Família!
Honestidade!
De longa data se estuda que a família é a
célula “mater” da sociedade. A experiência do tempo transcorrido parece
confirmar que isto é uma verdade. Uma constatação.
Se fala muito em sociedade, organização social,
desenvolvimento organizacional e político, seguimentos culturais vários,
setores acadêmicos de múltiplas extensões de saberes, o conhecimento
tecnológico que se encontra em todos os setores produtivos e científicos, tanto
quanto de lazer e entretenimento.
Conquanto tantas coisas que favorecem a vida das pessoas,
agilizam resoluções e mostram qualidades em situações sem número; a saúde para
os que tem meios, ou estão em áreas de melhores recursos é atendida com
louvor. No entanto, não podemos excluir
os excluídos, que dependem de favores oficiais, ou da generosidade popular,
através de organizações voluntárias, que atendem àqueles sem voz, que por muito
tempo não se sabia da existência ou não se pretendia enxergá-los, surgiram por
acaso na pandemia.
A questão da família organizada, que começa com um jovem e uma
jovem, que naturalmente em razão da perpetuação da
espécie, então de uma necessidade antropológica, depois da necessidade
emocional, e a expectativa normal de uma prole, vem os filhos. Da mesma forma
que os pais repassam aos filhos uma carga genética na construção de suas
formas, passarão carga de valores morais, conforme a educação que tiveram, ou
serão omissos.
Como as gerações sucedem outras gerações, e essas são
compostas de famílias, assim, terão a apresentar o traço da educação das
gerações anteriores, embora muitos avanços evolutivos, uma coisa torna-se
sustentáculo facilmente perceptível: a honestidade. Honestidade em todas as
ações, todos os comportamentos, todas as relações.
“Não desejar ao próximo o que não pretende para si”, em
outras palavras, Jesus lecionou porque é relevante para a Humanidade, de todos
os tempos, e isso não é possível se não nascer da família e irradiar pelos
descendentes, depois como o Sol permanecer em todas as sociedades. Enseja nesse
particular, para se ser honesto em todas as circunstâncias da vida, uma
educação abrangente, quando as virtudes não poderão deixar de se manifestar,
caso isso não ocorra seria desmentir a honestidade de aparência.
Sem uma formação familiar como a colocada acima, que parece
uma utopia, não haverá sociedade justa, pois, que a desonestidade tida, às
vezes, como virtude dilacera o tecido social deslocando contingente enorme de
seres humanos a segundo plano, ou a um plano invisível, como massa amorfa, que
não tem necessidades, não tem dores e não tem fome. É a desonestidade de muitos “honestos”, que
sonegam e ajuntam soberbamente sem proveito para a sociedade, sem se preocupar
com as dificuldades alheias.
Quem está cheio de recursos financeiros e outros quer
segurança para a sua riqueza e aos seus familiares, ‘ledo engano’! Como ter
segurança se se é devedor daqueles que nada ou quase nada têm; seria absurdo
considerar que numa hora ou numa determinada ocasião não virão requisitar o que
lhes pertencem, que por vias que desconhecem lhes foram negadas, gerando a dor,
a miséria e a insuficiência?
Todos os desastres sociais existentes podem ser resolvidos a
partir da família constituída e com seus componentes educados, primando pelo
respeito ao próximo, com verdade, longe da hipocrisia disseminada nas
sociedades atuais. Veja-se como exemplo o que é corriqueiro nas muitas cidades
onde existem conjuntos de famílias portentosas de recursos que residem em
condomínios extraordinários, ilhados por milhares de casas e casebres pobres em
ambiente sem estrutura, sendo entre muros abundância, conforto, facilidades e
nos arredores destes a escassez, a dor, a dificuldade de toda ordem.
Das famílias surgem para a sociedade os trabalhadores da
construção, do comércio, da indústria, das universidades, os gestores públicos,
os legisladores, as autoridades do judiciário, os artistas, todos os
trabalhadores da saúde e tudo o mais que se possa constatar na condução das
necessidades sociais, assim, o resultado da sociedade é a mescla da educação
das famílias, refletida no indivíduo. Direta ou indiretamente todos recebem os
efeitos dessa educação.
As ações públicas são as que mais demonstram os efeitos de
origem familiar, a maleabilidade de trato ou a rudeza, a sinceridade ou
devaneios, a certeza ou a desconfiança, o desejo firme de servir ou o propósito
falso para enganar.
