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sábado, 16 de outubro de 2021

MISSÃO DOS ESPÍRITAS

 

MISSÃO DOS ESPÍRITAS

Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas? Ah! Bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.

Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas!

Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!

Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.

Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.

Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.

Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nascente.

A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.

Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.

Pergunta – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?

Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição.

 – Erasto, anjo da guarda do médium (Paris, 1863).1

 

1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 13.

Imp. Brasília: FEB, 2019, cap. 20, it. 4. 

Nota: Página extraída do livro Orientação ao Centro Espírita, do Conselho Federativa Nacional, da Federação Espírita Brasileira.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Fraternidade!

 

Fraternidade!

       “Mas, infelizmente, meus amigos, não pudestes compreender ainda a grande significação da palavra -- Fraternidade!

        Não é um termo, é um fato; não é uma palavra vazia, é um sentimento, sem o qual vos achareis sempre fracos para essa luta que vós mesmos não podeis medir, tal a sua extraordinária grandeza! ”

        O registro em destaque foi extraído de uma mensagem psicografada em 1899, por Allan Kardec, com o título: Instruções aos Espíritas do Brasil, sendo que outras referências colheremos no texto; não é exagero considerar como carta direcionada pessoalmente a cada liderança espírita, de qualquer nível, tanto quanto a todos os espíritas conscientes de suas responsabilidades diante de si mesmos e do Movimento Espírita.

        Chama a nossa atenção a ênfase dada à “Fraternidade”, dizendo que “Não é um termo” e, sim, “que é um fato”.   Um fato é algo verdadeiro e definitivo.

        À época lamentava que não se tinha compreendido a “significação da palavra Fraternidade”, que não era “um termo” e nem “uma palavra vazia”, mas “um sentimento”.  Depois de mais de um século do recebimento desta mensagem e dos esforços do Mundo Espiritual e das lideranças de maior vulto no Movimento Espírita é lamentável que o sentimento de fraternidade ainda não faz morada no coração da maioria dos que se denominam espíritas. Sentimento é vivência, é consciência, é fazer parte – não como um elemento – mas como uma força resultante de aprimoramento moral e intelectual no bem, que se torna luz, que clareia e incentiva que outros também se encandeçam.  Onde essa luz-consciência chega o mal não faz morada.

                                               *  *  *

       “Ismael tem o seu Templo, e sobre ele a sua bandeira – Deus, Cristo e Caridade! Ismael tem a sua pequenina tenda, onde procura reunir todos os seus irmãos – todos aqueles que ouviram a sua palavra e a aceitaram por verdadeira: chama-se Fraternidade!

        Pergunto-vos: Pertenceis à Fraternidade? Trabalhais para o levantamento desse Templo cujo lema é: Deus, Cristo e Caridade? ”

        O espírito Allan Kardec vem falar do Templo do Anjo Ismael, que no Brasil se conecta à organização da Federação Espírita Brasileira, como canal que permite fluir as orientações do Mundo Espiritual para a Terra. Agora Ismael tem uma pequenina tenda”, uma referência espiritual percebida no Mundo material.   Naquele momento, fazia pouco tempo que a Federação havia tomado forma, mesmo que inicialmente como federativa.

        O Anjo Ismael, como o Espírito do Codificador, anuncia: “onde procura reunir todos os seus irmãos – todos aqueles que ouviram a sua palavra e a aceitaram por verdadeira: chama-se Fraternidade! ”.

        O que pesa nos ombros dos espíritas vacilantes é o questionamento: “Pergunto-vos: Pertenceis à Fraternidade? Trabalhais para o levantamento desse Templo cujo lema é: Deus, Cristo e Caridade?“

“Como, e de que modo?

        Meus amigos! É possível que eu seja injusto para convosco naquilo que vou dizer: o vosso trabalho, feito todo de acordo – não com a Doutrina – mas com o que interessa exclusivamente aos vossos sentimentos, não pode dar bom fruto. Esse trabalho, sem regime, sem disciplina, só pode, de acordo com a doutrina que esposastes, trazer espinhos que dilacerem vossas almas, dores pungentes nos vossos Espíritos, por isso que, desvirtuando os princípios em que ele assenta, dais entrada constante e funesta àquele que, encontrando-vos desunidos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, facilmente vos acabrunhará com todo o peso da sua iniquidade. ”

        A tenda de Ismael, que era pequenina no final do século XIX, hoje se espalha por todo o Território Nacional, por meio da rede das Federativas Estaduais e seus departamentos, ramificando-se pelas Casas Espíritas em grande parte das cidades do País.

