Mostrando postagens com marcador Lázaro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lázaro. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Ressuscitará

Ressuscitará

“Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.” - (João, 11:23.)

Há muitos séculos, as escolas religiosas do Cristianismo revestiram o fenômeno da morte de paisagens deprimentes.

Padres que assumem atitudes hieráticas, ministros que comentam as flagelações do inferno, catafalcos negros e panos de luto.

Que poderia criar tudo isso senão o pavor instintivo e o constrangimento obrigatório?

Ninguém nega o sofrimento da separação, espírito algum se furtará ao plantio da saudade no jardim interior. O próprio Cristo emocionou-se junto ao sepulcro de Lázaro. Entretanto, a comoção do Celeste Amigo edificava-se na esperança, acordando a fé viva nos companheiros que o ouviam. A promessa dEle, ao carinho fraternal de Marta, é bastante significativa.

“Teu irmão há de ressuscitar” - asseverou o Mestre.

Daí a instantes, Lázaro era restituído à experiência terrestre, surpreendendo os observadores do inesperado acontecimento.

Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.

O espírito mais ensombrado no sepulcro do mal e o coração mais duro são arrancados das trevas psíquicas para a luz da vida eterna.

O Senhor não se sensibilizou tão-somente por Lázaro. Amigo Divino, a sua mão carinhosa se estende a nós todos.

Reponhamos a morte em seu lugar de processo renovador e enchei-vos de confiança no futuro, multiplicando as sementeiras de afeições e serviços santificantes.

Quando perderdes temporariamente a companhia direta de um ente amado, recordai as palavras do Cristo; aquela reduzida família de Betânia é a miniatura da imensa família da Humanidade.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 151, em 1951.

______________________________________________________

Reflexão: Jesus trouxe para a Humanidade, de forma atemporal, mensagem de esperança e renovação.  Seus ensinamentos não envelhecem e quanto mais se lhe compreende mais brilhante a Boa Nova se torna.

O Espírito Emmanuel, generosamente comenta o versículo registrado por João, 11:23 – “Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.”, na parte que destacamos: “Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.”, traz-nos o Senhor fato modificador de entendimento para quem deseja analisar com seriedade.

Seria morrer de fato se não houvesse a possibilidade de ressurgir, mas Jesus coloca para o mundo o reaparecimento de Lázaro, grandioso que transpôs os séculos, no entanto, somente agora, se consegue entender que o retorno do irmão de Marta era correspondente ao ressurgir de todos nós de nosso estado de morte espiritual transitório.

Sempre que colocamos todas as nossas forças para a conquista de bens materiais, poder, evidência social, esquecidos que estamos apenas vivendo uma experiência, com término em momento imprevisto, estamos mortos espiritualmente. É preciso ressuscitar, retornar ao compromisso que assumimos com a nossa consciência antes de reentrarmos no novo corpo físico, este que estamos agora utilizando (isto é a reencarnação).

Ressuscitar é tornar a condição anterior à ilusão de um período que deliberamos viver pela ganância, vaidade, orgulho, egoísmo...

Ressuscitar é, também, retornar à condição anterior do estado de depressão, pânico e tantos outros problemas psicológicos e psiquiátricos.

Ressurgir é voltar ao estado de normalidade espiritual, conquanto poderemos receber ajuda medicamentosa, profissional, amorosa, até que fiquemos novamente em pé, mas será a nossa vontade que nos fará andar, superando com clareza e coragem as nossas inferioridades naturais de quem está no caminho evolutivo. Embrenhar-se novamente nas ilusões e fantasias é morrer outra vez espiritualmente, embora fisicamente possa-se parecer normal.

Jesus nos trouxe a mensagem essencial, os Benfeitores Espirituais aclararam o entendimento, e cabe a cada um de nós o próprio salvamento das mazelas que cultivamos, utilizando-se das claridades que o Mundo Espiritual esparge sobre os homens. Onde estaria o mérito do aprendiz. Como chegaríamos a ser mestres se ainda não aprendemos a ser alunos?


