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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A Reflexão Mental

 

Nota:  Esta página foi extraída da obra Vozes do Grande Além, capítulo 10, de psicografia de Francisco Cândido Xavier. Conforme a nota informativa da abertura do livro, informa que as mensagens que formaram a referida obra se davam por diversos espíritos, espontaneamente, após as  reuniões mediúnicas de desobsessão, como relata o Sr. Arnaldo Rocha, em 30 de maio de 1957, em Pedro Leopoldo (MG).

 

Entendemos que para os que estudam as relações humanas e desejam compreender as relações entre encarnados e desencarnados e vice-versa, além das questões mediúnicas conscientes ou inconscientes, relativamente às influenciações, têm aqui um bom material para análise.

 

Boas reflexões.   

 

                                                                    Dorival da Silva

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A Reflexão Mental

 

Alberto Seabra

 

Na noite de 7 de julho de 1955, fomos surpreendidos por imenso reconforto, porquanto, pela primeira vez, recolhemos a palavra do Dr. Alberto Seabra, abnegado médico e distinto escritor espiritista, que nos falou com respeito ao mundo mental.

* * *

 

Quando os Instrutores da Sabedoria preconizam o estudo, não desejam que o aprendiz se intelectualize em excesso, para a volúpia de humilhar os semelhantes com as cintilações da inteligência, e, quando recomendam a meditação, decerto não nos inclinam à ociosidade ou ao êxtase inútil.

Referem-se à necessidade de nosso aprimoramento interior para mais vasta integração com a Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em tudo.

Nossa alma pode ser comparada a espelho vivo com qualidades de absorção e exteriorização.

Recolhe a força da vida em ondas de pensamento a se expressarem através de palavras e atitudes, exemplos e fatos.

Refletimos, assim, constantemente, uns nos outros.

É pelo reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os reinos mais simples da Natureza.

Vemo-lo nos animais que se acasalam, no mesmo tom de simpatia, tanto quanto nas almas que se reúnem na mesma faixa de entendimento.

Quando se consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos registrar o reflexo da mente superior da criatura humana sobre a mente fragmentária do ser inferior, que passa então a viver em regime de cativeiro espontâneo para servir ao dono e condutor, cuja projeção mental exerce sobre ele irresistível fascínio.

É desse modo que Espíritos encarnados podem influenciar entidades desencarnadas, e vice-versa, provocando obsessões e perturbações, tanto na esfera carnal como além-túmulo.

As almas que partem podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam podem retratar as que partem.

Quando pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no mundo, na viagem da morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o fogo de nossa tortura, conturbando-lhe o coração, toda vez que esse Espírito não for suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. E quando alguém se ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa conduta, arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos da lembrança infeliz que conserva a nosso respeito, prejudicando-nos o passo no mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação, criando imagens de harmonia restauradora.

Em razão disso, convém meditar nos ideais, aspirações, pessoas e coisas que refletimos, porque todos nos subordinamos, pelo reflexo mental, ao fenômeno da conexão.

Estamos inevitavelmente ligados a tudo o que nos merece amor.

Essa lei é inderrogável em todos os planos do Universo.

Os mundos no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase inabordável do corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os planetas e os corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e organogênicas irrevogáveis.

O Espírito consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o destino, tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.

A inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.

A reflexão mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para absorver em si a projeção do Pensamento Superior.

Tudo dependerá de nosso propósito e decisão.

Enquanto nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para com os princípios que nos governam, somos cercados sem defensiva por pensamentos de todos os tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e crimes, em quadros vivos que nos assaltam a imaginação ou em vozes inarticuladas que nos assomam à acústica do espírito, conduzindo-nos aos mais escuros ângulos da sugestão.

É por isso que notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando simultaneamente o bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a certeza e a negação, à maneira de folha volante na ventania.

Eduquemo-nos, estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.

Lembremo-nos de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida pode ser perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro enobrecedor.

A atitude mental é que faz a diferença.

Nosso pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.

Construamos em nós o equilíbrio e o discernimento.

Rendamos culto incessante à bondade e à compreensão.

Habitualmente contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e, por esse motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela parte dos outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.

Não bastam à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores incompletos.

Todos temos fome de plenitude.

O desejo é o imã da vida.

Desejando, sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e transmite o que recebe.

Aprendamos, pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em nossa ascensão para Deus.


(Mantida a página nas mesmas condições de sua publicação original, com regras ortográficas da época)


terça-feira, 28 de julho de 2020

Fascinação!


Fascinação!

A vida é algo fascinante! Para alguns, pode ser. Existem os fascinados por carros, outros por viagens, pelas artes, esportes…  Há os que são fascinados por pessoas, sejam eles ou elas.

O dicionário define fascinação como uma atração irresistível, enlevo, encantamento, deslumbramento.

Trata-se de uma ilusão, parece bom, no entanto, leva o fascinado à ruína, que perceberá tardiamente, se vier a perceber. Os que estão à volta percebem a derrocada, mas o deslumbrado está num estado de sonho, enlevando-se ilusoriamente em meio aos destroços de si mesmo.

É preciso análise e reflexão em todas as atitudes da vida, o que deveria ser aprendido desde a meninice, a não fantasiar os episódios da vida, como é comum as fantasias inconsequentes na infância e na juventude, com novidades e experimentos considerados inocentes que se tornam vícios de consumo irrefreáveis, tanto os sensacionais como os emocionais.  “Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração¹.”.

O fascinado tem cegueira absoluta das circunstâncias em que está envolvido, vive uma realidade fora do alcance de qualquer observador, é irredutível da situação, pois, mesmo escutando, não ouve, e, mesmo vendo, não enxerga. O mundo ilusório criado para si lhe basta. O versículo evangélico anotado acima bem representa a situação.

Em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXIII, Allan Kardec trata da fascinação, na condição de obsessão, que é uma das mais graves e de solução difícil, pois o sofredor se compraz com essa situação. A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, (…). O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula².”.
 
Aqui, nesse excerto, o Senhor Kardec se refere a um estudo sobre o médium psicógrafo (escrevente). No entanto, estamos fazendo uma observação de modo geral, pois, embora o médium seja considerado aquele que tem essa faculdade desenvolvida, as demais pessoas também têm sensibilidade, umas mais e outras menos, e são passíveis de sofrer influenciações de Espíritos desencarnados maléficos.

“Um homem é o produto de seus pensamentos. O que ele pensa, ele se torna.”. – Mahatma Gandhi  -  ³

Aproveitamos o ensinamento de Gandhi para dizer que todas as pessoas que estão no Mundo são espíritos encarnados e que, pelo pensamento, entram em contato com os desencarnados, sejam eles bons ou maus, amigos ou inimigos. São a qualidade do pensamento, a condição moral e as intenções alimentadas, mesmo que não expressas, que determinam a ligação, consciente ou não. Grande parte da população não sabe dessa relação com o invisível, vez que as religiões tradicionais não permitem essa análise ou a negam com veemência, impedindo a liberdade do conhecimento.

A fascinação é uma doença na alma, é uma permissão e conivência do padecente, porque atende aos seus gostos e interesses ilusórios, ocorre com sutileza, como raiz de planta daninha que vai invadindo o terreno mental e tomando conta dele, como nuvem escura que prenuncia uma tempestade.

O antídoto a essa situação está na evangelização, aquela buscada por livre vontade, com o intuito da autotransformação, conhecida como reforma íntima, que se analisa, faz crítica de suas atitudes e decide modificar-se, mesmo contrariando alguns interesses, hábitos e costumes de que se gosta tanto e que sua reflexão revela não serem convenientes diante de uma visão espiritual lúcida. São Paulo, o apóstolo, escreveu na primeira carta aos Coríntios, 6:12: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. ” -- este ensinamento é verdade incontestável, deve ser observada em qualquer tempo, pois ensinava ao espírito das massas de gentes, com visão das consequências para a vida eterna das individualidades, pois são autônomas.

Fizemos referência à evangelização. Muitos pensam que é somente para crianças, o que não é verdade. Existem as evangelizações para crianças, jovens e adultos também, o que significa que o trabalho de aprimoramento espiritual é permanente, nunca se esgota. Quanto mais conhece o Evangelho de Jesus, mais se conhece a si mesmo; quanto mais se espiritualiza, mais se aproxima das verdades do Senhor. Compreende-se a razão da vida, seus sofrimentos e possíveis alegrias, e a capacidade de suportar as contrariedades, tendo uma visão clara de estagiar em uma escola que retífica e embeleza a alma, vislumbrando recompensa dos próprios méritos ao longo do tempo, após as provas dessa existência.

Quando se elaborava a codificação espírita, Allan Kardec perguntou aos Benfeitores Espirituais, o que se registra na questão 476 de O Livro dos Espíritos, como transcrito: “Não pode acontecer que a fascinação exercida por um mau Espírito seja tal que a pessoa subjugada não perceba? Nesse caso, uma terceira pessoa pode fazer que cesse a sujeição da outra? Que condição deve preencher essa terceira pessoa? ”. Resposta: “Se for um homem de bem, sua vontade poderá ajudar, apelando para o concurso dos bons Espíritos, porque quanto mais se é um homem de bem, tanto mais poder se tem sobre os Espíritos imperfeitos, para afastá-los, e sobre os bons, para os atrair. Todavia, essa terceira pessoa será impotente, se aquele que estiver subjugado não lhe prestar o seu concurso. Há pessoas que se comprazem numa dependência que favorece seus gostos e desejos. Seja, porém, qual for o caso, aquele que não tiver puro o coração não poderá exercer nenhuma influência; os bons Espíritos o desprezam e os maus não o temem. ”.

A razão de ter feito uma abordagem sobre um tema tão complexo e desconhecido, mas que se encontra nas diversas camadas sociais, é que o que importa são os pensamentos e os interesses alimentados (negativos, imorais…), que se vinculam a mentes desencarnadas com os mesmos interesses ou que utilizam desse meio para vinganças de ofensas de outras épocas (vidas passadas), ou puramente por maldade.  No entanto, a responsabilidade é sempre daquele que se deixar iludir, por ignorância, fraqueza ou inconsequência.

Não é demais prestar atenção à mensagem de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. ” – Mateus, 26:41. Orientação grandiosa para que estejamos atentos ao que pensamos e desejamos em todos os instantes da vida e sabermos o que escolher.  “Poço! mas me convém? ”  Quais são as consequências da minha escolha? Sempre haverá um depois. Como será? O resultado será feliz ou será de tormentos sem prazo para solução? As escolhas são pessoais, o que quer dizer que são espirituais, porque é o ser pensante que decide, não é o corpo. As consequências ultrapassam o tempo de duração do corpo, pois continuarão com o sobrevivente após o umbral do túmulo.

A fascinação existe, a escolha pertence a cada um, as responsabilidades também.

Pensemos bem!

                               Dorival da Silva.

1.    . Mateus, 6:21 “Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”.
2.    O Livro dos Médiuns, questão 239, Allan Kardec.


domingo, 18 de agosto de 2019

O vazio existencial

O vazio existencial

Quando Sigmund Freud iniciou as suas pesquisas com pacientes histéricos especialmente, tornou-se o começo de uma das mais belas e oportunas interpretações da psique humana, dando lugar a uma verdadeira revolução cultural, desmistificando o sexo, suas funções e libertando-o da hipocrisia vitoriana que vigia triunfante.
Foi um período de inesperadas interpretações de transtornos emocionais e somatizações perturbadoras, que puderam ser tratados com cuidado, proporcionando existências menos turbulentas e desastrosas.
Embora a descoberta da libido sexual causasse surpresa e recebesse exagerado significado facultou mais amplas percepções e entendimento a respeito dos conflitos humanos.
Inevitavelmente, ocorreu um exagero na sua interpretação, principalmente por negar a realidade espiritual da humanidade.
Logo depois, Alfred Adler, discordando do mestre, iniciou as investigações nos conflitos da inferioridade humana, que culminaram na Psicologia individual e, com a cooperação de Karen Horney, formaram a Escola Neo-Freudiana.
Horney, ademais, discrepou das diferenças da psicologia de mulheres e de homens, afirmada por Freud e demonstrou que as mesmas resultam mais de fenômenos sociais e culturais do que da biologia.
Relativamente, ao mesmo tempo, Carl Gustav Jung afirmou que a libido, essa energia psíquica extraordinária, representa todas as forças da vida e não somente aquelas de natureza sexual. Procurou analisar as marcas antigas impressas no inconsciente e adotou a doutrina dos arquétipos, propiciando vida exuberante a todos aqueles que se encontram em conflitos desnorteantes.
Cada época da humanidade é assinalada pelas circunstâncias psicologicamente castradoras que respondem por enfermidades somatizadas perversas.
A ciência atual e a tecnologia de ponta proporcionam uma visão quase ilimitada sobre a existência do ser humano e enseja-lhe uma gama de informações que se multiplicam a cada momento, atormentando a cultura hodierna.
O conhecimento rápido e extremamente volumoso quão variado, não tem sido digerido de forma adequada e eis que surgem inquietadores a insatisfação, a frustração, ao lado do medo, da incerteza, do vazio existencial.
Vive-se a época do ter e do poder, do exibir-se e do desfrutar, sem a consequência da harmonia interior e do enriquecimento espiritual.
A aparência substitui a realidade e o importante não é o ser interior, porém o ego exaltado, que provoca inveja e competição no palco da ilusão.
De certo modo, foram perdidos o sentido existencial, o objetivo da vida, o foco transcendente da autorrealização. Em consequência, aumentam as patologias do comportamento e o banquete dos mascarados toma aspecto sombrio quando o álcool, a drogadição e o sexo desvairado passam a enlouquecer os grupos em depressão...
O avanço na direção do abismo na queda pelo suicídio, o abandono de si mesmo ou a violência desgovernada passam a ser a realidade indiscutível do processo de evolução social.
Tudo isso, como decorrência do vazio existencial que se apodera do indivíduo, porque não encontra apoio no sentimento de amor que vem desaparecendo a pouco e pouco do seu desenvolvimento moral.
*
A ambição pelas coisas de imediato significado tem substituído os valores realmente legítimos da emoção, quais sejam: a prece, a meditação, a solidariedade e o afeto.
Torna-se urgente o impositivo de uma alteração de conduta, buscando-se novos focos de interesse existencial, tais como: a conquista da paz, do trabalho de beneficência, da imortalidade.
O ser humano, graças ao seu instinto gregário, necessita de outrem, que contribui com recursos grandiosos, especialmente na área emocional da afetividade para a identificação de realizações em prol do progresso e do equilíbrio social, econômico, moral e ético.
A fraternidade, substituída pelo individualismo deve ceder o seu direcionamento para o conjunto, o todo, a convivência geral, incluindo a Natureza.
O desrespeito às forças vivas do Universo trabalha a favor da destruição do ser humano mais cedo ou tarde.
É imperioso que se trabalhe através da educação, por todos os meios ao alcance, em favor de objetivos sérios e bem estruturados para a existência.
Uma vida sem um sentido bem delineado, estimulador e doador de energias, torna-se apenas um fenômeno vegetativo que deve ser alterado para a dinâmica da autoconscientização.
Todos anelam e mantêm o desejo de liberdade, que somente adquire significado quando acompanhada pela responsabilidade em relação ao comportamento vivenciado, para que se não converta em libertinagem, conforme sucede neste momento em toda parte da civilização.
Esse desregramento, a leviandade com que são tratadas as questões de alto significado, quando atingem o fundo do poço, abrem espaço para governos arbitrários e cruéis que crucificam os países e os mantém sob injunções penosas, degradantes.
Desse modo, uma revisão de conceito em torno do existir é fundamental para preencher-se o íntimo de estímulos, mediante labores significativos e que produzam desafios contínuos.
Assim, o amor ao próximo, como decorrência do autoamor, faz-se terapia preventiva e curadora para quaisquer existências vazias, que se consomem na angústia, em sofrimentos indescritíveis.
Buscando-se a compreensão do sentido existencial que não se constitui de divertimentos ou fanfarronices, constata-se que os ideais do Bem são impostergáveis e ao entregar-se à sua conquista, mediante relacionamentos edificantes, nos quais a fraternidade se responsabilize pela construção do dever, consegue-se a vitória íntima.
Repentinamente, assim procedendo, cada qual que se dedique ao amor, à amizade sem jaça, descobrirá que essa é a meta a ser alcançada e o serviço de auxílio recíproco é o objetivo a que todos se devem dedicar.
A sociedade moderna tem necessidade de compreender que se renasce no corpo carnal para que seja alcançada a plenitude e não exclusivamente para as necessidades inferiores, as biológicas, conforme os estudos de Maslow em muito boa elaborada reflexão.
Assim sendo, a educação da libido freudiana, a superação do conflito de inferioridade adleriano, a compreensão profunda das neuroses, conforme Horney e a iluminação da sombra junguiana, ressurgem no conceito kardequiano, quando afirma que Fora da caridade não há salvação.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica da noite de 5 de setembro de 2018,
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 13.5.2019.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Consciência

Consciência 

“Guardando o mistério da fé numa consciência pura.”  
 Paulo. (I Timóteo, 3:9.) 

Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à fé, mas não representam o vaso divino destinado à sua manutenção. 
Em todos os lugares, observamos pessoas que, em seguida a grandes calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou aos oráculos novos, manifestando esperança no remédio das palavras. 
O fenômeno, entretanto, muitas vezes, é apenas verbal. O que lhes vibra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido pelos azorragues de experiências cruéis... 
Claro que semelhante recurso pode constituir um caminho para a edificação da confiança, sem ser, contudo, a providência ideal. 
Paulo de Tarso, em suas recomendações a Timóteo. esclarece o problema com traço firme. 
É imprescindível guardar a fé e a crença em sentimentos puros. Sem isso, o homem oscilará, na intranquilidade, pela insegurança do mundo íntimo. 
A consciência obscura ou tisnada inclina-se, invariavelmente, para as retificações dolorosas, em cujo serviço podem nascer novos débitos, quando a criatura se caracteriza pela vontade frágil e enfermiça. 
Os aprendizes do Evangelho devem recordar o conselho paulino que se reveste de profunda importância para todas as escolas do Cristianismo. 
O divino mistério da fé viva é problema de consciência cristalina. Trabalhemos, portanto, por apresentarmos ao Pai a retidão e a pureza dos pensamentos. 

(Esta mensagem foi extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 131, ano 1951.) 


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Reflexão  -   Consciência pura! É o requisito para a fé viva. A qualidade da fé depende do estado da consciência. Buscando amparo em Leon Denis¹, que ensina: “A consciência é não somente a faculdade de perceber, mas também o sentimento que temos de viver, agir, pensar, querer. É una e indivisível (...)”.  

O orientador espiritual Emmanuel, no início da sua página acima, explana: “Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à fé, mas não representam o vaso divino destinado à sua manutenção. 
Em todos os lugares, observamos pessoas que, em seguida a grandes calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou aos oráculos novos, manifestando esperança no remédio das palavras. 
O fenômeno, entretantomuitas vezes, é apenas verbal. O que lhes vibra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido pelos azorragues de experiências cruéis...  Não bastam uma situação inopinada, uma emergência emocional, uma orientação fortuita, por mais que abalizada, que farão uma consciência pura capaz de produzir uma fé viva.   Recurso espiritual que todos procuramos, sem, no entanto, compreender direito o que seja, pois temos pressa, a ansiedade é exigente, a nossa pobre capacidade de reflexão sobre a essencialidade da vida, que é a ferramenta de interiorização para nos conhecermos, não nos permite clarear a consciência, pois temos dúvida, medo para  dar passos no rumo do desconhecido.  

O Mentor espiritual refere-se ao “vaso divino”, do que fala?  Da “consciência pura”. E como se chegar a esse estado de consciência? Nestes dias de tumulto! Não dá para esperar que alguém ou a coletividade resolva a situação. O problema é particular. Cada indivíduo é um mundo singular. “A consciência é não somente a faculdade de perceber, mas também o sentimento que temos de viver, agir, pensar, querer. É una e indivisível (...)” -- reinserimos. É indispensável pensarmos em nós mesmos dentro de um contexto de vida complexo, onde temos vontades, lidamos com vontades alheias, sofremos influências de nossas próprias vivências desta e de outras vidas, vez que estão todas em nós mesmos, sendo que nos pertencem (causas e consequências), além de sofrermos as influências dos que nos rodeiam na família e na sociedade, que têm seus passados, sofrem da mesma forma que nós suas próprias influências e a dos demais, gerando retroalimentação de emoções, sensações, relembranças, intuições, que ora são causa e ora são consequências geralmente de suas dores, suas aflições, mágoas, ressentimentos, doenças, poucas vezes são reflexos de paz e felicidades. A nossa consciência ainda não é “vaso divino”, quando isso se der, não sofreremos a influência de passado negativo, que se apresenta por várias formas no presente e no futuro, mas o reflexo da conquista de nós mesmos para o bem e com o bem, que se potencializará com a influência de outros que também chegaram no mesmo patamar, quando se alcançará a fé viva, a paz e a felicidade que ainda não somos capazes de perceber.  

A influência negativa dos outros nos atinge porque encontra em nós um traço de ligação de forças que interage pela qualidade, gerando elo de influência, que se alimenta com o combustível de mesmo viés, que somente uma força de vontade maior, no rumo do bem, constituído pelo pensamento do bem, numa luta ingente para não ceder à força atrativa existente, o que  se denomina tentação, que nos leva preferir a situação em que nos encontramos.  Ainda, assim, apresenta algum conforto, alguma satisfação, comodidade, em relação ao esforço em sentido contrário que nos traz cansaço, incomodo... Cabe ainda nos perguntar: O que viemos fazer aqui na Terra, suportar um organismo de carne que nos pesa, causa constrangimento para a locomoção, para pensar, para conservá-lo, que envelhece e cada vez mais nos limitam as ações, por quê? O propósito Divino é que o Espírito em evolução precisa de oportunidades para o seu aprimoramento, vez que com o livre-arbítrio precisa aprender a utilizá-lo a seu favor, de maneira consciente, pela sua vontade, superar as deficiências, conquistar virtudes, clarear a mente, purificar-se com as experiências de suas vidas em diversas reencarnações, porque a vida do Espírito fora da matéria é sempre uma única, mas com muitas viagens através de veículos de carne, onde junta as experiências e tira o resultado de seus esforços.  

No final da página objeto desta reflexão, Emmanuel realça: O divino mistério da fé viva é problema de consciência cristalina. Trabalhemos, portanto, por apresentarmos ao Pai a retidão e a pureza dos pensamentos. Aí está o que buscamos na vida, através das diversas vidas, a consciência cristalina, não existe outra razão, isto depende de inteligência educada, de mansidão dos sentimentos, para alcançarmos a retidão e a pureza dos pensamentos. É o que o Criador espera de nós. “Somos o que pensamos.” 

Consciência! 
                                      
                                                        Dorival da Silva 
¹. Obra: O Problema  do ser, do destino e da dor 
   Autor: Léon Denis 
     Página 323, 15ª edição   
     XXI – A consciência. O sentido íntimo.