Mostrando postagens com marcador carne. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador carne. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Família! Honestidade!

 

Família! Honestidade!

      De longa data se estuda que a família é a célula “mater” da sociedade. A experiência do tempo transcorrido parece confirmar que isto é uma verdade. Uma constatação.

       Se fala muito em sociedade, organização social, desenvolvimento organizacional e político, seguimentos culturais vários, setores acadêmicos de múltiplas extensões de saberes, o conhecimento tecnológico que se encontra em todos os setores produtivos e científicos, tanto quanto de lazer e entretenimento.

       Conquanto tantas coisas que favorecem a vida das pessoas, agilizam resoluções e mostram qualidades em situações sem número; a saúde para os que tem meios, ou estão em áreas de melhores recursos é atendida com louvor.  No entanto, não podemos excluir os excluídos, que dependem de favores oficiais, ou da generosidade popular, através de organizações voluntárias, que atendem àqueles sem voz, que por muito tempo não se sabia da existência ou não se pretendia enxergá-los, surgiram por acaso na pandemia.

       A questão da família organizada, que começa com um jovem e uma jovem, que naturalmente em razão da perpetuação da espécie, então de uma necessidade antropológica, depois da necessidade emocional, e a expectativa normal de uma prole, vem os filhos. Da mesma forma que os pais repassam aos filhos uma carga genética na construção de suas formas, passarão carga de valores morais, conforme a educação que tiveram, ou serão omissos.

       Como as gerações sucedem outras gerações, e essas são compostas de famílias, assim, terão a apresentar o traço da educação das gerações anteriores, embora muitos avanços evolutivos, uma coisa torna-se sustentáculo facilmente perceptível: a honestidade. Honestidade em todas as ações, todos os comportamentos, todas as relações.

       “Não desejar ao próximo o que não pretende para si”, em outras palavras, Jesus lecionou porque é relevante para a Humanidade, de todos os tempos, e isso não é possível se não nascer da família e irradiar pelos descendentes, depois como o Sol permanecer em todas as sociedades. Enseja nesse particular, para se ser honesto em todas as circunstâncias da vida, uma educação abrangente, quando as virtudes não poderão deixar de se manifestar, caso isso não ocorra seria desmentir a honestidade de aparência.

       Sem uma formação familiar como a colocada acima, que parece uma utopia, não haverá sociedade justa, pois, que a desonestidade tida, às vezes, como virtude dilacera o tecido social deslocando contingente enorme de seres humanos a segundo plano, ou a um plano invisível, como massa amorfa, que não tem necessidades, não tem dores e não tem fome. É a desonestidade de muitos “honestos”, que sonegam e ajuntam soberbamente sem proveito para a sociedade, sem se preocupar com as dificuldades alheias. 

       Quem está cheio de recursos financeiros e outros quer segurança para a sua riqueza e aos seus familiares, ‘ledo engano’! Como ter segurança se se é devedor daqueles que nada ou quase nada têm; seria absurdo considerar que numa hora ou numa determinada ocasião não virão requisitar o que lhes pertencem, que por vias que desconhecem lhes foram negadas, gerando a dor, a miséria e a insuficiência?

       Todos os desastres sociais existentes podem ser resolvidos a partir da família constituída e com seus componentes educados, primando pelo respeito ao próximo, com verdade, longe da hipocrisia disseminada nas sociedades atuais. Veja-se como exemplo o que é corriqueiro nas muitas cidades onde existem conjuntos de famílias portentosas de recursos que residem em condomínios extraordinários, ilhados por milhares de casas e casebres pobres em ambiente sem estrutura, sendo entre muros abundância, conforto, facilidades e nos arredores destes a escassez, a dor, a dificuldade de toda ordem.

       Das famílias surgem para a sociedade os trabalhadores da construção, do comércio, da indústria, das universidades, os gestores públicos, os legisladores, as autoridades do judiciário, os artistas, todos os trabalhadores da saúde e tudo o mais que se possa constatar na condução das necessidades sociais, assim, o resultado da sociedade é a mescla da educação das famílias, refletida no indivíduo. Direta ou indiretamente todos recebem os efeitos dessa educação.

       As ações públicas são as que mais demonstram os efeitos de origem familiar, a maleabilidade de trato ou a rudeza, a sinceridade ou devaneios, a certeza ou a desconfiança, o desejo firme de servir ou o propósito falso para enganar.

       O comportamento pessoal precisa ser de liberdade, sendo o quê, de forma alguma, poderá ser confundido com a libertinagem, faz-se o se quer, é absurdo, pois, a liberdade não poderá ultrapassar o limite do bom senso, do equilíbrio, do respeito ao próximo.  Além dos valores morais, que não precisam estar escritos, vez que estão na própria consciência individual, existem as leis civis que norteiam a sociedade nos seus diversos passos até que o discernimento próprio alcance nível tal que as legislações civis se tornem inservíveis, porque ninguém as infringem.

       Sem famílias bem constituídas não haverá sociedades equilibradas, sem bases sólidas não existirão edificações sustentáveis. A segurança individual e das coletividades está postada na própria essência da formação das células constitutivas, vidas pulsantes, que desenvolvem os seus valores nobres que apresentarão sempre resultados melhores que retornam à própria família espraiando nas gerações futuras. 

       Quando ao contrário, permanecem os efeitos da má educação, ou da ignorância, ou, ainda, da má-fé, tais como pústulas doentias que espocarão na massa, contaminando-a reincidentemente com   consequências danosas que lhe corresponderão aos efeitos. Esse futuro não há de se cogitar, por ser um caos que a ninguém serve e contraria a Lei de Evolução, em conta disso, o sofrimento se torna insuportável, levando o próprio ser humano buscar o seu reajuste –- mas, quanto tempo se demorará para tal acontecer? --, o que pode ser evitado.

       O ser humano, como toda a sociedade mundial sabe, é viajante da vida na organização social da Terra, com tempo limitado para residir, ou seja, enquanto a vida do corpo permitir, considerando um olhar meramente materialista.  Depois vem as concepções das mais variadas ou supostas de como se dará a ‘posteriori’ a esta existência ao que permanece do ser pensante, o que se denomina alma.

       Com a Doutrina Espírita muita luz foi trazida sobre o tema para a Humanidade, demonstrando a perpetuidade da vida do Ser Pensante, ou seja, do Espírito, que a vestimenta de carne é recurso de experiência e fenômeno evolutivo excelente, exarado pelas Leis da Vida, vinda do Grande Construtor de tudo, que se conhece pelo nome: Deus.

       Existe um termo que muito bem representa esse processo de evolução que é a Reencarnação, significa reentrar novamente na carne, ou seja, viver num estágio material, num corpo novo, embora, seja o mesmo Espírito que viveu em outros corpos, originários de outros pais e mães, porque a matéria vem da matéria e o Espírito já existia, criado uma única vez, “simples e ignorante”, e jamais deixará de ser um ser vivo no rumo da perfeição.

       Assim, constituir bem a família, com educação esmerada, reflete na sociedade os seus valores, que se aprimora, preparando sabiamente as gerações futuras, àquelas mesmas que receberão a partir das “terceiras e quartas gerações” os artífices das qualidades que irão encontrar num retorno futuro, que ninguém escapa, pois, o estado evolutivo existente demandará por bom tempo processo reencarnatório neste Planeta.

       Com isso, não é difícil deduzir que jamais se escapará de encontrar com o resultado de suas próprias obras, trata-se da Lei de Amor e Justiça Divina, imutável, que não deseja a extinção do pecador e sim a sua elevação, implementando esforços paga pelos erros, resgata as consequências destes para alcançar a sua regeneração e caminhar até a plenitude espiritual.

       A família é um encontro de viajores do tempo, na existência física, a consanguinidade, os laços ancestrais, as tradições; no campo espiritual, a união das afinidades ou, ainda, a aproximação dos desafetos de outros tempos, que exigem de todos a tolerância, a paciência e o exercício do amor, na busca da reversão do antagonismo para a amorosidade, a fraternidade.

       O grupo familial estruturado é celeiro de virtudes existenciais, a honestidade é a alavanca de sustentação; a Humanidade necessita se tornar uma família de dignidade, reflexo de suas células constituintes, formadas por partículas de verdadeiras qualidades intelectuais e morais. O todo é a soma das partes e representa os seus valores.

       Família! Família! Muito ainda se poderia dizer!

                            Dorival da Silva


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Levanta-te dentre os mortos

                     Levanta-te dentre os mortos 

A Doutrina Espírita nos permite uma releitura do Evangelho 

Rogério Coelho 

Deixa aos mortos o cuidado de sepultar os mortos.  Jesus¹ 


        Várias vezes, Jesus refere-Se a mortos que, equivocadamente, algumas pessoas pensam tratar-se de cadáveres. Na verdade, não é bem assim... Há que se buscar o verdadeiro significado dessa palavra para interpretarmos, corretamente, o pensamento de Jesus. 

 

Quando Ele manda: Ressuscitai os mortos²; ou quando afirma: Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá³; ou mesmo, Paulo, quando recomenda4: Levanta-te dentre os mortos, não estão, absolutamente, referindo-se a cadáveres, a desencarnados, a mortos segundo a carne; mas a mortos vivos na carne!... 


Vamos explicar melhor: existem mortos, dentro da cela estanque do egoísmo; mortos, sob a fiança do hedonismo; mortos, sob o guante de alienações; mortos, nos pântanos dos vícios e iniquidades; mortos, para as questões espirituais e encharcados pelos vapores tóxicos do materialismo, da vaidade e do orgulho... Dormem, assim, indefinidamente, muitas vezes, até mesmo após o decesso corporal. São companheiros nossos que malversam as suas existências, deixando escapar as oportunidades de ascensão e despertamento... 


De maneira geral, se assemelham a mortos preciosamente adornados. E alguns, quando acordam, continuam com os olhos pesados pelo sono ancestral, mantendo a alma na posição horizontal da ociosidade, apenas clamando: Senhor! Senhor!... 


Escreveu Paulo4Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os "mortos" e o Cristo te iluminará 


Emmauel conclama5Acordemos para a vida superior e levantemo-nos na execução das boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possamos ajudar os outros. 


A Doutrina Espírita permite que façamos, em espírito e verdade, uma releitura do Evangelho de Jesus, oferecendo-nos ricos subsídios, para oportunas orientações do nosso dia a dia. Estudemos Kardec, para melhor compreendermos Jesus e também para que possamos nos levantar dentre os mortos, seguindo na direção feliz dos cimos do conhecimento e do amor. 

 

Não sem motivos Jesus disse6Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos 


Referências: 

1. BÍBLIA, N. T. Mateus. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966, cap. 8, vers. 8. 

2. OP. Cit. Cap. 10, vers. 8. 

3. Op. Cit. João, cap. 11, vers. 25. 

4. Op. Cit. Efésios, cap. 5, vers. 14. 

5. XAVIER, Francisco Cândido, Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: FEB, 1985, cap. 66 

6. BÍBLIA, N. T. Lucas. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966, cap. 20, vers. 38. 


Artigo extraído do Jornal Mundo Espírita, Órgão de Divulgação da Federação Espírita do Paraná, novembro 2021, nº 1648, ano 89. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A Reflexão Mental

 

Nota:  Esta página foi extraída da obra Vozes do Grande Além, capítulo 10, de psicografia de Francisco Cândido Xavier. Conforme a nota informativa da abertura do livro, informa que as mensagens que formaram a referida obra se davam por diversos espíritos, espontaneamente, após as  reuniões mediúnicas de desobsessão, como relata o Sr. Arnaldo Rocha, em 30 de maio de 1957, em Pedro Leopoldo (MG).

 

Entendemos que para os que estudam as relações humanas e desejam compreender as relações entre encarnados e desencarnados e vice-versa, além das questões mediúnicas conscientes ou inconscientes, relativamente às influenciações, têm aqui um bom material para análise.

 

Boas reflexões.   

 

                                                                    Dorival da Silva

--------------------------------------------------------

 

 

 

A Reflexão Mental

 

Alberto Seabra

 

Na noite de 7 de julho de 1955, fomos surpreendidos por imenso reconforto, porquanto, pela primeira vez, recolhemos a palavra do Dr. Alberto Seabra, abnegado médico e distinto escritor espiritista, que nos falou com respeito ao mundo mental.

* * *

 

Quando os Instrutores da Sabedoria preconizam o estudo, não desejam que o aprendiz se intelectualize em excesso, para a volúpia de humilhar os semelhantes com as cintilações da inteligência, e, quando recomendam a meditação, decerto não nos inclinam à ociosidade ou ao êxtase inútil.

Referem-se à necessidade de nosso aprimoramento interior para mais vasta integração com a Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em tudo.

Nossa alma pode ser comparada a espelho vivo com qualidades de absorção e exteriorização.

Recolhe a força da vida em ondas de pensamento a se expressarem através de palavras e atitudes, exemplos e fatos.

Refletimos, assim, constantemente, uns nos outros.

É pelo reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os reinos mais simples da Natureza.

Vemo-lo nos animais que se acasalam, no mesmo tom de simpatia, tanto quanto nas almas que se reúnem na mesma faixa de entendimento.

Quando se consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos registrar o reflexo da mente superior da criatura humana sobre a mente fragmentária do ser inferior, que passa então a viver em regime de cativeiro espontâneo para servir ao dono e condutor, cuja projeção mental exerce sobre ele irresistível fascínio.

É desse modo que Espíritos encarnados podem influenciar entidades desencarnadas, e vice-versa, provocando obsessões e perturbações, tanto na esfera carnal como além-túmulo.

As almas que partem podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam podem retratar as que partem.

Quando pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no mundo, na viagem da morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o fogo de nossa tortura, conturbando-lhe o coração, toda vez que esse Espírito não for suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. E quando alguém se ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa conduta, arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos da lembrança infeliz que conserva a nosso respeito, prejudicando-nos o passo no mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação, criando imagens de harmonia restauradora.

Em razão disso, convém meditar nos ideais, aspirações, pessoas e coisas que refletimos, porque todos nos subordinamos, pelo reflexo mental, ao fenômeno da conexão.

Estamos inevitavelmente ligados a tudo o que nos merece amor.

Essa lei é inderrogável em todos os planos do Universo.

Os mundos no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase inabordável do corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os planetas e os corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e organogênicas irrevogáveis.

O Espírito consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o destino, tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.

A inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.

A reflexão mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para absorver em si a projeção do Pensamento Superior.

Tudo dependerá de nosso propósito e decisão.

Enquanto nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para com os princípios que nos governam, somos cercados sem defensiva por pensamentos de todos os tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e crimes, em quadros vivos que nos assaltam a imaginação ou em vozes inarticuladas que nos assomam à acústica do espírito, conduzindo-nos aos mais escuros ângulos da sugestão.

É por isso que notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando simultaneamente o bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a certeza e a negação, à maneira de folha volante na ventania.

Eduquemo-nos, estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.

Lembremo-nos de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida pode ser perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro enobrecedor.

A atitude mental é que faz a diferença.

Nosso pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.

Construamos em nós o equilíbrio e o discernimento.

Rendamos culto incessante à bondade e à compreensão.

Habitualmente contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e, por esse motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela parte dos outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.

Não bastam à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores incompletos.

Todos temos fome de plenitude.

O desejo é o imã da vida.

Desejando, sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e transmite o que recebe.

Aprendamos, pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em nossa ascensão para Deus.


(Mantida a página nas mesmas condições de sua publicação original, com regras ortográficas da época)