                                               Dorival da Silva

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Os mortos sairão dos túmulos

Os mortos sairão dos túmulos

(Revista Espírita, fevereiro de 1868 - Instruções dos Espíritos)

Povos, escutai!... Uma grande voz se faz ouvir de um extremo a outro dos mundos; é a do precursor, anunciando a vinda do Espírito de Verdade, que vem endireitar as vias tortuosas por onde o espírito humano se desgarrava em falsos sofismas. É a trombeta do anjo que vem despertar os mortos para que saiam de seus túmulos.
Muitas vezes tendes lido a revelação de João e vos perguntastes: Mas, o que quer ele dizer? Como, então, cumprir-se-ão essas coisas surpreendentes? E vossa razão confusa, mergulhava num tenebroso dédalo de onde ela não podia sair, porque queríeis tomar ao pé da letra o que estava expresso em sentido figurado.
Agora que chegou o tempo em que uma parte dessas predições vai cumprir-se, pouco a pouco aprendeis a ler nesse livro onde o discípulo bem-amado consignou as coisas que lhe tinha sido dado ver. Entretanto, as más traduções e as falsas interpretações ainda vos aborrecerão um pouco, mas com um trabalho perseverante chegareis a compreender o que, até o presente, tinha sido para vós uma carta fechada.
Compreendei apenas que se Deus permite que o véu seja levantado mais cedo para alguns, não é para que esse conhecimento fique estéril em suas mãos, mas para que, pioneiros infatigáveis, eles desbravem as terras incultas. É, enfim, para que eles fecundem com o doce orvalho da caridade os corações ressequidos pelo orgulho e impedidos pelos embaraços mundanos, onde a boa semente da palavra de vida não pôde ainda germinar.
Ah! Quantos encaram a vida humana como devendo ser uma festa permanente em que as distrações e os prazeres se sucedem sem interrupção! Eles inventam mil nadas para encantar os seus lazeres; eles cultivam o seu espírito, porque é uma das facetas brilhantes que servem para fazer destacar a sua personalidade; são semelhantes a essas bolhas efêmeras que refletem as cores do prisma e balançando no espaço atraem os olhares por algum tempo, depois as procurais... e elas desapareceram sem deixar traços. Assim, essas almas mundanas brilharam com uma luz de empréstimo, durante sua curta passagem terrestre, e dela nada restou de útil, nem para os seus seme­lhantes, nem para elas próprias.
Vós que conheceis o valor do tempo, vós a quem as leis da eterna sabedoria são reveladas pouco a pouco, sede nas mãos do Todo-Poderoso instrumentos dóceis servindo para levar a luz e a fecundidade a essas almas, das quais se diz: “Têm olhos e não veem, têm ouvidos e não escutam”, porque tendo-se desviado do facho da verdade, e tendo escutado a voz das paixões, sua luz não é senão trevas, em meio às quais o Espírito não pode reconhecer a estrada que o faz gravitar para Deus.
O Espiritismo é essa voz poderosa que já repercute até as extremidades da Terra; todos a ouvirão. Felizes aqueles que, não tapando voluntariamente os ouvidos, sairão de seu egoísmo, como o fariam os mortos de seus túmulos, e daí por diante realizarão os atos da verdadeira vida, a do Espírito, desembaraçando-se dos entraves da matéria, como fez Lázaro de seu sepulcro, à voz do Salvador.
O Espiritismo marca a hora solene do despertamento das inteligências que usaram de seu livre-arbítrio para se demorar nos caminhos pantanosos cujos miasmas deletérios infectaram a alma com um veneno lento que lhe dá a aparência da morte. O Pai celeste tem misericórdia desses filhos pródigos, caídos tão baixo que nem mesmo pensam na morada paterna, e é para eles que ele permite essas manifestações brilhantes, destinadas a convencer que além deste mundo das formas perecíveis, a alma conserva a lembrança, o poder e a imortalidade.
Possam esses pobres escravos da matéria sacudir o torpor que os impediu de ver e compreender até hoje; possam estudar com sin­ceridade, para que a luz divina, penetrando-lhes a alma, dela expulse a dúvida e a incredulidade.

