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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Fraternidade!

 

Fraternidade!

       “Mas, infelizmente, meus amigos, não pudestes compreender ainda a grande significação da palavra -- Fraternidade!

        Não é um termo, é um fato; não é uma palavra vazia, é um sentimento, sem o qual vos achareis sempre fracos para essa luta que vós mesmos não podeis medir, tal a sua extraordinária grandeza! ”

        O registro em destaque foi extraído de uma mensagem psicografada em 1899, por Allan Kardec, com o título: Instruções aos Espíritas do Brasil, sendo que outras referências colheremos no texto; não é exagero considerar como carta direcionada pessoalmente a cada liderança espírita, de qualquer nível, tanto quanto a todos os espíritas conscientes de suas responsabilidades diante de si mesmos e do Movimento Espírita.

        Chama a nossa atenção a ênfase dada à “Fraternidade”, dizendo que “Não é um termo” e, sim, “que é um fato”.   Um fato é algo verdadeiro e definitivo.

        À época lamentava que não se tinha compreendido a “significação da palavra Fraternidade”, que não era “um termo” e nem “uma palavra vazia”, mas “um sentimento”.  Depois de mais de um século do recebimento desta mensagem e dos esforços do Mundo Espiritual e das lideranças de maior vulto no Movimento Espírita é lamentável que o sentimento de fraternidade ainda não faz morada no coração da maioria dos que se denominam espíritas. Sentimento é vivência, é consciência, é fazer parte – não como um elemento – mas como uma força resultante de aprimoramento moral e intelectual no bem, que se torna luz, que clareia e incentiva que outros também se encandeçam.  Onde essa luz-consciência chega o mal não faz morada.

                                               *  *  *

       “Ismael tem o seu Templo, e sobre ele a sua bandeira – Deus, Cristo e Caridade! Ismael tem a sua pequenina tenda, onde procura reunir todos os seus irmãos – todos aqueles que ouviram a sua palavra e a aceitaram por verdadeira: chama-se Fraternidade!

        Pergunto-vos: Pertenceis à Fraternidade? Trabalhais para o levantamento desse Templo cujo lema é: Deus, Cristo e Caridade? ”

        O espírito Allan Kardec vem falar do Templo do Anjo Ismael, que no Brasil se conecta à organização da Federação Espírita Brasileira, como canal que permite fluir as orientações do Mundo Espiritual para a Terra. Agora Ismael tem uma pequenina tenda”, uma referência espiritual percebida no Mundo material.   Naquele momento, fazia pouco tempo que a Federação havia tomado forma, mesmo que inicialmente como federativa.

        O Anjo Ismael, como o Espírito do Codificador, anuncia: “onde procura reunir todos os seus irmãos – todos aqueles que ouviram a sua palavra e a aceitaram por verdadeira: chama-se Fraternidade! ”.

        O que pesa nos ombros dos espíritas vacilantes é o questionamento: “Pergunto-vos: Pertenceis à Fraternidade? Trabalhais para o levantamento desse Templo cujo lema é: Deus, Cristo e Caridade?“

“Como, e de que modo?

        Meus amigos! É possível que eu seja injusto para convosco naquilo que vou dizer: o vosso trabalho, feito todo de acordo – não com a Doutrina – mas com o que interessa exclusivamente aos vossos sentimentos, não pode dar bom fruto. Esse trabalho, sem regime, sem disciplina, só pode, de acordo com a doutrina que esposastes, trazer espinhos que dilacerem vossas almas, dores pungentes nos vossos Espíritos, por isso que, desvirtuando os princípios em que ele assenta, dais entrada constante e funesta àquele que, encontrando-vos desunidos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, facilmente vos acabrunhará com todo o peso da sua iniquidade. ”

        A tenda de Ismael, que era pequenina no final do século XIX, hoje se espalha por todo o Território Nacional, por meio da rede das Federativas Estaduais e seus departamentos, ramificando-se pelas Casas Espíritas em grande parte das cidades do País.

        No entanto, o questionamento: Como, e de que modo? “ -- ainda não encontra resposta satisfatória, apesar dos grandes esforços realizados em treinamentos e orientações emanadas da Casa Mater do Espiritismo e das Federativas Estaduais.  O Movimento Espírita Nacional sofre com a interpretação equivocada da Doutrina Espírita, com estudos que não têm abrangência, ou mesmo sem estudos, adicionando por achismo pensamentos que não são condizentes com os ensinamentos colhidos pelo Codificador, desfigurando a unidade doutrinária. Kardec é categórico na orientação: “(...): o vosso trabalho, feito todo de acordo – não com a Doutrina – mas com o que interessa exclusivamente aos vossos sentimentos, não pode dar bom fruto. “

        Na própria argumentação: Esse trabalho, sem regime, sem disciplina, só pode, de acordo com a doutrina que esposastes, trazer espinhos que dilacerem vossas almas, dores pungentes nos vossos Espíritos, por isso que, desvirtuando os princípios em que ele assenta, dais entrada constante e funesta àquele que, encontrando-vos desunidos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, facilmente vos acabrunhará com todo o peso da sua iniquidade. ”  -- mostra que a desatenção à orientação doutrinária, apresenta risco para os que a abraçam, com o propósito de levar à Humanidade a Terceira Revelação das verdades Divinas, ou seja, ampliar os conhecimentos da Boa Nova trazida por Jesus e desvelando a vida do Mundo Espiritual, a reencarnação… Existem forças contrárias, perseguidoras do Cristo, que utilizam de todos os meios para desacreditá-Lo, infiltrando ideias que destoam dos ensinamentos divinos entre seus seguidores, principalmente entre os líderes.

        A união de sentimentos sinceros dos Espíritas com os objetivos Doutrinários é a argamassa da Fraternidade que produz o fortalecimento seguro do Movimento Espírita, congregando corações que se renovam porque buscam se conhecer, aplicando a si mesmos as lições do Crucificado.  Esses formam a família-sentimento, que faz o bem e sabe reconhecer o mal, não se iludindo e nem  permitindo-se cair em engano.

                                          *   *    *

        “Entretanto, dar-se-ia o mesmo se estivésseis unidos? Porventura acreditais na eficiência de um grande exército dirigido por diversos generais, cada qual com o seu sistema, com o seu método de operar e com pontos de mira divergentes? Jamais! Nessas condições só encontrareis a derrota, porquanto – vede bem --, o que não podeis fazer com o Evangelho: unir-vos pelo amor do bem, fazem os vossos inimigos, unindo-se pelo amor do mal!

        Eles não obedecem a diversas orientações, nem colimam objetivos diversos; tudo converge para a Doutrina Espírita – Revelação da Revelação – que não lhes convém e que precisam destruir, para o que empregam toda a sua inteligência, todo o seu amor do mal, submetendo-se a uma única direção!

        A luta cresce dia a dia, pois que a vontade de Deus, iniciando as suas criaturas nos mistérios da vida de além-túmulo, cada vez mais se torna patente. Encontrando-se, porém, os vossos Espíritos em face da Doutrina, no estado precário que acabo de assinalar, pergunto: Com que elemento contam eles, os vossos Espíritos, na temerosa ação em que se vão empenhar, cheios de responsabilidade? “

        O lema é: união.  União de sentimentos convergentes é para o que está exarado na Doutrina Espírita. Por que ela é o fulcro da verdade, é o ponto de intersecção da compreensão entre os dois mundos, por onde flui a promessa de Jesus. Isso é o mesmo que dizer que o Mestre, através de sua luz, faz rebrilhar a essência de seus ensinamentos, que cada um colhe com a ânfora de sentimentos que interagem com àqueles.  

        A mensagem é a do Cristo, na carne a verbalizou e a demonstrou. No possível, visou retornar no futuro, quando os homens tivessem mais condições. Ele se fez presente no tempo próprio, apresentou a “Revelação da Revelação”  e não deixou de ampliá-la através de seus mensageiros, que utilizam a ferramenta mediúnica para verter revelações complementares, e o fará constantemente de acordo com as possibilidades dos homens.

        O Anjo Ismael grafou em sua bandeira o signo da unidade: “Deus, Cristo e Caridade” -- Deus, a origem de tudo; Cristo, o caminho por onde a verdade percorre  para chegar ao Mundo, límpida; e a Caridade, a virtude-meta, que todos deverão alcançar, certificando ao Criador o estágio de lucidez da consciência espiritual de cada criatura, reconhecimento e coroamento dos esforços de Jesus e seus prepostos de todos os tempos.

