resgatando seus débitos. Triste ilusão, em que a pessoa que sofre mantém-se num monodeísmo, autoflagelando-se, sem conseguir libertar-se ou evoluir. Trata-se aqui de um processo de congelamento evolutivo, uma trava psicológica que leva a sérias patologias da mente e do corpo se não percebidas e alteradas em pouco tempo.
No remorso o sujeito enclausura-se em sua dor, lamentando-se, acreditando não ser merecedor de nada bom, desistindo de lutar, de reparar para libertar-se. Não consegue perceber a função do erro e da dor na evolução de si próprio, estagnando em águas tormentosas, num continuo sofrer sem sentido. O remorso o faz sofrer, mas não o liberta. A pessoa fica acomodada na queixa e na lamentação. Mais amadurecida psicologicamente, avançaria pelo caminho do autoperdão e seguiria em direção à reparação.  
Muitas vidas e a culpa inconsciente 
Com o advento da Doutrina Espírita, adquirimos conhecimentos importantes, tais como o da reencarnação. Aprendemos, através dela, que experimentamos existências sucessivas, num continuum evolutivo, em que as experiências surgem como ferramentas preciosas, impulsionando o ser à melhoria constante. Nesse processo, a dor pode ser comparada com o advento da febre no vaso orgânico, que assinala algum problema infeccioso que deve ser diagnosticado para que possa ser tratado. Na alma, a dor tem o importante papel de nos alertar sobre algo moral que não vai bem.
Precisamos sair da postura persecutória em que frequentemente nos alojamos, analisando a dor como uma inimiga. Muito ao contrário, ela deve ser vista como oportunidade de conhecimento, de entendimento de nós mesmos, para uma possível melhoria íntima real.
O que acontece é que, viciados nesse ‘mal sofrer’, seguimos acumulando remorsos, distantes ainda do objetivo maior, que é o de aprender com os erros, reparando-os e seguindo adiante, libertos.
Vamos acumulando no psiquismo inconsciente emoções relacionadas à culpa patológica, carregando, em existências posteriores, problemas de difícil solução. Síndromes neuróticas podem estar intimamente ligadas a essas lembranças pretéritas, porém não acessíveis à consciência. Por exemplo: o medo terrível que algumas pessoas apresentam de estar em posição de comando podem refletir erros do passado, quando precisaram lidar com a experiência do poder e faliram, devido à sua personalidade arrogante, abusiva ou intempestiva.
A Doutrina Espírita auxilia-nos sobremaneira na compreensão de todo esse processo, pois nos revela a anterioridade do Ser, onde muitas vezes está a gênese dos desequilíbrios do hoje. Passamos a nos compreender como senhores de nossas ações e tendemos, portanto, à mudança, libertando-nos do remorso patológico e aprendendo a viver com mais responsabilidade. 
E os que acabam de chegar ao Espiritismo? 
Outro ponto que gostaríamos de citar é sobre os neófitos, os que chegam à Doutrina Espírita e começam a beber em suas fontes. Logo percebem a grandiosidade da mensagem reveladora e em muitos casos assustam-se e se esquivam de saber mais, amedrontados com a possibilidade de nunca conseguirem realizar seus ensinamentos.
Outros, que persistem um pouco mais, mas que ainda não compreenderam a mensagem em toda a sua extensão, iniciam um processo autopunitivo complexo, sofrendo demasiadamente a dor oriunda de seu passado complicado.
Um exemplo: pessoas que fazem uso de drogas [mesmo as chamadas lícitas], ao aprenderem o que ocorre com o corpo espiritual [perispírito], podem passar a sentir tremendas dificuldades íntimas.
É preciso que se saiba que não importa o tamanho do problema ou do erro, mas nosso empenho sadio nas escolhas do hoje que redundarão num futuro diferente.
Não temos mais controle sobre o que já fizemos. Isso é passado. Mas podemos controlar o nosso próprio futuro e isso realmente depende de nós.
Os erros nos ajudam sobremaneira na compreensão sobre os novos caminhos que devem ser trilhados. São importantíssimos para nossa evolução. Não farão sentido para nós determinadas escolhas se não soubermos o porquê delas. A fé precisa ser raciocinada. Devemos saber por que precisamos mudar, como mudar e quando mudar. E mesmo que não consigamos nos reformar em determinados aspectos, o que aprendemos é que precisamos tornar a tentar, tornar a tentar e tornar a tentar... setenta vezes sete vezes, se preciso for...
E se não tivermos a oportunidade de reparar o mal que fizemos com determinada pessoa, diretamente?
Busquemos não repetir o erro e amemos muito. Disse o apóstolo Pedro que “O amor cobre uma multidão de pecados” (I Pedro, 4:8). É isso.
Recordemos que do erro de Rousseau e de Maria de Magdala surgiram frutos maravilhosos. Embora sem conseguirem uma reparação direta com os prejudicados ainda naquela encarnação [no caso de Rousseau, os cinco filhos por ele abandonados], ambos optaram pelo exercício do amor desinteressado e com isso nos deixaram um belíssimo e importante legado que, se observado e levado a efeito, ajuda-nos em nossa caminhada, libertando-nos do remorso, impulsionando-nos ao acerto, ao bom caminho, conforme já nos indicava, há dois mil anos, Jesus, o Mestre por excelência.
E mesmo que tenhamos de aguardar um tempo maior para conseguirmos oportunidade de reparação direta, não tenhamos dúvida de que, fortalecidos pelo amor em ação, conseguiremos ultrapassar barreiras íntimas, tornando-nos, por fim, benfeitores não apenas destes, mas de muitos outros que cruzarem os nossos caminhos. 

Referências bibliográficas: 
LELOUP: J. Y; WEILL, P.; CREMA, R. Normose: a patologia da normalidade. São Paulo, Thot, 1997.  
KARDEC, A. O Céu e o Inferno, Código da Vida Futura, p.94, Tradução de Manuel Justiniano Quintão, 42ª edição; FEB; Rio de Janeiro, 1998. 
___________O Livro dos Espíritos, 1ª edição comemorativa do sesquicentenário, Tradução de Evandro Noleto Bezerra, FEB, Rio de Janeiro, 2006. 
ROUSSEAU, J.J.; Emílio ou Da Educação; tradução Roberto Leal Ferreira, 3ª edição, São Paulo, Martins Fontes, 2004. 
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo, Martin Claret. 4ª edição, 2001. 
XAVIER, F.C.; Boa Nova, capítulo Maria de Magdala, pelo Espírito Humberto de Campos; FEB; 3ª edição, Rio de Janeiro, 2008.

Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano6/280/especial.html