JOÃO EVANGELISTA, Paris, 1866.
Copiado do Boletim Informativo do IPEAK, de 19.11.2014.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Marta, Marta!

MARCELO TEIXEIRA
maltemtx@uol.com.br
Petrópolis, RJ (Brasil)



 
Marta, Marta!

Jesus na casa de Marta e Maria é uma passagem evangélica da qual gosto muito. Talvez seja a minha preferida. Interfere diretamente no cotidiano familiar.
Marta e Maria eram irmãs de Lázaro, amigo de Jesus e por ele ressuscitado, como nos narram as Sagradas Escrituras.
Numa das visitas à casa da família, Jesus, acompanhado dos discípulos, transmitia uma série de ensinamentos. Maria ouvia-o, embevecida. Marta, por sua vez, ia e vinha, preocupada em deixar a casa em ordem e à altura de tão ilustre visitante. Decerto preocupava-se com a refeição a ser preparada, aposentos a serem arrumados... Vendo que Maria não a ajudava, ralhou com ela na frente de Jesus e dos apóstolos. Em seguida, pediu a Jesus que dissesse a Maria para ajudá-la. É quando o Cristo aproveita a situação para transmitir a Marta e a toda a humanidade o memorável ensinamento:
"Marta, Marta, tu andas muito inquieta, e te embaraças com o cuidar em muitas coisas. Entretanto só uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada”. (São Lucas, cap. X, v. 41 e 42.)
O jornalista Stephen Kanitz, no artigo Família em Primeiro Lugar, conta que certa vez foi almoçar com um respeitado empresário. O almoço foi no restaurante da empresa. Por ser um homem muito ocupado, o empresário raramente almoçava em casa ou em restaurantes.
Stephen comenta que o homem estava com o olhar estranho, talvez distante. Foi quando uma lágrima lhe escorreu do olho esquerdo. O jornalista tentou não dar muita importância ao fato. Só que, durante a sobremesa, o poderoso empresário começou a chorar copiosamente. Desconcertado, Kanitz começou a imaginar se havia dito algo impróprio ou se a empresa estava atravessando uma fase difícil... Foi quando o homem disse, meio sem jeito:

"Minha filha vai se casar amanhã e só agora a ficha caiu. Eu fui um tremendo de um workaholic e agora percebo que mal a conheci. Conheço tudo sobre meu negócio, mal conheço minha própria filha. Dediquei todo o tempo à minha empresa e me esqueci de me dedicar à família".
Stephen confessa que nunca mais foi o mesmo depois da cena. Saiu arrasado do almoço e, jurando a si mesmo que nunca aceitaria um emprego desses que sugam a pessoa a ponto de não haver mais tempo para dar boa noite aos filhos, levá-los ao cinema, à praia, acompanhar suas descobertas, vitórias e derrotas...
Finalizando o artigo, o jornalista argumenta: Colocar a família em primeiro lugar tem um custo com o qual nem todos podem arcar. Implica menos dinheiro, fama e projeção social. Muitos de seus amigos poderão ficar ricos, mais famosos que você e um dia olhá-lo com desdém. Nessas horas, o consolo é lembrar um velho ditado que define bem por que priorizar a família vale a pena: ‘Nenhum sucesso na vida compensa um fracasso no lar’."