        Não é hora de tirar os olhos e os sentidos do estandarte do Anjo Ismael, que está fincado na Federação Espírita Brasileira. Este é o manancial das orientações do Cristo que se irradia para os Estados, chegando aos Centros Espíritas para encontrar os corações e mentes sedentos das claridades Divinas, que lhes proporcionem paz e esperança.   

        A obediência doutrinária é a direção norteadora para os Espíritas. Não há razão para acolher ou atender sugestões estranhas a título de modernidade ou de atualização da codificação espírita. Mesmo porque, no necessário, os próprios mensageiros do Cristo fazem com frequência as ampliações necessárias, através de obras complementares. A direção é a de Jesus.

        Qual a razão de se comprometerem com novidades que deslustram a verdade Doutrinária: Com que elemento contam eles, os vossos Espíritos, na temerosa ação em que se vão empenhar, cheios de responsabilidade? “

        Que contas prestar à própria consciência? Como enfrentar Aquele que trouxe a Boa Nova e cumpriu a promessa de que rogaria ao Pai e Ele mandaria o Consolador para relembrar o que tinha ensinado e colocar à disposição de todos aquilo que não pôde ensinar, porque faltava ao homem recursos suficientes para a compreensão.  

 *  *  *

Nota: Os excertos de cor azul e em itálico que foram colhidos da mensagem do  Espírito Allan Kardec, recebida pelo médium Frederico Pereira da Silva Junior, na Sociedade Espírita Fraternidade, no Rio de Janeiro-RJ, em 1889. A mensagem integral foi publicada no Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, nas edições de abril (n.º 1629), maio (n.º 1630) e junho (n.º 1631) do ano de 2020.

     A mensagem em referência é ampla em orientações. Mesmo as partes que separamos poderiam embasar muitos outros comentários pela sua profundidade doutrinária e psicológica, mas o nosso objetivo foi enfatizar a  "Fraternidade".

                                               Dorival da Silva

 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Entre irmãos

Entre irmãos 

Um tipo de beneficência indispensável ao êxito nas tarefas de grupo: o entendimento entre os companheiros.

Não nos referimos ao entendimento de superfície, mas à compreensão de base, através da paciência recíproca, que se apresente, na esfera do trabalho, para a superação de todos os empecilhos.

Acostumamo-nos a subestimar as exigências pequeninas, como sejam a supressão de um equívoco, a reformulação de um pedido, uma frase calmante em hora difícil, o afastamento de uma queixa...

E a tisna de sombra passa a enovelar-se em outras tisnas de sombra; a breve espaço, ei-las transformadas em bola de trevas, intoxicando o ânimo da equipe com a obra ameaçada de colapso ou desequilíbrio.

Não ignoramos que um parafuso desarranjado numa roda em movimento compromete a segurança do carro; que o curto-circuito em recanto esquecido é suscetível de incendiar e destruir edifícios inteiros...

Mesmo assim, não sanamos, comumente, o mal-entendido, capaz de converter-se em agente de perturbação ou desordem, arrasando largas somas de serviço, no qual se garante a paz da comunidade.

Estabelecido o descontrole no mecanismo de nossas relações uns com os outros, pausemos um minuto de meditação e prece, para observar com serenidade o desajuste em causa ou o hiato havido.

Em seguida, aceitemos a mais elevada função da palavra: a da construção do bem e saibamos esclarecer-nos, mutuamente, esculpindo o verbo em tolerância e fraternidade, a fim de que a marcha eficiente do grupo não se interrompa.

Certifiquemo-nos de que muitos corações do caminho esperam unicamente um toque de gentileza para se descerrar à alegria e ao trabalho, ao apaziguamento e à renovação, lembrando certas portas de nobre e sólida estrutura que aguentam golpes e murros de violência, sem se alterarem, mas que se abrem, de imediato, sob a doce pressão de uma chave.
 
Do livro Mãos Unidas, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier. 

 
Mensagem copiada da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano8/372/emmanuel.html

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vírus destruidor

Vírus destruidor

A intriga é semelhante a um vírus destruidor que se multiplica rapidamente, aniquilando a organização de que se nutre.
Imiscui-se sutilmente e prolifera com volúpia, irradiando a sua morbidez devastadora.
Com facilidade transfere-se de uma para outra vítima, conseguindo gerar o ambiente pestífero que lhe é próprio.
O intrigante, por sua vez, é enfermo da alma, portando graves distúrbios emocionais e morais.
É invejoso, e transfere-se da conduta deplorável que lhe é característica para a das acusações perniciosas; é portador de complexo de inferioridade, mantendo sentimentos competitivos com os demais, e porque não possui os requisitos hábeis para vencer, oculta-se na intriga, mediante a qual denigre aquele de quem se faz opositor; é perverso, porque respira mágoas a respeito do seu próximo, que procura anular através das covardes assacadilhas...
Urde planos nefastos e mascara-se com sorrisos pérfidos com que engana as suas vítimas, enquanto as combate com ferocidade.
Sempre armados, a sua imaginação corrompe tudo quanto ouve e vê, adaptando à vérmina que traz no pensamento. Ninguém se livra da intriga insidiosa e cruel.
São célebres na História da Humanidade as intrigas palacianas...
Nas cortes, onde a frivolidade e o ócio predominavam, as intrigas no passado, assim como no presente, têm sido o alimento mantenedor dos parasitas morais que as constituem.
Quase todas as criaturas têm sido abaladas pela insídia da sua maldade, derrubando potentados e afastando pessoas nobres da execução dos seus elevados ideais.
Tronos são derruídos pela insídia da intriga; reis e potestades tombam nas malhas que as asfixiam.
A intriga é irmão gêmea da traição que se homizia no âmago dos Espíritos infelizes.
Todo grupamento social, político, acadêmico, popular, religioso, cultural ou de trabalho e de lazer, é vítima dos profissionais da intriga, neles integrados com os nefandos objetivos de os desagregar.
...E a intritga campeia a soldo da insegurança, da imaturidade psicológica das criaturas humanas.
O intrigante é instrumento dócil das Trevas que pretendem manter a sociedade na ignorância, no atraso moral, a fim de nutrir-se das emanações humanas que vampirizam.
Movimenta-se com facilidade porque é pusilânime, tornando-se hoje amigo daquele que no passado feriu, e assim, sucessivamente, em relação às pessoas que, no futuro, serão suas vítimas.
Alegra-se ao ver os distúrbios que provoca sem deixar-se trair, sorrindo de prazer ante as injunções penosas que a sua conduta reprochável dá lugar.
Encontra-se em toda parte, por constituir larga fatia da sociedade inditosa que se compraz na maledicência, nas observações distorcidas...
São necessários antídotos vigorosos para sanar essa epidemia ou muita água em forma de paciência e compaixão para apagar os incêndios morais que provoca.
A intriga é semelhante a cupim que destrói a fonte de onde retira o alimento, sem deixar vestígios externos, até o momento em que se desorganizam as estruturas nas quais se refugia.
*   *   *
Fecha os ouvidos à persuasiva palavra simulada do intrigante, que te escolhe para a catarse da própria desdita.
Não passes adiante a informação infeliz que ele te transmite com o objetivo de envenenar-te o que, invariavelmente, consegue.
Abafa a intriga que te chega ao conhecimento no poderoso algodão do silêncio e da dignidade.
Desarma-te, em relação ao teu irmão, adquire autoconfiança e autoconsciência, que te instrumentalizam para não aceitares a morbidez da intriga destruidora.
Mesmo no colégio galileu, a intriga e o ciúme campeavam, culminando na traição de Judas e em negação de Pedro em referência a Jesus, que sempre os amou.
Sê fiel ao teu ideal, mantendo lealdade com relação àqueles que constituem a tua família biológica, quanto a espiritual.
Não agasalhes informações nefastas, deixando-te contaminar pelo morbo sempre ativo da intriga.
Respeita a concha dos teus ouvidos, preservando-a da intriga e dignifica a tua voz não a propagando, dessa maneira deixando-a diluir-se no oceano da tua conduta moral.
Aqueles que se permitem criar embaraços ao seu próximo, acusando-os, indevidamente, tecendo as redes das informações malsãs,  vigiando-os de forma implacável, empurrando-os na direção do abismo do desânimo e do sofrimento, tornam-se responsáveis pelo mal que lhes venha acontecer.
São as mãos invisíveis que os asfixiam e as forças infelizes que os comprimem, derrubando-os pelo caminho da evolução.
Se alguém, por acaso, não corresponde à tua confiança, nem retribui o teu comportamento sadio, não te aflijas, porque o infeliz é ele que, ingrato, não é capaz de compreender a beleza nem o significado da amizade legítima.
Em qualquer circunstância, sê aquele que vive com elevação e honradez, a fim de que longos e saudáveis sejam os teus dias na viagem abençoada pela Terra.
Divulga o bem e canta a glória da afeição pura, entronizando na mente e na emoção, os valores da alegria defluente dos deveres retamente cumpridos.
Embora aceito pelos frívolos, o intrigante é detestado e temido por todos, que lhe conhecem o caráter e percebem que, de um para outro momento, poderão ser-lhes vítimas também.
O que fazem com os outros, certamente farão contigo, sem compaixão.
*   *   *
Jesus recomendou a vigilância e a oração como terapia preventiva e curadora, para uma existência digna e feliz.
Vigia as nascentes do coração para que nelas brote a água lustral do amor que se expande, enquanto orarás, arando com os tratores da caridade, os solos humanos que a vida te oferece.
Intriga, jamais!
Joanna de Angelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica
da noite de 10 de setembro de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.
Em 24.09.2012.

