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terça-feira, 28 de julho de 2020

Fascinação!


Fascinação!

A vida é algo fascinante! Para alguns, pode ser. Existem os fascinados por carros, outros por viagens, pelas artes, esportes…  Há os que são fascinados por pessoas, sejam eles ou elas.

O dicionário define fascinação como uma atração irresistível, enlevo, encantamento, deslumbramento.

Trata-se de uma ilusão, parece bom, no entanto, leva o fascinado à ruína, que perceberá tardiamente, se vier a perceber. Os que estão à volta percebem a derrocada, mas o deslumbrado está num estado de sonho, enlevando-se ilusoriamente em meio aos destroços de si mesmo.

É preciso análise e reflexão em todas as atitudes da vida, o que deveria ser aprendido desde a meninice, a não fantasiar os episódios da vida, como é comum as fantasias inconsequentes na infância e na juventude, com novidades e experimentos considerados inocentes que se tornam vícios de consumo irrefreáveis, tanto os sensacionais como os emocionais.  “Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração¹.”.

O fascinado tem cegueira absoluta das circunstâncias em que está envolvido, vive uma realidade fora do alcance de qualquer observador, é irredutível da situação, pois, mesmo escutando, não ouve, e, mesmo vendo, não enxerga. O mundo ilusório criado para si lhe basta. O versículo evangélico anotado acima bem representa a situação.

Em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXIII, Allan Kardec trata da fascinação, na condição de obsessão, que é uma das mais graves e de solução difícil, pois o sofredor se compraz com essa situação. A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, (…). O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula².”.
 
Aqui, nesse excerto, o Senhor Kardec se refere a um estudo sobre o médium psicógrafo (escrevente). No entanto, estamos fazendo uma observação de modo geral, pois, embora o médium seja considerado aquele que tem essa faculdade desenvolvida, as demais pessoas também têm sensibilidade, umas mais e outras menos, e são passíveis de sofrer influenciações de Espíritos desencarnados maléficos.

“Um homem é o produto de seus pensamentos. O que ele pensa, ele se torna.”. – Mahatma Gandhi  -  ³

Aproveitamos o ensinamento de Gandhi para dizer que todas as pessoas que estão no Mundo são espíritos encarnados e que, pelo pensamento, entram em contato com os desencarnados, sejam eles bons ou maus, amigos ou inimigos. São a qualidade do pensamento, a condição moral e as intenções alimentadas, mesmo que não expressas, que determinam a ligação, consciente ou não. Grande parte da população não sabe dessa relação com o invisível, vez que as religiões tradicionais não permitem essa análise ou a negam com veemência, impedindo a liberdade do conhecimento.

A fascinação é uma doença na alma, é uma permissão e conivência do padecente, porque atende aos seus gostos e interesses ilusórios, ocorre com sutileza, como raiz de planta daninha que vai invadindo o terreno mental e tomando conta dele, como nuvem escura que prenuncia uma tempestade.

O antídoto a essa situação está na evangelização, aquela buscada por livre vontade, com o intuito da autotransformação, conhecida como reforma íntima, que se analisa, faz crítica de suas atitudes e decide modificar-se, mesmo contrariando alguns interesses, hábitos e costumes de que se gosta tanto e que sua reflexão revela não serem convenientes diante de uma visão espiritual lúcida. São Paulo, o apóstolo, escreveu na primeira carta aos Coríntios, 6:12: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. ” -- este ensinamento é verdade incontestável, deve ser observada em qualquer tempo, pois ensinava ao espírito das massas de gentes, com visão das consequências para a vida eterna das individualidades, pois são autônomas.

Fizemos referência à evangelização. Muitos pensam que é somente para crianças, o que não é verdade. Existem as evangelizações para crianças, jovens e adultos também, o que significa que o trabalho de aprimoramento espiritual é permanente, nunca se esgota. Quanto mais conhece o Evangelho de Jesus, mais se conhece a si mesmo; quanto mais se espiritualiza, mais se aproxima das verdades do Senhor. Compreende-se a razão da vida, seus sofrimentos e possíveis alegrias, e a capacidade de suportar as contrariedades, tendo uma visão clara de estagiar em uma escola que retífica e embeleza a alma, vislumbrando recompensa dos próprios méritos ao longo do tempo, após as provas dessa existência.

Quando se elaborava a codificação espírita, Allan Kardec perguntou aos Benfeitores Espirituais, o que se registra na questão 476 de O Livro dos Espíritos, como transcrito: “Não pode acontecer que a fascinação exercida por um mau Espírito seja tal que a pessoa subjugada não perceba? Nesse caso, uma terceira pessoa pode fazer que cesse a sujeição da outra? Que condição deve preencher essa terceira pessoa? ”. Resposta: “Se for um homem de bem, sua vontade poderá ajudar, apelando para o concurso dos bons Espíritos, porque quanto mais se é um homem de bem, tanto mais poder se tem sobre os Espíritos imperfeitos, para afastá-los, e sobre os bons, para os atrair. Todavia, essa terceira pessoa será impotente, se aquele que estiver subjugado não lhe prestar o seu concurso. Há pessoas que se comprazem numa dependência que favorece seus gostos e desejos. Seja, porém, qual for o caso, aquele que não tiver puro o coração não poderá exercer nenhuma influência; os bons Espíritos o desprezam e os maus não o temem. ”.

A razão de ter feito uma abordagem sobre um tema tão complexo e desconhecido, mas que se encontra nas diversas camadas sociais, é que o que importa são os pensamentos e os interesses alimentados (negativos, imorais…), que se vinculam a mentes desencarnadas com os mesmos interesses ou que utilizam desse meio para vinganças de ofensas de outras épocas (vidas passadas), ou puramente por maldade.  No entanto, a responsabilidade é sempre daquele que se deixar iludir, por ignorância, fraqueza ou inconsequência.

Não é demais prestar atenção à mensagem de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. ” – Mateus, 26:41. Orientação grandiosa para que estejamos atentos ao que pensamos e desejamos em todos os instantes da vida e sabermos o que escolher.  “Poço! mas me convém? ”  Quais são as consequências da minha escolha? Sempre haverá um depois. Como será? O resultado será feliz ou será de tormentos sem prazo para solução? As escolhas são pessoais, o que quer dizer que são espirituais, porque é o ser pensante que decide, não é o corpo. As consequências ultrapassam o tempo de duração do corpo, pois continuarão com o sobrevivente após o umbral do túmulo.

A fascinação existe, a escolha pertence a cada um, as responsabilidades também.

Pensemos bem!

                               Dorival da Silva.

1.    . Mateus, 6:21 “Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”.
2.    O Livro dos Médiuns, questão 239, Allan Kardec.


