terça-feira, 29 de outubro de 2024

Flores de Vida

Flores de Vida 

Presentemente, no mundo está cheio de ocorrências tenebrosas, de crimes, guerras, atrocidades, maldades e desgovernos que enchem as mídias de notícias e imagens insuportáveis para aqueles que têm sentimentos humanitários mais desenvolvidos.   

No entanto, existem os indivíduos de sentimentos endurecidos, insensíveis e indiferentes ao sofrimento alheio. Apenas se interessam pelo imediatismo de resultados de seus interesses. Não se preocupam com o futuro, pois nem pensam nele. Nada importa, se não acontecer agora. 

Assim, vemos a agressividade na destruição de florestas nacionais com o propósito de locupletar-se da posse ilegal, para logo mais requisitar a propriedade sem custos.  Em outras partes do mundo, engendram guerras com justificativas fluídas que nada justificam. Esses tais líderes de guerras apenas acumulam dores e responsabilidades para suas vidas. Lideranças materialistas, pseudorreligiosas, seguidores, quando o são, de "deus" que não se compreende. A justiça que empreendem corresponde às suas opiniões e interesses. Têm o livre-arbítrio, mas não tarda, enfrentarão a verdadeira justiça, a consciência.   

Deus, a que boa parte da humanidade acolhe em seu entendimento, é de amor e justiça. Sendo Ele perfeito, suas leis são perfeitas e imutáveis. Não há preferência, não há partido! Todas as criaturas estão subordinadas a essas leis divinas e assumem as responsabilidades de seus atos. Se trouxeram sofrimentos, arcarão com eles; se produziram o bem, serão felizes com seus efeitos.  

Jesus Cristo trouxe as bem-aventuranças há dois mil anos, no conhecido Sermão do Monte¹, quando apresentou a esperança para aqueles que estão deserdados de meios para a condução de suas vidas, conquanto os esforços pessoais, mas constrangidos pelas circunstâncias que não podem mudar.  Claramente, tudo o que expôs à humanidade no seu sermão não aconteceria na vida material, mas sim, depois.  

Como ninguém pode ignorar, todos os corpos de carne morrem. Aqueles que os utilizavam se libertam das amarras dos tolhimentos em que viviam. É certo que precisam ter méritos, uma das razões da paciência, da tolerância, do perdão, enfim, do bem sofrer. Mesmo entendendo que todos neste mundo sofrem, existem sofrimentos que não produzem méritos, pois são o "mal sofrer". Esses sofredores geram a reclamação, a blasfêmia, o ódio, o desejo de vingança...  

Todos que engendram dificuldades para as pessoas, sejam autoridades governamentais ou não, carregam consigo as responsabilidades correspondentes. Elas estarão presentes no tempo, aguardando a solução de seus males por quem as provocou. Trata-se da Lei de Causas e Efeitos, como nos ensina a Doutrina Espírita.  

Existem nesta vida a dor, a contrariedade, a infelicidade, o medo, a alegria, a felicidade, a preocupação e muitos outros sentimentos, que na condição de relatividade são naturais no processo evolutivo. Sempre algum desses sentimentos chega e vai embora, terminada a causa que deu origem. Por que sentimos essas coisas?  

Para entender a existência dos sentimentos, precisamos primeiro saber o que somos. Então, o que somos? Simplesmente, somos a vida! Podemos dizer que somos um mundo exclusivo, ainda imperfeito. O governo desse mundo particular somos nós mesmos. Os sentimentos e as suas percepções que dão as cores da vida. Quando ignorantes, as cores da alma são opacas; quando mais evoluídos, as cores são múltiplas e intensas.  

Os sentimentos de cada indivíduo (o mundo particular) fazem a interação com os demais mundos particulares. A harmonia ou não dessas relações depende das qualidades de cada individualidade. São os sentimentos que nos mostram que estamos vivos. A vontade nos permite querer. A inteligência nos leva ao discernimento.  

Os bilhões de pessoas existentes no planeta, com força inata, buscam a felicidade. Essa força cega precisa de encontrar a lucidez que direcionará cada indivíduo (mundo particular) para essa meta natural. Todos os seres humanos foram criados para a felicidade; no entanto, atrapalham-se na caminhada. Comparável a uma semente lançada ao escuro do solo, precisará vencer todos os percalços do terreno para alcançar a luz solar, vitalizar-se e florir, culminado nos frutos, a razão de sua existência. A semente cumpre o caminho vital da própria natureza, chegando à floração e à frutificação; o homem precisa usar a sua inteligência, o livre-arbítrio e exercitar a consciência para chegar às flores das virtudes e alcançar a felicidade espiritual.  

Todos os esforços valem para essa conquista das flores de vida, a felicidade que não se perde.  

Flores... 

                                     Dorival da Silva 

1. Mateus, 5 a 7  

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Perdão!

                                                                          Perdão! 

O perdão é algo de que todos neste mundo precisam. Mas, afinal, o que é o perdão? Os livros religiosos de todos os credos se referem ao perdão.  Quem comete algum erro contra alguém, um equívoco, às vezes pede perdão, quase sempre pró-forma, por hábito, mas, exatamente, não sabe o que isso representa em circunstâncias mais graves.  

Quem não conhece o significado real dessa palavra também não tem ideia das consequências de não perdoar quando se é ofendido, agredido ou maltratado. Devolver a ofensa, o que se denomina vingança, não é o melhor caminho, pois poderá gerar dores e aflições piores que o fato originador da situação.  Caso não faça nada contra o ofensor, mas guarde a mágoa, a revolta, e constantemente fica ressentindo o mal como se o momento de desgosto ainda estivesse ocorrendo, isso traz o adoecimento do indivíduo.  As relembranças dolorosas geram uma massa fluídica negativa no ambiente psíquico, que se potencializa com a insistente revivência, refletindo no emissor suas próprias emanações.     