Qual o verdadeiro "sucesso" de ter um filho drogado por falta de atenção, carinho e tempo para ouvi-lo no dia a dia? De que adianta fazer uma fortuna para ter de dividi-la pela metade num ruinoso divórcio e pagar pensão à ex-esposa para o resto da vida? De que adianta ser um executivo bem-sucedido e depois chorar na sobremesa porque não conheceu sequer a própria filha?
Saber escolher a melhor parte, como ressalta o Cristo, nem sempre é fácil. Vivemos num mundo que exige muito de nós. Ter um curso universitário já não basta. São necessárias mais de uma pós-graduação, mestrado, vários idiomas. Além disso, congressos, simpósios, mesas-redondas... Conheço gente que passa mais tempo em hotéis, aviões e aeroportos do que em casa. E quando está em casa, mal tem tempo para os filhos, a esposa ou o marido. A pessoa fica ao computador, às voltas com planilhas e relatórios, respondendo a e-mails e enviando outros tantos, o celular não para de tocar...
A grande maioria das pessoas tem, hoje em dia, a agenda cheia. Nem sempre é fácil conciliar família e trabalho. Mas quem se dispõe a investir em cônjuge e filhos não pode perdê-los de vista, sob pena de ver o casamento ruir e os filhos se transformarem em ilustres desconhecidos.
Muita gente alega que trabalha feito condenado para garantir um futuro melhor aos filhos. De que futuro estamos falando? Os mais conceituados colégios? Pós-graduação no exterior? Residências cinematográficas? Fins de semana em locais paradisíacos? Idas e mais idas a boates e restaurantes badalados? Talvez os filhos não precisem e nem queiram isso tudo. Queiram apenas nosso ombro amigo, palavras de incentivo, conselhos e advertências precisas... Querem rir e chorar conosco; viver ao nosso lado, curtir o pai e a mãe que têm. O melhor para eles nem sempre é ver os pais se matando de trabalhar para lhes dar o que é top de linha. O melhor talvez seja tempo livre para ajudá-los nas tarefas escolares, colocá-los para dormir... Enfim, aquilo que os pais sonham fazer, mas muitos acabam não fazendo porque querem dar tudo aos filhos. Tudo o quê? Esse tudo pode ser mais simples e acessível do que pensamos. Basta optar pela melhor parte, a que não nos será tirada.
Falar sobre Jesus na casa de Marta e Maria é, além do que acabei de expor, prestar atenção na dinâmica do lar, a fim de não darmos excessiva importância às coisas da casa.
Faço parte da União Municipal Espírita de Petrópolis (Umep), aonde cheguei em novembro de 1984. Conversando com um dos grupos de visitação fraterna da Casa, aprendi que as famílias visitadas nunca devem se preocupar em preparar lanche para os visitadores. Um cafezinho sequer. Motivo: alguém da família vai ficar tão preocupado com o café no fogo e o bolo no forno que não aproveitará direito a visita fraterna. Uma visita em nome de Jesus. O mais importante, nessas ocasiões, é a prece que será feita, o bate-papo acolhedor, a leitura edificante de um livro espírita... Se alguém ficar indo e vindo da cozinha, perderá o contato com Jesus e, tal qual Marta, estará inquieto, se preocupará com muitas coisas, quando só uma é necessária.
Este comportamento em relação às coisas da casa é interessante de ser observado em dias de festas. Aniversários, almoços, jantares, Natal... Martas variadas se matam de trabalhar, ficam até altas horas na cozinha, fazem mais de uma sobremesa, mais de uma opção de carne... O resto da família acaba sofrendo horrores, pois é obrigado a ir inúmeras vezes ao supermercado, a cozinha fica intransitável... Na hora da festa, muitas vezes Marta ainda está na cozinha, atarefada com os últimos preparativos. Quando por fim consegue dar atenção aos convidados, a festa já está no fim e ela mal teve tempo de aproveitá-los. Além disso, sobrou comida. Haja louça para lavar. Dá-lhe reclamação de que ninguém da família aparece para ajudar. Isso sem falar no dinheiro gasto além da conta. A melhor parte, que era o convívio fraterno com os convidados, ficou em segundo plano.
Conheci uma senhora (a quem chamarei de Lourdes) que fazia questão de cuidar pessoalmente de toda a casa. Não queria ninguém ajudando; não admitia nenhuma mulher além dela mexendo em panelas, vassouras e afins. O tempo foi passando, ela envelhecendo, mas não largava o hábito. Uma vez, já tarde da noite, depois de terminar a limpeza da casa todinha, disse a si mesma:- Graças a Deus! Estou morta de cansada, mas a minha casa está limpa!
D. Lourdes já estava com mais de 60 anos. O ritual semanal, contudo, permanecia, só que agora terminando mais tarde, já que estava mais lenta em função da idade. Onde a melhor parte? Onde o tempo para curtir a família?
