sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Justiça das Aflições

 Aflições! Justiça e causas das aflições I 

Estudando o capítulo 5 – Bem-aventurados os aflitos, da obra basilar do Espiritismo: O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos ali ensinamentos extraordinários que trazem elucidação para grande parte dos sofrimentos de nossos dias. Essa obra foi lançada em abril de 1864, há 159 anos, por Allan Kardec. Esclarece em profundidade os versículos registrados pelos evangelistas Mateus e Lucas, que transcrevemos a seguir, a respeito de ensinamentos de Jesus-Cristo:  

1. Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o Reino dos Céus. (Mateus, 5:4, 6 e 10.)  

2. Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o Reino dos Céus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (Lucas, 6:20 e 21.). 

Mas ai de vós, ricos! que tendes no mundo a vossa consolação. Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (Lucas, 6:24 e 25). 

Os versículos acima são a base do capítulo, mas ficaremos com alguns tópicos que disponibilizaremos semanalmente, com abordagens sobre: Justiça das aflições; Causas atuais das aflições; Causas anteriores das aflições; e Esquecimento do passado. 


Justiça das Aflições 


3. Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contrassenso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a Justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos. 

No trecho inicial encontra-se esclarecimento de relevância para as nossas vidas, levando a compreender que as compensações virão posteriormente, vez que ainda não se conquistou o mérito para usufruirmos as "Bem-aventuranças" anunciadas pelo Mestre Nazareno.  Sem o entendimento da existência de um futuro, que a vida não tem fim, mas, sim, um objetivo comum a todas as Criaturas, encontrar a paz e a felicidade, através do aperfeiçoamento moral e intelectual. Utilizando-se da liberdade de decidir seus passos, transita pela existência neste mundo, colhendo os resultados das experiências vividas em outras épocas, sofrendo as dificuldades das próprias decisões e tendo oportunidade de resgatá-las pelo sofrimento dos efeitos negativos de suas iniciativas do passado, aperfeiçoa-se.  Seria incompreensível se se considerasse a existência de uma única vida.  

Assim, Jesus veio nos socorrer, nos salvar do estado de ignorância. Mas, tratava-se de projeto de longo prazo, tanto é que já se foram dois milênios e, sobre esse assunto, pouco se adiantou, apesar de tantos avanços em outros setores de desenvolvimento da vida no Planeta.  O estado moral e a conquista de virtudes espirituais continuam acanhadas, diante do que se precisa alcançar para se distanciar da condição de sofredor contumaz. 

Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos. 

Após Jesus, a Humanidade precisou caminhar dezenove séculos, em experiências das mais difíceis, guerras fratricidas e religiosas, inquisição, governos desumanos, barbáries, o desenvolvimento das Ciências, o surgimento de novos Continentes, revoluções social e industrial, culminando com o movimento espiritual, que veio trazer para o Mundo a terceira revelação das Leis de Deus, a Doutrina Espírita. Assim, atendendo a promessa de Jesus-Cristo: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito da verdade (...)" -- João 14:16-17. 

Somente com o estudo da Doutrina Espírita e sua compreensão é possível entender as promessas de Jesus, como as Bem-Aventuranças, aí se vai entender: "a certeza do futuro e a conveniência de sofrer para ser feliz."  


                     Dorival da Silva 


- Continua na próxima publicação - 


Notas: 1. A parte do texto, que está grafada na cor azul, foi retirada da obra: O Evangelho segundo o Espiritismo, que compõe as obras básicas da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, foi publicada em 1864. Esta obra tem a tradição de J. Herculano Pires, editora LAKE. 


2. As obras básicas do Espiritismo podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Crianças! Quem são elas?

 Crianças! Quem são elas? 

    Todas as pessoas surgiram para este Mundo através da maternidade e na condição de criança. Uma parcela teve pais amorosos, independente da condição social; outra parte encontrou pais indiferentes e não foram amadas; ainda, àquela porção que abandonada ficou pelo caminho; sem contar àquelas que não chegaram a nascer ou tendo nascido foram trucidas.  

Dentre as que nascem, existe grande número de crianças que requerem cuidados especiais, sejam àquelas que apresentam problemas anatômicos ou de ordem mental, além de síndromes que serão percebidas no transcorrer do desenvolvimento, pela idade.  

Independente das condições do nascimento, não cessam as transformações orgânicas, o que ocorre desde a concepção, com o andar da cronologia, se desenvolve conforme as suas possibilidades, alcança as fases consequentes desse processo, podendo chegar à velhice do corpo.  

O corpo que nasce é um invólucro de algo perene e exclusivo, que não existe no Universo outro exatamente igual. É um Ser pensante, com vida indestrutível. Essa vida é o que se denomina alma, antes de estar no corpo, chama-se espírito. Então, quando se nasce, nasce o corpo, quando morre, morre o corpo, o espírito é pré-existente e pós-existe ao corpo, assim, nem nasce e nem morre. A intermitência do espírito no corpo é visível para todos. Por exemplo, quando se está dormindo, o espírito, embora conectado por filamentos energéticos, está distanciado do corpo, com a liberdade na intensidade que tinha antes. O que se denomina pela expressão: emancipação da alma.  

Jesus diz ao doutor da lei judaica, Nicodemos, que o corpo procede do corpo e o espírito do espírito...  Quando explicava que era preciso nascer de novo para entrar no reino dos Céus. Não sendo possível detalhar esse processo naquele momento, vez que era preciso que as Ciências avançassem para darem suporte a tal entendimento.  

É jargão popular, quando nasce uma criança em nossa família, bonita e apresentando boa saúde, dizer: é um "tesouro".  Mesmo que inconscientemente, disse uma grande verdade. É um ente que surge junto de nós vindo de passado distante, que pode ter convivido conosco na figura de pais, filho, esposos, amigo, pode ter sido inimigo ou desafeto de alguma ordem, considerando que desse ambiente também viemos e algum laço temos com essa criança que acaba de chegar. Simpatia ou antipatia com alguém, ou até de todos da atual família consanguínea, tem origem no passado, em outras vidas.  Deverão pela convivência e a prática da tolerância ajustarem tal animosidade. 

A criança que nasce em nossa casa é um mundo particular de experiências, portadora de inteligência, de virtudes e defeitos, hábitos ou viciações que certamente ressurgirão se não houver vigilância e correção de tendências demonstradas. Assim, também os pendores das coisas boas conquistadas nessas existências de outros tempos, mas que estão presentes em seus registros espirituais, estabelecidos no subconsciente. Estes que se apresentam na forma de pendores, seja por uma determinada profissão, uma arte, alguma facilidade mais destacada nas suas ações e interesses manifestados desde a infância.  

No entanto, como estamos num mundo classificado de provas e expiações, vez que existem mundos regenerados e mundos felizes, isto considerando o estado intelectual e moral dos espíritos que aí residem, que podem ser mundo material, que os espíritos se utilizam de um corpo material, compatível com tal ambiente, e, ainda, em mundo onde os seus habitantes alçaram o estado de perfeição e não precisam mais de corpos físicos.   

Voltando à criança, existem àquelas que apresentam boa inteligência e certas habilidades, no entanto, encontram desde o nascimento tantos empecilhos que são poucas que conseguem forças e persistência suficientes para romper com as barreiras que dificultam as suas realizações. Essas barreiras são o encontro com as dificuldades plantadas em existências anteriores. Tudo o que se faz tem consequência, tanto as realizações positivas, como as negativas. A chamada lei do retorno, ou ainda, causa e efeito.  Nascer, mesmo sendo em novo corpo, o espírito é o mesmo, goza das boas conquistas e arrasta as mazelas para sofrer seus efeitos e corrigir-se.  Assim, sempre depararemos com as nossas obras.  

Pensando nas crianças que nascem diariamente no mundo, com seus projetos e esperanças, existem uma legião de outras impedidas pelas mães ou seus pais, pelo processo do aborto. São números estarrecedores de casos pelo mundo, legais ou não. Isto não importa! A consciência dos envolvidos carregará a responsabilidade até que solucione tais pendências morais. As legalidades deste mundo não suplantam a Lei Divina! Existe uma exceção possível para a realização da interrupção da gravidez, quando a gestação coloca a vida da mãe em risco iminente de morte, situação que não serve de subterfúgio, vez que a consciência não se engana. 

Todos nós crianças que chegamos à fase adulta, ou à madureza, fomos trabalhadores, técnicos, engenheiros, operadores do direito, exercemos a medicina, a gestão pública, enfim, tivemos ações produtivas na sociedade, porque nos permitiram nascer, nos deram alguma educação e pudemos adquirir competências. E precisaremos retornar aqui outras vezes, sendo que nosso estado evolutivo ainda necessita dessas oportunidades, uma vez que não somos o corpo, mas o espírito que se desenvolve com as próprias vivências. E se nos impedirem? E se nos abortarem o nascimento!  

Todos precisamos estar cientes disso, principalmente os que lutam pela "legalização do aborto", certamente não escaparão à experiência, caso permaneçam na busca desse tal "direito", que não passa de irresponsabilidade e conveniência, frutos do egoísmo.  

Crianças todos fomos e seremos muitas vezes ainda, é a forma da perpetuação da espécie humana, o que equivale dizer, favorecimento à elevação espiritual da Humanidade da Terra.  

Assim, facilitar o nascimento da criança e auxiliar o desenvolvimento social para que todas tenham condições de desenvolvimento intelectual e moral é estabelecer ambiente favorável ao nosso retorno, com experiência reencarnatória proveitosa, num mundo com sistema de vida equilibrado e justo.  

Crianças! ... 

Dorival da Silva. 

 

Nota: O pensamento que dá base ao texto acima está na Doutrina Espírita, para isto fornecemos abaixo endereços onde se pode consultar e estudar todas as obras básicas do Espiritismo: 

Também podem ser baixadas no endereço:  

domingo, 6 de agosto de 2023

Ninguém é responsável pelas nossas decisões!

 Ninguém é responsável pelas nossas decisões! 

Não é muito difícil ver e ouvir pessoas de nossas relações, ou desconhecidas, mas de expressão pública, em filme ou novela, na música…, atribuir responsabilidade de atitudes suas que não foram boas, que apresentam desfechos negativos, a este ou aquele indivíduo nomeável ou imaginário. Parece algo cultural! Mas, não tem o condão de resolver as consequências negativas dos atos praticados.   

É jargão popular dizer: “Se existe em quem colocar a culpa, o problema está resolvido!”  Isto não passa de má-fé, de imaturidade, inconsequência ou invigilância. Toda atitude, antes que levada a efeito, tem uma origem, e esse lugar, não é outro, senão na intimidade espiritual de um ser pensante. Somente um ser humano tem essa capacidade. Nesse mesmo lugar existem a razão e o discernimento. Há a possibilidade da reflexão, que permite a antevisão do desfecho do que se está mourejando. Assim, o que não é bom pode ser neutralizado, evitando-se danos. Levar adiante o que é visto que trará consequência negativa é premeditação do mal, então, o mal está na origem, ou seja, na intimidade da Alma. Em conta disso, a responsabilidade jamais poderá ser atribuída ou transferida para outrem.   

Subterfúgios, interpretação alhures da lei civil ou criminal, tentativa de corrupção de consciência na tentativa de isenção de responsabilidade de seus atos é mera ilusão, sabendo que somos seres imortais, espiritualmente considerando, e nunca nos livraremos do que nos pertence. Jesus-Cristo, O Mestre e Guia da Humanidade, ensinou: “A cada um segundo a suas obras”.  A Sua visão é ampla, porque não está limitada a exiguidade dos limites carnais, o alcance é Universal. Vê na sua grandiosidade de ser “Solar”, que viveu lucidamente a vida do corpo, tanto quanto a vida espiritual, tendo a capacidade de conhecer a trajetória de todos os habitantes da Terra. Assim, pôde ensinar a verdade!  

Com referência ao Evangelho de Jesus, onde consta o rumo e as condições da tal salvação, mas, que em profundidade poucos a compreendem, no geral, acham-se que esse assunto é muito bom para os outros, para os líderes religiosos, para os idosos… Então, esse tema mal compreendido, e que se julgam pouco importante, fica relegado em algum canto da estante, ou em algum minúsculo escaninho do cérebro, no entanto, não encontra assimilação na alma.  

O que é essa tal salvação a que o Evangelho se refere? Quando damos importância para isso, é como alguém que estivesse retido em ambiente minúsculo, com visão restrita aos limites das paredes e as poucas possibilidades oferecidas pelas janelas, e, inopinadamente se visse numa praia contemplando a vastidão do horizonte, que se confunde com a grandiosidade do céu. 

O conhecimento e a vivência da mensagem de Jesus ampliam os limites da alma, a atmosfera espiritual do indivíduo é outra, embora esteja na matéria, a compreensão de tudo que ocorre na sua vivência tem significado diferente, vive-se esse momento, mas o sentimento se alonga para o futuro. Fica compressível a questão do perdão das ofensas, a tolerância das faltas alheias, o entender que os outros também têm dificuldades das mais variadas, e sofrem com as consequências negativas, que muitas vezes não compreendem por que ocorrem.  

O salvamento nesse caso é deixar os hábitos arraigados, as viciações, as mesmices, sejam de aspectos físicos ou morais, principalmente estes, e ter a capacidade de análise das ocorrências da vida consigo e com os outros, corrigindo aquilo que em si é negativo, para não o repetir, compreendendo o pertencente a outrem, tolerando-o. 

Trata-se de um salvamento de nós mesmos, da nossa ignorância sobre a vida espiritual que vivemos, sendo que o estado espiritual nunca se interrompe, sempre vivemos a vida, Vida. Essa Vida somos nós mesmos. Um dia fomos criados e jamais deixaremos de existir, nosso caminho é a eternidade. A vida num corpo físico, o que já ocorreu por indefinidas vezes, são intervalos-oportunidades de refazimentos, reposicionamentos, sedimentação de valores espirituais, aquisição de recursos intelectuais e morais…  

Jesus e a sua mensagem não são quimeras! 


                              Dorival da Silva.


As obras básicas que compõem a Doutrina Espírita podem ser consultadas na: Kardecpedia - Estude as obras de Allan Kardec

Também podem ser baixadas no endereço:

Obras de Allan Kardec – FEB (febnet.org.br)