Obediência construtiva
“E assim vos rogo eu, o preso do Senhor, que
andeis como é digno da vocação com que fostes chamados.” - Paulo. (Efésios,
4:1.)
Na leitura do
Evangelho, é necessário fixar o pensamento nas lições divinas, para que lhes
sorvamos o conteúdo de sabedoria.
No versículo sob
nossa atenção, reparamos em Paulo de Tarso o exemplo da suprema humildade,
perante os desígnios da Providência.
Escrevendo aos
Efésios, declara-se o apóstolo prisioneiro do Senhor.
Aquele homem
sábio e vigoroso, que se rendera a Jesus, incondicionalmente, às portas de
Damasco, revela à comunidade cristã a sublime qualidade de sua fé.
Não se afirma
detento dos romanos, nem comenta a situação que resultava da intriga judaica.
Não nomeia os algozes, nem se refere às sentinelas que o acompanham de perto.
Não examina
serviços prestados.
Não relaciona
lamentações.
Compreendendo
que permanece a serviço do Cristo e cônscio dos deveres sagrados que lhe
competem, dá-se por prisioneiro da Ordem Celestial e continua tranquilamente a
própria missão.
Simples frase
demonstra-lhe a elevada concepção de obediência.
Anotando-lhe a
nobre atitude, conviria lembrar a nossa necessidade de conferir primazia à
vontade de Jesus, em nossas experiências.
Quando
predominarem, nos quadros da evolução terrestre, os discípulos que se sentem
administradores do Senhor, operários do Senhor e cooperadores do Senhor, a
Terra alcançará expressiva posição no seio das esferas.
Imitando o
exemplo de Paulo, sejamos fiéis servidores do Cristo, em toda parte. Somente
assim, abandonaremos a caverna da impulsividade primitiva, colocando-nos a
caminho do mundo melhor.
Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada
pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo
126, ano 1951.
Reflexão: Não se trata de uma
obediência cega, que espiritualmente nada produz, nem uma obediência de sentido
obtuso, que pudesse causar exclamação dos incautos reencarnados, aqueles que
não veem mais do que aquilo que podem tatear.
Assim, o Apóstolo dos Gentios, como bem relata
o Benfeitor Emmanuel, na página acima, não faz referência nem às suas
contingências físicas, pela prisão, nem estica relevos às tarefas que realizou:
“Não se afirma detento dos romanos, nem
comenta a situação que resultava da intriga judaica. Não nomeia os algozes, nem
se refere às sentinelas que o acompanham de perto. Não examina serviços
prestados. Não relaciona lamentações.”
Paulo não estava preso espiritualmente à miserabilidade das convenções
dos comportamentos sociais e políticos de seu tempo. As suas considerações são
os elevados propósitos do Senhor, com o alcance que não estava limitado ao
tempo de sua geração, mas de todas que adviriam.
Paulo, embora preso e vigiado, não se sentia
constrangido, pois, espiritualmente estava livre, conhecia o compromisso com a
verdade, que extrapolava os limites das grades, das resoluções humanas e do seu
tempo. A missão era e é ampliar a entrega das verdades às mentes e corações,
como convocou Jesus, O Cristo.
“Compreendendo que permanece a serviço do
Cristo e cônscio dos deveres sagrados que lhe competem, dá-se por prisioneiro
da Ordem Celestial e continua tranquilamente a própria missão. Simples frase
demonstra-lhe a elevada concepção de obediência.”
A
obediência do Apóstolo é lucidez, é interação, é comprometimento com uma causa
que extrapola as convenções deste mundo. Trata-se de leis eternas, verdades
definitivas, não compreendidas pelos Espíritos em princípio de elucidação, como
é predominante na sociedade da Terra, apesar dos milênios passados.
Ele
não estava tolhido por imposição alguma, considerando o compromisso de
trabalhador do Cristo, integrado na semeadura e cultivo da Boa Nova, pois, a
sua alma fluía alcançando os objetivos, esclarecendo e incentivando a vivência
da mensagem de Jesus, reconhecido que não se pretendia salvar a matéria, mas
retirar o Espírito de seus irmãos da escuridão da ignorância.
A
obediência na seara de Jesus é o passo à frente. É a espontaneidade diante do
compromisso. O que importa os impedimentos impostos pelo mundo, capazes apenas
de tolher e constranger a matéria, se a alma é intocável e livre para acessar a
fonte irradiadora da verdade?
Dorival da Silva