sábado, 13 de abril de 2019

Complexidades do fenômeno mediúnico

Complexidades do fenômeno mediúnico

À primeira vista, o intercâmbio seguro entre os Espíritos desencarnados e os homens parece revestir-se de muita simplicidade.
Considerando-se que, após a morte do corpo, o ser apresenta-se com todos os atributos que lhe caracterizavam a existência física, é de crer-se que o processo da comunicação mediúnica torna-se natural e rápido, fácil e simples.
Como em qualquer procedimento técnico, no entanto, vários requisitos são-lhe exigíveis, o que torna a sua qualidade difícil de ser conseguida, ao mesmo tempo complexa para a sua realização.
O processo de comunicação dá-se somente através da identificação do Espírito com o médium, perispírito a perispírito, cujas propriedades de expansibilidade e sensibilidade, entre outras, permitem a captação do pensamento, das sensações e das emoções, que se transmitem de uma para outra mente através do veiculo sutil.
O médium é sempre um instrumento passivo, cuja educação moral e psíquica lhe concederá recursos hábeis para um intercâmbio correto. Nesse mister, inúmeros impedimentos se apresentam durante o fenômeno, que somente o exercício prolongado e bem dirigido consegue eliminar.
Dentre outros, vale citar as fixações mentais, os conflitos e os hábitos psicológicos do sensitivo, que ressumam do seu inconsciente e, durante o transe, assumem com vigor os controles da faculdade mediúnica, dando origem às ocorrências anímicas.
Em si mesmo, o animismo é ponte para o mediunismo, que a prática do intercâmbio termina por superar. Todavia, vale a pena ressaltar que no fenômeno anímico ocorrem os de natureza mediúnica, assim como nos mediúnicos sucedem aqueles de caráter anímico.
Qualquer artista, ao expressar-se, na música, sempre dependerá do instrumento de que se utilize. O som provirá do mecanismo utilizado, embora o virtuosismo proceda de quem o acione.
O fenômeno puro e absoluto ainda não existe no mundo orgânico relativo...
Os valores intelectuais e morais do médium têm preponderância na ocorrência fenomênica, porquanto serão os seus conhecimentos, atuais ou passados, que vestirão as ideias transmitidas pelos desencarnados.
Desse modo, a qualidade da comunicação mediúnica está sempre a depender dos valores evolutivos do seu intermediário.
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Não há dois médiuns iguais, qual ocorre em outras áreas das atividades humanas, nas quais cada pessoa apresenta-se com os seus próprios recursos, assinalada pelas suas particulares características.
Quando se tratar de médium com excelentes registros e grande fidelidade no conteúdo da mensagem recebida, eis que defrontamos alguém que repete experiências transatas, havendo sido instrumento mediúnico anteriormente.
Na variada gama das faculdades, as conquistas pessoais armazenadas contribuem para que o fenômeno ocorra com o sucesso desejado.
Seja no campo das comunicações intelectuais, seja naqueles de natureza física, o contributo do médium é relevante.
Não seja, portanto, de estranhar que um médium, psicógrafo ou psicofônico, tenha maior facilidade para o registro de mensagens de um tipo literário ao invés de outro, logrando, por exemplo, admiráveis romances e deploráveis poemas, belas pinturas e más esculturas, facilidade para expressar-se em idiomas que não apenas aquele que hoje lhe é familiar, em razão de experiências vivenciadas em reencarnações anteriores.
Também há médiuns com aptidão para receber Espíritos sofredores, o que lhes deve constituir uma bênção, facilitando-lhes a aquisição de títulos de enobrecimento, pela ação caridosa que desempenhem. Não obstante, haverá, igualmente, a mesma predisposição para sintonizar com as Entidades Nobres, delas haurindo e transmitindo a inspiração, a sabedoria e a paz.
A ideia, o impulso procedem sempre do Espírito desencarnado, porém o revestimento, a execução vêm dos cabedais arquivados no inconsciente do médium.
A luz do Sol ou outra qualquer, ao ser coada por uma lâmina transparente, reaparecerá no tom que lhe é conferido pelo filtro.
No fenômeno mediúnico sucede da mesma forma.
 *
Tendo em vista que a faculdade é orgânica, os recursos da aparelhagem exercem grande influência na ocorrência do fenômeno.
Assim considerando, o exercício, que educa os impulsos e comanda a passividade, é de capital importância.
À medida que vão sendo eliminados os conflitos pessoais, mais transparentes e fiéis se farão as mensagens, caracterizando os seus autores pelo conteúdo, estilo, elaboração da ideia e, nas manifestações artísticas, pelas expressões de beleza que apresentam.
A educação mediúnica, à semelhança do desenvolvimento de qualquer aptidão, impõe tempo, paciência, perseverança, estudo, interesse.
O investimento de cuidados específicos, na mediunidade, será compensado pelos resultados comprovadores da sua legitimidade, como também pelos ensinamentos e consolos recebidos na sua aplicação.
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Faculdade neutra, do ponto de vista moral, pode o indivíduo ser portador de conduta irregular com largo campo de registro, em razão do seu pretérito, enquanto outros, moralizados, não possuem as mesmas possibilidades, o que não os deve desanimar.
A moral, no entanto, é exigível, em razão dos mecanismos de sintonia que a conduta proporciona.
Uma existência assinalada pela leviandade, por abusos de comportamento, por atitudes vulgares, atrai Espíritos igualmente irresponsáveis, perversos, perturbadores e zombeteiros.
A convivência psíquica com essas mentes e seres costuma por afetar as faculdades mentais do individuo, que termina vitimado por lamentáveis processos de obsessão, na sua variada catalogação.
As comunicações sérias e nobres somente têm lugar por instrumentos dignos e equilibrados.
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Na sua condição de instrumento e na sua postura de passividade, o médium não pode provocar determinadas comunicações, mas sim, criar as condições e aguardar que ocorram.
Cabe-lhe estar vigilante para atender as chamadas que se originam no mundo espiritual, fazendo-se maleável e fiel portador da responsabilidade que lhe diz respeito.
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O fenômeno mediúnico, para suceder em condições corretas, necessita que o organismo do instrumento se encontre sem altas cargas tóxicas de qualquer natureza, porquanto as emoções em desalinho, o cansaço, as toxinas resultantes dos excessos alimentares bloqueiam os núcleos de transformação do pensamento captado nas mensagens, o que equivale a semelhantes acontecimentos em outras atividades intelectuais, artísticas e comportamentais.
Atitude física, emocional e mental saudáveis, são a condição ideal para que o fenômeno mediúnico suceda com equilíbrio e rentabilidade.
Quando acontece pela violência, sem a observância dos requisitos essenciais exigíveis, alguns dos quais aqui exarados, já que outros ainda existem e merecem estudos, estamos diante de manifestações obsessivas, de episódios mediúnicos perturbadores, nunca, porém, de fenômenos que se expressem com a condição espírita para uma vivência mediúnica dignificadora.
 Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em
1º.11.1993, no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 2.4.2019

Esta mensagem foi extraída  da  página de Divaldo Franco, que poderá ser acessada através do endereço: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=566

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Procedimentos para afastar os maus espíritos - Parte 2 e final


Especial


por Rogério Coelho


Procedimentos para afastar os maus espíritos - Parte 2 e final
A linguagem dos Espíritos é o verdadeiro critério pelo qual podemos julgá-los

Experimentai se os Espíritos são de Deus. 
(I João, 4:1)

Na sequência, disse São Luís: “Sabeis que a revelação existiu desde os tempos mais remotos, mas foi sempre apropriada ao grau de adiantamento daqueles que a recebiam. Hoje, não é caso mais de vos falar por figuras e por parábolas: deveis receber os nossos ensinamentos de um modo claro, preciso e sem ambiguidade. Mas seria muito cômodo não ter senão que perguntar para ser esclarecido; isso seria, aliás, sair das leis progressivas que presidem ao adiantamento universal. Não estejais, pois, admirados se, para vos deixar o mérito da escolha e do trabalho, e também para vos punir por infrações que podeis cometer contra os nossos conselhos, algumas vezes é permitido a certos Espíritos, ignorantes mais do que mal intencionados, de responderem em qualquer caso às vossas perguntas. Isso, em lugar de ser para vós uma causa de desencorajamento, deve ser um poderoso estímulo para procurar a verdade com ardor. Sede, pois, bem convencidos que, seguindo essa rota, não podeis deixar de chegar a resultados felizes. Sede unidos de coração e de intenção; trabalhai todos; procurai, procurai sempre, e encontrareis”.    
A linguagem dos Espíritos sérios e bons tem um cunho do qual é impossível se equivocar, por pouco que se tenha de tato, de julgamento e do hábito da observação. Os maus Espíritos, por qualquer véu hipócrita que eles cobrem suas torpezas, não podem jamais sustentar seu papel indefinidamente; eles mostram sempre seus verdadeiros projetos por alguma faceta, de outro modo, se sua linguagem fosse sem mácula eles seriam bons Espíritos. A linguagem dos Espíritos é, portanto, o verdadeiro critério pelo qual podemos julgá-los; sendo a linguagem a expressão do pensamento, tem sempre um reflexo das qualidades boas ou más do indivíduo. Não é sempre pela linguagem que nós julgamos os homens que não conhecemos? Se recebeis vinte cartas de vinte pessoas que jamais vistes, é lendo-as que estareis impressionados diversamente? É que, pela qualidade do estilo, pela escolha das expressões, pela natureza dos pensamentos, por certos detalhes mesmos de forma, não reconheceis, naquilo que vos escreveu, um homem bem elevado de um homem grosseiro, um sábio de um ignorante, um orgulhoso de um homem modesto? Ocorre absolutamente o mesmo com os Espíritos: suponde que sejam homens que vos escrevem, e julgai-os do mesmo modo; julgai-os severamente! Os bons Espíritos não se ofendem de modo algum com essa investigação escrupulosa, uma vez que são eles mesmos que no-la recomendam como meio de controle. Sabemos que podemos ser enganados, portanto, nosso primeiro sentimento deve ser o de desconfiança; só os maus Espíritos que procuram nos induzir ao erro podem temer o exame, porque estes, longe de provocá-lo, querem ser acreditados sob palavra.
Desse princípio decorre muito natural e muito logicamente, o meio mais eficaz de afastar os maus Espíritos, e de se premunir contra as suas velhacarias. O homem que não é escutado para de falar; o velhaco que sabe que se está a par do que ele é, não faz tentativas inúteis. Do mesmo modo os Espíritos enganadores abandonam a parte onde veem que nada têm a fazer, e onde não encontram senão pessoas atentas que rejeitam tudo o que lhes pareça suspeito.
Resta-nos, para terminar, passar em revista os principais caracteres que nos revelam a origem das comunicações espíritas:
1. Os Espíritos superiores têm em muitas circunstâncias uma linguagem sempre digna, nobre, elevada, sem mistura com qualquer trivialidade; eles dizem tudo com simplicidade e modéstia, não se vangloriam nunca, não exibem jamais seu saber nem sua posição entre os outros. A dos Espíritos inferiores ou vulgares tem sempre algum reflexo das paixões humanas; toda a expressão que exala a baixeza, a suficiência, a arrogância, a fanfarrice, a acrimônia, é um indício característico de inferioridade, ou de fraude se o Espírito se apresenta sob um nome respeitável e venerado.
2. Os bons Espíritos não dizem senão o que sabem; eles se calam ou confessam sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com segurança, sem se importarem com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choca com a razão e o bom senso, mostra a fraude se o Espírito se dá por um Espírito esclarecido.
3. A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão pela forma, ao menos pelo fundo. Os pensamentos são os mesmos, quaisquer que sejam o tempo e o lugar; eles podem ser mais ou menos desenvolvidos segundo as circunstâncias, as necessidades e as facilidades de comunicar, mas não serão contraditórios. Se duas comunicações levando o mesmo nome estão em oposição uma com a outra, uma das duas, evidentemente, é apócrifa, e a verdadeira será aquela onde NADA desminta o caráter conhecido do personagem. Uma comunicação que tenha em todos os pontos o caráter da sublimidade e da elevação, sem nenhuma mácula, é que ela emana de um Espírito elevado, qualquer que seja o seu nome; encerre ela uma mistura de bom e de mau, será de um Espírito comum, se ele se der por aquilo que é: de um patife se enfeitar com um nome que não saiba justificar.
4. Os bons Espíritos nunca mandam; não se impõem: eles aconselham, e, se não são escutados, se retiram. Os maus são imperiosos: dão ordem, e querem ser obedecidos. Todo Espírito que se impõe trai sua origem.
5. Os bons Espíritos não lisonjeiam; eles aprovam quando se faz bem, mas sempre com reserva; os maus dão elogios exagerados, estimulam o orgulho e a vaidade pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles que querem cooptar.
6. Os Espíritos superiores estão acima das puerilidades das formas, em todas as coisas; para eles o pensamento é tudo, a forma nada é. Só os Espíritos vulgares podem ligar importância a certos detalhes incompatíveis com ideias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é um sinal de inferioridade e fraude da parte de um Espírito que toma um nome imponente.
7. É necessário desconfiar de nomes bizarros e ridículos que tomam certos Espíritos que querem se impor à credulidade; seria soberanamente absurdo tomar esses nomes a sério.
8. É necessário igualmente desconfiar daqueles que se apresentam, muito facilmente, sob nomes extremamente venerados, e não aceitar suas palavras senão com a maior reserva; é aí sobre- tudo que um controle severo é indispensável, porque, frequentemente trata-se de uma máscara que tomam para fazer crer em pretensas relações íntimas com os Espíritos fora de linha. Por esse meio eles agradam a vaidade, e dele se aproveitam para induzir, frequentemente, a diligências lamentáveis ou ridículas.
9. Os bons Espíritos são muitos escrupulosos sobre os meios que possam aconselhar; eles não têm jamais, em todos os casos, senão um objetivo sério e eminentemente útil. Deve-se, pois, olhar com suspeitas todos aqueles que não tenham esse caráter e maduramente refletir antes de executá-los.
10. Os bons Espíritos não prescrevem senão o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja estritamente conforme pura caridade evangélica não pode ser a obra de bons Espíritos; ocorre o mesmo com toda insinuação malévola tendente a excitar ou entreter sentimentos de ódio, de ciúme ou de egoísmo.
11. Os bons Espíritos não aconselham jamais senão coisas perfeitamente racionais; toda recomendação que se afastasse da direita linha do bom senso das leis imutáveis da Natureza acusa um Espírito limitado e ainda sob a influência de preconceitos terrestres, e, por conseguinte, pouco digno de confiança.
12. Os Espíritos maus, ou simplesmente imperfeitos, se trairiam ainda por sinais materiais com os quais não poderia equivocar-se. Sua ação sobre o médium, algumas vezes, é violenta, e provoca em sua escrita movimentos bruscos e irregulares, uma agitação febril e convulsiva, que contrasta com a calma e a doçura dos bons Espíritos.
13. Outro sinal de sua presença é a obsessão. Os bons Espíritos não obsidiam jamais; os maus se impõem em todos os instantes; é por isso que todo médium deve desconfiar da necessidade irresistível de escrever que se apodera dele nos momentos mais inoportunos. Isso nunca traduz a atitude de um bom Espírito, e não deve a isso ceder.
14. Entre os Espíritos imperfeitos que se misturam às comunicações, há os que se insinuam, por assim dizer, furtivamente, como para fazer uma travessura, mas que se retiram tão facilmente quanto vieram, e isso à primeira intimação; outros, ao contrário, são tenazes, se obstinam junto de um indivíduo, e não cedem senão com o constrangimento e a persistência; apoderam-se dele, subjugam-no fascinam-no a ponto de fazê-lo tomar os mais grosseiros absurdos por coisas admiráveis, felizes quando pessoas de sangue frio conseguem abrir-lhes os olhos, o que não é sempre fácil, porque esses Espíritos têm a arte de inspirar a desconfiança e o distanciamento para quem possa desmascará-los; de onde se segue que se deve ter por suspeito de inferioridade ou má intenção todo Espírito que prescreva o isolamento, o distanciamento de quem possa dar bons conselhos. O amor próprio vem em sua ajuda, porque lhe custa, frequentemente, confessar que foi vítima de mistificação, e reconhecer um velhaco naquele sob cujo patrocínio se glorificava por se colocar. Essa ação do Espírito é independente da faculdade de escrever; na falta da escrita, o Espírito malévolo tem inúmeros meios de agir e de enganar; a escrita é para ele um meio de persuasão, e não uma causa; para o médium, é um meio de se esclarecer.
Passando todas as comunicações espíritas pelo controle das considerações precedentes, se lhes reconhecerá facilmente a origem, e poder-se-á frustrar a malícia dos Espíritos enganadores que não se dirigem senão àqueles que se deixam benevolentemente enganar; se veem que se ajoelha diante de suas palavras, disso aproveitam, como fariam simples mortais; está, pois, em nós provar-lhes que perdem seu tempo. Acrescentamos que, para isso, a prece é um poderoso recurso, por ela chama-se a si a assistência de Deus e dos bons Espíritos, aumenta-se a própria força; mas conhece-se o preceito: ajuda-te e o Céu te ajudará.
Deus quer muito nos assistir, mas com a condição de que façamos, de nossa parte, o que é necessário”. 

http://www.oconsolador.com.br/ano12/571/especial.html
Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço eletrônico acima. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Educação da mediunidade

Correio Mediúnico
Ano 1 - N° 35 - 16 de Dezembro de 2007
 

Educação da mediunidade
Manoel Philomeno de Miranda  


Sendo a faculdade mediúnica inerente a uma disposição orgânica, semelhante às outras responsáveis pelas manifestações sensoriais, deverá ser educada com cuidados especiais, a fim de bem desempenhar a função para a qual a Divindade dotou os seres humanos.

Concedida a todos os homens e mulheres sem privilégio de etnia, de caráter, de fé religiosa, de condição sócio-econômica, representa uma alta concessão, que faculta o conhecimento da imortalidade do Espírito, assim como das conseqüências morais resultantes da conduta existencial.

De igual maneira como se educam os sentidos físicos e as faculdades intelectuais, disciplinando o comportamento moral, a mediunidade, que desempenha relevante papel na vida humana, requer desvelos e condutas específicos, para que possa contribuir eficazmente em favor da harmonia do indivíduo e do seu incessante progresso espiritual.

Demitizada pelo Espiritismo, que esclareceu os falsos atributos divinatórios e especiais com que a vestiam, torna-se instrumento precioso para o bem-estar, a saúde e a paz, na condição de recurso próprio para a auto-iluminação e a libertação do primarismo ainda persistente naquele que a possui.

Causa estranheza, não poucas vezes, encontrar-se a mediunidade ostensiva em pessoas de conduta reprochável, enquanto outras, dignas e corretas, dela não se fazem possuidoras com a mesma intensidade. Essa visão proporciona aos incautos o conceito de que a mediunidade independe da moral do indivíduo, o que é certo, enquanto que a qualidade das comunicações não se subordina ao mesmo raciocínio. Isto porque os Espíritos comunicam-se por meio de quaisquer instrumentos, valendo ser lembrado que as primeiras comunicações que precederam ao surgimento do Espiritismo deram-se através de recursos muito primários, com o objetivo de chamar a atenção, logo passando àquelas de natureza transcendental e elevada.

Na ocasião, fazia-se necessário assim apresentar-se o fenômeno, considerando-se que, noutras épocas, em face da naturalidade com que ocorriam e da sua multiplicidade, foram mal interpretados. Mediante esse recurso algo primitivo, foi necessário o estudo sério e a busca da causalidade do fenômeno, quando os próprios Espíritos encarregaram-se de definir e elucidar com sabedoria a ocorrência.

Os indivíduos maus, orgulhosos e corrompidos apresentam-se, portanto, com faculdades ostensivas por misericórdia do Amor, a fim de que sejam, eles mesmos, os instrumentos das advertências e orientações de que necessitam para uma existência de retidão e de equilíbrio, com alto discernimento a respeito dos objetivos da caminhada terrestre. Permanecendo nos vícios a que se entregam, voluntariamente, tornam-se mais responsáveis pelos atos danosos que os prejudicam, padecendo-lhes as conseqüências lamentáveis. Advertidos sobre a transitoriedade do carro material de que se utilizam, não terão como justificar-se ante a própria consciência pela leviandade que se permitiram, assumindo as graves responsabilidades morais em relação ao futuro.

Somente através do conhecimento lúcido e lógico da mediunidade, mediante o estudo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, é que se deve permitir o candidato à educação da sua faculdade, ao aprimoramento pessoal, iniciando, então, o exercício dessa disposição orgânica, profundamente arraigada nos valores morais do Espírito.

Uma das primeiras providências a ser tomada, em relação a esse programa iluminativo, diz respeito à auto-análise que se deve propor o interessado, trabalhando as imperfeições do caráter, os conflitos comportamentais, lutando pela transformação moral para melhor no seu mundo interior.

Esse esforço, no entanto, não se aplica a um certo período da vida, mas a toda a existência, porquanto à medida em que se avança no rumo da ascensão melhor visão interna se possui a respeito de si mesmo.

