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sábado, 28 de janeiro de 2017

A desencarnação de Allan Kardec

Especial
Ano 1 - N° 49 - 30 de Março de 2008

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO 
aoofilho@yahoo.com.br

Londrina, Paraná (Brasil)

 

A desencarnação de
Allan Kardec

Ocorrida há 139 anos, no dia 31 de março de 1869, a
desencarnação do Codificador do Espiritismo se deu
quando ele contava apenas 64 anos de idade

A jornalista Ana Blackwell, que traduziu para o inglês as principais obras de Kardec, assim descreveu o codificador:

"Kardec era de estatura média. Compleição forte, com uma cabeça grande, redonda, maciça, feições bem marcadas, olhos pardos, mais se assemelhando a um alemão do que a um francês. Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso e não imaginoso até a frieza, incrédulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico e eminentemente prático no pensamento e na ação, era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo...

"Grave, lento no olhar, modesto nas maneiras, embora  não   lhe  faltasse  uma  certa  dignidade,
resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintivos de seu caráter. Nem provocava nem evitava a discussão, mas nunca fazia voluntariamente observações sobre o assunto a que havia devotado toda a sua vida. Recebia com afabilidade os inúmeros visitantes de todas as partes do mundo que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo a perguntas e objeções, explanando as dificuldades e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta, que nunca se lhe ouvia uma gargalhada..." (Do livro "História do Espiritismo", de Arthur Conan Doyle.)

Quem foi Kardec?
Nascido em Lyon, França, a 3 de outubro de 1804, Kardec recebeu na pia batismal o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail. No dia 6 de fevereiro de 1832, casou-se com Amélie Gabrielle Boudet (foto). Sua desencarnação ocorreu em Paris em 31 de março de 1869, quando contava 64 anos e meio.
Filho de tradicional família francesa que se destacara na magistratura, Kardec nasceu em ambiente católico, mas
foi educado no protestantismo. Aluno e depois discípulo de Pestalozzi, foi uma pessoa devotada à educação e um entusiasta do sistema de ensino criado por seu mestre, que exerceu grande influência na França e na Alemanha. Falava fluentemente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol, assim como o holandês. Tradutor das obras de Fénelon para o alemão, verteu também para o francês diversas obras inglesas e alemãs, mas foi no magistério que estava a sua indiscutível vocação.

