Tribulações
“Também nos gloriamos nas
tribulações.” - Paulo. (Romanos, 5:3.)
Comentando Paulo de Tarso os favores
recebidos do Plano Superior, com muita propriedade não se esquecia de
acrescentar o seu júbilo nas tribulações.
O Cristianismo está repleto de
ensinamentos sublimes para todos os tempos.
Muitos aprendizes não lembram o
apóstolo da gentilidade senão em seu encontro divino com o Messias, às portas
de Damasco, fixando-lhe a transformação sob o hálito renovador de Jesus, e
muitos companheiros se lhe dirigem ao coração, mentalizando-lhe a coroa de
espírito redimido e de trabalhador glorificado na casa do Pai Celestial.
A palavra do grande operário do
Cristo, entretanto, não deixa margem a qualquer dúvida, quanto ao preço que lhe
custou a redenção.
Muita vez, reporta-se às dilacerações
do caminho, salientando as estações educativas e restauradoras, entre o
primeiro clarão da fé e o supremo testemunho. Depois da bênção consoladora que
lhe reforma a vida, ei-lo entre açoites, desesperanças e pedradas. Entre a
graça de Jesus que lhe fora ao encontro e o esforço que lhe competia efetuar,
por reencontrá-lo, são indispensáveis anos pesados de serviço áspero e contínua
renunciação.
Reparemos em nós mesmos, à frente da
luz evangélica.
Nem todos renascem na Terra com
tarefas definidas na autoridade, na eminência social ou no governo do mundo,
mas podemos asseverar que todos os discípulos, em qualquer situação ou
circunstância, podem dispor de força, posição e controle de si próprios.
Recordemos que a tribulação produz
fortaleza e paciência e, em verdade, ninguém encontra o tesouro da experiência,
no pântano da ociosidade. É necessário acordar com o dia, seguindo-lhe o curso
brilhante de serviço, nas oportunidades de trabalho que ele nos descortina.
A existência terrestre é passagem para
a luz eterna. E prosseguir com o Cristo é acompanhar-lhe as pegadas, evitando o
desvio insidioso.
No exame, pois, das considerações
paulinas, não olvidemos que se Jesus veio até nós, cabe-nos marchar
desassombradamente ao encontro dEle, compreendendo que, para isso, o grande
serviço de preparação há de ser começado na maravilhosa e desconhecida “terra
de nós mesmos”
Mensagem
extraída da obra: Vinha de Luz, capítulo
142, do Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier (1951)
Reflexão:
Nos dias atuais reclama-se a falta de lideranças para a condução da massa
humana, que uma parte desgoverna-se pelas trilhas da violência, das viciações, da
deslealdade diante das pequenas e das grandes necessidades da sociedade,
envergando míseras vitórias, que se desdobarão em obrigações a serem
ressarcidas diante da própria consciência. A outra parte sofre a insegurança, a
desconfiança, a incerteza, a desesperança, embora vise a construção do bem, o
desejo de superar suas fraquezas, das dificuldades ambientais e
circunstanciais.
Vê-se
com frequência o apontamento da inexistência de liderança para a condução da
juventude, da política, da cultura e outras áreas nestes tempos novos da
sociedade. Será verdade? Ou a necessidade de alguém conduzir alguém pelas mãos
não ficou para trás. Será que o momento não é de se encontrar a autonomia. O
governo de si mesmo?
Paulo
de Tarso (o São Paulo) diz: “Também nos gloriamos na tribulação”; o Espírito
Emmanuel discorre sobre as dificuldades enfrentadas pelo “apóstolo da
gentilidade”, que tinha uma perspectiva espiritual e utilizava das ferramentas
deixadas por Jesus, que eram as suas mensagens e as suas exemplificações.
Na
trajetória de Paulo, fica claro que ele se governou, se liderou, tendo a mensagem
de Jesus como guia, Jesus fisicamente não estava presente, mas a sua mensagem
estava presente intensamente na vida desse Apóstolo. Não é diferente nos dias
de hoje, se na condição humana ele não lidera, mas a essência de suas lições
está presente em toda parte, embora, a sua vivacidade precisa encontrar eco na
intimidade da cada criatura. Existe uma miscelânea de religiões, mas a
mensagem de Jesus fica apenas no palavrório, conquanto existam exceções, pois,
mesmo os fragmentos de fé sincera Deus considera, porque “é amor” e tudo
reserva em favor de seus filhos, considerando as mínimas coisas como seus
créditos.
“Nem
todos renascem na Terra com tarefas definidas na autoridade, na eminência
social ou no governo do mundo, mas podemos asseverar que todos os discípulos,
em qualquer situação ou circunstância, podem dispor de força, posição e
controle de si próprios.”
O excerto acima, retirado da mensagem
inicial, Emmanuel assevera que todos
podem em qualquer situação ou circunstância dispor de força, posição e controle
de si próprios, o que se compreende governar-se, ou seja, ser líder de si
mesmo.
Por que insistir que surjam líderes,
se a hora é de trabalho coletivo, onde cada personalidade oferece, ou deveria
oferecer, o seu contributo sob a sua própria liderança e a sua autonomia, ora
conduzindo ora sendo conduzido dentro de contexto maior que transcende o
interesse particularista, sabendo que a harmonia de tudo está na contribuição
harmônica de cada um.
No último período do texto do início,
o Orientador, faz um registro decisivo:
“No exame,
pois, das considerações paulinas, não olvidemos que se Jesus veio até nós,
cabe-nos marchar desassombradamente ao encontro dEle, compreendendo que, para
isso, o grande serviço de preparação há de ser começado na maravilhosa e
desconhecida “terra de nós mesmos”.”
Jesus trouxe ao Mundo os ensinamentos
necessários para o crescimento espiritual da Humanidade, vez que ele veio para
salvar as almas da ignorância, dizendo da perspectiva espiritual depois da vida
do corpo, Ele não veio para salvar corpos perecíveis, muito embora, a sua
mensagem ensine regras de bem viver, o que melhora em muito, com a sua
aplicação, a vida no mundo das formas, isto porque se trata da melhoria
espiritual de cada indivíduo, o que significa que a melhoria do espírito
reflete onde ele estiver, encarnado ou desencarnado.
Desassombradamente ir ao encontro de
Jesus, o que corresponde a investir-se de suas verdades e vivê-las. A proximidade com Jesus não ocorre
necessariamente indivíduo a indivíduo, mas, sim, através da condição
vibratória, de acordo com o estágio evolutivo. Caminhar para Jesus é o
aperfeiçoar do Espírito em todos os sentidos. E esse trabalho de abnegação
incondicional ocorre na intimidade da alma, no anonimato, -- “há
de ser começado na maravilhosa e desconhecida “terra de nós mesmos””.
Dorival da Silva