|
Blog: espiritismoatualidade.blogspot.com.br - Este blog tem a finalidade de publicar exclusivamente assuntos espíritas ou relacionados com o espiritismo. Sua plataforma são as obras básicas da Doutrina Espírita e demais obras complementares espíritas.
terça-feira, 12 de junho de 2012
As profecias e O Livro dos Espíritos
Marcadores:
allan kardec,
Apocalipse,
Cristo,
Hollywood,
Jerusalém,
Jesus,
João,
Judeia,
Juízo Final,
Novo Testamento,
Profecias,
Reino,
revelação,
Terra
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Mediunidade
A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico.
À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica, ensejando o surgimento natural da mediunidade.
Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência.
Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas.
Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto.
Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas.
Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono - insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada.
No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais - sombras e vultos, vozes e toques - que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos - encarnado e desencarnado - se viram envolvidos.
Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática.
Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte, necessitam de exercer a faculdade de que são portadores.
Após a conveniente terapia que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente, que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física, emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente comportamento, para que não lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus após o atendimento e a recuperação daqueles que O buscavam e tinham o quadro de sofrimentos revertido.
Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar a cada um na desincumbência do mister iluminativo.
Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre.
Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios, com o fim de auxiliar o paciente-médium a realizar o autodescobrimento, liberando-se de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes de ontem como de hoje.
O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia.
Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre, face à condição evolutiva de cada qual.
A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária, conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz.
A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento, a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos.
Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos - o físico e o espiritual - proporciona a captação de energias cujo teor vibratório corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que as captam e as transformam em mensagens significativas.
Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos.
A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador.
É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará a tranqüila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade da evolução pessoal.
Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional, contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais, que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz.
Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do Bem e de Deus.
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Temas da Vida e da Morte - Manoel Philomeno de Miranda
Texto copiado do site: http://www.mediunato.com.br/
Marcadores:
allan kardec,
ansiedade,
corpo,
criaturas,
dores,
enfermidades,
espírito,
espiritual,
faculdade,
fobias,
mediunidade,
moral,
pavores,
psicológico,
resgate,
social,
sombras,
taquicardias,
vultos
sábado, 2 de junho de 2012
Você acha que alguém resolverá seus problemas?
Ainda
existe muita ilusão, a ausência de amadurecimento espiritual das pessoas levam-nas a pensar que a solução de seus problemas é por conta dos outros; se tornou
hábito achar que os outros são os culpados pelas tristezas e tudo mais que não
deu o resultado almejado, mesmo que sonhos impraticáveis.
É
a transferência de responsabilidade para os ombros alheios, falta de
maturidade, que apresenta a resposta em breve tempo, pelo mal-estar que
provoca, com a frustração do que não foi alcançado, causando irritação, mágoa,
perturbação emocional e tudo o mais que pode decorrer do desequilíbrio
emocional.
Isso
é decorrência do estado de infantilidade que se vive, ainda não está desenvolvido
o senso de responsabilidade, não se entendeu que o indivíduo tem vida autônoma,
que precisa realizar concretamente suas obrigações, buscar aprimoramento para
sua inteligência e sentimento, arrefecendo o seu egoísmo reinante desde os
primeiros passos da reencarnação.
São
Francisco de Assis recita: “Pois é dando,
que se recebe.”; demonstrando, assim, quanto é diferente uma visão
espiritual superior, que não pretende nunca a transferência de obrigação a outrem. Ninguém pode ser feliz com a
realização dos outros, pode-se até ter algum momento de entusiasmo com a
vitória realizado pelos que nos cercam e ou até dos que estão à distância. A
felicidade somente instala naquele que se esforça para realizar o bem,
aplicando suas energias e suas emoções, superando dificuldades, sentindo-se com
o dever cumprido – o coração está suave e
a mente calma.
Jesus ensina: “ajuda-te a ti
mesmo, que o céu te ajudará” (1), o que leva a entender que sem ação,
esforço, conquista -- aquisição moral, principalmente -- o objetivo primordial da vida no corpo físico não será
alcançado, permanece-se num círculo vicioso. A mensagem de Jesus tem por
finalidade levar as pessoas à interação com a essência da vida, que a alma
encarnada é edifício em construção, mas uma edificação espiritual, sendo que a
individualidade precisa iluminar-se com as virtudes, utilizando todos os
recursos disponibilizados na escola terrena, através do corpo carnal, que serve
de ferramenta excelente.
Frequentemente nas mídias noticiam fatos dos mais escabrosos:
crimes, comportamentos desvairados, exibicionismos, exposições sensualistas,
depauperamentos morais trazidos a público sem nenhum pudor – total desrespeito
ao próprio incauto e aos que recebem os noticiários, proporcionando mau exemplo
e assumindo responsabilidades por tudo que advier de tais inconsequências
nocivas a Humanidade. Nenhum til passa sem registro pela Lei Divina, da mesma
forma que toda desarmonia na casa do Pai levará o responsável ao esforço para equilibrá-la
novamente, na parte que lhe cabe, através da expiação e da prova de que aprendeu
respeitar a Deus.
Apenas deixar de fazer o
mal não é suficiente, é preciso fazer o bem, porque
tudo o que decorrer da omissão trará consequência correspondente (2) – cabendo
o ajuste por quem de direito; assim ensinam os Espíritos orientadores da Doutrina
Espírita.
Em vista de tudo isso, deve-se entender que não adianta transferir
obrigações para os outros, para os governos, para os pais, para o professor;
cada qual é senhor de si mesmo, em primeiro lugar; lúcido não se torna peso
para a comunidade onde vive e oferecendo-se, com seus valores, em favor dos que
precisam desenvolve as suas próprias virtudes, tornando-se combustível da
própria iluminação espiritual, que traz paz e felicidade reais.
(1) – S. Mateus, VII: 7 a 11)
(2) – “O Livro dos Espíritos”, questão 642, Allan Kardec,
FEB.
Dorival da Silva
Marcadores:
amadurecimento,
Assis,
ausência,
autônoma,
Doutrina Espírita,
espíritos,
hábito,
ilusão,
Jesus,
responsabilidade,
resposta,
São Francisco
quarta-feira, 30 de maio de 2012
A REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE - 2ª parte - final
- continuação 2 (última) -
A REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE
A REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE
O Espiritismo é o caminho que conduz à renovação, porque
destrói os dois maiores obstáculos que a ela se opõem: a incredulidade e o
fanatismo. Dá uma fé sólida e esclarecida; desenvolve todos os sentimentos e
todas as ideias que correspondem às vistas da nova geração. Por isto é como que
inato e em estado de intuição no coração de seus representantes. A era nova
vê-lo-á, pois, crescer e prosperar pela força mesma das coisas. Tornar-se-á a
base de todas as crenças, o ponto de apoio de todas as instituições.
Mas, daqui até lá, quantas lutas terá ainda de
sustentar contra os seus dois maiores inimigos: a incredulidade e o fanatismo,
que, coisa bizarra, se dão as mãos para o abater! Eles pressentem seu futuro e
sua ruína, razão por que o temem, pois já o veem plantar, sobre as ruínas do
velho mundo egoísta, a bandeira que deve unir todos os povos. Na divina máxima: Fora
da caridade não há salvação, leem sua própria condenação, porque é
o símbolo da nova aliança fraternal proclamada pelo Cristo. Ela se lhes mostra
como as palavras fatais do festim de Baltazar. E, contudo, deviam bendizer esta
máxima, porque os garante contra todas as represálias da parte dos que
perseguem. Mas não, uma força cega os impele a rejeitar a única coisa que os
poderia salvar!
Que poderão eles contra o ascendente da opinião
que os repudia? O Espiritismo sairá triunfante da luta, não o duvideis, porque,
estando nas leis da natureza é, por isto mesmo, imperecível. Vede por que
multidão de meios a ideia se espalha e penetra em toda parte; crede bem que
esses meios não são fortuitos, mas providenciais; aquilo que, à primeira vista,
pareceria dever prejudicá-lo, é o que precisamente o que ajuda a sua
propagação.
Logo verá surgirem campeões altamente
reconhecidos entre os homens mais considerados e mais acreditados, que o
apoiarão com a autoridade de seu nome e de seu exemplo, e imporão silêncio aos
seus detratores, porque não ousarão tratá-los de loucos. Esses homens o estudam
no silêncio e se mostrarão quando chegar o momento propício. Até lá, convém que
se mantenham afastados.
Logo também, vereis as artes aí beber, como numa
fonte fecunda, e traduzir seus pensamentos e os horizontes que descobre pela
pintura, a música, a poesia e a literatura. Já vos foi dito que haveria um dia
a arte espírita, como houve a arte pagã e a arte cristã, e é uma grande
verdade, porque os maiores gênios nele se inspirarão. Em breve vereis os seus
primeiros esboços, e mais tarde ele ocupará o lugar que deve ter.