Persistindo a ausência do perdão, o ofendido continuará conectado mentalmente ao ofensor, levando o seu estado de ódio àquele que lhe magoou. Caso ele também mantenha pensamento negativo em relação ao que se acha ofendido, assim se forma uma corrente mental indestrutível, que se autoalimenta de forças deletérias.  Somente quando uma das partes mudar esse padrão vibratório será possível cessar essa ligação. Com isso, a vida de tal parte, a que perdoou, ou pelo menos mudou suas disposições em relação à outra, começa a apresentar uma melhora vibratória, sentindo-se intimamente melhor.  

Caso a pessoa com uma carga de ressentimento ou ódio de alguém venha a sofrer a morte física e ainda não tenha conseguido nem pensar no perdão, é uma infelicidade!  Pois esses sentimentos continuam com ela, pois lhe pertencem.  Se era o motivo de sua infelicidade, continuará infeliz.  

Então, o que é o perdão? Caso fôssemos analisar filosoficamente, existiria várias argumentações, embora bem fundamentadas, não atenderiam nosso objetivo aqui. Falando de maneira simples, o perdão é uma autorização do ofendido a si mesmo para renunciar todos os ímpetos próprios dos instintos de conservação, que através milênios evoluíram também para o ódio, a vingança...  Mas, agora estamos em outros tempos. A razão precisa estar presente em cada momento da vida e não se pode esquecer que somos seres emocionais. Mais ainda, precisamos estar cientes de que somos espíritos eternos e sempre prestaremos contas à nossa consciência.  Agora temos recursos espirituais para ajudar a discernir a inferioridade ou a dificuldade apresentada pelo agressor e compreender isso, porque em certas ocasiões precisamos da compreensão de outros, quando também temos nossos momentos de infelicidade.  

Diante de ameaça à nossa integridade física, podemos nos defender? Sim, podemos. Se possível, que as divergências sejam solucionadas sem agressividade física ou moral. Caso necessário a intermediação judicial, que a utilize. Mas não permitir que a discordância ou até mesmos o despotismo da outra parte movimente em nós o ódio ou desejo de vingança é essencial. É preciso oferecer a outra face, como ensinado por Jesus Cristo.  O perdão dispensado a alguém nem sempre conserta a confiança quebrada, pelo menos em um curto prazo. O exercício da tolerância é inevitável.  

Quando Jesus dá resposta a Pedro sobre o perdão, tem uma importância para a humanidade muito mais relevante do que se poderia imaginar. Vejamos o texto: "Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." (Mateus, 18:21 e 22).  É bom termos em mente que o Senhor ensinava aos espíritos encarnados e aos desencarnados, de todos os tempos. Podemos verificar seus efeitos em várias obras mediúnicas que narram fatos ocorridos com grupo de pessoas, mostrando as experiências que tiveram na vida corporal e posteriormente na vida espiritual, e em alguns casos, o desdobramento em nova existência física desses indivíduos.  

Em reuniões mediúnicas, das quais participamos semanalmente, parte considerável das dificuldades dos espíritos comunicantes é a falta de perdão. No fundo dos problemas estão os desajustes familiares, traições, infidelidade conjugal, despotismo, indiferença, os desajustes por viciações diversas, feminicídios... Essas circunstâncias, às vezes, ultrapassam um tempo que não podemos avaliar. Em algumas situações, é possível situar o tempo da ocorrência em que os personagens permanecem vivendo e revivendo os fatos objetos dos sofrimentos apresentados. -- Em que ano o senhor ou senhora está vivendo? 18.., 19... Passou um, dois ou mais séculos! Para outros, se passaram décadas.  Uns procuram culpados, outros estão fechados em si mesmos, em ressentimentos profundos. Alguns estão sempre fugindo de perseguidores, carregam a culpa do que fizeram escondidos contra terceiros.   Outros sofrem com a ruína da família, que não souberam cuidar, em virtude da intolerância.  Enfim, sempre a falta do perdão na origem dos problemas. Muitos deram muita importância ao que não tinha nenhum valor, apenas o orgulho ferido, que, cultivado, cresceu e multiplicou seus efeitos nefastos nas vidas que estavam sob o alcance de seus efeitos. Há uma expressão atribuída ao espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier, que representa muito bem esses fatos: "Basta um minuto de invigilância para séculos de regate."    

Jesus, o maior psicólogo, sabia de tudo isso e muito mais. Ele lançava para a humanidade as sementes do perdão das ofensas como elemento neutralizador de sofrimentos que podem exigir tempo longo até que surja a oportunidade para a solução. Até que isso se dê, quanto tempo se perdeu e quanto sofrimento foi suportado?  O perdão incondicional no momento da ofensa evita muito sofrimento.  Para o orgulhoso que não perdoa agora, mesmo que se passem décadas ou séculos, será o perdão de quem o ofendeu e o perdão para si mesmo que irão modificar o seu estado espiritual. Deus, que é Amor e Justiça, concede benefício a qualquer disposição de mudança para o bem. Assim, mesmo que o espírito sofredor ainda não consiga perdoar o ofensor, pelo menos admitir a possibilidade do perdão já é um avanço que se considera, dando-lhe o crédito à possibilidade de evoluir para o perdão definitivo.   Não perdoar as ofensas dos outros também é um erro.  As consequências espirituais mostram isso.  

Sobre o perdão, existe muito mais o que dizer. No entanto, fiquemos por aqui.  Em outro momento, iremos tratar desse assunto com foco nos desdobramentos na presente vida das pessoas. 

Perdão! "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?  Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete." 

                                        Dorival da Silva 

Nota: As obras básicas da Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo: