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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Morte!

 

Morte! 

 

O que pensar sobre a morte? O que de verdade morre? A morte orgânica é a extinção do combustível, da energia vital, que mantinha toda a organização biológica em funcionamento.   

Entendo, também, que a organização que morreu não era o sujeito!  Tal como o carro acidentado, que ficou imprestável, não era o seu condutor. 

No velório, quem os familiares e amigos choram? Certamente aquele que deixou o corpo, sendo que seus restos ainda o representa, mas o titular vai tomando outro rumo sem o seu equipamento que está exposto à visitação, depois este será inumado e desaparecerá. 

Depois da morte, neste lado da vida, quase tudo vai retornando à rotina, o morto vai ficando na lembrança e até mesmo esquecido.  

Do outro lado desta vida há recomeço ou continuidade? Creio que ambas as coisas acontecem. 

Sempre haverá trabalho, o aprendizado nunca cessa, novas realidades surgem, despertamentos para verdades que apenas tínhamos notícias, ou mesmo não imaginávamos existissem. 

Quando nascemos, chegamos de algum lugar em algum lugar; quando morremos, saímos de um certo lugar, para a amplidão da vida.  

Assim, nasce-se da vida e morre-se para a vida. Para o ser pensante, sempre será vida.  

Vida, vida sempre! Morte, nunca! 

 

Dorival da Silva. 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Vida, sempre a vida!

Especial
  
Ano 9 - N° 444 - 13 de Dezembro de 2015
GEBALDO JOSÉ DE SOUSA 
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)

 
Gebaldo José de Sousa
Vida,
sempre a vida!
“Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”
I Co 15-55.
Somerset Maugham – citado pelo escritor goiano Eli Brasiliense – refere-se a uma lenda oriental que ilustra o fatalismo da morte e a inutilidade de temê-la.
Na cidade de Bagdá, negociante envia servo ao mercado para comprar alimentos. Momentos após, retorna ele apavorado, pedindo um cavalo, para fugir rumo à cidade de Samarra, pois vira a morte, no meio da multidão, olhando-o com gesto ameaçador. O patrão o atende e ele parte, celeremente.
O próprio comerciante, indo às compras, encontra também a morte e indaga-lhe:
– “Por que ameaçaste meu servo?” –, ao que esta responde, com ar de inocência:
– “Eu?! Não o ameacei! Apenas demonstrei espanto de encontrá-lo em Bagdá, uma vez que temos encontro marcado hoje à noite, em Samarra”.(1)
Temor e dúvida quanto à sobrevivência do ser sempre inquietaram o ser humano. Ao longo dos milênios, pensadores e filósofos debruçaram-se sobre esse tema.
A Doutrina Espírita, desde a segunda metade do século XIX, lançou luzes que iluminam o entendimento do assunto, comprovando a sobrevivência do ser, com depoimentos daqueles que se apresentaram sob a denominação de Espíritos, afirmando haverem vivido na Terra, em corpos de carne, além de revelarem inúmeras verdades que o homem desconhecia e  comprovando outras, tais como: a existência de Deus, a reencarnação, as vidas sucessivas, a Lei de Causa e Efeito etc.
Allan Kardec, o Codificador dessa Doutrina, dissecou o assunto no livro O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo(2), cuja primeira edição se deu a 1º de agosto de 1865, em Paris, França.
Após nossa desencarnação, teremos alegria ou sofrimento. Se amamos e aprendemos, seremos felizes. Se orgulhosos, egoístas, ignorantes e maus, sofreremos. 
Em seguida à morte, a separação nunca é brusca 
Na segunda parte da obra a que nos referimos, intitulada “Exemplos”, Kardec enfoca o tema sob vários ângulos, em oito capítulos:
1 - A extinção da vida orgânica separa a alma do corpo: e essa separação nunca é brusca. Só é completa quando não mais houver um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo (item 4, p. 167).
2 - Se na separação a coesão entre esses elementos está no auge da força, a morte é dolorosa. Assim, geralmente o Espírito sofre a decomposição do corpo em mortes trágicas: acidentes, assassinatos, suicídios etc.
3 - Se a coesão for fraca, a separação é fácil e sem abalo: na morte por velhice ou doença prolongada (item 5, p. 168).
4 - Nessa transição de uma vida (corporal) para outra (espiritual), o Espírito passa por uma perturbação; experimenta torpor que lhe paralisa as faculdades: “É como se disséssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro”.
Essa perturbação pode perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. A libertação desse estado é igual ao despertar de sono profundo; as ideias são vagas, confusas, até que o Espírito se conscientiza de sua condição. O despertar é calmo para uns, mas “(...) tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo”. (item 6, p. 168/9).
5 - O desprendimento é mais fácil ou difícil, conforme o estado moral da alma: o apego à matéria, ou aos gozos materiais, dificulta a separação e a torna dolorosa e prolongada. “Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo.” E os laços se rompem facilmente (item 8, p. 169). 
Há Espíritos que, embora desencarnados, não sabem disso 
Depende de nós, pois, tornar fácil ou penoso esse desprendimento. Purificar-se; eliminar más tendências; desapegar-se das coisas do mundo; sofrer com resignação e humildade – eis os meios de facilitar esse desenlace, tornando-o indolor.
Às vezes o Espírito acha que ainda está encarnado: julga material o seu corpo fluídico (perispírito). Conversa com um, com outro, ninguém responde. Irrita-se, quando devia orar, buscar ajuda de amigos espirituais e aceitar o fato consumado.
Referida obra traz, ainda, mensagens de Espíritos, agrupadas segundo sua natureza: Espíritos felizes; Espíritos em condições medianas; Espíritos sofredores; suicidas; criminosos arrependidos; Espíritos endurecidos; e de muitos que passaram por expiações terrestres. Merece estudada e meditada por todos nós, que já temos a passagem de retorno à pátria espiritual, embora ignoremos a data da partida.
A Doutrina Espírita é esclarecedora: estudá-la, compreendê-la, ajuda a nós mesmos, àqueles com quem convivemos e aos desencarnados. Por isso, os espíritas não vamos aos túmulos uma vez por ano. Oramos pelos desencarnados todos os dias, ou sempre que seu nome nos vem à lembrança, onde quer que estejamos, sem horário ou local determinado. O Amor dispensa quaisquer formalidades!
Em 1936, a publicação de Cartas de uma morta, obra ditada ao médium Francisco C. Xavier pelo Espírito daquela que foi sua mãe carnal, em sua mais recente encarnação, trouxe novas e inúmeras revelações.
Em 1944, a FEB edita Nosso Lar, do Espírito André Luiz, na psicografia de Francisco C. Xavier, e novos informes sobre a vida após a morte são trazidos ao conhecimento do grande público, tanto nesse como nos demais livros da mesma série. Tal como um repórter que vai a terra estrangeira, o autor fala de sua experiência no plano espiritual. 
Livros inúmeros tratam da morte e dos fatos que se seguem 
Em 1949, a FEB, com o livro Voltei(3), adita novos dados, não só quanto ao momento mesmo da “morte”, mas das experiências que se lhe seguem.
A partir de 1974, com o livro Astronautas do Além(4), editado pelo GEEM Editora, multiplicaram-se livros de consoladoras mensagens particulares, de Espíritos desencarnados a seus familiares, não só pelas mãos generosas do médium de Pedro Leopoldo, mas pelas de tantos outros.
Paralelamente, a partir da década de 60, livros escritos por médicos(as) e psicólogos(as) trouxeram a contribuição do lado profano, não religioso, através de relatos obtidos a partir da regressão de memória, que conduziam os sujets a mencionarem fatos ocorridos em encarnações anteriores vividas por eles, bem como de pessoas que passaram pela experiência da morte clínica, por poucos minutos. O estudo dessas experiências, vividas e narradas por centenas de indivíduos, enquanto sua morte clínica era confirmada, resultou na publicação de inúmeras obras sobre o intrigante e sedutor assunto.
A comparação desses relatos – de regressão de memória e de Experiência de Quase Morte (EQM) – com aqueles dos Espíritos desencarnados, através da psicografia, desde o século XIX, guarda espantosa concordância, pelas grandes semelhanças que apresentam.
Dentre eles, destacamos os contidos nalgumas obras: Vida Depois da Vida(5),A Luz do Além (6)Recordando Vidas Passadas(7)Voltar do Amanhã(8),Espiritismo e Vida Eterna(9) e Depois Desta Vida(10)
O que os Espíritos experimentam ao desencarnar 
O Espírito, ao desencarnar, segundo esses relatos de variadas origens, experimenta o seguinte:
1 – Vê-se fora do corpo.
2 – Não percebe o momento da transição desta para a outra vida: passa por estado de torpor, de sono profundo, de desmaio; uns veem entidade espiritual serena, fraterna, antes e/ou depois do sono.
3 – Experimenta sentimentos de paz e quietude, uns; de sofrimentos, outros.
4 – Vê-se num túnel.
5 – Passa por recapitulação da vida, na presença de Ser de Luz: revê toda sua última existência, nos mínimos detalhes. Desnuda-se diante de si mesmo. Avalia sua conduta, seus pensamentos e ações.
“Vi-me diante de tudo o que eu havia sonhado, arquitetado e realizado na vida. Insignificantes ideias que emitira, tanto quanto meus atos mínimos, desfilavam, absolutamente precisos, ante meus olhos aflitos, como se me fossem revelados de roldão, por estranho poder, numa câmara ultrarrápida instalada dentro de mim. Transformara-se-me o pensamento num filme cinematográfico misteriosa e inopinadamente desenrolado, a desdobrar-se, com espantosa elasticidade, para seu criador assombrado, que era eu mesmo.”(3)
“Nesta situação, a pessoa não apenas vê todas as ações por ela perpetradas, mas, também e de imediato, percebe os efeitos de cada uma delas sobre a vida dos demais. (...) se eu me vejo cometendo um ato odioso, (...) posso sentir sua tristeza, sua dor e seu pesar. (...) se pratico ato generoso, (...) sinto sua alegria e felicidade.”(6)
6 – Recebe ajuda de Espíritos, familiares e amigos; antes e/ou depois do sono profundo.
7 – Sente os reflexos da causa da morte do corpo material.
8 – Conscientiza-se do seu estado e da nova fase da vida que se lhe apresenta.
“A morte foi a melhor parte da viagem.” (Ele refere-se à regressão.) “Morrer era como ser libertado, voltar novamente para casa.”(7) 
Efeitos sobre a vida de quem passou pela experiência de quase morte 
Os efeitos são muitos e diversos:
1 – Não temem mais a morte. Todos mudaram para melhor. Acreditam na vida depois da vida.
2 – Todos aqueles que passaram por esta experiência (de “quase morte”) retornaram acreditando que a coisa mais importante da vida é o AMOR.
3 – Sensação de união com todas as coisas (interdependência = quando ferimos alguém é a nós mesmos que o fazemos).
4 – Valorização do conhecimento: para a maioria deles, a segunda coisa em grau de importância na vida é o conhecimento.(6)
5 – Têm novo conceito de responsabilidade: “A coisa mais importante que aprendi com esta experiência foi que sou responsável por tudo o que faço. Desculpas e outros subterfúgios eram impossíveis, enquanto estive lá, com ele (o ser de luz), recapitulando minha vida”.
6 – Apreço pela vida: eles afirmam que a “vida é preciosa, que são as ‘pequenas coisas’ que contam e que a vida é para ser vivida na sua plenitude. (...) os simples atos de bondade que vêm do coração são os mais importantes, porque são os mais sinceros”. “Ele desejava saber como era o meu coração, e não a minha cabeça.”
7 – Voltam-se para o lado espiritual: estudam e aceitam os ensinamentos espirituais.
8 – Mudam sua conduta e passam a ser:
– Mais brandas e a ter calor humano, bondade, bom humor.
– Mais desprendidas dos bens materiais.
– Mais sinceras e honestas.
“(...) vivo minha vida, sabendo que algum dia terei de submeter-me a uma outra revisão de todos os meus atos.”(6)
“Você pode dar e receber perdão. Pode libertar-se de vícios, apegos e raivas – isto é, de qualquer bagagem que você não deseje conduzir para um lugar onde tudo é Luz.”(8)
– Trabalham mais em benefício do próximo; são mais generosas e confiantes.
– Estudam mais. (“Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”)(11)
– São mais otimistas e mais agradáveis; é boa a convivência com eles.
– Passam a se preocupar mais com os outros, em ouvi-los, em servi-los, em vê-los felizes.
Irmão X, na bela crônica “Treino para a morte”, dá-nos algumas dicas importantes sobre o assunto. É importante conhecê-las.(12) 
Os fatos comprovam que a imortalidade é inquestionável 
Diante do exposto, podemos deduzir algumas conclusões:
1 – o estado de felicidade ou infelicidade do Espírito depende:
– Do desprendimento da vida material.
– Da conduta moral, durante a vida na fase de encarnado.
– Do grau de elevação do Espírito e de possibilidades e faculdades do corpo espiritual.
– De atitudes e comportamentos de familiares encarnados, no velório e depois: prece, resignação, aceitação.
2 – A imortalidade da alma é inquestionável (a regressão de memória confirma sua continuidade).
3 – O homem não deve temer a morte; mas viver bem, sendo útil, fraterno, amoroso, estudioso.
4 – Todos os desencarnados são amparados por Espíritos familiares e amigos – os rebeldes, no futuro, quando se transformarem, ainda que após muitas encarnações. Deus a ninguém abandona.
Claramente, Jesus nos adverte: “(...) o Filho do homem (...) retribuirá a cada um conforme as suas obras”. (Mateus 16-27.)
Que temos feito de nossas vidas?
Aprendamos a valorizar cada minuto, cada oportunidade de sermos úteis. Vamos prestar contas de tudo, diante de nossa consciência. Busquemos ser dignos desse dom imperecível e maravilhoso que Deus nos concedeu: a vida! 

Bibliografia
01. BRASILIENSE, Eli. A Morte do Homem Eterno, 1 ed. Goiânia, Edição do Autor, 1970, p. 50.
02. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 37 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.
03. XAVIER, Francisco Cândido. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 7 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979.
04. PIRES, J. Herculano-Espíritos Diversos/XAVIER, Francisco Cândido. Astronautas do Além. 3 ed. São Bernardo do Campo: GEEM, 1974.
05. MOODY JR., Raymond. Vida Depois da Vida. São Paulo: Círculo do Livro.
06. MOODY JR., Raymond. A Luz do Além. 1 ed. Rio de Janeiro: NÓRDICA, 1988.
07. WAMBACH, Helen. Recordando Vidas Passadas. 1 ed. São Paulo: PENSAMENTO, 1978.
08. RITCHIE, George G. Voltar do Amanhã. 6 ed. Rio de Janeiro: NÓRDICA, 1980.
09. CAVERSAN, Ariovaldo. Espiritismo e Vida Eterna. 3 ed. Capivari: EME Editora, 1994.
10. ANDRADE, Geziel. Depois desta vida. 1 ed. Capivari: EME Editora, 1996.
11. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 105 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991, p. 136.
12. XAVIER, Francisco Cândido. Cartas e Crônicas. Pelo Espírito Irmão X. 7 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1988, cap. 4, p. 21-24.

Esta página poderá ser acessada na Revista Eletrônica "O Consolador", através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/444/especial.html

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Educação da mediunidade

Correio Mediúnico
Ano 1 - N° 35 - 16 de Dezembro de 2007
 

Educação da mediunidade
Manoel Philomeno de Miranda  


Sendo a faculdade mediúnica inerente a uma disposição orgânica, semelhante às outras responsáveis pelas manifestações sensoriais, deverá ser educada com cuidados especiais, a fim de bem desempenhar a função para a qual a Divindade dotou os seres humanos.

Concedida a todos os homens e mulheres sem privilégio de etnia, de caráter, de fé religiosa, de condição sócio-econômica, representa uma alta concessão, que faculta o conhecimento da imortalidade do Espírito, assim como das conseqüências morais resultantes da conduta existencial.

De igual maneira como se educam os sentidos físicos e as faculdades intelectuais, disciplinando o comportamento moral, a mediunidade, que desempenha relevante papel na vida humana, requer desvelos e condutas específicos, para que possa contribuir eficazmente em favor da harmonia do indivíduo e do seu incessante progresso espiritual.

Demitizada pelo Espiritismo, que esclareceu os falsos atributos divinatórios e especiais com que a vestiam, torna-se instrumento precioso para o bem-estar, a saúde e a paz, na condição de recurso próprio para a auto-iluminação e a libertação do primarismo ainda persistente naquele que a possui.

Causa estranheza, não poucas vezes, encontrar-se a mediunidade ostensiva em pessoas de conduta reprochável, enquanto outras, dignas e corretas, dela não se fazem possuidoras com a mesma intensidade. Essa visão proporciona aos incautos o conceito de que a mediunidade independe da moral do indivíduo, o que é certo, enquanto que a qualidade das comunicações não se subordina ao mesmo raciocínio. Isto porque os Espíritos comunicam-se por meio de quaisquer instrumentos, valendo ser lembrado que as primeiras comunicações que precederam ao surgimento do Espiritismo deram-se através de recursos muito primários, com o objetivo de chamar a atenção, logo passando àquelas de natureza transcendental e elevada.

Na ocasião, fazia-se necessário assim apresentar-se o fenômeno, considerando-se que, noutras épocas, em face da naturalidade com que ocorriam e da sua multiplicidade, foram mal interpretados. Mediante esse recurso algo primitivo, foi necessário o estudo sério e a busca da causalidade do fenômeno, quando os próprios Espíritos encarregaram-se de definir e elucidar com sabedoria a ocorrência.

Os indivíduos maus, orgulhosos e corrompidos apresentam-se, portanto, com faculdades ostensivas por misericórdia do Amor, a fim de que sejam, eles mesmos, os instrumentos das advertências e orientações de que necessitam para uma existência de retidão e de equilíbrio, com alto discernimento a respeito dos objetivos da caminhada terrestre. Permanecendo nos vícios a que se entregam, voluntariamente, tornam-se mais responsáveis pelos atos danosos que os prejudicam, padecendo-lhes as conseqüências lamentáveis. Advertidos sobre a transitoriedade do carro material de que se utilizam, não terão como justificar-se ante a própria consciência pela leviandade que se permitiram, assumindo as graves responsabilidades morais em relação ao futuro.

Somente através do conhecimento lúcido e lógico da mediunidade, mediante o estudo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, é que se deve permitir o candidato à educação da sua faculdade, ao aprimoramento pessoal, iniciando, então, o exercício dessa disposição orgânica, profundamente arraigada nos valores morais do Espírito.

Uma das primeiras providências a ser tomada, em relação a esse programa iluminativo, diz respeito à auto-análise que se deve propor o interessado, trabalhando as imperfeições do caráter, os conflitos comportamentais, lutando pela transformação moral para melhor no seu mundo interior.

Esse esforço, no entanto, não se aplica a um certo período da vida, mas a toda a existência, porquanto à medida em que se avança no rumo da ascensão melhor visão interna se possui a respeito de si mesmo.

Quanto mais esclarecida a pessoa se encontra, mais facilmente observa as imperfeições que possui, dando-se conta de que necessita ampliar o esforço, a fim de as superar.

O contato com os Espíritos com equilibrada freqüência, faculta a percepção da lei dos fluidos, mediante a qual torna-se factível a identificação dos comunicantes, em decorrência das sensações e das emoções experimentadas.

Cada comunicante é portador de vibrações especiais, assim como ocorre na Terra, caracterizando-se cada qual por determinados hábitos e mesmo pelos seus condicionamentos. A observação do conteúdo das mensagens também é de salutar efeito, analisando-o e aplicando-o em si mesmo, quando expresse orientação e direcionamento propiciadores de felicidade.

Os médiuns sérios devem sempre aceitar para si mesmos, em primeiro lugar, as mensagens de que se fazem instrumento, assim aprimorando-se e crescendo na direção do Bem. À medida em que se torna maleável às comunicações, mais expressivas se fazem, proporcionando melhor qualidade de filtragem do pensamento que lhe é transmitido.

Colocada a serviço do Bem, a disciplina e a ordem são fundamentais para o seu mais amplo campo de realizações, porquanto a mediunidade não pode constituir-se estorvo à vida normal do cidadão, nem instrumento de interesses escusos sob a falsa justificativa da aplicação do tempo que lhe é dedicado.

O aprofundamento das reflexões, alcançando o patamar da concentração tranquila, faculta a ideal sintonia com os Espíritos que se comunicarão, diminuindo a interferência das fixações mentais, dos conflitos perturbadores, melhor exteriorizando o pensamento e os sentimentos dos comunicantes.

A tranqüilidade emocional, defluente da consciência de que se é instrumento e não autor das informações, é fundamental, tornando-se simples e natural, sem as extravagantes posturas de que são seres especiais que se atribuem ou emissários irretocáveis da Verdade, merecedores de tratamento superior durante o seu trânsito pelo mundo físico...

João, o batista, proclamou, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. O exemplo deve ser aplicado aos médiuns que desejam alcançar as metas ideais do seu exercício, considerando-se apenas como instrumentos que diminuem de importância enquanto a Mensagem cresce e expande-se.

A busca atormentada da notoriedade, da fama, do exibicionismo, constitui terrível chaga moral, que o médium deve cicatrizar mediante a terapia da humildade e do trabalho anônimo. Desse modo, a arrogância, a presunção, a vaidade que exaltam o ego diminuem a qualidade dos ditados mediúnicos de que se faz portador aquele que assim mantém-se.

Prosseguir com naturalidade a experiência reencarnatória, sendo agradável e gentil, vivendo com afabilidade e doçura, de modo a se tornar seguro intermediário dos Espíritos nobres e bons, que preferem eleger aqueles que se lhes assemelham ou que se esforçam por melhorar-se cada vez mais.

O bom médium, desse modo, conforme esclareceu Allan Kardec, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. (*)

Combater o ego e os seus parceiros, para dar sentido aos valores espirituais, é, sem dúvida, conduta salutar, no processo da educação mediúnica e por toda a existência.

No sentido oposto, quando a faculdade mediúnica não recebe a consideração nem os cuidados que lhe são devidos, não desaparece, antes permanece à mercê dos Espíritos frívolos, irresponsáveis ou perversos que se comprazem, utilizando-a para fins ignóbeis com os quais o intermediário anui, culminando em transtornos emocionais graves, enfermidades simulacros que proporcionam assimilação de agentes orgânicos destrutivos ou de obsessões de longo curso...

De bom alvitre, portanto, será que todos os indivíduos, portadores de mediunidade ostensiva ou natural, esmerem-se e penetrem-se de responsabilidade, adquirindo afinidade com os Mensageiros da Luz, na grande obra de regeneração da sociedade e do planeta a que eles se vêm entregando com abnegação e devotamento.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 14 de novembro de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


(*) O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Capítulo XXIV, Item 12. 52ª. Edição da FEB. 

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Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/35/correiomediunico.html