No período de 1835 a 1840, organizou em sua casa em Paris cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia comparada, que eram muito freqüentados. Aos 27 anos, em 1831, foi premiado em concurso pela apresentação de um trabalho intitulado: "Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época?" Nessa mesma época, ele preparava todos os cursos de Levy-Alvares, freqüentados por discípulos de ambos os sexos do "fauborg" Saint-Germain.
Voltado para a educação, escreveu inúmeras obras didáticas no período de 1824 a 1849, tais como: "Curso prático e teórico de Aritmética", segundo o método de Pestalozzi, para uso das mães e dos profes­sores (ele contava então 20 anos de idade); "Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública" (aos 24 anos); "Gramática Francesa Clássica" (aos 27 anos); "Manual dos exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções racionais das questões e problemas de Aritmética e Geometria" (aos 42 anos); "Catecismo gramatical da língua francesa" (aos 44 anos); "Ditados normais dos exames na municipalidade e na Sorbonne"  e "Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas" (aos 45 anos). Nessa época (1849), Kardec lecionava no Liceu Polimático de Paris, regendo as cadeiras de fisiologia, astronomia, física e química.
Uma carta consoladora
O primeiro contato do professor com os fenômenos espíritas se deu em maio de 1855. Ele já era, então, aos 50 anos de idade, um indivíduo maduro e experimentado, além de talhado para a tarefa de codificação da Doutrina, cujo fato inicial marcante foi a publicação em 18 de abril de 1857 da conhecida obra que ele intitulou O Livro dos Espíritos. A ela seguiram-se outras obras, as palestras, as reuniões, a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e as edições mensais da Revista Espírita.
O resultado do seu trabalho como codificador do Espiritismo é algo difícil de avaliar. Eis, no entanto, uma pequena amostra dele no relato que se segue.
Numa manhã muito fria de abril de 1860, Kardec estava triste e só, em seu escritório. Idéias de desânimo perpassavam sua mente. Escasseavam os recursos financeiros. Críticas ferinas, até de companheiros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ele vinha recebendo de todos os lados. Bem que os espíritos o haviam alertado!
De repente, Amélie penetra o recinto e lhe entrega um pacote que alguém havia remetido. Kardec o abre e vê que dentro dele havia uma carta e um outro pacote fechado. O codificador abre a carta e lê:
"Sr. Allan Kardec.
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de 2 anos, casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoniete partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia. Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam..."
O missivista relatou então que passou a acalentar a idéia do suicídio, jogando-se no Sena, projeto que pôs em execução em determinada madrugada, quando o desespero lhe tomou por completo a alma. Buscou a ponte Marie e, no momento em que colocou a mão sobre o parapeito da ponte, um objeto caiu-lhe aos pés: era um livro. Ele procurou a luz de um poste próximo, achou estranho o título do livro e viu que na sua primeira página havia uma nota: ESTA OBRA SALVOU-ME A VIDA. LEIA-A COM ATENÇÃO E TENHA BOM PROVEITO. - A. Laurent.
"Li aquele livro com redobrada atenção: era O Livro dos Espíritos, que encadernei e lhe envio, anexo, como um presente."
Kardec desembrulhou o pacote anexo à carta e viu ali o livro a que se referia o missivista, luxuosamente encadernado, com o nome do autor e o título gravados a ouro. O codificador, ao abri-lo, encontra a citação de A. Laurent, mencionada na carta, e debaixo dela, uma outra inscrição: SALVOU-ME TAMBÉM. DEUS ABENÇOE AS ALMAS QUE COOPERARAM EM SUA PUBLICAÇÃO. - Joseph Perrier.
Kardec respirou a longos haustos e, antes de retomar o serviço, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima." (Hilário Silva, cap. 52 d' "O Espírito da Verdade", FEB.)
O reconhecimento de sua obra: Emmanuel fala
sobre Kardec
Após 150 anos desde o lançamento d’ O Livro dos Espíritos, Kardec é hoje conhecido e respeitado mundialmente pelos espiritistas. A reverência à sua obra, vencedora no tempo, está expressa nas seguintes palavras de Emmanuel, a mesma entidade que recomendara a Chico Xavier comparar os seus escritos com o Evangelho de Jesus e Kardec, antes de torná-los públicos:
"Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais o que expomos:
o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;
o cárcere das interpretações literais;
o espírito de seita;
a intransigência delituosa;
a obsessão sem remédio;
o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;
o cativeiro aos rituais;
a dependência quase absoluta dos templos de pedra para a tarefa da edificação íntima;
a preocupação da hegemonia religiosa;
a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;
o pavor da morte, por suposto fim da vida.
Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:
a libertação das consciências;
a luz para o caminho espiritual;
a dignificação do serviço ao próximo;
o discernimento;
o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;
o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;
a certeza da vida após a morte;
o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;
a seara da esperança;
o clima da verdadeira compreensão humana;
o lar da fraternidade entre todas as criaturas;
a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das "moradas" nos domínios do Universo.
Jesus - o amor. Kardec - o raciocínio.
Jesus - o Mestre. Kardec - o apóstolo.
Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio espírito, em louvor da Vida Maior.” (Mensagem psicografada por Chico Xavier em 24/1/1969.)
O retorno à pátria espiritual
"Ele morreu esta manhã, entre 11 e 12 horas, subitamente, ao entregar um número da "Revista Espírita" a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto.
Sozinho em sua casa (rua de Sant'Anna), Kardec punha em ordem seus livros e papéis para a mudança que se vinha processando e que deveria terminar amanhã. Seu empregado, aos gritos da criada e do caixeiro, acorreu ao local, ergueu-o.. nada, nada mais. Delanne acudiu com toda presteza, friccionou-o, magnetizou-o, mas em vão. Tudo estava acabado.
Venho de vê-lo. Penetrando a casa, com móveis e utensílios diversos atravancando a entrada, pude ver, pela porta aberta da grande sala de sessões, a desordem que acompanha os preparativos para uma mudança de domicílio; introduzido numa pequena sala de visitas, que conheceis bem, com seu tapete encarnado, e seus móveis antigos, encontrei a sra. Kardec assentada no canapé (espécie de sofá com costas e braços), de face para a lareira; ao seu lado, o sr. Delanne; diante deles, sobre dois colchões colocados no chão, junto à porta da pequena sala de jantar, jazia o corpo, restos inanimados daquele que todos amamos. Sua cabeça, envolta em parte por um lenço branco atado sob o queixo, deixava ver toda a face, que parecia repousar docemente e experimentar a suave e serena satisfação do dever cumprido.
Nada de tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fosse a parada de respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo.
Cobria-lhe o corpo uma coberta de lã branca, que, junto aos ombros dele, deixava perceber a gola do "robe de chambre", a roupa que ele vestia quando fora fulminado; a seus pés, como que abandonadas, suas chinelas e meias pareciam possuir ainda o calor do corpo dele.
Tudo isto era triste e, entretanto, um sentimento de doce quietude penetrava-nos a alma; tudo na casa era desordem, caos, morte, mas tudo aí parecia calmo, risonho e doce e, diante daqueles restos, forçosamente meditamos no futuro." (Trecho da carta escrita por E. Muller ao sr. Finet, em 31/3/1869, logo após o falecimento de Kardec.)
Conta-se que logo após a sua desencarnação, quando o corpo ainda não havia baixado ao Cemitério de Montmartre (a trasladação dos despojos para o dólmen do Pére-Lachaise ocorreu um ano depois), uma multidão de Espíritos veio saudar o mestre no limiar do sepulcro. Eram antigos homens do povo, seres infelizes que ele havia consolado e redimido com as suas ações prestigiosas e, quando se entregavam às mais santas expansões afetivas, uma lâmpada maravilhosa caiu do céu sobre a grande assembléia dos humildes, iluminando-a com uma luz que, por sua vez, era formada de expressões do seu "Evangelho segundo o Espiritismo", ao mesmo tempo que uma voz poderosa e suave dizia do Infinito:
"Kardec, regozija-te com a tua obra! A luz que acendeste com os teus sacrifícios na estrada escura das descrenças humanas vem felicitar-te nos pórticos misteriosos da Imortalidade... O mel suave da esperança e da fé que derramaste nos corações sofredores da Terra, reconduzindo-os para a confiança na minha misericórdia, hoje se entorna em tua própria alma, fortificando-te para a claridade maravilhosa do futuro.
"No Céu estão guardados todos os prantos que choraste e todos os sacrifícios que empreendeste... Alegra-te no Senhor, pois teus labores não ficaram perdidos. Tua palavra será uma bênção para os infelizes e desafortunados do mundo, e ao influxo de tuas obras a Terra conhecerá o Evangelho no seu novo dia!..." (Trecho do cap. 21 do livro "Crônicas de Além-Túmulo", por Humberto de Campos, por meio de Chico Xavier.)