Quanto mais esclarecida a pessoa se encontra, mais facilmente observa as imperfeições que possui, dando-se conta de que necessita ampliar o esforço, a fim de as superar.

O contato com os Espíritos com equilibrada freqüência, faculta a percepção da lei dos fluidos, mediante a qual torna-se factível a identificação dos comunicantes, em decorrência das sensações e das emoções experimentadas.

Cada comunicante é portador de vibrações especiais, assim como ocorre na Terra, caracterizando-se cada qual por determinados hábitos e mesmo pelos seus condicionamentos. A observação do conteúdo das mensagens também é de salutar efeito, analisando-o e aplicando-o em si mesmo, quando expresse orientação e direcionamento propiciadores de felicidade.

Os médiuns sérios devem sempre aceitar para si mesmos, em primeiro lugar, as mensagens de que se fazem instrumento, assim aprimorando-se e crescendo na direção do Bem. À medida em que se torna maleável às comunicações, mais expressivas se fazem, proporcionando melhor qualidade de filtragem do pensamento que lhe é transmitido.

Colocada a serviço do Bem, a disciplina e a ordem são fundamentais para o seu mais amplo campo de realizações, porquanto a mediunidade não pode constituir-se estorvo à vida normal do cidadão, nem instrumento de interesses escusos sob a falsa justificativa da aplicação do tempo que lhe é dedicado.

O aprofundamento das reflexões, alcançando o patamar da concentração tranquila, faculta a ideal sintonia com os Espíritos que se comunicarão, diminuindo a interferência das fixações mentais, dos conflitos perturbadores, melhor exteriorizando o pensamento e os sentimentos dos comunicantes.

A tranqüilidade emocional, defluente da consciência de que se é instrumento e não autor das informações, é fundamental, tornando-se simples e natural, sem as extravagantes posturas de que são seres especiais que se atribuem ou emissários irretocáveis da Verdade, merecedores de tratamento superior durante o seu trânsito pelo mundo físico...

João, o batista, proclamou, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. O exemplo deve ser aplicado aos médiuns que desejam alcançar as metas ideais do seu exercício, considerando-se apenas como instrumentos que diminuem de importância enquanto a Mensagem cresce e expande-se.

A busca atormentada da notoriedade, da fama, do exibicionismo, constitui terrível chaga moral, que o médium deve cicatrizar mediante a terapia da humildade e do trabalho anônimo. Desse modo, a arrogância, a presunção, a vaidade que exaltam o ego diminuem a qualidade dos ditados mediúnicos de que se faz portador aquele que assim mantém-se.

Prosseguir com naturalidade a experiência reencarnatória, sendo agradável e gentil, vivendo com afabilidade e doçura, de modo a se tornar seguro intermediário dos Espíritos nobres e bons, que preferem eleger aqueles que se lhes assemelham ou que se esforçam por melhorar-se cada vez mais.

O bom médium, desse modo, conforme esclareceu Allan Kardec, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. (*)

Combater o ego e os seus parceiros, para dar sentido aos valores espirituais, é, sem dúvida, conduta salutar, no processo da educação mediúnica e por toda a existência.

No sentido oposto, quando a faculdade mediúnica não recebe a consideração nem os cuidados que lhe são devidos, não desaparece, antes permanece à mercê dos Espíritos frívolos, irresponsáveis ou perversos que se comprazem, utilizando-a para fins ignóbeis com os quais o intermediário anui, culminando em transtornos emocionais graves, enfermidades simulacros que proporcionam assimilação de agentes orgânicos destrutivos ou de obsessões de longo curso...

De bom alvitre, portanto, será que todos os indivíduos, portadores de mediunidade ostensiva ou natural, esmerem-se e penetrem-se de responsabilidade, adquirindo afinidade com os Mensageiros da Luz, na grande obra de regeneração da sociedade e do planeta a que eles se vêm entregando com abnegação e devotamento.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 14 de novembro de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


(*) O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Capítulo XXIV, Item 12. 52ª. Edição da FEB. 

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Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/35/correiomediunico.html