Espíritas, o futuro é vosso e de todos os homens
de coração e devotamento. Não vos assusteis com os obstáculos, pois nenhum
deles poderá entravar os desígnios da Providência. É um posto de honra que vós
mesmos pedistes, e do qual vos deveis tornar dignos por vossa coragem,
perseverança e devotamento. Ditosos os que sucumbirem nesta luta contra a
força; mas a vergonha será, no mundo dos Espíritos, para os que sucumbirem pela
fraqueza ou pela pusilanimidade. Aliás, as lutas são necessárias para
fortificar a alma; o contato do mal faz apreciar melhor as vantagens do bem.
Sem as lutas que estimulam as faculdades, o Espírito deixar-se-ia arrastar por
uma indiferença funesta ao seu adiantamento. As lutas contra os elementos
desenvolvem as forças físicas e a inteligência; as lutas contra o mal
desenvolvem as forças morais.
Observações – 1º -- A maneira pela qual
se opera a transformação é muito simples e, como se vê, é toda moral e em nada
se afasta das leis da Natureza. Por que, então, os incrédulos repelem essas
ideias, já que nada têm de sobrenatural? É que, segundo eles, a lei de
vitalidade cessa com a morte do corpo, ao passo que para nós ela prossegue sem
interrupção; eles restringem sua ação e nós a estendemos. Eis por que dizemos
que os fenômenos da vida espiritual não saem das leis da Natureza. Para eles o
sobrenatural começa onde acaba a apreciação pelos sentidos.
2º -- Quer os Espíritos da nova geração sejam
novos Espíritos melhores, quer os antigos Espíritos melhorados, o resultado é o
mesmo. Desde o instante que trazem melhores disposições, é sempre uma
renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, conforme
suas disposições naturais: de uma parte, os Espíritos retardatários que partem;
de outra, os Espíritos progressistas que chegam. O estado dos costumes e da
sociedade estará, pois, num povo, numa raça ou no mundo inteiro, na razão do
das duas categorias que tiver a preponderância.
Para simplificar a questão, consideremos um povo,
num grau qualquer de adiantamento, e composto de vinte milhões de almas, por
exemplo. Fazendo-se a renovação dos Espíritos à medida das extinções, isoladas
ou em massa, necessariamente houve um momento em que a geração dos Espíritos
retardatários ultrapassava em número a dos Espíritos progressistas, que apenas
contavam raros representantes sem influência, e cujos esforços para fazer
predominar o bem e as ideias progressistas estava paralisados. Ora, partindo
uns e chegando outros, após um dado tempo as duas forças se equilibram e sua
influência se contrabalança. Mais tarde, os recém-chegados são maioria e sua
influência torna-se preponderante, conquanto ainda entravada pela dos
primeiros; estes, continuando a diminuir, enquanto os outros se multiplicam,
acabarão por desaparecer. Chegará, então, o momento em que a influência da nova
geração será exclusiva.
Assistimos a esta transformação, ao conflito que
resulta da luta das ideias contrárias, que procuram implantar-se. Umas marcham
com a bandeira do passado, outras com a do futuro. Se se examinar o estado
atual do mundo, reconhecer-se-á que, tomada em seu conjunto, a Humanidade
terrestre ainda está longe do ponto intermediário, em que as forças se
contrabalançam; que os povos, considerados isoladamente, estão a uma grande
distância uns dos outros, nesta escada; que alguns alcançam este ponto, mas
nenhum ainda o ultrapassou. Aliás, a distância que o separa dos pontos extremos
está longe de ser igual em duração, e uma vez transposto o limite, o novo
caminho será percorrido com tanto mais rapidez, quanto uma imensidão de
circunstâncias o virão aplainar.
Assim se realiza a transformação da Humanidade.
Sem a emigração, isto é, sem a partida dos Espíritos retardatários, que não
devem voltar, ou que só voltarão depois de se terem melhorado, nem por isto a
Humanidade terrena ficará indefinidamente estacionária, porque os Espíritos
mais atrasados por sua vez progridem; mas, teriam sido precisos séculos, talvez
milhares de anos, para atingir o resultado que meio século bastará para
realizar.
Uma comparação vulgar fará se compreenda melhor
ainda o que se passa nessa circunstância. Suponhamos um regimento, em sua grande
maioria composto de homens turbulentos e indisciplinados: estes provocarão
incessantes desordens, que a severidade da lei penal muitas vezes terá
dificuldade em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais
numerosos; sustentam-se, encorajam-se e se estimulam pelo exemplo. Os poucos
bons não têm influência; seus conselhos são desprezados; são ultrajados,
maltratados pelos outros e sofrem este contato. Não é a imagem da sociedade
atual?
Imaginemos que tais homens sejam retirados do
regimento, um a um, cem a cem, e substituídos por igual número de bons
soldados, mesmo pelos que tiverem sido expulsos, mas que se tenham emendado
seriamente: ao cabo de algum tempo ter-se-á sempre o mesmo regimento, mas
transformado. A boa ordem nele terá sucedido a desordem. Dar-se-á o mesmo com a
Humanidade regenerada.
As grandes partidas coletivas não apenas terão
como objetivo ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o espírito da
massa, desembaraçando-a das más influências, e dar maior ascendente às ideias
novas.
Eis por que muitos partem, a despeito de suas
imperfeições, a fim de se retemperarem numa fonte mais pura, porque estão
maduros para esta transformação. Se tivessem ficado no mesmo meio e sob as
mesmas influências, teriam persistido em suas opiniões e em sua maneira de ver
as coisas. Basta uma estada no mundo dos Espíritos para lhes abrir os olhos,
porque aí veem o que não podem ver na Terra. O incrédulo, o fanático, o
absolutista poderão, assim, voltar com ideias inatas de fé, de tolerância e de liberdade.
Em seu regresso, encontrarão as coisas mudadas e sofrerão o ascendente do novo
meio onde nascerem. Em vez de fazer oposição às idéias novas, serão seus
auxiliares.
Assim, a regeneração da Humanidade não necessita
absolutamente da renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em
suas disposições morais. Esta modificação se opera em todos os que a isto forem
predispostos, quando subtraídos à influência perniciosa do mundo. Nem sempre os
que voltarem serão outros Espíritos, mas, muitas vezes, os mesmos Espíritos,
pensando e sentindo diversamente.
Quando essa melhora é isolada e individual, passa
desapercebida e não tem influência ostensiva no mundo. Outro será o efeito,
quando operada simultaneamente em grandes massas, porque, então, conforme as
proporções, em uma geração as ideias de um povo ou de uma raça poderão ser
modificadas profundamente.
É o que se nota quase sempre depois dos grandes
abalos que dizimam as populações. Os flagelos destruidores só destroem o corpo,
mas não atingem o Espírito; ativam o movimento de vaivém entre o mundo corporal
e o mundo espiritual e, em consequência, o movimento progressivo dos Espíritos
encarnados e desencarnados.
É um desses movimentos gerais que se opera neste
momento, e que deve desencadear o remanejamento da Humanidade. A multiplicidade
das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porque deve
apressar a eclosão dos novos germes. São as folhas de outono que caem, e às
quais sucederão novas folhas, cheias de vida, pois a Humanidade tem as suas
estações, como os indivíduos as suas idades. As folhas mortas da Humanidade
caem, levadas pela ventania, para renascer mais vivazes, sob o mesmo sopro de
vida, que não se extingue, mas se purifica.
Para o materialista, os flagelos destruidores são
calamidades sem compensação, sem resultados úteis, porquanto, segundo ele, aniquilam
os seres sem retorno. Mas para o que sabe que a morte apenas
destrói o envoltório, eles não têm as mesmas consequências e não lhe causam o
menor pavor, porque compreende o seu objetivo e sabe também que os homens não
perdem mais morrendo em conjunto do que isoladamente, uma vez que, de uma ou de
outra maneira, é preciso sempre lá chegar.
Os incrédulos rirão destas coisas e as tratarão
como quimeras. Mas, digam o que disserem, não escaparão à lei comum; cairão por
sua vez, como os outros e, então, o que acontecerá? Dizem: nada.
Mas viverão, a despeito de si mesmos, e um dia serão forçados a abrir os olhos.
ALLAN KARDEC
Revista Espírita, outubro
de 1866.
Marcadores:
allan kardec,
emigração,
espiritismo,
espírito,
flagelos,
Humanidade,
incrédulos,
materialista,
regeneração,
Revista Espírita
sexta-feira, 25 de maio de 2012
A REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE - 1ª parte
Aqui transcrevemos as instruções dos Espíritos sobre “A Regeneração
da Humanidade”, que é complemento para a argumentação sobre o tema “Os Tempos são
Chegados” – Allan Kardec --, que foi apresentado neste blog em cinco partes. Dada à
extensão da exposição, e por ser muito esclarecedora, não fizemos nenhuma
condensação (resumo), pelo que a apresentamos em dois momentos, visando melhor
possibilidade de leitura.