O comportamento pessoal precisa ser de liberdade, sendo o quê, de forma alguma, poderá ser confundido com a libertinagem,
faz-se o se quer, é absurdo, pois, a liberdade não poderá ultrapassar o limite
do bom senso, do equilíbrio, do respeito ao próximo. Além dos valores morais, que não precisam
estar escritos, vez que estão na própria consciência individual, existem as
leis civis que norteiam a sociedade nos seus diversos passos até que o
discernimento próprio alcance nível tal que as legislações civis se tornem
inservíveis, porque ninguém as infringem.
Sem famílias bem constituídas não haverá sociedades
equilibradas, sem bases sólidas não existirão edificações sustentáveis. A
segurança individual e das coletividades está postada na própria essência da
formação das células constitutivas, vidas pulsantes, que desenvolvem os seus
valores nobres que apresentarão sempre resultados melhores que retornam à
própria família espraiando nas gerações futuras.
Quando ao contrário, permanecem os efeitos da má educação, ou
da ignorância, ou, ainda, da má-fé, tais como pústulas doentias que espocarão
na massa, contaminando-a reincidentemente com consequências danosas que lhe corresponderão
aos efeitos. Esse futuro não há de se cogitar, por ser um caos que a ninguém
serve e contraria a Lei de Evolução, em conta disso, o sofrimento se torna
insuportável, levando o próprio ser humano buscar o seu reajuste –- mas, quanto
tempo se demorará para tal acontecer? --, o que pode ser evitado.
O ser humano, como toda a sociedade mundial sabe, é viajante
da vida na organização social da Terra, com tempo limitado para residir, ou
seja, enquanto a vida do corpo permitir, considerando um olhar meramente
materialista. Depois vem as concepções
das mais variadas ou supostas de como se dará a ‘posteriori’ a esta existência
ao que permanece do ser pensante, o que se denomina alma.
Com a Doutrina Espírita muita luz foi trazida sobre o tema
para a Humanidade, demonstrando a perpetuidade da vida do Ser Pensante, ou seja,
do Espírito, que a vestimenta de carne é recurso de experiência e fenômeno
evolutivo excelente, exarado pelas Leis da Vida, vinda do Grande Construtor de
tudo, que se conhece pelo nome: Deus.
Existe um termo que muito bem representa esse processo de
evolução que é a Reencarnação, significa reentrar novamente na carne, ou seja,
viver num estágio material, num corpo novo, embora, seja o mesmo Espírito que
viveu em outros corpos, originários de outros pais e mães, porque a matéria vem
da matéria e o Espírito já existia, criado uma única vez, “simples e
ignorante”, e jamais deixará de ser um ser vivo no rumo da perfeição.
Assim, constituir bem a família, com educação esmerada,
reflete na sociedade os seus valores, que se aprimora, preparando sabiamente as
gerações futuras, àquelas mesmas que receberão a partir das “terceiras e
quartas gerações” os artífices das qualidades que irão encontrar num
retorno futuro, que ninguém escapa, pois, o estado evolutivo existente
demandará por bom tempo processo reencarnatório neste Planeta.
Com isso, não é difícil deduzir que jamais se escapará de
encontrar com o resultado de suas próprias obras, trata-se da Lei de Amor e
Justiça Divina, imutável, que não deseja a extinção do pecador e sim a sua
elevação, implementando esforços paga pelos erros, resgata as consequências
destes para alcançar a sua regeneração e caminhar até a plenitude espiritual.
A família é um encontro de viajores do tempo, na existência
física, a consanguinidade, os laços ancestrais, as tradições; no campo
espiritual, a união das afinidades ou, ainda, a aproximação dos desafetos de
outros tempos, que exigem de todos a tolerância, a paciência e o exercício do
amor, na busca da reversão do antagonismo para a amorosidade, a fraternidade.
O grupo familial estruturado é celeiro de virtudes
existenciais, a honestidade é a alavanca de sustentação; a Humanidade necessita
se tornar uma família de dignidade, reflexo de suas células constituintes, formadas
por partículas de verdadeiras qualidades intelectuais e morais. O todo é a soma
das partes e representa os seus valores.
Família! Família! Muito ainda se poderia dizer!
Dorival da Silva