segunda-feira, 29 de junho de 2020

O bem e o mal


O bem e o mal 

 

         O bem e o mal, em sua origem, são energias iguais; a qualidade delas depende da vontade, da intenção, do impulso. A energia é neutra em sua origem. Como ocorre essa modificação, uma vez que, por si só, ela não pode se desviar da neutralidade, sendo um elemento natural, sem razão, sem vontade? 

 

       As consequências de uma intenção ou de uma vontade são forças que imprimem ação à energia, que carrega a qualidade do impulso originário, para o bem ou o mal. 

 

       A intenção, a vontade e o desejo pertencem ao espírito humano, que é o único capaz de realizar o bem e o mal. Isso ocorre porque o ser humano possui razão, tem consciência de si mesmo, alimenta interesses imediatos e futuros, carrega o egoísmo e o orgulho, assume as responsabilidades das consequências de suas ações e tem a obrigação de reparar qualquer prejuízo causado a si mesmo ou a outros. É importante considerar que o bem não precisa de ser justificado e constituirá patrimônio inalienável. 

 

       É da natureza humana discernir entre o certo e o errado, considerando o atual estágio evolutivo. Mas qual é a base intima para a escolha entre um e outro? A educação moral. 

 

       Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, destaca qual tipo de educação é necessária para a transformação do indivíduo e da sociedade.  Como registrado em seu comentário ao final do capítulo III -– Lei do Trabalho -– de O Livro dos Espíritos: “(...). Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. (…)”. 

 

       Além disso, é preciso avaliar a intenção do que se deseja realizar. No entanto, a educação moral é o que guia o que flui do ser pensante, pois são das qualidades inerentes ao indivíduo que qualificam as suas ações e os seus objetivos. 

 

       A base essencial da individualidade, a educação moral, deve vir em primeiro lugar. As demais formações culturais e acadêmicas se basearão nela, dando a qualquer intenção a coloração dos valores morais inerentes. 

 

       Assim, naturalmente, se decide entre o bem e o mal. Isso é a origem do impulso, como se percebe, como sente e medem as responsabilidades do que se empreende, em relação a si mesmo e aos reflexos na sociedade e na natureza. Se o que está enraizado na intimidade é a falta de educação moral, o desrespeito a si e a indiferença para com aqueles que serão afetados pela ação desejada, as consequências serão desastrosas.  

 

       Na obra “Diálogo com as Sombras”, no início do capítulo III, o escritor Hermínio C. Miranda, faz um registro que vem auxiliar o entendimento do tema desta página, no fragmento: “(...). Arrastado pela emoção, o Espírito se desloca, num sentido ou noutro, caminhando para as trevas de sofrimentos inenarráveis ou subindo para os planos superiores da realização pessoal, segundo ele se deixe dominar pelo ódio ou se entregue ao amor. Esse deslocamento o conduz a extremos de paixão, que o esmaga, ou a culminâncias de devotamento, que o santifica, e, muitas vezes, em estágios ainda inferiores da evolução, confunde-se em nós a realidade ódio/amor, e nos confundimos nela e com ela, porque é comum tocarem-se os extremos.”. 

       Àqueles que se mantêm conscientes de que são Espíritos, que viverão sempre, que suas qualidades são a soma de tudo o que cultiva e dá valor, que o estado de paz e felicidade ou de perturbação é colheita de suas próprias semeaduras, então, não podem se desculpar por qualquer deliberação que preveja resultado funesto, porque cientes das graves consequências.  

       É o que falta para grande parte da nossa sociedade atual:  a educação moral que orienta o que se deve ou não fazer e conscientiza que todas as ações têm consequências, que, se não imediatas, surgirão mais adiante como resultados das ações inconsequentes. 

 

       Como dizem os sábios: “é preciso que conheçamos o escuro da noite para compreendermos o claro do dia”, é uma verdade, pois sem essa experiência não entenderíamos nem escuro da noite, nem o claro do dia.  No entanto, em se tratando dos tempos modernos, com abundantes recursos tecnológicos que permitem a busca de informações, temos também obras literárias que demonstram os fatos e as realidades da vida. Além disso, o grande volume de obras mediúnicas apresenta conceitos dos planos de existência material e espiritual, bem como as narrações de ocorrências da vida de Espíritos que deixaram a matéria e daqueles que a ela retornaram. Essas obras mostram as consequências de cada tipo de vivência, relatando com fidedignidade as próprias jornadas, o que não deixa dúvidas sobre qual o melhor caminho a escolher em nossas próprias experiências. 

 

       O sofrimento é parte da vida em evolução, mas grande parte pode ser evitada, porque existem aqueles que são inerentes ao enfrentamento das experiências novas, dos desafios do que não conhecemos, as inseguranças diante de decisão importante; mas existem aqueles que advêm da invigilância, da ganância, da vaidade, do orgulho, do sensualismo, dos interesses exacerbados… Esses trazem consequências de todos os matizes, com desgastes terríveis, que atingem também outras pessoas, quando não uma coletividade inteira. Essas consequências exigem tempo incontável para solução de seus efeitos, e dependendo da gravidade do que provocado, poderão se estender por várias reencarnações.  

 

       Considerando que o Criador está preparando seres para a eternidade e que deverão ser indivíduos competentes, lúcidos e resolvidos, com clareza absoluta do que seja o bem e o mal, sendo seus os méritos; pois vivenciaram as experiências e delas retiraram o discernimento, sedimentado como virtude; e, considerando a máxima, de que o Espírito não retroage no seu estado evolutivo; então, alcançada a meta, o estado perfeito, jamais se darão por anjo decaído. A Humanidade Universal poderá contar com Seres plenos em inteligência e virtude.  

 

       O bem e o mal, o que preferimos?   


                                                           Dorival da Silva

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Aproveitemos (1) – Meditação (2)


Aproveitemos (1) – Meditação (2)

        Abaixo transcrevo duas mensagens de autores espirituais distintos que nos dão asas a profundas buscas de sentidos para a melhor qualidade de nossa existência presente; lançando lastro, com isto, para a vida que se ampliará, aberta a comporta do tempo restituindo a liberdade do Espírito, no encerramento da jornada carnal.

        Não farei análise de nenhuma delas, deixarei aos leitores a busca própria dos recursos interiores de compreensão profunda, a partir dos enunciados dos Orientadores Espirituais.

        As sementes virtuosas precisam encontrar terras intelectuais e emocionais que as queiram cultivar, para que as flores embelezem a alma e adociquem os frutos.

        Boa leitura!
                         Dorival da Silva
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APROVEITEMOS

“E destas coisas sois vós testemunhas.” — (LUCAS, capítulo 24, versículo 48.)

        Jesus sempre aproveitou o mínimo para produzir o máximo.
        Com três anos de apostolado acendeu luzes para milênios.
        Congregando pequena assembleia de doze companheiros, renovou o mundo.
        Com uma pregação na montanha inspirou milhões de almas para a vida eterna.
        Converte a esmola de uma viúva em lição imperecível de solidariedade.
        Corrigindo alguns espíritos perturbados, transforma o sistema judiciário da Terra, erigindo o “amai-vos uns aos outros” para a felicidade humana.
        De cinco pães e dois peixes, retira o alimento para milhares de famintos.
        Da ação de um Zaqueu bem-intencionado, traça programa edificante para os mordomos da fortuna material.
        Da atitude de um fariseu orgulhoso, extrai a verdade que confunde os crentes menos sinceros.
        Curando alguns doentes, institui a medicina espiritual para todos os centros da Terra.
        Faz dum grão de mostarda maravilhoso símbolo do Reino de Deus.
        De uma dracma perdida, forma ensinamento inesquecível sobre o amor espiritual.
        De uma cruz grosseira, grava a maior lição de Divindade na História.
        De tudo isso somos testemunhas em nossa condição de beneficiários. Em razão de nosso conhecimento, convém ouvirmos a própria consciência. Que fazemos das bagatelas de nosso caminho? Estaremos aproveitando nossas oportunidades para fazer algo de bom?

(Mensagem extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, capítulo 161, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, publica em 1948)

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Meditação

        Reserva-te alguns minutos para a meditação, antes de tomares atitudes de assumires compromissos. 

        Os melhores conselhos que recebas são guias e não soluções. 

        Os teus problemas pertencem-te e a ti cabe solucioná-los.

        Transferir responsabilidades para os outros é fugir ao dever. 

        Como não é justo que te acredites responsável por tudo, também não é correto que culpes os outros por todas as ocorrências infelizes que te alcancem. 

        Renovação moral é compromisso para já, e não para oportunamente. 

        Cada vez que postergas a ação dignificadora em favor de ti mesmo, as circunstâncias se tornam mais complexas e difíceis.

*

        Em ti próprio estão as respostas para as interrogações que bailam em tua mente. 

        Aclimata-te ao silêncio interior e ouvirás com clareza as diretrizes para equacioná-las.

        No dia a dia aprenderás a te encontrares, se o intentares sempre.

        Um dia é valioso período de tempo, cheio de incidentes para serem resolvidos e rico de oportunidades, para elevação pessoal. 

        Ganha cada momento, fazendo uma após a outra cada tarefa, e terminarás a jornada em praz. 

        Reflexiona, portanto, antes de agires, para que, arrependido, não venhas a meditar só depois. 

(Mensagem extraída da obra: Episódios Diários, capítulo 31, pelos Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 1985)

terça-feira, 9 de junho de 2020

Povo bom!

Povo bom!

Brasil, brasileiro, brasilidade.

O que vemos? Que observamos?

Tempos difíceis. A pandemia grassa!

Recolhimentos, distanciamentos…

Abrem, reabrem, não abrem as atividades, aturdem.

O emprego se esvai, as empresas menores estorcegam.

O Ente Federal obnubila-se.

A torrente viral corre para o interior do País.

Rastro de derrota deixa corpos sem vida.

Cemitérios enxameados de covas abertas.

Hospitais insuficientes para tanta enfermidade.

Corações amorosos atormentados, aflitos, desesperados.

Amores entregues para socorro sem a certeza do retorno.

Médicos, Enfermeiros, Assistentes atordoados, exaustos.

A fé, a confiança no Criador, apazígua os sofrimentos.

A morte é objeto de notícias, de estatísticas, discussões, críticas…

As divergências políticas em torno da pandemia, da morte… não cessam.

O Povo sofre as dificuldades de toda ordem, vê enterrarem seus entes em cava rasa.

A dependência do Poder para atender necessidades prementes permanece exposta.

O coração está dolorido, a revolta está contida, o sofrimento é para os fortes, a esperança é para quem tem fé, amanhã será…

Aquelas empresas mais fortes e muitas, com muitos recursos, fazem sua parte, compram equipamentos e insumos hospitalares, constroem hospitais de emergência, financiam pesquisas para medicamentos e vacina capaz de dominar o vírus intruso.

Muitos na linha de frente de atendimento aos infectados adoecem e alguns morrem, são os heróis anônimos, só Deus os recompensará!

Povo que tudo suporta. Chora suas dores. Convive com as insuficiências do indispensável. A tristeza toma conta. A saudade dos que se ausentaram instiga sentimentos de toda ordem. Amanhã é outro…

Sofre, suporta, espera… 

Pacífico, tolerante, amoroso, cordato, fraterno, amigo, o perdão é sua bandeira.

Povo bom!

                                                 Dorival da Silva