_________________________________________________________
A REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE
(...). (...) a seguir
é o resumo de várias conversas que tivemos, através de dois dos nossos médiuns
habituais, em estado de sonambulismo extático, e que, ao despertarem, não
conservam nenhuma lembrança. Coordenamos metodicamente as ideias, a fim de lhes
dar mais sequência, suprimindo todos os detalhes e acessórios supérfluos. Os
pensamentos foram reproduzidos rigorosamente, e as palavras também são
textuais, tanto quanto foi possível recolhê-las pela audição.
ALLAN KARDEC
Revista Espírita, outubro
de 1866.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS SOBRE A REGENERAÇÃO DA HUMANIDADE
(Paris, abril de 1866 – Médiuns: Srs. M. e T., em
sonambulismo)
Os acontecimentos se precipitam com rapidez, de
modo que não vos dizemos mais, como outrora: “Os tempos estão próximos”; agora
dizemos: “Os tempos são chegados.”
Por estas palavras não entendais um novo dilúvio,
nem um cataclismo, nem uma perturbação geral. Convulsões parciais do globo
ocorreram em todas as épocas e ainda se produzem, porque inerentes à sua
constituição, mas são sinais dos tempos.
Entretanto, tudo quanto está predito no Evangelho
deve realizar-se e se cumpre neste momento, como reconhecereis mais tarde. Mas
não tomeis os sinais anunciados senão como figuras, dos quais é preciso captar
o espírito, e não a letra. Todas as Escrituras encerram grandes verdades sob o
véu da alegoria, e é porque os exegetas se apegaram à letra que se extraviaram.
Faltou-lhes a chave para a compreensão de seu verdadeiro sentido. Esta chave
está nas descobertas da Ciência e nas leis do mundo invisível, que o
Espiritismo vos vem revelar. Doravante, com o auxílio desses novos conhecimentos,
o que era obscuro torna-se claro e inteligível.
Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis
imutáveis de Deus não serão alteradas. Assim, não vereis milagres, nem
prodígios, nem nada de sobrenatural, no sentido vulgar ligado a estas palavras.
Não olheis o céu para aí buscar sinais
precursores, pois não os vereis e os que vo-los anunciam vos enganarão; mas
olhai em torno de vós, entre os homens; é ai que os encontrareis.
Não sentis como um vento que sopra na Terra e
agita todos os Espíritos? O mundo está à espera e como tomado por um vago
pressentimento à aproximação da tempestade.
Contudo, não acrediteis no fim do mundo material;
a Terra progrediu desde a sua transformação; deve progredir ainda, e não ser
destruída. Mas a Humanidade chegou a um de seus períodos de transformação e a
Terra vai elevar-se na hierarquia dos mundos.
Não é, pois, o fim do mundo material que se
prepara, mas o fim do mundo moral; é o velho mundo, o mundo dos preconceitos,
do egoísmo, do orgulho e do fanatismo que se desmorona; cada dia leva consigo
os seus destroços. Tudo acabará para ele com a geração que se vai, e a geração
nova erguerá o novo edifício que as gerações seguintes consolidarão e
completarão.
De mundo de expiação, a Terra está fadada a
tornar-se um dia um mundo feliz, e nela habitar será uma recompensa, ao invés
de uma punição. O reinado do bem aí deve suceder o do mal.
Para que os homens sejam felizes na Terra, é
necessário que esta só seja povoada de bons Espíritos, encarnados e
desencarnados, que não quererão senão o bem. Sendo chegado esse tempo, uma
grande emigração se realiza neste momento entre os que a habitam; os que fazem
o mal pelo mal e não são tocados pelo sentimento do bem por não serem
dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque aí trariam novamente
a perturbação e a confusão e seriam um obstáculo ao progresso. Irão expiar seu
endurecimento nos mundos inferiores, para onde levarão os conhecimentos
adquiridos e terão por missão fazê-los progredir. Serão substituídos na Terra
por Espíritos melhores, que farão reinar entre eles a justiça, a paz e a
fraternidade.
Já dissemos que a Terra não deve ser transformada
por um cataclismo, que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual
desaparecerá gradualmente, e a nova a sucederá, sem que nada seja mudado na
ordem natural das coisas. Tudo se passará, pois, exteriormente, como de hábito,
com uma única diferença, mas esta diferença é capital: uma parte dos Espíritos
que aí se encarnavam não mais encarnarão. Numa criança que nascer, em vez de um
Espírito atrasado e devotado ao mal que se tivesse encarnado, será um Espírito
mais adiantado e devotado ao bem. Trata-se,
pois, muito menos de uma nova geração corporal que de uma nova geração de
Espíritos. Assim, os que esperavam ver a transformação operar-se por efeito
sobrenaturais e maravilhosos ficarão decepcionados.