Conta-se, ainda, que grandes legiões de Espíritos entoaram na imensidade um hino de hosanas ao homem que organizara as primícias do Consolador para o planeta terreno e que, escoltado pelas multidões de seres agradecidos e felizes, foi o mestre, em demanda das esferas luminosas, receber a nova palavra de Jesus. 

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Matéria extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/49/especial.html 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Cuidados


Cuidados

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã, cuidará de si mesmo”. - Jesus. (Mateus, 6:34.)
Os preguiçosos de todos os tempos nunca perderam o ensejo de interpretar falsamente as afirmativas evangélicas.
A recomendação de Jesus, referente à inquietude, é daquelas que mais se prestaram aos argumentos dos discutidores ociosos.
Depois de reportar-se o Cristo aos lírios do campo, não foram poucos os que reconheceram a si mesmos na condição de flores, quando não passam, ainda, de plantas espinhosas.
Decididamente, o lírio não fia, nem tece, consoante o ensinamento do Senhor, mas cumpre a vontade de Deus. Não solicita a admiração alheia, floresce no jardim ou na terra inculta, dá seu perfume ao vento que passa, enfeita a alegria ou conforta a tristeza, é útil à doença e à saúde, não se revolta quando fenece o brilho que lhe é próprio ou quando mãos egoístas o separam do berço em que nasceu.
Aceitaria o homem inerte o padrão do lírio, em relação à existência na comunidade?
Recomendou Jesus não guarde a alma qualquer ânsia nociva, relativamente à comida, ao vestuário ou às questões acessórias do campo material; asseverou que o dia, constituindo a resultante de leis gerais do Universo, atenderia a si próprio.
Para o discípulo fiel, agasalhar-se e alimentar-se são verbos de fácil conjugação e o dia representa oportunidade sublime de colaboração na obra do bem. Mas basear-se nessas realidades simples para afirmar que o homem deva marchar, sem cuidado consigo, seria menoscabar o esforço do Cristo, convertendo-lhe a plataforma salvadora em campanha de irresponsabilidade.
O homem não pode nutrir a pretensão de retificar o mundo ou os seus semelhantes de um dia para outro, atormentando-se em aflições descabidas, mas deve ter cuidado de si, melhorando-se, educando-se e iluminando-se, sempre mais.
Realmente, a ave canta, feliz, mas edifica a própria casa.
A flor adorna-se, tranquila; entretanto, obedece aos desígnios do Eterno.
O homem deve viver confiante, sempre atento, todavia, em engrandecer-se na sabedoria e no amor para a obra divina da perfeição.



Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 152. Obra publicada em 1951.

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Reflexão: Desde a antiguidade,  a partir de Sócrates, depois Jesus, e modernamente o advento da Doutrina Espírita, o homem percebia a verdade possível nas tradições, depois nos Evangelhos do Mestre Galileu, agora nos chega a orientação da Espiritualidade Superior para o encaminhamento à melhoria dos povos destes tempos.

Os tempos modernos apresentam conforto e facilidades materiais, conquanto desconfortos e dificuldades morais e espirituais.  Porquê? Há confusão no entendimento da vida, ainda não se compreende a existência da reencarnação, quer dizer, estar novamente investido de um corpo de carne para se viver uma nova experiência no Mundo material. 

Esse entendimento facilita a compreensão de que se vive vida material, num corpo de carne, ao mesmo tempo se vive uma vida espiritual, sendo que uma interfere na outra, considerando que sempre é a vida do Espírito que permanece quando o corpo perde sua vitalidade por infinitas circunstâncias e morre. 

O conforto e as facilidades permitidas pelas tecnologias são motivações para a geração pelo ser humano de uma ilusão de estar bem, porque suas necessidades materiais estão bem atendidas, apresentando um estado de felicidade ilusório. Produzindo necessidades acessórias e desnecessárias, muitas vezes fantasiosas, perdendo-se tempo e energia preciosos para a economia da vida.

O trânsito do espírito humano pela experiência da reencarnação é algo extraordinário para a evolução do Espírito, se souber aproveitar o tempo que a vida do corpo permite. 

A realidade é que todos os momentos da vida na Terra precisam ser entendidos como uma produção de melhoria da condição espiritual, o que, possivelmente, não se obterá no usufruto permanente de confortos materiais, mesmo que conquistados pelos meios lícitos. É justo que se utilize dos confortos conquistados, mas que não seja isto o objetivo principal da vida, pois, assim, causa um amolentamento da vontade para superar os obstáculos que são imprescindíveis ao melhoramento da vida espiritual.

É bom que façamos reflexões sobre a vida que levamos, se estamos alimentando ilusão, se estamos nos apresentando com valores que ainda não conquistamos, isto é fingimento, é ilusão, desaparecerá no primeiro teste de veracidade, restando a frustração. 

A morte do corpo, o deixar a carne, a desencarnação, não livrará ninguém da verdade, porque descortinará a consciência, mostrando a verdadeira posição do indivíduo diante da vida. 

Como aponta a mensagem inicial: "Depois de reportar-se o Cristo aos lírios do campo, não foram poucos os que reconheceram a si mesmos na condição de flores, quando não passam, ainda, de plantas espinhosas".

É hora de despertar!

                                                          Dorival da Silva

  



sexta-feira, 9 de maio de 2014

Manifestações de familiares (Chico Xavier)



Manifestações de familiares
(Chico Xavier)

As nossas tarefas da noite foram precedidas de solicitações e alegações de vários amigos visitantes que desejavam obter mensagens de familiares queridos, recentemente desencarnados – diversas famílias a pedirem manifestações de ordem particular.