Mensagem extraída do sítio: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=301

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Auditórios Sofisticados


            Em todos os tempos, os oradores mais hábeis, sempre que convidados a discursar nos auditórios que se celebrizaram por aqueles que por ali passaram, tiveram a preocupação de dar à sua palavra os tons insuperáveis da sabedoria, em formulações cultas, que produzissem impacto e admiração inicial nos seus ouvintes.
            Apelavam para as técnicas do discurso, citando personagens célebres e suas palavras, em tonalidades harmoniosas unidas à gesticulação bem estudada, de forma que pudessem produzir o desejado anelo de simpatia geral.
        Era sempre muito grande a preocupação com o estilo e a forma, sem olvido, naturalmente, do conteúdo.
            Nada obstante esses cuidados, quando as ideias não lhes eram conhecidas ou não lhes despertavam o interesse imediato, os presentes desviavam a atenção, demonstrando enfado ou desprezo pelo orador e sua mensagem.
            O caso típico desse comportamento encontra-se na apresentação do Apóstolo Paulo, no  Areópago, em Atenas.
            A presunção e a falsa cultura que predominavam entre os intelectuais gregos, distantes dos postulados éticos de muitos dos seus nobres ancestrais, apesar de leve condescendência para com o expositor malvestido, deixaram de aceitar-lhe as informações, logo que ele aprofundou-se no tema, revelando a grandeza da personalidade de Jesus.
            Empanturrados do hedonismo uns, e do cinismo filosófico outros, não dispunham de espaço mental para novas formulações em torno da vida e dos seus objetivos essenciais.
            O tédio e a futilidade dominavam-lhes o comportamento, reservando a Inteligência para os sofismas, silogismos e debates intermináveis quão inúteis, em que se exibiam, cada qual pretendendo ser mais hábil e profundo conhecedor  do que o outro.
            Perderam, pela vã filosofia, extraordinária oportunidade de travar  contato com o Nazareno que desprezaram, porque ele ressuscitara, o que lhes parecia mitológico, absurdo, insensato...
            Antes havia sido Estêvão que, obrigado a defender-se das acrimoniosas e injustas acusações a respeito do seu ministério na Casa do Caminho, viu-se agredido fisicamente por Saulo, o arrogante doutor da Lei, que lhe não participava das ideias, porque aferrado ao Judaísmo decadente.
            Entre apupos e vociferações de toda ordem, o jovem cristão enfrentou os tiranos sem disfarçar a nobreza dos postulados que abraçava, abordando com lógica irretorquível as lições libertadoras de Jesus, por aquele mesmo sodalício condenado à morte pouco antes, porque se não submetera às suas tricas e objurgatórias.
            A simplicidade e profundeza dos conceitos emitidos irritavam os opositores que, incapazes de debater no campo das ideias, apelavam para a desordem e a força, em vãs tentativas de intimidar o apóstolo preparado para o martírio.
            Ainda hoje encontram-se no mundo os grandiosos auditórios onde desfilam as vaidades e multiplicam-se os déspotas disfarçados de portadores do conhecimento e formadores de opiniões.
            Normalmente asfixiados pelo soez materialismo ou pelo daninho fanatismo religioso, consideram-se os únicos pensadores capazes de traçar comportamentos culturais para os demais, situando-se acima daqueles que não compartem as suas opiniões. E aureolando-se dos louros da vitória em simulacro de parceiros das musas e dos deuses do Olimpo da cultura.
            Parecem impassíveis às propostas de desenvolvimento intecto-moral fora das suas escolas de pensamento e de fé, combatendo com acrimônia tudo e todos que se proponham a melhorar a situação espiritual da sociedade.
            Suas tribunas e cátedras estão sempre reservadas aos pares, àqueles que são portadores dos títulos lisonjeiros que se permutam na disputa do estrelado magnífico da exaltação do ego.
            Não que sejam escassos aqueloutros que, igualmente portadores dos louvores dos centos de cultura e de ciência, estão abertos a novas reflexões e análises do que ignoram, abraçando os resultados defluentes da investigação que se permitem afanosamente, de imediato transmitidos aos demais.
            São esses verdadeiros estoicos da abnegação e da coragem que mantêm acesa a claridade do conhecimento livre, que se reconhecem como aprendizes da Vida, sempre crescendo no rumo da plenitude intelectual, sem a perda dos elevados compromissos éticos indispensáveis à existência enobrecida.
            Diante dos paradoxos de tal natureza, torna-se imprescindível a todo aquele que divulga as incomparáveis lições em torno da imortalidade da alma não temer a presunção e o fastio da falsa e dourada cultura, usando cátedras, tribunas ou os singelos recintos de edificação espiritual, qual o fizeram a princípio, Estêvão na Casa do Caminho e Paulo nas mais diversas situações, inclusive na Domus Aurea, em Roma, diante da truculência de Nero, cirurgiando os tumores malignos da hipocrisia e da promiscuidade, enquanto aplicava o mercúrio cromo para a cura desses males, em forma da mensagem de Jesus.
            Provavelmente, os untuosos dominadores mundanos rejeitarão a partitura musical da inolvidável Palavra, mas nunca se olvidarão desses momentos sinfônicos em que a escutaram, apesar dos ouvidos entorpecidos pela mentira e a mente atribulada pelos interesses subalternos.
            Nunca preocupar-se em demasia, portanto, todo aquele que se dispõe a elucidar a ignorância e disseminar a verdade em nome de Jesus, especialmente através do Espiritismo, com os cultores da Inteligência trabalhada pelo academicismo tradicional, mais preocupado em dar brilho ao conhecimento, colocando os seus iluminados distante das necessidades humanas, que alguns se recusam atender.
            As tribunas clássicas dos debates culturais vêm sendo corroídas pelo tempo, que lhes tem imposto novos comportamentos, enquanto os exemplos daqueles que usam a palavra na construção e manutenção da ética da solidariedade e do amor permanecem solucionando os graves problemas que afligem a sociedade.
            A palavra espírita é simples e desataviada, tendo como escopo conduzir as mentes e os sentimentos às esferas da harmonia mediante a razão e o discernimento, porque totalmente livre de adereços e dependências do status quo.
            Ela é destinada a todos os indivíduos que se encontram na Terra, sejam eles intelectuais ou modestos cultivadores do solo, administradores poderosos ou mendigos, exemplos de saúde ou enfermos, possuidores de riquezas materiais ou despojados de todos os bens, qual ocorreu com os ensinamentos de Jesus que foram direcionados para todos os biótipos humanos. Entretanto, não será ouvida pelos discutidores inveterados, pelos que se encontram empanturrados de presunção e se acreditam bem situados nos acolchoados da inutilidade.
            Verberando o erro e orientando a conduta saudável, a Mensagem deve chegar aos ouvidos das necessidades como brisa perfumada em plena primavera, que impregna e nunca mais desaparece.
            Em qualquer lugar, portanto, seja a nobre sala das conferências, o modesto recinto da Casa Espírita, o santuário da Natureza, o confortável areópago das grandes cidades, o contanto com o transeunte, o verbo eloquente e abençoado poderá atender os transeuntes carnais, para os quais os Espíritos nobres elaboraram, com Allan Kardec, a Codificação.

Vianna de Carvalho
(Página psicografa pelo médium Divaldo Pereira Franco,
 no dia 10 de junho de 2011, no G-19, em Zurique, Suíça.) –
Extraída da revista REFORMADOR, da FEB, nº 2.193,
  dezembro de 2011.