A época atual é de transição; os elementos das
duas gerações se confundem. Colocados em ponto intermediário, assistis à
partida de uma e à chegada da outra, e cada um já se assinala no mundo pelos
caracteres que lhes são próprios.
As duas gerações que sucedem uma à outra têm
ideias e pontos de vista opostos. Pela natureza das disposições morais, mas,
sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, é
fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Devendo fundar a era do progresso moral, a nova
geração se distingue por uma inteligência e uma razão geralmente precoces,
aliadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas,
o que é sinal indubitável de certo grau de progresso anterior. Não será
composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles
que, tendo já progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias
progressivas, e aptos a secundar o movimento regenerador.
Ao contrário, o que distingue os Espíritos
atrasados é, primeiro, a revolta contra Deus pela negação da Previdência e de
todo poder superior à Humanidade; depois propensão instintiva às paixões degradantes, aos
sentimentos antifraternos do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da
cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material.
Tais os vícios de que a Terra deve ser expurgada
pelo afastamento dos que se recusam a emendar-se, porque são incompatíveis com
o reinado da fraternidade e porque os homens de bem sempre sofrerão com o seu
contato. A Terra ficará livre deles e os homens marcharão sem entraves para o
futuro melhor, que lhes está reservado aqui, como prêmio por seus esforços e
por sua perseverança, esperando que uma depuração ainda mais completa lhes abra
a entrada dos mundos superiores.
Por está emigração de Espíritos não se deve
entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra e
relegados a mundos inferiores. Muitos, ao contrário, a ela voltarão, porque
muitos cederam ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo; neles a casca
era pior que a essência. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos
preconceitos do mundo corporal, a maioria verá as coisas de maneira
completamente diferente do que quando vivos, do que tendes numerosos exemplos.
Nisto são ajudados pelos Espíritos benevolentes, que por eles se interessam e
que se desvelam em os esclarecer e em lhes mostrar o falso caminho que
seguiram. Por vossas preces e exortações, vós mesmos podeis contribuir para sua
melhoria, porque há solidariedade perpétua entre os mortos e os vivos.
Aqueles, pois, poderão voltar, com o que serão
felizes, pois isto será uma recompensa. Que importa o que tiverem sido ou
feito, se forem animados de melhores sentimentos! Longe de serem hostis à
sociedade e ao progresso, serão auxiliares úteis, porque pertencerão à nova
geração.
Assim, só haverá uma exclusão definitiva para os
Espíritos rebeldes por natureza, aqueles que o orgulho e o egoísmo, mais que a
ignorância, tornam-se surdos à voz do bem e da razão. Mas, mesmo estes não
estão votados a uma inferioridade perpétua, e dia virá em que repudiarão o seu
passado e abrirão os olhos à luz.
Orai, pois, por esses endurecidos, a fim de que
se emendem enquanto é tempo, pois o dia da expiação está próximo.
Infelizmente, por desconhecer a voz de Deus, a
maioria persistirá em sua cegueira e sua resistência marcará o fim de seu reino
por lutas terríveis. Em seu desvario, eles próprios cavarão a sua ruína;
impelirão à destruição, que engendrará uma porção de flagelos e calamidades, de
sorte que, sem o querer, apressarão o advento da era da renovação.
E como se a destruição não marchasse bastante
depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se em proporção nunca vista, até
entre as crianças. A loucura jamais terá ferido maior número de homens que,
mesmo antes da morte, serão riscados do número dos vivos. São estes os
verdadeiros sinais dos tempos. E tudo isto se realizará pelo encadeamento das
circunstâncias, assim como dissemos, sem que em nada sejam derrogadas as leis
da Natureza.
Todavia, através da nuvem sombria que vos
envolve, e em cujo seio brame a tempestade, já vedes surgirem, os primeiros
raios da era nova! A fraternidade assenta os seus fundamentos em todos os
pontos do globo e os povos se estendem as mãos; a barbárie se familiariza ao
contado da civilização; os preconceitos de raças e de seitas, que derramaram
rios de sangue, se extinguem; o fanatismo e a intolerância perdem terreno,
enquanto a liberdade de consciência introduz-se nos costumes e se torna um
direito. Por toda parte fermentam as ideias; vê-se o mal e experimentam-se os
remédios, mas muitos marcham sem bússola e se perdem nas utopias. O mundo está
num imenso processo de gestão, que durará um século. Nesse trabalho, ainda
confuso, vê-se, no entanto, dominar uma tendência para um objetivo: o da
unidade e da uniformidade que predispõem à fraternização.
São ainda sinais do tempo. Mas, enquanto os
outros são os da agonia do passado, estes últimos são os primeiros vagidos da
criança que nasce, os precursores da aurora que o próximo século verá
levantar-se, porque, então, a nova geração estará em toda a sua força. Tanto a
fisionomia do século dezenove difere da do século dezoito, sob certos pontos de
vista, quanto a do século vinte será diferente da do dezenove, sob outros
pontos de vista.
Um dos caracteres distintivos da nova geração será a fé
inata; não a fé exclusiva e cega, que divide os homens, mas a fé raciocinada,
que esclarece e fortifica, que os une e os confunde num comum sentimento de
amor a Deus e ao próximo. Com a geração que se extingue desaparecerão os
últimos vestígios da incredulidade e do fanatismo, igualmente contrários ao
progresso moral e social.
ALLAN KARDEC
Revista Espírita, outubro de 1866.
- continua na próxima publicação -
terça-feira, 22 de maio de 2012
Os Tempos são Chegados (última parte de cinco)
Os Tempos são Chegados
-continuação 5/5.
Um sinal não menos característico do período em
que entramos, é a reação evidente que se opera o sentido das ideias
espiritualistas, uma repulsa instintiva contra as ideias materialistas. Cujos
representantes se tornam menos numerosos ou menos absolutos. O espírito de
incredulidade que se havia apoderado das massas, ignorantes ou esclarecidas, e
as tinha feito repelir, com a forma, o próprio fundo de toda crença, parece ter
sido um sono, ao sair do qual se experimenta a necessidade de respirar um ar
mais vivificante. Involuntariamente, onde se fez o vazio procurar-se algo, um
ponto de apoio, uma esperança.
Neste grande movimento regenerador, o Espiritismo
tem um papel considerável, não o Espiritismo ridículo, inventado pela crítica
zombeteira, mas o Espiritismo filosófico, tal qual o compreende quem quer que
se dê ao trabalho de procurar a amêndoa dentro da casca.
Pelas provas que ele
traz das verdades fundamentais, preenche o vazio que a incredulidade faz nas
ideias e nas crenças; pela certeza que dá de um futuro conforme a justiça de
Deus e que a mais severa razão pode admitir, ele tempera as amarguras da vida e
previne os funestos efeitos do desespero. Tornando conhecidas novas leis da
Natureza, o Espiritismo dá a chave de fenômenos incompreendidos e problemas até
agora insolúveis, e mata, ao mesmo tempo, a incredulidade e a superstição. Para
ele não há sobrenatural nem maravilhoso; tudo se realiza no mundo em virtude de
leis imutáveis.
Longe de substituir um exclusivismo por outro, arvora-se como
campeão absoluto da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as
formas e o corta pela raiz, proclamando a salvação para todos os homens de bem,
e a possibilidade, para os mais imperfeitos, de chegarem, por seus esforços,
pela expiação e pela reparação, à perfeição, pois só ela conduz à suprema
felicidade. Ao invés de desencorajar o fraco, encoraja-o, mostrando-lhe o fim
que pode atingir.
Não diz: Fora do Espiritismo não há salvação,
mas, com o Cristo: Fora da caridade não há salvação,
princípio de união, de tolerância, que congraçará os homens num sentimento
comum de fraternidade, em vez de os dividir em seitas inimigas. Por este outro
princípio: Fé inabalável só o é a que pode
encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade,
destrói o império da fé cega, que aniquila a razão, da obediência passiva, que
embrutece; emancipa a inteligência do homem e levanta o seu moral.
Consequente consigo mesmo, não se impõe; diz o
que é, o que quer, o que dá e espera que a ele venham livremente, voluntariamente;
quer ser aceito pela razão, e não pela força. Respeita todas as crenças
sinceras e não combate senão a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a
hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os mais sérios obstáculos ao
progresso moral; mas não lança o anátema a ninguém, nem mesmo aos seus
inimigos, porque está convencido de que o caminho do bem está aberto aos mais
imperfeitos e que, mais cedo ou mais tarde, nele entrarão.
Se imaginarmos a maioria dos homens imbuídos
desses sentimentos, facilmente poderemos figurar as modificações que trarão às
relações sociais: caridade, fraternidade, benevolência para todos, tolerância
para todas as crenças, tal será sua divisa. É o fim para o qual, evidentemente,
tende a Humanidade, o objeto de suas aspirações, de seus desejos, sem que se dê
muita conta dos meios de as realizar; ela ensaia, hesita, mas é detida pelas
resistências ativas ou pela força da inércia dos preconceitos, das crenças
estacionárias e refratárias ao progresso. São essas resistências que devem ser
vencidas e isto será a obra da nova geração. Se seguirmos o curso atual das
coisas, reconheceremos que tudo parece predestinado a lhe abrir a estrada; ela
terá por si o duplo poder do número e das ideias, além da experiência do
passado.
Assim, a nova geração marchará para a realização
de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que
tiver chegado. O Espiritismo, marchando para o mesmo objetivo e realizando seus
planos, eles se encontrarão no mesmo terreno, não como concorrentes, mas como
auxiliares, prestando-se mútuo apoio. Os homens de progresso encontrarão nas
ideias espíritas uma poderosa alavanca e o Espiritismo encontrará nos homens
novos espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo. Nesse estado de coisas, que
poderão fazer os que quisessem opor obstáculos?
Não é o Espiritismo que cria a renovação social,
é a maturidade da Humanidade que faz desta renovação uma necessidade. Por seu
poder moralizador, por suas tendências progressivas, pela amplidão de suas
vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é, mais que
qualquer outra doutrina, apto a secundar o movimento regenerador, razão por que
é seu contemporâneo. Veio no momento em que podia ser útil, também para ele os
tempos são chegados; mais cedo, teria encontrado obstáculos intransponíveis;
inevitavelmente teria sucumbido, porque os homens, satisfeitos com o que
tinham, ainda não sentiam a necessidade do que ele traz. Hoje, nascido com o
movimento das ideias que fermentam, encontra o terreno preparado para
recebê-lo. Cansado da dúvida e da incerteza, acolhem como numa tábua de
salvação e uma suprema consolação.
Dizendo que a Humanidade está madura para a
regeneração, isto não quer dizer que todos os indivíduos o sejam no mesmo grau,
mas muitos têm, por intuição, o germe, das ideias novas, que as circunstâncias
farão eclodir; então eles se mostrarão mais adiantados do que se pensava, e
seguirão com ardor o impulso da maioria.
Há, entretanto, os que são refratários por
natureza, mesmo entre os mais inteligentes e que, certamente, jamais se
ligarão, pelo menos nesta existência, uns de boa-fé, por convicção, outros por
interesse. Aqueles cujos interesses materiais estão ligados ao estado presente
das coisas, e que não são bastante adiantados para dele fazer abnegação, que o
bem geral toca menos que o seu bem pessoal, não podem ver sem apreensão o menor
movimento reformador; para ele a verdade é uma questão secundária ou, melhor
dito, a verdade está toda inteira no que não lhes causa nenhuma perturbação; aos
olhos, todas as ideias progressivas são subversivas, razão por que lhes votam
um ódio implacável e lhes fazem uma guerra encarniçada. Muito inteligentes para
não ver no Espiritismo um auxiliar dessas ideias e os elementos da
transformação, que temem porque não se sentem à sua altura, esforçam-se para o
abater; se o julgassem sem valor e sem alcance, com ele não se preocupariam.
Aliás já o dissemos: “Quanto maior é uma ideia, mais adversários encontra, e
pode medir-se a sua importância pela violência dos ataques de que ela é
objeto.”
O número dos retardatários sem dúvida ainda é
grande, mas que podem contra a onda que sobe, senão lançar-lhe algumas pedras?
Essa onda é a geração que surge, enquanto eles desaparecem com a geração que
vai a largos passos. Até lá defenderão o térreo palmo a palmo. Há, pois, uma
luta inevitável, mas desigual, porque é a do passado decrépito, que cai em
farrapos, contra o futuro juvenil; da estagnação contra o progresso; da
criatura contra a vontade de Deus, porque os tempos por ele marcados são
chegados.
Nota – As reflexões que precedem são o
desenvolvimento das instruções dadas pelos Espíritos sobre o mesmo assunto, num
grande número de comunicações, seja a nós, seja a outras pessoas. (...).
ALLAN KARDEC
Revista Espírita, outubro
de 1866.
Assinar:
Postagens (Atom)