        No entanto, o questionamento: Como, e de que modo? “ -- ainda não encontra resposta satisfatória, apesar dos grandes esforços realizados em treinamentos e orientações emanadas da Casa Mater do Espiritismo e das Federativas Estaduais.  O Movimento Espírita Nacional sofre com a interpretação equivocada da Doutrina Espírita, com estudos que não têm abrangência, ou mesmo sem estudos, adicionando por achismo pensamentos que não são condizentes com os ensinamentos colhidos pelo Codificador, desfigurando a unidade doutrinária. Kardec é categórico na orientação: “(...): o vosso trabalho, feito todo de acordo – não com a Doutrina – mas com o que interessa exclusivamente aos vossos sentimentos, não pode dar bom fruto. “

        Na própria argumentação: Esse trabalho, sem regime, sem disciplina, só pode, de acordo com a doutrina que esposastes, trazer espinhos que dilacerem vossas almas, dores pungentes nos vossos Espíritos, por isso que, desvirtuando os princípios em que ele assenta, dais entrada constante e funesta àquele que, encontrando-vos desunidos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, facilmente vos acabrunhará com todo o peso da sua iniquidade. ”  -- mostra que a desatenção à orientação doutrinária, apresenta risco para os que a abraçam, com o propósito de levar à Humanidade a Terceira Revelação das verdades Divinas, ou seja, ampliar os conhecimentos da Boa Nova trazida por Jesus e desvelando a vida do Mundo Espiritual, a reencarnação… Existem forças contrárias, perseguidoras do Cristo, que utilizam de todos os meios para desacreditá-Lo, infiltrando ideias que destoam dos ensinamentos divinos entre seus seguidores, principalmente entre os líderes.

        A união de sentimentos sinceros dos Espíritas com os objetivos Doutrinários é a argamassa da Fraternidade que produz o fortalecimento seguro do Movimento Espírita, congregando corações que se renovam porque buscam se conhecer, aplicando a si mesmos as lições do Crucificado.  Esses formam a família-sentimento, que faz o bem e sabe reconhecer o mal, não se iludindo e nem  permitindo-se cair em engano.

                                          *   *    *

        “Entretanto, dar-se-ia o mesmo se estivésseis unidos? Porventura acreditais na eficiência de um grande exército dirigido por diversos generais, cada qual com o seu sistema, com o seu método de operar e com pontos de mira divergentes? Jamais! Nessas condições só encontrareis a derrota, porquanto – vede bem --, o que não podeis fazer com o Evangelho: unir-vos pelo amor do bem, fazem os vossos inimigos, unindo-se pelo amor do mal!

        Eles não obedecem a diversas orientações, nem colimam objetivos diversos; tudo converge para a Doutrina Espírita – Revelação da Revelação – que não lhes convém e que precisam destruir, para o que empregam toda a sua inteligência, todo o seu amor do mal, submetendo-se a uma única direção!

        A luta cresce dia a dia, pois que a vontade de Deus, iniciando as suas criaturas nos mistérios da vida de além-túmulo, cada vez mais se torna patente. Encontrando-se, porém, os vossos Espíritos em face da Doutrina, no estado precário que acabo de assinalar, pergunto: Com que elemento contam eles, os vossos Espíritos, na temerosa ação em que se vão empenhar, cheios de responsabilidade? “

        O lema é: união.  União de sentimentos convergentes é para o que está exarado na Doutrina Espírita. Por que ela é o fulcro da verdade, é o ponto de intersecção da compreensão entre os dois mundos, por onde flui a promessa de Jesus. Isso é o mesmo que dizer que o Mestre, através de sua luz, faz rebrilhar a essência de seus ensinamentos, que cada um colhe com a ânfora de sentimentos que interagem com àqueles.  

