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domingo, 8 de setembro de 2024

Beleza da Alma

                                                                  Beleza da Alma 

A preocupação com a beleza pessoal sempre existiu, variando conforme o ambiente cultural e a época. Sempre houve uma parcela de moderação, assim como de exagero, nesse campo de aprimoramento pessoal. 

O desejo da boa apresentação, do culto à beleza do corpo, o enfeite com joias, pedrarias, pigmentos e apetrechos sugerem a existência de poder dentro de certo contexto de vida, o que pode ser apenas uma consideração particular, até mesmo uma ilusão.  

Passados milênios e inumaras gerações, um pequeno percentual dessa multidão de pessoas conseguiu entender que, embora a beleza exterior tenha a sua importância, o essencial é o embelezamento da alma.  

Considerando que as nossas expressões exteriores são como personas alteráveis a cada ocasião e de acordo com o interesse do momento, elas perdem o valor com o atingimento, ou não, do objetivo delineado. Com isso, tornam-se necessários rearranjos e novidades para cada nova ocasião e interesse. A instabilidade apresentada externamente, corresponde à instabilidade interior, razão de permanente infelicidade e tormentos pessoais e sociais.  

Atualmente, no contexto mundial, está a indústria profissional da beleza. “Marketings” de grande dinamismo apresentam incessantes novidades para a beleza geral, utilizando todos os meios tecnológicos de comunicação. Apresentações midiáticas, fotos, vídeos, influenciadores e infindáveis grupos sociais da rede cibernética mundial disseminam a beleza por toda parte, com o propósito de lucro de seus idealizadores.  

Apesar de todo esse aparato visando a beleza dos corpos e das apresentações, a felicidade ainda é um sonho. As frustrações e as insatisfações se ampliam na mesma velocidade. Esses tormentos generalizados pedem providências, assim, os consultórios médicos, psicológicos e psiquiátricos estão repletos de indivíduos que buscam paliativos para os males emocionais, que correspondem aos males da alma. Embora poucos compreendam isso, inclusive os próprios profissionais da saúde, com as devidas exceções.   

Jesus, o salvador do mundo, ensinou: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.” (Mateus 6:21) “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33) 

Analisando os comportamentos sociais atuais, percebe-se um desvio da finalidade primordial da vida humana: o aprimoramento moral.   É notável a falta de comprometimento do indivíduo consigo mesmo, visando um futuro espiritual, o que consiste em uma busca de conhecimentos bem fundamentados e condução de sua vida com responsabilidade.  

Pensar no futuro espiritual é mais do que refletir sobre o que ocorrerá após da morte, algo que todos sabemos que acontecerá. Esse futuro começa hoje, com o aprimoramento constante dos valores intelectuais e morais. Após o dia fatal, encontraremos a continuidade do que somos e do que construímos ao longo da vida. No entanto, os seus ecos ressoarão com as qualidades conquistadas, sejam boas ou não. 

Muitos espíritos carregam arrependimentos pelo tempo desperdiçado e uma enorme frustração, pois terão que tentar novamente a melhoria espiritual em outra vida, provavelmente em condições menos favoráveis, devido ao desprezo anterior. Isso é o que se chama reencarnação, o retorno a esse mundo em novo corpo, no entanto, a sua alma somos nós mesmos, que vamos repetir a experiência e procurar tirar o melhor resultado.  

Nossa experiência na mediunidade, em reuniões de diálogos de esclarecimentos aos espíritos trazidos pela equipe espiritual da Casa Espírita onde trabalhamos, nos leva perceber que os excessos na busca da beleza física não têm correspondência à beleza espiritual. Aqueles que cuidaram somente da sua estética muitas vezes se assustam com a figura que percebem de si mesmos. É muito frustrante!  Por outro lado, aqueles que se dedicaram à melhoria espiritual, que trabalharam em benefício de outros ou da sociedade, e que cuidaram de sua apresentação física com moderação, apresentam-se muito bem, pois sua aparência reflete a qualidade e a nobreza dos valores que possuem na alma.  

A beleza da alma corresponde à riqueza conquistada através da realização do bem em suas múltiplas formas, o que se denomina caridade. Esse trabalho exige grande esforço no domínio de nossas fraquezas, tendências ao mal e na superação de vícios físicos e morais. Também demanda a conquista de uma consciência lúcida, capaz de avaliar a importância das coisas e patrimônios materiais para a condução responsável da vida e os objetivos dessa existência, visado a melhoria da vida espiritual. Esse é o ponto essencial desta existência para aqueles que estão cientes da sua ininterrupta continuidade na espiritualidade.  

Todo artifício embelezador utilizado externamente tem uma duração efêmera, durando apenas o tempo de seu efeito, quando não apresenta efeitos colaterais negativos.  

O que se espera de cada ser nesta vida é o trabalho lúcido de conquista de bens espirituais imperecíveis, que naturalmente iluminarão a alma, ainda antes de retornar ao mundo dos espíritos.   

Assim, a beleza da alma é a luz que dela resplandece.  

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens.”Jesus. (Mateus 15:16). 

 

                                                       Dorival da Silva 

  

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Brilha o Céu! Nasce Jesus!

                                Brilha o Céu! Nasce Jesus! 

    O Mundo conhece a história de Jesus. Todos os anos comemora-se o Natal. Relembra-se a saga de seus pais, realça-se o ambiente em que se veio à luz. Nos tempos modernos, com algumas exceções, a questão é o lucro do comércio, o ganho dos presentes, o excesso das festas, a arrogância dos abastados; pouquíssimos convidam o aniversariante Magno para a verdadeira homenagem.  

    O brilho do Céu não é de fogos de artifício, nem de luz de LEDnem de 'laser'. É de resplandecência Divina, são luzes das Plêiades de seres Angélicos que oferecem o seu contributo a gigantesca jornada de Jesus, para levar à possível resplandecência  todos os seres humanos vinculados ao Planeta Terra.  É o redil de que deu notícia; é a seara de todos os trabalhos.  

    Na antiguidade, assim como nos dias atuais, a impressão histórica do nascimento e, posteriormente, os trágicos momentos de Sua morte prevalecem e são cultuados como soluções definitivas para os crentes com problemáticas pessoais ou com os seus, através das promessas e encenações…  

    Grande parte das religiões e dos religiosos utilizam os registros feitos pelos Evangelistas das falas de Jesus como um troféu, garantindo uma suposta salvação que não se explicita do quê! 

    Neste mundo, o único ser capaz de destoar das Leis Naturais é o homem. Todos os desarranjos em seu 'habitat' e todos os desequilíbrios são de sua responsabilidade. Os problemas sociais (miséria num contexto de riqueza) e os de cunho moral, desde o comportamental com base na falta da educação (moral) até o intencional em benefício exclusivo de poder (hegemonia), são o retrato da Humanidade do tempo do Cristo e refletido nos dias atuais. As diferenças se expandiram, porque a mensagem do Salvador ainda não integra esse quinhão.  

    A individualidade humana precisa entender que é um ser autônomo. Enquanto na inocência é guiada, mas quando assume a sua liberdade de agir, deve estar ciente de que as responsabilidades correspondem às suas ações. Terá que dar conta daquilo que surgir em desalinho com a Lei Natural, e ninguém poderá ignorar o discernimento (a consciência) que traz, embora não se saiba ler em si mesmo essa verdade, porque não se conhece.  Dá-se preferência às miudezas da vida, as mesmices, às satisfações fugidias, as agressividades e revanches animalizadas, com crimes hediondos, que levarão séculos para solucionar as suas consequências. O nascimento de Jesus é cultuado, mas a hipocrisia não desaparece da sociedade. Em grande parte, isso ocorre porque o aborto, legal ou extralegal, elimina milhões e milhões de outras crianças que deveriam nascer. A  luxúria, o poder econômico, a ideologia, a má-educação e a fé de fachada mostram o caldo moral pútrido que o ser humano carrega em sua Alma. 

Poderíamos enumerar inúmeros crimes contra a própria consciência, que estão escondidos dentro de um estado de ilusão, do qual demoramos para acordar e que deverão ser enfrentados com a própria razão.  

Embora todos os passos de Jesus, desde os seus pais até sua trajetória sejam magníficos exemplos para a Humanidade, o que resulta de maior relevância para o homem é o moldar de seus pensamentos, registrados pelos Apóstolos Evangelistas, como pontos luminosos que demarcam caminho ascensional à plenitude.   Amar, perdoar, tolerar, renunciar, orar pelos inimigos, …; a paciência, a resignação, a confiança em Deus; tudo isso é para acontecer em profundidade na Alma, é uma revolução íntima, é o vencer-se.  Vencer o que está fora é simples, é prática da vida, mas, em certos casos, pode ser um grande erro, ou mesmo um crime; ou, ainda, pode não trazer nenhum valor para o ser espiritual que somos.  

O Natal de Jesus ocorre quando o homem começa a olhar para si mesmo e reconhece que precisa se tornar melhor, mais humano, mais dócil, responsável consigo mesmo e com o próximo, respeitar os conhecidos e os desconhecidos. Assim, cumprem-se as Leis de Deus, porque se reconhece ser um viajante do Universo e deve o contribuir de forma salutar em favor do todo. É o exercício do Amor, a Caridade permanente.  

Jesus demonstrou a Caridade permanente para que os homens pudessem entender. Falou do amor incondicional. Apresentou o respeito que deve prevalecer entre os dois polos de maior expressão para a vida, o ser homem e o ser mulher, que se complementam, dando-se através do amor, servindo como instrumento de fluência da vida.   

A passagem de um Espírito pela experiência de um corpo, num contexto social, em determinado tempo, não é possível sem a existência de um pai e uma mãe. A finalidade da oportunidade é a educação fraternal e humanitária, exercido inicialmente pelos pais e, depois, pela sociedade, que deverá refletir o comportamento da família.  

O que Jesus mostrou?  Ele mostrou a vivência em família e na sociedade, oferecendo o melhor de si para o todo.  

O que devemos fazer?  

                                        

                                Dorival da Silva 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Condução da Vida


Quanto já se conquistou nesta vida. Existiram: esforço, oportunidade, dedicação; a soma de tudo isso resultou realizações no campo profissional, os filhos estão criados, parece que a tarefa está terminada.

Será verdade? 


Tantos labores para as conquistas materiais; será que estamos realmente realizados? Não está faltando alguma coisa que nos incomoda, que nos desassossega, mesmo não faltando nada para o conforto e para a despreocupação com as questões financeiras. Parece um vazio, uma parte de nós que não está satisfeita, uma lacuna que não foi preenchida. A isso se dá a denominação de vazio existencial, tem-se de tudo e não se conquistou o essencial, na presente vida.

Desenvolvemos inteligências, relacionamentos de interesses profissionais. Amizade mesmo muito pouco ou praticamente nenhuma. Estamos ficando à margem da vida, não atuamos nos negócios, todos os que nos cercavam mudaram de endereço, não temos mais o que interessava: o resultado, o lucro, ou pelo menos essa possibilidade.

O tempo passa e vamos entendendo que os muitos interessados em nós não se interessam mais, eram apenas postulantes materiais, que agora já não nos incomodam tanto, estamos fora do processo. 

Por que isso ocorre? Vimos que esse vazio a preencher é o vazio existencial, que se torna, em muitas vezes, em depressão, busca-se a sua solução na orientação médica, ressalvadas exceções, não foge da clássica praxe. Em grande parte, é medida paliativa, porque a alma não se cura com fármacos, somente com a harmonia e tranquilidade da consciência. 

 E a solução?

O mais salutar é estender as mãos aos mais fracos, aos doentes, sejam emocionais ou não, aos abandonados, a colaboração efetiva às instituições que atendem as necessidades de parcela da sociedade. Assim vamos começar a entender a orientação de São Francisco: “é dando que se recebe...”, e, ainda, a mensagem de Jesus: “amar ao próximo como a si mesmo...”; e o lema da Doutrina Espírita: “fora da caridade não há salvação”. 

A partir da disponibilização em favor dos irmãos com menores condições no presente momento é que vamos preenchendo o vazio que nos desestabiliza emocionalmente e não conseguimos entender, apesar de possuirmos o suficiente meios materiais para viver tranquilamente nossos dias. 

Isso é-nos um alerta para que não releguemos em segundo plano, ou a plano nenhum, a nossa condição de “ser” espiritual e que somente o que preenche realmente a vida de paz é a consciência do dever cumprido com a fraternidade, são as dedicações e abnegações em favor do próximo, independentemente da nossa condição de riqueza ou não. 

Nem sempre as pessoas estão carentes de recursos materiais, as maiores carências são de afeto, compreensão, atenção, amizade verdadeira... 


Considerando as necessidades nossas, a condução da vida devem focar as preocupações naturais das construções do mundo material, que faz parte do mecanismo da Lei do Trabalho e do progresso geral; sem se esquecer as questões espirituais que da mesma forma deve receber atendimento durante a nossa vida.

Assim, visando não acontecer que estejamos satisfeitos com as conquistas materiais e vazios de recursos espirituais, de difícil preenchimento quando postergado demais o seu início dentro do contexto da vida, pois que requer exercício reiterado no longo da existência, de forma que se torne automatizado em nossa intimidade. 

Dorival da Silva