Feita a oração de início, O Livro dos Espíritos nos deu para estudo a questão 155, que suscitou em nosso agrupamento muitos comentários sobre o fenômeno da desencarnação e sobre as dificuldades naturais do intercâmbio entre os Espíritos recém desenfaixados do campo físico e os irmãos que ficaram em nosso plano de ação.

Ao termino das tarefas doutrinarias, Emmanuel ofereceu a nossa reflexão a página “Ante o mais Além”.

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Ante o mais Além
(Emmanuel)

Anseias pela manifestação dos entes amados que te antecederam na grande viagem da desencarnação.

Pondera, entretanto, relativamente a presença deles no plano físico, onde te encontras ainda, e remonta os cuidados que te recebiam nos instantes de luta e sofrimento: medicação para a enfermidade e entendimento nas horas de crise.

Aqueles que se afiguram mortos estão vivos. E todos os teus pensamentos, com respeito a eles, alcançam-lhes o espírito com endereço exato.

* * *
Imagina uma pessoa em desequilíbrio emocional que gritasse em lágrimas ao telefone, rogando consolo e coragem ao ente amado na outra ponta do fio, hospitalizado para tratamento de reajuste, a exigir bastas vezes socorro mais intensivo.

Decerto que os responsáveis pelo doente, de um lado, e pelo outro, o enfermo, a distância, tudo fariam para adiar o encontro solicitado, considerando que aflição mais aflição somariam apenas desespero maior.

* * *
Diante dos seres queridos domiciliados no Mais Além, reflete, acima de tudo, na infinita bondade de Deus, que nos empresta as afeições uns dos outros por tempo determinado, a fim de aprendermos, através de comunhões e separações temporárias, a entesourar o amor indestrutível que nos reunirá, um dia, na felicidade sem adeus.

E enquanto perdure a distância, do ponto de vista físico, cultiva a saudade nas leiras do serviço ao próximo, qual se estivesses amparando e auxiliando a eles mesmos, tanto quanto efetuando em lugar deles tudo quanto desejariam fazer. Assim construirás, gradativamente, a ponte de intercambio pela qual virão ter espontaneamente contigo, de modo a compreenderes que berço e túmulo, existência e morte, são caminhos da evolução para a vida imortal.

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Telefone mediúnico
(J. Herculano Pires)

Uns não acreditam nas comunicações dos Espíritos, outros acreditam demais e querem obtê-las com a facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem tanto a terra! Se as comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são fáceis, que dizer das que se processam entre os espíritos e os homens?

Muita gente procura o médium como se ele fosse uma espécie de cabina telefônica. Mas nem sempre o circuito está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode atender.

Não há dúvida que estamos na época profetizada por Joel, em que as manifestações se intensificam por toda parte. Nem todos os Espíritos, porém, estão em condições de comunicar-se com facilidade. Além disso, a manifestação solicitada pode ser inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o encarnado.

A morte é um fenômeno psicobiológico que ocorre de várias maneiras de acordo com as condições ideoemotivas de cada caso, envolvendo o que parte e os que ficam. A questão 155 de O Livro dos Espíritos explica de maneira clara a complexidade do processo de desencarnação. Alguns espíritos se libertam rapidamente do corpo, outros demoram a fazê-lo e isso retarda a sua possibilidade de comunicar-se.

Devemos lembrar ainda que os espíritos são criaturas livres e conscientes. Não estão ao sabor dos nossos caprichos e nenhum médium ou diretor de sessões tem o poder de fazê-los atender aos nossos chamados. Quando querem manifestar-se, eles o fazem espontaneamente, e não raro de maneira inesperada. Enganam-se os que pensam que podem dominá-los. Já ensinava Jesus, como vemos nos Evangelhos: o espírito sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.

É natural que os familiares aflitos procurem obter a comunicação de um ente querido. Mas convém que se lembrem da necessidade de respeitar as leis que regem as condições do Espírito na vida e na morte. O intercâmbio mediúnico é um ato de amor que só deve realizar-se quando conveniente para os dois lados. O Espiritismo nos ensina a respeitar a morte como respeitamos a vida, confiando nos desígnios de Deus. Só a misericórdia divina pode regular o diálogo entre os vivos da Terra e os vivos do Além. Façamos nossas preces em favor dos que partiram e esperemos em Deus a graça do reencontro que só Ele nos pode conceder.