        A mensagem é a do Cristo, na carne a verbalizou e a demonstrou. No possível, visou retornar no futuro, quando os homens tivessem mais condições. Ele se fez presente no tempo próprio, apresentou a “Revelação da Revelação”  e não deixou de ampliá-la através de seus mensageiros, que utilizam a ferramenta mediúnica para verter revelações complementares, e o fará constantemente de acordo com as possibilidades dos homens.

        O Anjo Ismael grafou em sua bandeira o signo da unidade: “Deus, Cristo e Caridade” -- Deus, a origem de tudo; Cristo, o caminho por onde a verdade percorre  para chegar ao Mundo, límpida; e a Caridade, a virtude-meta, que todos deverão alcançar, certificando ao Criador o estágio de lucidez da consciência espiritual de cada criatura, reconhecimento e coroamento dos esforços de Jesus e seus prepostos de todos os tempos.

        Não é hora de tirar os olhos e os sentidos do estandarte do Anjo Ismael, que está fincado na Federação Espírita Brasileira. Este é o manancial das orientações do Cristo que se irradia para os Estados, chegando aos Centros Espíritas para encontrar os corações e mentes sedentos das claridades Divinas, que lhes proporcionem paz e esperança.   

        A obediência doutrinária é a direção norteadora para os Espíritas. Não há razão para acolher ou atender sugestões estranhas a título de modernidade ou de atualização da codificação espírita. Mesmo porque, no necessário, os próprios mensageiros do Cristo fazem com frequência as ampliações necessárias, através de obras complementares. A direção é a de Jesus.

        Qual a razão de se comprometerem com novidades que deslustram a verdade Doutrinária: Com que elemento contam eles, os vossos Espíritos, na temerosa ação em que se vão empenhar, cheios de responsabilidade? “

        Que contas prestar à própria consciência? Como enfrentar Aquele que trouxe a Boa Nova e cumpriu a promessa de que rogaria ao Pai e Ele mandaria o Consolador para relembrar o que tinha ensinado e colocar à disposição de todos aquilo que não pôde ensinar, porque faltava ao homem recursos suficientes para a compreensão?  

 *  *  *

Nota: Os excertos de cor azul e em itálico que foram colhidos da mensagem do  Espírito Allan Kardec, recebida pelo médium Frederico Pereira da Silva Junior, na Sociedade Espírita Fraternidade, no Rio de Janeiro-RJ, em 1889. A mensagem integral foi publicada no Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, nas edições de abril (n.º 1629), maio (n.º 1630) e junho (n.º 1631) do ano de 2020.

     A mensagem em referência é ampla em orientações. Mesmo as partes que separamos poderiam embasar muitos outros comentários pela sua profundidade doutrinária e psicológica, mas o nosso objetivo foi enfatizar a  "Fraternidade".

                                               Dorival da Silva

 

sábado, 25 de junho de 2016

Há vida depois da morte?

Editorial

Ano 8 - N° 388 - 9 de Novembro de 2014



 
Há vida depois da morte?

Embora para muitos o problema da morte não esteja devidamente esclarecido, é bom lembrar ao leitor que tal não é o pensamento dos espíritas. Afinal, a obra de Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita, é fruto do diálogo com os chamados
mortos, ou Espíritos, na terminologia espírita.

As obras dos nossos médiuns mais respeitáveis foram escritas também por Espíritos, e nesse sentido a coleção André Luiz, psicografada pelo médium Chico Xavier, é um testemunho eloquente de que há, sim, vida depois da morte, porque a morte só atinge o corpo físico e nada causa à alma que o habitava antes do seu regresso ao chamado mundo espiritual.

Quando alguém partidário da doutrina espírita afirma que o problema da morte não está esclarecido, é óbvio que se refere ao entendimento geral, alheio ao Espiritismo, um fato que todos nós, espíritas, conhecemos, tendo em vista que as religiões mais expressivas quanto ao número de adeptos não tratam em seus livros do tema morte, nem do que lhe sucede.

Os adeptos de tais religiões não dispõem também de informações acerca da origem, da natureza e do destino do Espírito humano. E, no entanto, dizem professar ideias espiritualistas!...

Se o indivíduo se diz cético com relação às questões espiritualistas, sua incerteza com relação à sobrevivência da alma será ainda maior. Não admitindo a existência da alma, como poderá admitir a existência dos Espíritos?

Em face disso, não há o que estranhar quando se diz que o problema da morte, na visão das pessoas a que nos referimos, não se encontra esclarecido.
A diferença da concepção espírita, comparativamente com o que é professado pelas outras doutrinas espiritualistas, está em que o Espiritismo, não se fundamentando em dogmas ou em teorias preconcebidas, não inventou a alma, para assim explicar os chamados fenômenos inabituais. Foram as almas dos chamados mortos que se apresentaram e isso ocorreu já na fase inicial do Moderno Espiritismo, em Hydesville, quando o Espírito de Charles Rosma se apresentou à família Fox. 
 
Conforme lemos em História do Espiritismo, de Arthur Conan Doyle, tradução de Júlio Abreu Filho, Margareth Fox, a mãe das meninas médiuns, assim relatou o que ocorreu na noite de 31-3-1848, quando o agente invisível que causava as manifestações em sua residência se identificou:

“Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo uma pausa de um para o outro, a fim de os separar até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido.

Então perguntei: ‘É um ser humano que me responde tão corretamente?’ Não houve resposta. Perguntei: ‘É um Espírito? Se for, dê duas batidas’. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: ‘Se foi um Espírito assassinado dê duas batidas’. Estas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Perguntei: ‘Foi assassinado nesta casa?’ A resposta foi como a precedente. ‘A pessoa que o assassinou ainda vive?’ Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem que o assassinara nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a sua família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: ‘Continuará a bater se chamar os vizinhos para que também escutem?’ A resposta afirmativa foi alta.”  

Como os espíritas sabem perfeitamente, nascia com os fenômenos ocorridos na residência da família Fox o Moderno Espiritismo, cuja parte teórica ou doutrinária seria desenvolvida nove anos mais tarde na França, novamente por meio do diálogo com o mundo espiritual, razão pela qual Kardec afirmou que o resultado do seu trabalho, a doutrina espírita, é a codificação dos ensinos dados pelos Espíritos, que são os seus verdadeiros autores.(1) 

(1)
Sobre o assunto, sugerimos a leitura do texto “As Irmãs Fox, Conan Doyle e o Espiritismo brasileiro”, de Jáder Sampaio, publicado na edição 179 desta revista. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/ano4/179/especial.html 

Editorial copiado da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá se acessada através do endereço:  http://www.oconsolador.com.br/ano8/388/editorial.html

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita 4



O HOMEM DEPOIS DA MORTE
 
144. Como se opera a separação da alma e do corpo? É brusca ou gradual?
O desprendimento opera-se gradualmente e com lentidão variável, segundo os indivíduos e as circunstâncias da morte.
Os laços que prendem a alma ao corpo não se rompem senão aos poucos, e tanto menos rapidamente quanto mais a vida foi material e sensual. (O Livro dos Espíritos, no 155.)
145. Qual a situação da alma imediatamente depois da morte do corpo? Tem ela instantaneamente a consciência de si? Em uma palavra, que vê? Que experimenta ela?
No momento da morte, tudo se apresenta confuso; é-lhe preciso algum tempo para se reconhecer; ela conserva-se tonta, no estado do homem que sai de profundo sono e que procura compreender a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se destrói a influência da matéria de que ela acaba de separar-se, e que se dissipa o nevoeiro que lhe obscurece os pensamentos.
O tempo da perturbação, sequente à morte, é muito variável; pode ser de algumas horas somente, como de muitos dias, meses ou, mesmo, de muitos anos. É menos longa, entretanto, para aqueles que, enquanto vivos, se identificaram com o seu estado futuro, porque esses compreendem imediatamente a sua situação; porém, é tanto mais longa quanto mais materialmente o indivíduo viveu.
A sensação que a alma experimenta nesse momento é também muito variável; a perturbação, sequente à morte, nada tem de penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar plácido.
Para aquele cuja consciência não é pura e amou mais a vida corporal que a espiritual, esse momento é cheio de ansiedade e de angústias, que vão aumentando à medida que ele se reconhece, porque então sente medo e certo terror diante do que vê e sobretudo do que entrevê. A sensação a que podemos chamar física, é a de grande alívio e de imenso bem-estar, fica-se como que livre de um fardo, e o Espírito sente-se feliz por não mais experimentar as dores corporais que o atormentavam alguns instantes antes; sente-se livre, desembaraçado, como aquele a quem tirassem as cadeias que o prendiam.
Em sua nova situação, a alma vê e ouve ainda outras coisas que escapam à grosseria dos órgãos corporais. Tem, então, sensações e percepções que nos são desconhecidas. (Revue Spirite, 1859, pág. 244: “Mort d’un Spirite”. — Idem, 1860, pág. 332: “Le réveil de l’Esprit”. — Idem, idem, 1862, págs. 129 e 171: “Obsèques de M. Sanson”.)
OBSERVAÇÃO — Estas respostas e todas as relativas à situação da alma depois da morte ou durante a vida, não são o resultado de uma teoria ou de um sistema, mas de estudos diretos feitos sobre milhares de indivíduos, observados em todas as fases e períodos da sua existência espiritual, desde o mais baixo ao mais alto grau da escala, segundo seus hábitos durante a vida terrena, gênero de morte, etc.
Muitas vezes diz-se, falando da vida futura, que não se sabe o que nela se passa, porque ninguém no-lo veio contar; é um erro, pois são precisamente os que nela já se acham, que, a respeito, nos vêm instruir, e Deus o permite hoje, mais que em nenhuma outra época, como último aviso à incredulidade e ao materialismo.
146. A alma que deixa o corpo, pode ver a Deus?
As faculdades perceptivas da alma são proporcionais à sua purificação: só as de escol podem gozar da presença de Deus.
147. Se Deus está em toda parte, por que nem todos os Espíritos podem vê-lo?
Deus está em toda parte, porque em toda parte Ele irradia, podendo dizer-se que o Universo está mergulhado na divindade, como nós o estamos na luz solar; os Espíritos atrasados, porém, estão envolvidos numa espécie de nevoeiro que O oculta a seus olhos, e que se não dissipa senão à medida que eles se desmaterializam e se purificam. Os Espíritos inferiores são, pela vista, em relação a Deus, o que os encarnados são, em relação aos Espíritos: verdadeiros cegos.
148. Depois da morte, tem a alma consciência de sua individualidade? Como a constata e como podemos constatá-la?
Se as almas não tivessem sua individualidade depois da morte, isto, para elas, como para nós, seria o mesmo que não existirem; não teriam caráter algum distintivo; a do criminoso estaria na mesma altura que a do homem de bem, donde resultaria não haver interesse algum em fazermos o bem.
A individualidade da alma é mostrada de modo material, por assim dizer, nas manifestações espíritas, pela linguagem e qualidades próprias de cada qual; uma vez que elas pensam e agem de modo diferente, umas são boas e outras más, umas sábias e outras ignorantes, querendo umas o que outras não querem, o que prova evidentemente não estarem confundidas em um todo homogêneo, isso sem falar das provas patentes que nos dão, de terem animado tal ou tal indivíduo na Terra.
Graças ao Espiritismo experimental, a individualidade da alma não é mais uma coisa vaga, porém o resultado da observação.
A própria alma reconhece sua individualidade, porque tem pensamento e volição próprios, que distinguem umas das outras; verificando ainda a sua individualidade por seu invólucro fluídico ou perispírito, espécie de corpo limitado, que faz dela um ser distinto.
OBSERVAÇÃO — Há quem pense poder fugir à pecha de materialista por admitir um princípio inteligente universal, do qual uma parte absorveríamos ao nascermos, formando dela a nossa alma e restituindo-a depois da morte à massa comum, onde com outras se confundiria, tal como gotas d’água no oceano.
Este sistema, espécie de transição, não merece mesmo o nome de Espiritualismo, pois é tão desolador quanto o materialismo.
O reservatório comum do conjunto universal equivaleria ao aniquilamento, porquanto ali não haveria mais individualidades.
149. O gênero de morte influi no estado da alma?
O estado da alma varia consideravelmente segundo o gênero de morte, mas, sobretudo, segundo a natureza dos hábitos durante a vida. Na morte natural, o desprendimento se opera gradualmente e sem abalo, começando mesmo antes que a vida esteja extinta. Na morte violenta, por suplício, suicídio ou acidente, os laços são partidos bruscamente; o Espírito, surpreendido, fica como que tonto com a mudança nele efetuada, e não acha explicação para a sua situação.
Um fenômeno, mais ou menos constante em tal caso, é a persuasão em que ele se conserva de não estar morto, podendo essa ilusão durar muitos meses e mesmo muitos anos. Neste estado, ele se locomove, julga ocupar-se dos seus negócios, como se ainda estivesse no mundo, e mostra-se espantado de não lhe responderem, quando fala.
Essa ilusão também se nota, fora dos casos de morte violenta, em muitos indivíduos, cuja vida foi absorvida pelos gozos e interesses materiais. (O Livro dos Espíritos, no 165. — Revue Spirite, 1858, pág. 166: “Le suicidé de la Samaritaine”. — Idem, 1858, pág. 326: “Un Esprit au convoi de son corps”; idem, 1859, pág. 184: “Le Zouave de Magenta”; idem, 1859, pág. 319: “Un Esprit qui ne se croit pas mort”. — Idem, 1863, pág. 97: “François Simon Louvet”. )
150. Para onde vai a alma depois de deixar o corpo?
Ela não vai perder-se na imensidade do infinito, como geralmente se supõe; erra no espaço e, o mais das vezes, no meio daqueles que conheceu e, sobretudo, que amou, podendo instantaneamente transportar-se a distâncias imensas.
151. Conserva a alma as afeições que tinha na vida terrena?
Guarda todas as afeições morais e só esquece as materiais, que já não são de sua essência; por isso vem satisfeita ver os parentes e amigos e sente-se feliz com a lembrança deles. (Revue Spirite, 1860, pág. 341: “Les amis ne nous oublient pas dans l’autre monde”. — Idem, 1862, pág. 132.)
152. Conserva a alma a lembrança do que fez na Terra? Tem ela ainda interesse pelos trabalhos que não pôde completar?
Depende da sua elevação e da natureza desses trabalhos.
Os Espíritos desmaterializados pouco se preocupam com as coisas materiais, de que se julgam felizes por estar livres. Quanto aos trabalhos que começaram, segundo sua importância e utilidade, inspiram a outros o desejo de terminá-los.
153. Encontra a alma no mundo dos Espíritos os parentes que ali a precederam?
Não só os encontra, como também a outros muitos, seus conhecidos de outras existências.
Geralmente, aqueles que mais a amam vêm recebê-la à sua chegada no mundo espiritual, e ajudam-na a desprender-se dos laços terrenos. Entretanto, a privação de ver as almas mais caras é, algumas vezes, punição para os culpados.
154. Qual, na outra vida, o estado intelectual e moral da alma da criança morta em tenra idade? Suas faculdades conservam-se na infância, como durante a vida?
O incompleto desenvolvimento dos órgãos da criança não dava ao Espírito a liberdade de se manifestar completamente; livre desse invólucro, suas faculdades são o que eram antes da sua encarnação. O Espírito, não tendo feito mais que passar alguns instantes na vida, não sofre modificação nas faculdades.
OBSERVAÇÃO — Nas comunicações espíritas, o Espírito de um menino pode, pois, falar como adulto, porque pode ser Espírito adiantado. Se, algumas vezes, adota a linguagem infantil, é para não tirar à mãe o encanto que sempre está ligado à afeição de um ente frágil, delicado e adornado com as graças da inocência. (Revue Spirite, 1858, pág. 17: “Mère! Je suis là”.)
Podendo a mesma questão ser formulada acerca do estado intelectual da alma dos imbecis, idiotas e loucos depois da morte, encontra-se a solução no que precede.
155. Que diferença há, depois da morte, entre a alma do sábio e a do ignorante, entre a do selvagem e a do homem civilizado?
A mesma, pouco mais ou menos, que existia entre elas durante a vida; porque a entrada no mundo dos Espíritos não dá à alma todos os conhecimentos que lhe faltavam na Terra.
156. Progridem as almas, intelectualmente, depois da morte?
Progridem mais ou menos, segundo sua vontade, e algumas se adiantam muito; porém, têm necessidade de pôr em prática, durante a vida corporal, o que adquiriram em ciência e moralidade. As que ficaram estacionárias, recomeçam uma existência análoga à que deixaram; as que progrediram, alcançam uma encarnação de ordem mais elevada.
Sendo o progresso proporcionado à vontade do Espírito, há muitos que, por longo tempo, conservam os gostos e as inclinações que tinham durante a vida, e prosseguem nas mesmas ideias. (Revue Spirite, 1858, pág. 82: “La reine d’Oude”; idem, pág. 142: “L’Esprit et les héritiers”; idem, pág. 186; “Le tambour de la Bérésina”; idem, 1859, pág. 344: “Un ancien charretier”; idem, 1860, pág. 383: “Progrès des Esprits”; idem, 1861, pág. 126: “Progrès d’un Esprit pervers”.)
157. A sorte do homem, na vida futura, está irrevogavelmente fixada depois da morte?
A fixação irrevogável da sorte do homem, depois da morte, seria a negação absoluta da justiça e da bondade de Deus, porque há muitos que não puderam esclarecer-se suficientemente na existência terrena, sem falar dos idiotas, imbecis, selvagens e de elevado número de crianças que morrem sem ter entrevisto a vida. Mesmo entre os homens esclarecidos, há muitos que, julgando-se assaz perfeitos, creem-se dispensados de estudar e trabalhar mais, e não é isto prova que Deus nos dá de sua bondade, o permitir que o homem faça amanhã o que não pode fazer hoje?
Se a sorte é irrevogavelmente fixada, por que morrem os homens em idades diferentes, e por que, em sua justiça, não concede Deus a todos o tempo de produzir a maior soma de bem e reparar o mal que fizeram?
Quem sabe se o criminoso que morre aos trinta anos, não se teria tornado um homem de bem, se vivesse até aos sessenta? Por que Deus lhe tira assim os meios que concede a outros?
Só o fato da diversidade das durações da vida e do estado moral da grande maioria dos homens, prova a impossibilidade, admitida a justiça divina, de ser a sorte da alma irrevogavelmente fixada depois da morte.
158. Qual, na vida futura, a sorte das crianças que morrem em tenra idade?
Esta questão é uma das que melhor provam a justiça e a   necessidade da pluralidade das existências. Uma alma que só tiver vivido alguns instantes, sem fazer nem bem nem mal, não pode merecer prêmio nem castigo, pois, segundo a máxima do Cristo — cada um é punido ou recompensado conforme suas obras — é tão ilógico como contrário à justiça de Deus admitir-se que, sem trabalho, essa alma seja chamada a gozar da bem-aventurança dos anjos, ou que desta se veja privada; entretanto, ela deve ter um destino qualquer. Um estado misto, por toda a eternidade, seria igualmente uma injustiça.
Uma existência logo em começo interrompida, não podendo, pois, ter consequência alguma para a alma, tem por sorte atual o que mereceu da existência anterior, e futuramente o que vier a merecer em suas existências ulteriores.
159. Têm as almas ocupações na outra vida? Pensam elas em outra coisa, a não ser em suas alegrias e sofrimentos?
Se as almas não fizessem mais que tratar de si durante a eternidade, seria egoísmo, e Deus, que condena essa falta na vida corporal, não poderia aprová-la na espiritual. As almas, ou Espíritos, têm ocupações em relação com o seu grau de adiantamento, ao mesmo tempo que procuram instruir-se e melhorar-se. (O Livro dos Espíritos, no 558: “Ocupações e missões dos Espíritos”.)
160. Em que consistem os sofrimentos da alma depois da morte? Irão as almas criminosas ser torturadas em chamas materiais?
A Igreja reconhece perfeitamente, hoje, que o fogo do inferno é todo moral e não material; porém, não define a natureza dos sofrimentos. As comunicações espíritas colocam os sofrimentos sob os nossos olhos, e, por esse meio, podemos apreciá-los e convencer-nos de que, apesar de não serem o resultado de um fogo material, que efetivamente não poderia queimar almas imateriais, eles, nem por isso, deixam de ser mais terríveis, em certos casos.
Essas penas não são uniformes: variam infinitamente, segundo a natureza e o grau das faltas cometidas, sendo quase sempre essas mesmas faltas o instrumento do seu castigo; é assim que certos assassinos são obrigados a conservarem-se no próprio lugar do crime e a contemplar suas vítimas incessantemente; que o homem de gostos sensuais e materiais conserva esses pendores juntamente com a impossibilidade de satisfazê-los, o que lhe é uma tortura; que certos avarentos julgam sofrer o frio e as privações que suportaram na vida por sua avareza; outros se conservam junto aos tesouros que enterraram, em transes perpétuos, com medo que os roubem; em uma palavra, não há um defeito, uma imperfeição moral, um ato mau, que não tenha, no mundo espiritual, seu reverso e suas consequências naturais; e, para isso, não há necessidade de um lugar determinado e circunscrito. Onde quer que se ache o Espírito perverso, o inferno estará com ele.
Além dos sofrimentos espirituais, há as penas e provas materiais que o Espírito, se não está depurado, experimenta numa nova encarnação, na qual é colocado em condições de sofrer o que fez a outrem sofrer; de ser humilhado, se foi orgulhoso; miserável, se avarento; infeliz com seus filhos, se foi mau filho, etc.
Como dissemos, a Terra é um dos lugares de exílio e de expiação, um purgatório, para os Espíritos dessa natureza, do qual cada um se pode libertar, melhorando-se suficientemente para merecer habitação em mundo melhor. (O Livro dos Espíritos, no 237: “Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos”; idem, Parte 4a: “Esperanças e consolações”, cap. I, “Penas e gozos futuros”; — Revue Spirite, 1858, pág. 79: “L’assassin Lemaire”; idem, pág. 166: “Le suicidé de la Samaritaine”; idem, pág. 331: “Sensations des Esprits”; idem, 1859, pág. 275: “Le père Crépin”; idem, 1860, pág. 61: “Estela Regnier”; idem, página 247: “Le suicidé de la rue Quincampoix”; idem, pág. 316: “Le châtiment”; idem, pág. 315: “Entrée d’um coupable dans le monde des Esprits”; idem, pág. 384: “Châtiment de l’egoïste”; idem,1861, pág. 53: “Suicide d’um athée”; idem, página 270: “La peine du talion”.)
161. A prece será útil às almas sofredoras?
Todos os bons Espíritos a recomendam e os imperfeitos a pedem como meio de aliviar os seus sofrimentos. A alma, por quem se pede, experimenta um consolo, porque vê na prece um testemunho de interesse, e o infeliz é sempre consolado, quando encontra pessoas que compartilhem de suas dores.
De outro lado, pela prece o exortamos ao arrependimento e ao desejo de fazer o necessário para ser feliz; é neste sentido que se pode abreviar-lhe as penas, quando ele, de seu lado, o favorece com a sua boa vontade. (O Livro dos Espíritos, no 664. — Revue Spirite, 1859, pág. 315: “Effets de la prière sur les Esprits souffrants”.)
162. Em que consistem os gozos das almas felizes? Passam elas a eternidade em contemplação?
A justiça quer que a recompensa seja proporcional ao mérito, como a punição à gravidade da falta; há, pois, graus infinitos nos gozos da alma, desde o instante em que ela entra no caminho do bem, até aquele em que atinge a perfeição. A felicidade dos bons Espíritos consiste em conhecer todas as coisas, não sentir ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que desgraçam os homens. O amor que os une é, para os bons Espíritos, a fonte de suprema felicidade, pois não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material.
O estado de contemplação perpétua seria uma felicidade estúpida e monótona; seria a ventura do egoísta, uma existência interminavelmente inútil.
A vida espiritual é, ao contrário, de uma atividade incessante pelas missões que os Espíritos recebem do Ser Supremo, de serem seus agentes no governo do Universo — missões essas proporcionadas ao seu adiantamento, e cujo desempenho os torna felizes, porque lhes fornece ocasiões de serem úteis e de fazerem o bem. (O Livro dos Espíritos, no 558: “Ocupações e missões dos Espíritos”. — Revue Spirite, 1860, págs. 321 e 322, “Les purs Esprits: Le séjour des bienheureux”; idem, 1861, pág. 179: “Madame Gourdon”.)
OBSERVAÇÃO — Convidamos os adversários do Espiritismo e os que não admitem a reencarnação a darem, dos problemas acima apresentados, uma solução mais lógica, por outro princípio qualquer que não seja o da pluralidade das existências.

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