Quanto já se conquistou nesta vida. Existiram: esforço,
oportunidade, dedicação; a soma de tudo isso resultou realizações no campo
profissional, os filhos estão criados, parece que a tarefa está terminada.
Será verdade?
Tantos labores para as conquistas materiais;
será que estamos realmente realizados? Não está faltando alguma coisa que nos
incomoda, que nos desassossega, mesmo não faltando nada para o conforto e para
a despreocupação com as questões financeiras. Parece um vazio, uma parte de nós
que não está satisfeita, uma lacuna que não foi preenchida. A isso se dá a denominação de vazio existencial, tem-se de tudo e
não se conquistou o essencial, na presente vida.
Desenvolvemos
inteligências, relacionamentos de interesses profissionais. Amizade mesmo muito
pouco ou praticamente nenhuma. Estamos ficando à margem da vida, não atuamos
nos negócios, todos os que nos cercavam mudaram de endereço, não temos mais o
que interessava: o resultado, o lucro, ou pelo menos essa possibilidade.
O tempo passa e vamos entendendo que os
muitos interessados em nós não se interessam mais, eram apenas postulantes
materiais, que agora já não nos incomodam tanto, estamos fora do processo.
Por que isso
ocorre? Vimos que esse vazio a preencher é o vazio existencial, que se torna,
em muitas vezes, em depressão, busca-se a sua solução na orientação médica,
ressalvadas exceções, não foge da clássica praxe. Em grande parte, é medida paliativa, porque a alma não se cura com fármacos, somente com a harmonia e tranquilidade da consciência.
E a solução?
O mais salutar é estender as mãos aos mais fracos, aos doentes,
sejam emocionais ou não, aos abandonados, a colaboração efetiva às instituições
que atendem as necessidades de parcela da sociedade. Assim vamos começar a
entender a orientação de São Francisco: “é dando que se recebe...”, e, ainda, a
mensagem de Jesus: “amar ao próximo como a si mesmo...”; e o lema da Doutrina
Espírita: “fora da caridade não há salvação”.
A partir da disponibilização em favor dos irmãos com menores
condições no presente momento é que vamos preenchendo o vazio que nos
desestabiliza emocionalmente e não conseguimos entender, apesar de possuirmos o
suficiente meios materiais para viver tranquilamente nossos dias.
Isso é-nos um alerta para que não releguemos em segundo plano, ou a plano
nenhum, a nossa condição de “ser” espiritual e que somente o que preenche
realmente a vida de paz é a consciência do dever cumprido com a fraternidade,
são as dedicações e abnegações em favor do próximo, independentemente da nossa
condição de riqueza ou não.
Nem sempre as pessoas estão carentes de recursos materiais, as
maiores carências são de afeto, compreensão, atenção, amizade verdadeira...
Considerando as
necessidades nossas, a condução da vida devem focar as preocupações naturais
das construções do mundo material, que faz parte do mecanismo da Lei do
Trabalho e do progresso geral; sem se esquecer as questões espirituais que da
mesma forma deve receber atendimento durante a nossa vida.
Assim, visando não
acontecer que estejamos satisfeitos com as conquistas materiais e vazios de
recursos espirituais, de difícil preenchimento quando postergado demais o seu
início dentro do contexto da vida, pois que requer exercício reiterado no longo
da existência, de forma que se torne automatizado em nossa intimidade.
Dorival da Silva