Muitos religiosos condenam as comunicações mediúnicas, alegando que elas violam o mistério da morte e perturbam o repouso dos mortos. Esquecem-se de que os próprios Espíritos de pessoas falecidas procuram comunicar-se com os vivos. Foi dessa procura de comunicação dos mortos, tão insistente no mundo inteiro, que se iniciaram de maneira natural as relações mediúnicas entre o mundo visível e o invisível. O conceito errôneo da morte, como aniquilamento ou transformação total da criatura humana, gera e sustenta essas formas de superstição. O Espiritismo, revivendo os fundamentos esquecidos do Cristianismo puro, mostra-nos que a comunicação mediúnica é lei da vida a nos libertar de erros e temores supersticiosos do passado.


O conteúdo acima foi extraído do livro Diálogo dos Vivos, capítulo 2.

Incluímos integralmente as questões 155 e 155-a de O Livro dos Espíritos, em virtude da referência feita no início do estudo do tema em análise.

155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
“Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”

155-a - A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?

“Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.”


Complementação de Allan Kardec, como segue:

Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns, suicidas.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Glória da Imortalidade


Glória da Imortalidade


Medita a respeito da transitoriedade do carro orgânico, das suas contínuas transformações, do seu desgaste, à medida que nele te movimentas e serás induzido a pensar no que irá ocorrer após o fenômeno biológico da sua morte ou desestruturação molecular.

Vives em um mundo onde ocorrem contínuas alterações das formas e dos conteúdos, que se modificam incessantemente, as mais grosseiras dando lugar a outras mais sutis, num continuum sem fim.

Ao verdor exuberante do início sucedem-se as fases em que as alterações se apresentam inevitáveis, seguindo no rumo da consumpção do aspecto externo para dar lugar a outras vibrantes expressões.

Por mais se arrastem as horas de sofrimento, sucedem-se os dias de ufanismo e de alegria, outros de reflexão e de pausa, obedecendo à lei inexorável das transformações a que tudo se submete.

Assim é a vida física: enganosa na aparência, rápida nas alterações profundas.

Desse modo, um instante chega para tudo e todos em que o fluxo vital se interrompe e o casulo orgânico se desconecta, vitimado pelo fenômeno da morte, igualmente parte da Vida.

Nascer, viver, morrer são termos da mesma equação biológica e prosseguir vivendo é a fatalidade da Criação.

Por mais se recalcitrem ou se ignorem as incessantes alterações biológicas, elas prosseguem ocorrendo automaticamente, porquanto a vida é parceira da morte e esta é pórtico de entrada na Vida.

A trajetória existencial não poderia ser de outra forma, tendo-se em vista a indestrutibilidade do ser, que necessita experienciar diversas aprendizagens até alcançar o objetivo para o qual foi gerado - a glória da Imortalidade!

Lamentavelmente foram criados tabus e superstições em tomo da sua realidade extracorpórea, tombando-se em fantasias injustificáveis, em vãs tentativas de negar-se a sobrevivência ou envolvê-la em mistérios absurdos.

Fosse analisada com a mesma naturalidade com que se consideram os fenômenos orgânicos, e mais fácil seria a aceitação da morte, não como fim, mas como etapa de transferência de uma para outra expressão de comportamento.

Mais apegadas às sensações do que às emoções, as criaturas humanas desejariam que o carro material não cessasse o seu curso, sem dar-se conta da perversidade de tal conduta. Como seriam insuportáveis as dores e os processos degenerativos que tomam conta da matéria, não fossem interrompidos pela morte libertadora! Quanto desesperadores se apresentariam as aflições morais e os desencantos emocionais, caso não houvesse o abrandamento da angústia mediante o processo da desencarnação!

A morte, desse modo, ao invés de ser a destruidora da alegria e do afeto, é o anjo amigo que interrompe os fenômenos circunstanciais e transfere o ser para a realidade onde tudo tem solução, onde a vida tem início e prossegue.

Assim sendo, passa a considerar a morte, antes detestável, como sendo a tecelã da felicidade, que contribui para o ajustamento das ocorrências no contexto da Imortalidade.

Não houvesse a morte, impossível seria a ressurreição. À noite, pois, da saudade, apresenta-se o dia do reencontro feliz.


*   *   *

Sem qualquer dúvida, o corpo de que te utilizas irá morrer. Não és a indumentária que se corrompe, mas o Espírito que comanda a argamassa celular.

Da mesma maneira como surgiste no mundo físico, dele te apartarás, pelo impositivo da transformação carnal.

Antes de embarcares no veículo orgânico vivias independente dele e assim prosseguirás depois da sua consumpção molecular.

A vida é mais poderosa do que a morte, superando-a de forma eloquente e ditosa.

Ciente dessa realidade, vive de tal maneira que, em chegando o momento de abandonares o corpo, possas fazê-lo com tranquilidade e alegria, sem apegos ou lamentações, destituído de saudades ou de ressentimentos.

O indivíduo são as suas aquisições morais ao largo do processo orgânico. Sucedendo-se, uma etapa a outra, em cada fase adquire experiências que o enriquecem, facultando-lhe novas conquistas que incorpora em forma de bênção.

Mesmo as dores e os desconfortos morais constituem preciosos contributos que o auxiliam na seleção de valores para a sua própria felicidade.

Não fossem essas ocorrências e os significados da paz, da alegria de viver, da plenitude, ficariam destituídos de sentido, em fase do desconhecimento da aflição, das perdas, das angústias, das dores em geral...

Enquanto estejas reencarnado, trabalha com afinco as tuas aspirações e amplia-lhes o campo, selecionando aquelas que são de significado profundo e duradouro em relação às outras superficiais e sem sentido iluminativo.

Avança, desalgemando-te do passado, mas sem ansiedade pelo futuro, permitindo que cada ocorrência tenha lugar na circunstância e no momento próprios.

A precipitação roubar-te-á o prazer de cada conquista e a insegurança tomar­-te-á a alegria de cada abençoada emoção.

Assim, utiliza-te de todo instante para melhorar-te, aprimorando os teus sentimentos e desenvolvendo a capacidade de entendimento e de realização intelecto-moral, que te concederão a palma da vitória sobre os vícios e as paixões perniciosas.

Não postergues o bem que possas fazer nem os deveres que aguardam realização, porquanto poderás ser surpreendido pelo fenômeno da desencarnação, deixando, na retaguarda, atividades interrompidas que irão perturbar-te.

O teu dia ideal é hoje, enquanto luz a oportunidade de crescimento interior. Vive-o intensamente, e verificarás que o seu curso nunca se interrompe, continuando atual e vibrante.

Com essa atitude enfrentarás a morte inevitável com plena consciência da sobrevivência e rico de alegria por haver-te preparado para a viagem de retomo ao Grande Lar.

*   *   *

Se, por acaso, estás ferido pela saudade que decorre da ausência física de alguém amado, que a morte arrebatou, enxuga o pranto do coração e sorri feliz ante a expectativa do reencontro que ocorrerá, após a tua viagem de volta.

Em sua homenagem, ama e serve, evocando-o com a ternura e o reconhecimento pelos instantes felizes que ao seu lado viveste.

Não lamentes a perda, porque, vivo, onde se encontre tem conhecimento daquilo que ocorre contigo e poderá visitar-te, comungar das tuas emoções, dialogar pelo pensamento e reencontrar-te na esfera dos sonhos, nos teus momentos de parcial desprendimento pelo repouso físico.

Honra-lhe a memória através de ações dignificantes em seu louvor e por meio de vibrações de afeto que lhe dirigirás.

A morte não possui o poder de romper as afeições nem os ódios.

Desse modo, não guardes mágoas, não te tornes inimigo de ninguém, mesmo que haja quem se te faça adversário.

Vibra, portanto, no amor, e o amor vibrará contigo em harmonia cósmica, na glória da Imortalidade.

 

Joanna de Ângelis.
Psicografia do  médium Divaldo Pereira Franco, na manhã de
06 de agosto de 2005, na cidade do Rio de Janeiro, RJ.
Em 03.01.2011

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