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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Cadinho

 Cadinho


Reunião pública de 30-01-1959.

Questão n.º 260.


Muitas vezes, na Terra, na posição de cultores da delinquência, conseguimos escapar das sentinelas da punição. 


Faltas não previstas na legislação terrestre, como sejam certos atos de crueldade e muitos crimes da ingratidão, muros adentro de nossa vida particular, quase sempre acarretam a queda e a perturbação, a enfermidade e a morte de criaturas que a Divina Bondade nos põe no caminho.  


De outra feita, quando positivamente enodoados com o ferrete da culpa, conseguimos aligeirar nossas penas ou delas nos exonerar, subornando consciências dolosas, no recinto dos tribunais. 


Todavia, a reta justiça nos espera, infalível, e além da morte, ainda mesmo quando tenhamos legado ao mundo vastas parcelas de cultura e benemerência, eis que as marcas de ignomínia se nos destacam do ser, então expostas à Grande Luz. 


Nessa crise inesperada, imploramos nós mesmos retorno e readmissão nos cursos de trabalho em que se nos desmandaram a deserção e a falência, a fim de ressarcirmos os débitos que os homens não conheceram, mas que vibram, obcecantes, no imo de nossas almas. 


É assim que voltamos ao cadinho fervente da purgação, retomando nos fios da consanguinidade a presença daqueles que mais ferimos, para devolver-lhes em ternura e devotamento os patrimônios dilapidados, rearticulando os elos da harmonia que nos ligam a todos, na universalidade da vida, perante a Lei.


Reverenciemos. desse modo, no lar humano, não apenas o templo de carinho em que se nos reabastecem as forças, no exercício do bem eterno, mas igualmente a rude escola da regeneração, em que retomamos o convívio dos velhos adversários que nós mesmos criamos, a ressurgirem na forma de aversões instintivas e desafetos ocultos, que nos constrangem cada hora à lição da renúncia e à mensagem do sacrifício. 


E por mais inquietante se nos afigure a experiência no educandário doméstico, guardemos, dentro dele, extrema devoção ao dever, perdoando e ajudando, compreendendo e amparando sem descansar, pois somente aquele que se engrandeceu, entre as quatro paredes da própria casa, é que pode, em verdade, servir à obra de Deus no campo vasto do mundo. 


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Página extraída do livro: Religião dos Espíritos, ditado pelo Espírito Emmanuel, ao médium Francisco Cândido Xavier, sendo que o próprio Espírito informa na página de rosto da referida obra, “(...), nos foi possível, no curso das 91 sessões públicas para estudo da Doutrina Espírita, a que comparecemos, junto de nossos companheiros uberabenses, no transcurso de 1959, na sede da Comunhão Espírita Cristã, nesta cidade. (...).


Nota 1: A questão em referência (260) pertence à obra: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicada em 18.04.1857, na França. Com o objetivo de facilitar sua leitura a transcrevi abaixo:  


260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida?

“Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem, é necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar.”


Nota 2: As obras de Allan Kardec estão disponíveis para consulta, gratuitamente,  no endereço:  https://kardecpedia.com/


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

"O Dever" e "Tenhamos Paz"


          O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral, e não do dever que as profissões impõem.

         Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atrações do interesse e do coração.

         Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão suas derrotas. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio.

         O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; como determiná-lo, porém, com exatidão? Onde começa ele? Onde termina? O dever principia, para cada um de vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vós.

          Deus criou todos os homens iguais para a dor. Pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um julgue em sã consciência o mal que pode fazer. Com relação ao bem, infinitamente vário nas suas expressões, não é o mesmo o critério. A igualdade em face da dor é uma sublime providência de Deus, que quer que todos os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não pratiquem o mal, alegando ignorância de seus efeitos.

          O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta; é austero e brando; pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, conserva-se inflexível diante das suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. É a um tempo juiz e escravo em causa própria.

           O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a Humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

           O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos.                                                                                                                                                 Lázaro. (Paris, 1863)

Extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, Instrução dos Espíritos, item 7.

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Tenhamos paz

“Tende paz entre vós.” – Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:13.)
          
         Se não é possível respirar num clima de paz perfeita, entre as criaturas, em face da ignorância e da belicosidade que predominam na estrada humana, é razoável procure o aprendiz a serenidade interior, diante dos conflitos que buscam envolvê-lo a cada instante.

       Cada mente encarnada constitui extenso núcleo de governo espiritual, subordinado agora a justas limitações, servido por várias potências, traduzidas nos sentidos e percepções.

    Quando todos os centros individuais de poder estiverem dominados em si mesmos, com ampla movimentação no rumo do legítimo bem, então a guerra será banida do Planeta.

        Para isso, porém, é necessário que os irmãos em humanidade, mais velhos na experiência e no conhecimento, aprendam a ter paz consigo.

       Educar a visão, a audição, o gosto e os ímpetos representa base primordial do pacifismo edificante.

   Geralmente, ouvimos, vemos e sentimos, conforme nossas inclinações e não segundo a realidade essencial. Registramos certas informações longe da boa intenção em que foram inicialmente vazadas e, sim, de acordo com as nossas perturbações internas.

              Anotamos situações e paisagens com a luz ou com a treva que nos absorvem a inteligência. Sentimos com a reflexão ou com o caos que instalamos no próprio entendimento.

     Eis por que, quanto nos seja possível, façamos serenidade em torno de nossos passos, ante os conflitos da esfera em que nos achamos.

      Sem calma, é impossível observar e trabalhar para o bem.

     Sem paz, dentro de nós, jamais alcançaremos os círculos da paz verdadeira.



Extraída da obra: O Pão Nosso, cap. 65, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.