sexta-feira, 13 de novembro de 2020

De que modo?


De que modo? 

“Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?– Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 4:21.) 

Por vezes, o apóstolo dos gentios, inflamado de sublimes inspirações, trouxe aos companheiros interrogativas diretas, quase cruéis, se consideradas tão-somente em sentido literal, mas portadoras de realidade admirável, quando vistas através da luz imperecível. 

Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações. 

Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da Humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste. 

A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem. 

Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos. 

Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica. 

Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo: 

– “Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” 

 

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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 152, Editora FEB, 1950. 

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Reflexão: As interrogações do apóstolo Paulo percorreram os séculos e poucos as ouviram, e diminuto número propôs resposta efetiva, silenciando a maioria, e mantendo o estado que motivou as questões, restou a “vara”, numa escolha surda.  

“Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações.”Os esforços de Jesus, como Mestre e Guia da Humanidade, nunca deixaram de existir, no entanto, há interpretação inadequada de seus ensinos, por uma quase viciação comportamental, de que suas mensagens são para serem ouvidas nos Templos, criando uma ambiência de alegria, que energizam os ouvintes e os empolgam por alguns momentos, logo depois, passadas as euforias voltam à mesmice, demonstrando que a essência modificadora apenas circulou pela superfície da Alma. 

Cada indivíduo é a própria despensa para guardar os valores divinos trazidos para o mundo, pelo Guia Maior, de forma que ilumine o Ser de dentro para fora, o que corresponde a dizer que a atmosfera desse ambiente está limpa das mazelas e escuridades de outras épocas, porque com esforço enorme eliminou-as, substituindo-as pelas verdades que se estocam e se fazem representar nas ações e comportamentos cristãos.  

“Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da Humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste.”  Nunca O Mestre Nazareno deixou de estar junto a esta Humanidade, como Diretor de estabelecimento de muitos departamentos, atribui a prepostos qualificados em cada segmento a tarefa de orientar adequadamente aqueles que têm “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. Vejamos que jamais a Divindade ultrapassa o direito de cada personalidade, por isso o livre-arbítrio, algo imutável. Em vista disso, todos temos a liberdade de acolher as orientações superiores da vida quando estivermos prontos e desejarmos.  

Há a pretensão de se conduzir à própria maneira, apoiado no orgulho e no egoísmo, que tomam conta da dependência íntima, irradiando-se nas ações do dia a dia, às vezes montando grandes coisas, mas que não fogem à sua origem, espraiando os mesmos teores, inflamando outros com pendores correlatos, servindo ao poder e as riquezas que enchem os olhos do mundo materialista. Assim, como máquina que não respeita nada além do próprio combustível vaidoso e ególatra, seus resultados são o pisar incessantemente nos fracos, o desrespeito aos justos; e busca inflar os desajustados com os seus desajustes na ânsia pelos resultados das empreitadas materialistas, não se importando com as imoralidades, nem mesmo com as teses esdrúxulas, de visível prenúncio de desastres futuros.   

“A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem. 

 ‘Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos’.”  Jesus, por muito amar, sempre destinou homens e mulheres exponenciais da dedicação,  de valores morais e conhecimentos conquistados através de esforços ingentes, em outros tempos, que retornam em pequenas comunidades ou mesmo de expressão multinacional para despertar os que espiritualmente dormem, embora com os olhos abertos e até incandescentes pelas volúpias do que está fora, mas que não atende o ser que está dentro que ainda não se descobriu, pois, não dá tempo e valor ao que é primordial para ele, ele mesmo.  

“Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica.”   Todos nós que praticamos a mensagem de Jesus somos egressos do materialismo, que muitas vezes nos tenta com suas lascívias prazerosas a queda, portanto, não podemos esquecer que a luta deve ser constante para não ceder aos desejos que nos assanham as lembranças perniciosas que outrora nos deram prazer. O objetivo é a vitória sobre nós mesmos, pois somente assim podemos nos libertar das amarras da materialidade, substituindo-as pela conquista de virtudes que nos permitirá ingressar em outras paragens que nos afastarão cada vez mais das lembranças danosas, liberando o Espírito para missões complexas, embora realizadoras.  

“Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo: 

– “Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?”    

 

A má vontade, os vícios comportamentais, o desejo irrefreável de poder, o absurdo desejo de acumular bens e valores, sempre com a sensação de nada possuir; sobrepõem-se com o peso da força econômica e autoridade sem base moral -- que deveria ser calcada na benevolência e compreensão que os demais indivíduos têm os mesmos direitos e necessidades suas --, trarão seus efeitos, “a vara”.   

Relutar para não ir ao encontro da harmonia da Lei Divina, de amor e justiça, é preparar o próprio flagelo, pois a consciência não nos liberará do seu julgamento, exigirá reparo, cobrará provação, e não ficará satisfeita enquanto não nos tornarmos lídimos moralmente, de Espírito puro como o lírio, não importa em qual terreno finca suas raízes, mas oferece a sua brancura a Deus.  

– “Que quereis? (...)?”. 

 

                                      Dorival da Silva


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Jesus está presente

 Jesus está presente


No caminho de Emaús Ele junta-se aos dois que se dirigiam àquela localidade e comentavam sobre o que ocorreu com o Senhor naqueles últimos dias; falavam da ida das mulheres ao seu túmulo e seu corpo lá não se encontrava, naquele local alguns Anjos informavam que Jesus estava vivo…  Na caminhada de dez quilômetros o Estrangeiro relembrou as profecias desde os escritos antigos, prevendo que tudo aquilo se daria, após o que, o Emissário Divino retornaria à vida espiritual. Somente ao entardecer, quando do agradecimento a Deus pelo alimento e do gesto característico no partir do pão e distribuir-lhes os pedaços foi reconhecido pelos viajantes, desaparecendo de suas vistas, incontinenti…¹

Nos tempos modernos a multidão continua olhando o momento significativo que marcou a linha divisória entre a presença material, que se desfazia, e a presença espiritual que se confirmava, logo depois, reafirmada com a aparição junto aos apóstolos, demonstrando que a vida continua noutro plano, que o Espírito segue a sua trajetória, passada a experiência do corpo. 

O ato da crucificação, que marcou a humanidade, conquanto a importância histórica, não se trata de obra de Jesus, Ele foi vítima da ignorância e da injustiça dos homens. O que continua até os nossos dias, com o desrespeito aos seus ensinamentos (que são verdades imutáveis), além da ingratidão dos que dizem segui-Lo, mas que cometem crimes hediondos em Seu nome, e buscam hipocritamente justificativa  para o desvirtuamento do sentido de seus ensinamentos, nos próprios textos sagrados. O uso desrespeitoso de seu nome e de sua imagem, como propaganda de quaisquer coisas, o colocar de palavras “em sua boca” para afiançar mentiras como se de verdades fossem, no atendimento de propósito esdrúxulo, perpetuando inverdades no coração dos ignorantes  e dos incautos. Certamente que dores de toda ordem virão.

O Mestre está presente, pois o Trabalhador Divino não abandona a sua vinha, com frequência colhe êxito das plantas que frutificam; enquanto os olhos e ouvidos do mundo aturdem-se com os choros e lágrimas, lamentos e exprobrações, luxos e exacerbação de prazeres. Apesar de tudo isso, muitos deixaram de ouvir os gritos, os lamentos e o chamamento da materialidade, e aguçaram suas percepções espirituais para notarem a Sua presença,  sutil, mas intensa, aquecendo corações de corpos murchos, fortalecendo almas para a vitória sobre si mesmo, cheias de esperança e conforto espiritual, sendo que os ruídos externos já não incomodam as almas que anteveem se cumprir a promessa do Cristo: “Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28 a 30.)²”.

A presença do Senhor nunca deixa de existir, como se utilizou dos caminheiros de Emaús, que retornaram junto aos Apóstolos para dar testemunho de que Ele estava vivo, também recorre à ajuda dos humildes de coração e de boa vontade para certificar aos que desejarem saber de Sua presença.  Jesus mesmo deixou a indicação de onde estaria, caso desejassem encontrá-Lo: Atendendo o pobre desvalido, a criança abandonada, aliviando a dor dos humildes… 

Logo, pode-se concluir onde Ele não estaria atuando, até que cesse o império materialista e o interesse da criatura se volte para Deus, modificando o seu estado espiritual; o que, quase sempre,  dá-se por um sofrimento grande, um acidente que mexe com as convicções cristalizadas,  abrindo brechas para novos raciocínios, assim,  estará presente,  com os seus prepostos, oferecendo recursos emocionais de reconstrução. 

Jesus está presente em todas as fases evolutivas da Civilização da Terra, mesmo de todos os períodos da construção do próprio Planeta, tem compromisso junto ao Criador de Todas as Coisas, de levar os Espíritos de seu redil à plenitude. Para isso, faz-se necessário que os indivíduos caminhem com seus esforços e adquiram méritos. Sendo o Governador do mundo, trabalha para que o objetivo maior alcance êxito, no entanto, não pode invadir o direito individual, não pode fazer e nem decidir pelo outro; com paciência aguarda que a planta chegue ao tempo próprio de frutescer no bem, conscientemente, a seu próprio benefício. 

O que parece balburdia no mundo, nada mais são do que os recursos em favor da educação dos Espíritos reencarnados num espaço de tempo, com suas virtudes e mazelas, servindo como escola de autoaprimoramente, sendo que geração sucede geração, colhendo os resultados de seus feitos no tempo; a reencarnação mostra consistentemente a comprovação de que sempre se encontrará a herança de existências passadas nos povos do futuro.  A coletividade e os indivíduos carregam as suas experiências boas ou comprometedoras, as favoráveis  para serem ampliadas e as de consequências danosas para serem solucionadas. 

O que precisa ser notado é que a mudança significativa acontece na individualidade, as resoluções modificadoras e restauradoras do Ser espiritual se dão na intimidade. Sendo que, Jesus lançou as suas sementes nesse terreno e aguarda que germinem, renovando a paisagem do Espírito, que com humildade reconhecerá o trabalho do Benfeitor da Humanidade. 

Reconhecer que Jesus está presente no caminhar evolutivo de cada personagem da vida, que conhece cada irmão pelo nome e respeita integralmente os seus direitos; no entanto, pacientemente  aguarda que despertem e entendam que todos são viajantes do infinito e têm o dever de alcançar a perfeição pelos seus esforços. 

Jesus está presente, contribui incessantemente, e nós como participamos desse caminhar a nosso próprio proveito?  


                                        Dorival da Silva

  1. Lucas 24:13-35

  2. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 1.

Nota: Todas as obras de Allan Kardec poderão ser consultadas no endereço:

www.kardecpedia.com.br

sábado, 31 de outubro de 2020

Você sabe orar? Poucos sabem

 Você sabe orar?  Poucos sabem

                 Na Doutrina Espírita, quando se refere ao substantivo homem em seus escritos, está se referindo ao ser humano, à humanidade. Portanto, está tratando tanto do homem quando da mulher, que correspondem às características orgânicas de Espíritos reencarnados.

         Todos os humanos da Terra -- não se trata de redundância --, estamos nos referindo aos que estão vinculados ao nosso Planeta, como ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, itens 8 e 9: “Nos mundos mais atrasados, os homens são de certo modo rudimentares. Possuem a forma humana, mas sem nenhuma beleza; seus instintos não são temperados por nenhum sentimento de delicadeza ou benevolência, nem pelas noções do justo e do injusto; a força bruta é a sua única lei. (...)”   “Nos mundos que atingiram um grau superior de evolução, as condições da vida moral e material são muito diferentes das que encontramos na Terra. A forma dos corpos é sempre, como por toda parte, a humana, mas embelezada, aperfeiçoada, e sobretudo purificada. O corpo nada tem da materialidade terrena, e não está, por isso mesmo, sujeito às necessidades, às doenças e às deteriorações decorrentes do predomínio da matéria. Os sentidos, mais sutis, têm percepções que a grosseria dos nossos órgãos sufoca. A leveza específica dos corpos torna a locomoção rápida e fácil. Em vez de se arrastarem penosamente sobre o solo, eles deslizam, por assim dizer, pela superfície ou pelo ar, pelo esforço apenas da vontade, à maneira das representações de anjos ou dos manes dos antigos nos Campos Elíseos. (...). Vivem o plano de vida material e o espiritual simultaneamente, embora essa realidade possa não ser compreendida sem o estudo do paradigma da reencarnação. 

         Pretendíamos apenas elucidar que existem seres humanos no Universo, além da Terra, no entanto, a citação fala de mundos inferiores e mundos superiores, em qual situação se encontra a Terra? Conforme a Doutrina dos Espíritos Ela figura na faixa vibratória em que estagiam os mundos de provas e expiações. O próximo passo é chegar ao mundo de regeneração.  A Escala Espírita pode ser estudada em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, nas questões de 100 a 113.

          A oração é o momento em que o indivíduo alça, através do pensamento, vontade imbuída de um objetivo claro, ao Criador, a Jesus, ou algum Ser de sua confiança em busca de algo para si mesmo, ou para outrem, de socorro, alento, coragem, esclarecimento para suas dúvidas; também para agradecer petição atendida, a disponibilização dos recursos da Natureza e a própria vida, e louvar a Deus em reconhecimento à Sua grandiosidade.

         “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e fechada a porta, ora a teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê o que se passa em secreto, te dará a paga. E quando orais não faleis muito, como os gentios; pois cuidam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não queirais, portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, primeiro que vós lho peçais. (Mateus, VI: 5-8)”.  Jesus ensina a orar, referindo-se a entrar no aposento e fechar a porta; que aposento é esse? e que porta é essa? O Senhor quando orava, e isso fazia com muita frequência, ia para a montanha, para a margem do lago de Genesaré, ou para algum lugar da Natureza, onde não tinha aposento e nem porta, então, a que Ele se referia? 

         Naquele momento da Humanidade não tinha como explicar melhor, utilizou dos conhecimentos que o povo tinha nos usos do dia a dia para grafar no sentir das Almas a ciência de fundo transcendente que somente nos séculos futuros poderia encontrar entendimento.  Ele falava ao Espírito do Homem, conquanto imantado a um corpo carnal, por algum tempo, permaneceria evoluindo no tempo, e a semente lançada alcançaria resultado da Ciência iniciada, quando o terreno espiritual estivesse fértil para a eclosão da sabedoria. A moradia é o corpo, àquele em que se habita, o aposento é a Alma e a porta corresponde aos sentidos que dão acesso às realidades exteriores. O ambiente da oração é o estado espiritual, o Ser e seus valores, num impulso de humildade busca o diálogo sincero e honesto, aonde o burburinho do mundo material não tem lugar, é o coração e a mente que vibram, sem palavras, é sentimento que adentra a frequência do Ente a alcançar e a comunicação se dá Espírito a Espírito. 

         É certo que somos pequenos e não sabemos ou não temos entendimento suficiente para jornada tão grandiosa, em conta disso não ficamos abandonados, existem os Espíritos intercessores que acompanham o nosso caminhar nesta vida e fazem com que as rogativas, pedidos e os agradecimentos, àqueles que têm mérito, cheguem ao seu destino, e carreiam as virtudes de acordo com as nossas possibilidades.  

         Nada pode ser concretizado sem que exista a conformidade da Lei Divina. Os seres responsáveis pela execução daquilo que vem dos pedidos não poderão ir além dos méritos de quem solicita, tanto quanto para aquele a quem se pede. 

         “A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo.   (...)¹”.  A prece livre é o sentimento que flui do estado espiritual de quem ora, influxo singular, nunca haverá outro igual, pois corresponde aos valores daquele Espírito que se expressa para a Divindade, não são o que as palavras conseguem dizer, são a essência daquele que se manifesta, lançando-se na corrente energética Universal. Atinge o objetivo e acolhe a retribuição. 

         Toda manifestação do indivíduo a título de oração, seja lida, decorada e na forma de repetição, precisa ser considerada com validade, sem se esquecer o ponto central de interação, “a intenção”, conquanto em grande parte de pouca eficácia, vez que a forma utilizada não proporciona conexão espiritual com o Ser a que se pretende alcançar ou aos intercessores, pois, não acontece nenhum fato vibracional para que isso ocorra. O que pode acontecer é que, em certo momento de dificuldade premente, mesmo utilizando-se dessa forma de orar, entra, sem se dar conta disso, num estado espiritual próprio da oração efetiva, fechando a porta do aposento”, realizando a interação vibratória significativa atingindo o atendimento para às suas necessidades. Para isso, pode receber ajuda de Espírito caridoso que o auxilia a entrar por esse caminho vibratório que desconhece. 

         “O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: “Ajuda-te, que o Céu te ajudará”; não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui. Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço.²”  Esses esclarecimentos são dos Espíritos reveladores da Doutrina Espírita, que não deixam dúvida de que tudo é trabalho e exige esforço, trata-se de conquista pessoal, é a busca permanente da elevação espiritual, o que corresponde a aquisição de valores nobres, intelectuais e morais, em todos os momentos da vida. O estado espiritual existente, por afinidade natural, propõe sintonia com Espíritos envolvidos nos mesmos propósitos de cada um de nós, e se conectam pela atmosfera mental que alimentamos, formando ligação com o mundo espiritual que nos é próprio; assim vivemos nos dois mundos simultaneamente, a qualidade corresponde às nossas escolhas. 

         A oração é uma via direta de duas mãos e chegará até onde nossas forças permitirem, até onde o combustível do mérito puder nos conduzir. 

         A fé raciocinada, àquela que a Doutrina Espírita nos apresenta com a suas revelações sobre o Homem e o mundo dos Espíritos, dando aos seus estudiosos a clareza sobre a existência, mostra a necessidade do esforço em todos os momentos da vida de forma consciente, sabendo-se que a construção efetiva é a do Espírito. Assim todos os trabalhos realizados com amor, mesmo os dificultosos, sempre visando o bem, não importando para quem seja, mesmo que o beneficiário não reconheça, é por isso uma prece, uma oração, pois o bem já existia na origem da intenção de quem a realiza, enriquecendo espiritualmente àquele que o detém.

        Aquele que sabe como orar, por que orar e para que orar é um Ser consciente em evolução espiritual. Sempre estará confiante, com coragem, paciente e resignado diante do que não pode mudar. Será vencedor de si mesmo, carregará consigo a paz e a felicidade, pois tem plena confiança em Deus.

           Oremos!

 

                                Dorival da Silva      

¹ O Livro dos Espíritos, questão 658

2   O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 7 (final)

Nota: Todas as obras de Allan Kardec poderão ser consultadas no endereço:

www.kardecpedia.com.br