Ela, no domingo, fazia questão de elaborar os mais variados pratos para o marido e os dois filhos. Certa vez, seu marido confidenciou a meu pai: - Eu admiro tanto aquelas famílias que, no domingo, almoçam fora para aproveitar melhor o dia! Ou, então, comem algo bem trivial e vão passear com os filhos. Aqui em casa é esse festival de comida, é minha esposa presa o dia inteiro na cozinha, se acabando para agradar a família. Agradaria muito mais se fizesse apenas um macarrão e depois saísse para dar uma volta comigo e com as crianças. Ou então, se concordasse em almoçar fora de vez em quando.
Certa feita, no aniversário da mãe, os irmãos de Dona Lourdes falaram em encomendar o bolo. Família grande, com muitos irmãos, filhos e primos, requer um bolo grande. Ela insistiu em fazê-lo, pois era uma data marcante. Os irmãos, então, deixaram o bolo por conta dela. Na hora da festa, chega ela com um bolo enorme na mão e com a fisionomia totalmente desfeita. Morta de cansada. Um dos irmãos, então, alegou que se tivessem encomendado o bolo, ela estaria descansada para a festa, aproveitaria melhor o evento. Mas não. Estava exausta, não curtiria a festa como os demais. Por que agia assim? Atavismo, como já abordado em outro capítulo?
Lidei com jovens espíritas durante muitos anos e ouvi de um deles uma história interessante. Ele, que gostava de escrever, estava no início do curso de letras. Volta e meia, trazia um texto para eu ou alguém do centro espírita ler. Durante um desentendimento doméstico com a mãe, ela disse, magoada, que ele nunca lhe mostrara um texto de sua autoria. Só para o pessoal do centro. Foi então que ele percebeu que agia assim, não de forma proposital, mas porque estava acostumado a ver a mãe sempre preocupada com o almoço, o tapete, o banheiro... Toda vez que ele começava a comentar sobre um texto seu, ela o interrompia com frases do tipo “Pega a farinha para mim?”“Fecha a janela da sala?”, “Desliga a máquina de lavar?”, “Está bom de feijão ou quer mais?”. Ele, sem se dar conta, passara a ver a mãe como a serviçal sempre às voltas com assuntos domésticos. Jamais passou por sua cabeça que a mãe poderia estar interessada em seus textos. A mãe não o acostumara a tratar desses assuntos com ela. Ele, então, encontrara acolhida no pessoal do centro espírita.
Marta, Marta! Você dá mais importância às panelas, às toalhas e aos lençóis do que ao marido e aos filhos! É esse o seu projeto de construção de um lar? Onde a melhor parte? Acorda, Marta!

BIBLIOGRAFIA:

1 -
  KANITZ, Stephen. Família em Primeiro Lugar. Revista Veja, nº 7, 20 de fevereiro de 2002, São Paulo, SP.
-----------------------------------------------------------------------------------
Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano8/373/marcelo_teixeira.html

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Obediência e resignação

Obediência e resignação


 A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antiguidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal.

Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos.
                                                                                                         - Lázaro. (Paris, 1863.)

Extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo  -  CAPÍTULO IX  -  BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO BRANDO E PACÍFICOS – item 8.

Pode ser lido também no endereço: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/principal.html

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Louvor do Natal

 
Louvor do Natal

Senhor Jesus!

Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.

Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura, em que lhes fulgia a vitória, alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.

Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.

Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.

Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.

Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.

Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime... Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os voos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.

No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem te dirigiste na via pública!

A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopeia chamam-se “O cego Bartimeu”, «o homem de mão mirrada», «o servo do centurião», «o mancebo rico», «a mulher cananeia», «o gago de Decápolis», «a sogra de Pedro», «Lázaro, o irmão de Marta e Maria»...

Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranquilidade e a alegria, como bênção de todos.

É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:
— Salve, Cristo! os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!... 


Do cap. 90 do livro Religião dos Espíritos, de Emmanuel, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: