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quinta-feira, 23 de julho de 2015

O Espiritismo responde

O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 420 - 28 de Junho de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI



 
Um leitor, surpreso com a mudança de temperamento que se verifica com alguns jovens no período final da chamada adolescência, pergunta-nos se o Espiritismo tem alguma explicação para isso.
Sim. Trata-se de um assunto tratado com clareza na principal obra de Allan Kardec, como podemos ver no texto que adiante reproduzimos: 
– Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica?
“É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era.” (O Livro dos Espíritos, questão 385.) 
Na sequência da resposta, os instrutores espirituais disseram mais o seguinte: 
“As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o consequente castigo exclusivamente sobre elas recai.
“Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos.” (Obra e questão citadas.) 
Concluindo as explicações, os Espíritos acrescentaram: 
“A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.
“Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.” (Obra e questão citadas.) 
Reportando-se ao tema no seu livro O Consolador, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, Emmanuel reafirmou o ensinamento acima e a ele acrescentou informações importantes que vale a pena reproduzir para o leitor.
Escreveu Emmanuel: 
“O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos. Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar.
Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico material, e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.” (O Consolador, questão 109.) 
Resumindo: o jovem, ao final da adolescência, é a mesma pessoa da anterior existência, com outro nome e outra roupagem, mas o mesmo Espírito. Se experimentou alguma melhora, ela se refletirá no seu comportamento. Se tal não ocorreu, estaremos diante do mesmo indivíduo, com as virtudes e também os defeitos que ostentou no passado.



Extraída da Revista Eletrônica "O Consolador?", que poderá ser acessada no endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano9/420/oespiritismoresponde.html

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Lógica da Providência


Lógica da Providência

 “Depois que fostes iluminados, suportastes grande combate de aflições.”   – Paulo. (Hebreus, 10:32.)

Os cultivadores da fé sincera costumam ser indicados, no mundo, à conta de grandes sofredores.

Há mesmo quem afirme afastar-se deliberadamente dos círculos religiosos, temendo o contágio de padecimentos espirituais.

Os ímpios, os ignorantes e os fúteis exibem-se, espetacularmente, na vida comum, através de traços bizarros da fantasia exterior; todavia, quando se abeiram das verdades celestes, antes de adquirirem acesso às alegrias permanentes da espiritualidade superior, atravessam grandes túneis de tristeza, abatimento e taciturnidade. O fenômeno, entretanto, é natural, porquanto haverá sempre ponderação após a loucura e remorso depois do desregramento.

O problema, contudo, abrange mais vasto círculo de esclarecimentos.

A misericórdia que se manifesta na Justiça de Deus transcende à compreensão humana.

O Pai confere aos filhos ignorantes e transviados o direito às experiências mais fortes somente depois de serem iluminados. Só após aprenderem a ver com o espírito eterno é que a vida lhes oferece valores diferentes. Nascer-lhes-á nos corações, daí em diante, a força indispensável ao triunfo no grande combate das aflições.

Os frívolos e oportunistas, não obstante as aparências, são habitualmente almas frágeis, quais galhos secos que se quebram ao primeiro golpe da ventania. Os espíritos nobres, que suportam as tormentas do caminho terrestre, sabem disto.

Só a luz espiritual garante o êxito nas provações.

Ninguém concede a responsabilidade de um barco, cheio de preocupações e perigos, a simples crianças.

                                                                        Emmanuel

Extraída da obra: Pão Nosso, psicografada por Francisco Cândido Xavier. 



domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Criança


         Oportunidade aguardada com grande expectativa por àqueles Espíritos que se encontram na erraticidade, para uns é aplacar suas dores, para outros modificação dos pendores negativos e, ainda, há àqueles que buscam ajustes junto de seus desafetos.

       Para os pais, o preenchimento de algo natural, o desejo da constituição da família consanguínea, a continuidade de espécie, o estabelecimento do futuro que desdobrará em tantas esperanças, a hereditariedade, a construção de homens e mulheres de bem.

        Espiritualmente tudo isso é um processo com atores e personagens reais, autônomos, que têm o livre-arbítrio, que trazem o seu cabedal individual, têm vontades, agem de acordo com os seus ímpetos, embasado no estado evolutivo, com seus defeitos e virtudes, onde tudo se desdobra em responsabilidades e consequências.

       Na criança está um momento especial, com um adormecimento da personalidade antiga, cansada, exaurida, para ir acordando com novas energias, como oportunidade de autoajuda, possibilitando tomar rumos novos, reconstruir sonhos, corrigir erros e vícios que o aturdiram, sendo que agora caiu num esquecimento proposital por mecanismo Divino, na reencarnação.

      Os pais colaboraram na constituição do corpo físico, fornecendo os elementos genéticos; o essencial, a vida, o ser pensante e emocional, que o comandará, já existia e aguardava o momento para entrar na carne novamente.

    Todos os seres humanos passaram por esse processo e passarão muitas outras vezes, pois é o instrumento evolutivo mais eficiente, vez que as necessidades orgânicas e emocionais são as grandes forças motrizes do crescimento espiritual.

       No transitar pela matéria, desde a criança frágil e dependente até a saída pelo túmulo, sopesados o tempo e as condições, resolvem-se muitas pendências e adquirem-se conhecimentos e vivências inestimáveis, conquanto a dor e as aflições que servem de limitadores, para que os riscos de desvio do objetivo sejam menores, com a compensação de paz e alegria quando mais sóbrios e comedidos nas ações. 

         Tanto o exercício do bem como a da mazela trazem consequências e refletem nas outras pessoas, tanto um como outra trará resultado evolutivo, o bom senso nos diz que é melhor fazer sempre o bem, mas como conhecê-lo sem experimentar as vivências e saber as diferenças, como escolher se não conhece, por isto o livre-arbítrio e os erros e acertos. Na obra básica da Doutrina Espírita -- O Livro dos Espíritos -- na questão 632: O homem, que é sujeito a errar, não pode enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que faz o bem quando em realidade está fazendo o mal? Resposta dos Espíritos codificadores à Allan Kardec: "-- Jesus vos disse: vede o que quereríeis que vos fizessem ou não; tudo se resume nisso. Assim não vos enganareis."  Diante disso, fica esclarecido de que não se é obrigado errar para aprender, o que se faz obrigatório é pensar antes das ações e ter a humildade de aceitar de que nem tudo convém.

         A responsabilidade dos pais é orientar e advertir, passar suas experiências, mostrar o que é bom e o que é ruim, levar a criança à educação de seus pendores negativos apresentados desde o berço, mas a decisão de acolhimento é de quem toma as rédeas da vida, que nem sempre dá atenção às orientações dos mais vividos, face ao orgulho, o egoísmo e a presunção, que traz arraigado em si mesmo, de existências anteriores.

         São Paulo norteia: Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.

Dorival da Silva

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

As crianças não-batizadas


As crianças não-batizadas e sua destinação 


Em abril de 2012 fará cinco anos desde que foi publicado o documento "A esperança de salvação para bebês que morrem sem serem batizados", no qual a Comissão Teológica Internacional da Igreja Católica considerou inadequado o conceito de limbo.
Originária do latim, a palavra limbo – limbu, 'orla' – tem vários significados, mas, no âmbito da religião, é o nome que se dava ao lugar onde, segundo a teologia católica posterior ao século XIII, se encontrariam as almas das crianças muito novas que, embora não tivessem alguma culpa pessoal, morreram sem o batismo que as livrasse do pecado original.
O texto publicado em abril de 2007 pela Igreja “diz que a graça tem preferência sobre o pecado, e a exclusão de bebês inocentes do céu não parecia refletir o amor especial que Cristo tinha pelas crianças". O documento, de 41 páginas, considera que o conceito de limbo refletia uma "visão excessivamente restritiva da salvação". Segundo seus autores, "Deus é piedoso e quer que todos os seres humanos sejam salvos". E aduziram: "Nossa conclusão é que os vários fatores que analisamos fornecem uma base teológica e litúrgica séria para esperar que os bebês não-batizados que morrerem sejam salvos".
Em face deste novo entendimento da Igreja, os bebês que morrem sem batismo são considerados inocentes e sua destinação, portanto, passa a ser o céu, verificando-se o mesmo com os chamados infiéis, ou não-batizados, desde que tenham levado uma vida justa.
O pensamento acima traz algumas implicações que pouca atenção mereceram dos estudiosos em matéria de religião.
Uma delas diz respeito diretamente ao batismo, conhecido sacramento da Igreja Católica, considerado indispensável para apagar os efeitos do pecado original e as faltas cometidas pela pessoa antes de sua admissão, o qual passa a não ser mais condição necessária para a salvação, fato que representa uma evolução do pensamento católico e faz justiça à bondade e à misericórdia de Deus.
Antes disso, sob o pontificado de João Paulo II, o inferno deixara de ser considerado um lugar determinado, para tornar-se, segundo palavras do próprio papa, um estado de espírito. Os anos se sucederam e, com o documento ora em exame, a ideia de limbo deixou também de existir.
A Igreja, porém, insiste ainda em um equívoco lamentável ao ensinar a seus fiéis que a alma é criada por ocasião da concepção, o que explicaria sua condição de inocência no período da infância, quando sabemos, com base em fatos inúmeros, que a alma de uma criança pode chegar a uma nova existência corpórea trazendo um longo passivo de erros e enganos.
Segundo os ensinamentos espíritas, criado simples e ignorante, o Espírito tem de passar pela experiência da encarnação para progredir. A perfeição é sua meta, mas o caminho até ela é árduo e longo, o que significa que terá de passar por uma série de existências até que esteja depurado o suficiente para desligar-se dos liames materiais.
A Igreja, ao não reconhecer o limbo, avança para uma visão mais justa da vida humana e rompe com o sectarismo que caracteriza a necessidade do batismo para a destinação feliz do homem. Esta nova visão está, além disso, de conformidade com a lógica, porquanto, como sabemos, apenas um terço dos que habitam nosso planeta professa as ideias cristãs, enquanto dois terços as ignoram e, evidentemente, não se submetem ao batismo cristão.
Não sendo batizadas, para onde irão essas pessoas?
Até abril de 2007, segundo a Igreja, não poderiam ir para o céu. Mas, agora, com as novas ideias contidas no documento em exame, sim. Basta que tenham levado uma vida justa.
Lembremo-nos, porém, sempre que falarmos em céu e em inferno, das palavras proferidas pelo saudoso papa João Paulo II.
"Nem o inferno é uma fornalha nem o céu um lugar”, afirmou o papa.
“O céu não é o paraíso nas nuvens nem o inferno é aterradora fornalha. O primeiro é uma situação em que existe comunhão com Deus e o segundo é uma situação de rejeição.” (Correio da Manhã, de 29/7/1999.)

Editorial da Revista Eletrônica "O Consolador"
Ano 5 - N° 237 - 27 de Novembro de 2011

A Revista poderá ser acessada pelos endereço:

Tomamos a liberdade de incluir o fragmento abaixo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” que amplia o entendimento e dá o ensinamento da Doutrina Espírita sobre as questões enfocadas no que diz respeito à criança que morre em tenra idade.  A ideia da preexistência da vida espiritual a presente vida no corpo físico e a compreensão da justiça da reencarnação derrogam, por si sós, as ideias cristalizadas no tempo, que não sofreram análise e crítica séria, o que somente foi possível com o surgimento da fé raciocinada exarada pelo Espiritismo.



BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
Causas anteriores das aflições

(...)

Que dizer, enfim, dessas crianças que morrem em tenra idade e da vida só conheceram sofrimentos? Problemas são esses que ainda nenhuma filosofia pôde resolver, anomalias que nenhuma religião pôde justificar e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, se se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente determinada após a permanência de alguns instantes na Terra. Que fizeram essas almas, que acabam de sair das mãos do Criador, para se verem, neste mundo, a braços com tantas misérias e para merecerem no futuro uma recompensa ou uma punição qualquer, visto que não hão podido praticar nem o bem, nem o mal?
Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. E uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus.
O homem, pois, nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual; mas não escapa nunca às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado. O infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: 'Perdoa-me, Senhor, porque pequei”. (Item 6 – fragmento – de  “O Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, 112ª edição, tradução de Guillon Ribeiro – FEB) 

pode ser consultado através do endereço:
 http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/principal.html )

sábado, 15 de outubro de 2011

Criança e Família


            Sempre que se tenha em pauta a discussão do futuro da Humanidade, a questão vital, que de imediato ressalta, diz respeito à criança.
            Não se podem estabelecer programas de ação para o provir, sem que se cuide dos elementos básicos para esse mister.
            Em qualquer empreendimento humano que objetive a sociedade do amanhã, é indispensável não nos esquecermos da realidade dos dias atuais, cuidando-se de dignificar os que transitam na infância, ora desarmados de recursos éticos e de apoio emocional, carentes de amor e arrojados aos despenhadeiros das sensações grosseiras, que os debilitam e esfacelam.
            Não nos referimos aqui, apenas ao menor carente, àquele que padece das ásperas quão infelizes conjunturas socioeconômicas e que constituem os milhões  de vítimas dos processos políticos impiedosos, geradores dos cânceres morais da ganância, da arbitrariedade e da prepotência a que se submetem os inditosos fomentadores do poder desvairado.
            Tampouco analisamos a situação dolorosa dos pequeninos sem pais, que são atirados, sem maior preocupação, às Instituições, onde se transformam em um número para representações estatísticas, ou nas quais são exibidos para inspirar a compaixão de uns, enquanto se exaltam outros sob os rótulos da solidariedade, da filantropia ou da caridade...
            Detemo-nos a examinar o problema da criança, no contexto da família moderna, quando os sentimentos do amor e do dever se fazem substituídos pelas fórmulas simplistas e pelas ações fáceis, mercantilizadas, de assistência moral e educacional.
            Tornando-se vítima, insensivelmente, do processo tecnológico avançado, o homem vem cedendo aos automatismos que o vencem, em detrimento das realizações com que se felicitaria, não se permitisse exageros na pauta das ambições do ganho e do gozo.
            Dizendo-se vítima das pressões de vária ordem, em decorrência dos impositivos do momento, a criatura entrega-se, em faina extenuante ou aventureira, à conquista dos valores amoedados, transitórios, elaborando mecanismos escapistas para o prazer, com os quais espera fugir às neuroses, não possuindo tempo nem paz para os deveres gratificantes da família, do lar, da prole.         
            Os cônjuges, em decorrência desse aturdimento, saturam-se com rapidez, engendrando técnicas de liberação ou desfazendo os vínculos matrimoniais, que foram estabelecidos à pressa, atendendo a caprichos infantis, possessivos, ou a interesses outros, subalternos, aos quais arrojam, sem melhor exame, o destino e a responsabilidade.
            Outras vezes, em face ao desgaste resultante dos excessos de qualquer porte, adotam atitudes extravagantes, de demasiada permissividade, ou de irritação e desmando, dando curso a estados instáveis e emocionalmente inseguros, em que os filhos se desenvolvem, entre indiferenças, desagrados, mimos impróprios e complexidades emocionais, geradores de futuros distúrbios do comportamento.
            Quando afloram os problemas, na difícil convivência doméstica, recorre-se, apressadamente, a soluções de psicólogos ou psicanalistas, ou educadores talvez sem vivência dessas dificuldades, honestamente interessados, é certo, que deverão realizar em breves horas, adrede marcadas, o que se malbaratou nos demorados dias da convivência familial.
            Os frutos de tal sementeira são, sem dúvida, amargos ou precipitadamente amadurecidos, quando não despencam da haste de segurança, em lamentável processo de  deterioração.
            Ocorre que a família é o núcleo de maior importância no organismo social.
            Quando se desajusta, a sociedade se desorganiza; quando se estiola, a comunidade se desagrega; quando falha, o grupo a que dá origem sucumbe.
            Santuário dos pais, escola dos filhos, oficina de experiências, o lar é a mola mestra que aciona a humanidade.
            Nele caldeiam-se os sentimentos, limam-se as arestas da personalidade, acrisolam-se os ideais, sacrificam-se as aspirações, depuram-se as paixões e formam-se os caracteres, numa preparação eficiente para os embates inevitáveis que serão travados, quando dos relacionamentos coletivos na comunidade.
            Isso, porém, quando o lar, por sua vez, estrutura-se sobre os alicerces ético-morais dos deveres recíprocos, cimentado pelo amor e edificado com o material da compreensão e do bem.
            Sem tal argamassa, desmoronou-se, facilmente, embora permaneça a casa onde se reúnem e se agridem as pessoas, em beligerância contínua, dando início, pela sucessão dos conflitos travados, às grandes lutas que assolam as comunidades, inspirando as guerras a que se atiram as Nações.
            O lar é o suporte imaterial da família, que se constrói na casa onde residem as criaturas, independendo dos recursos financeiros ou dos requintes exteriores de que esta última se revista.
            São o comportamento, as atitudes, as expressões de entendimento fraternal e de responsabilidade que edificam o lar, formando a família, pouco importando as condições físicas do lugar em que toma corpo.
            A criança, que vive na psicosfera de um lar harmônico, no seio de uma família que se compreende e se ajuda, transforma-se no elemento seguro de uma futura humanidade feliz.
            Todo investimento de amor que ora se dirija à criança é de emergência. Sem embargo, de igual necessidade é a educação dos adultos antes que assumam a responsabilidade da progênie, impedindo-os de transferir as suas inseguranças, descontroles, imaturidades, conflitos com que condenam o futuro a imprevisíveis desastres, de que já se têm mostras, a todos arrastando a irreversível situação de dor, que se alongam depois do desgaste físico, nos largos cursos da vida espiritual.
            Tarefa desafiadora para educadores e sociólogos, psicólogos e demais estudiosos do comportamento e da personalidade humana, o grave problema da dissolução da família e o consequente abandono de que vai relegada a prole.
            Adultos caprichosos e desajustados projetarão suas emoções nos filhos, formação de estruturas psicológicas, que lhes assimilarão as agressões e os conflitos, originando-se uma reação em cadeia que explodirá, volumosa, mais tarde, no organismo social.
            É lamentável e dolorosa a situação das crianças que não dispõem de recursos e foram de cedo arrojadas à carência, à orfandade. Não menor, porém, nem menos grave é o futuro incerto dos que padecem famílias desequilibradas, vivendo um presente inditoso, sob a tutela de pais egoístas, agressivos e neuróticos que se alienam, desgovernados e irresponsáveis, pensando em fruir as paixões irrefreáveis, que terminam por consumi-los na voragem da própria insânia.
            Ao Espiritismo, com a sua visão cristã e estrutura filosófica superior, cabe a tarefa imediata de voltar os seus valorosos recursos para a família, trabalhando o homem e conscientizando-o das suas responsabilidades inalienáveis perante a vida, quando informando-o sobre a finalidade superior da sua existência corporal.
            Demonstrando-lhe a indestrutibilidade do ser, bem como preparando-o para as vitórias sobre si mesmo, o conhecimento espírita fará que se esforce por agir com acerto, recuperando-se, na convivência de que a reencarnação ora lhe faculta, dos erros transatos, enquanto lhe oferece as oportunidades superiores para o seu futuro ditoso.
            Com o homem renovado e responsável, surge o lar equilibrado e sadio, onde se formará a criança enobrecida, rumando para uma sociedade melhor.
              Pensando-se, portanto, em termos de futuro, a criança deverá ser sempre a preocupação primeira, e a família, a modeladora inevitável que a trabalha, preparando-a para o amanhã, o que constitui o grande desafio que nos cumpre atender com elevação e dignidade.
            Parafraseando Jesus, repetimos:
            -- “Deixai que venham a mim os pequeninos”... porque à família feliz e nobre pertencerá o reino dos Céus.    


Benedita Fernandes,
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
extraída da obra: Terapêutica de Emergência, capítulo 13, 6ª ed.,

Livraria Espírita Alvorada Editora.  

sábado, 17 de setembro de 2011

DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS



Raul Teixeira responde
http://www.oconsolador.com.br/ano5/227/raulteixeiraresponde.html
Ano 5 - N° 227 - 18 de Setembro de 2011 - Revista Eletrônica - O Consolador



           – Como devemos, à luz da doutrina espírita, tratar o tema descriminalização das drogas, que alguns indivíduos, de diversas capas sociopolíticas, vêm propugnando, sob o argumento de que seus governos não conseguiram vencer o tráfico?

Raul Teixeira: A questão das drogas é uma questão de moralidade. Enquanto vivermos numa condição de agigantada hipocrisia social, encontraremos esses embates para que se deixe de considerar como um crime aquilo que já se haja tornado comum, usual e, para muitos até, natural, no caso em tela, o uso e a distribuição de substâncias psicoativas, capazes de gerar dependência e destruição.
     O grande problema é que vivemos num mundo em que as drogas são intensamente lucrativas, rendendo cifras altíssimas, ganhos financeiros inabordáveis, e quem as chancela como seus donos, e que estão por detrás da sua proliferação na malha social, são indivíduos sem qualquer escrúpulo, sem nenhuma sensibilidade, que afivelam ao rosto máscaras de cinismo e desfilam em todas as ramas do poder político e econômico, sem que sejam admoestados, enquanto compram o silêncio conivente de autoridades que deveriam ser leais defensoras da saúde pública.
      Desgraçadamente, em razão da grande ansiedade por obter dinheiro, por consumir o que consomem a classe média e os ricos e por gozar de uma vida financeira confortável, magotes de criaturas, jovens e velhos, homens e mulheres, se lançam à inglória lida de representar esses poderes sombrios do tráfico de drogas onde quer que vivam ou até onde possam se distender seus tentáculos.
          Todos os argumentos apresentados pelos defensores da descriminalização de qualquer droga são falsos, sofismáticos e oportunistas. A grande cartada sociomoral seria o engajamento das pessoas de boa vontade no sentido de incentivar os processos sérios e bem acompanhados da educação, que precisaria ter começo nos lares, onde, infelizmente, costuma ter início o uso das mais diversificadas drogas, considerando-se os vícios inocentes de pais, mães e outros familiares de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas abundantemente junto das crianças e, às vezes, oferecendo-lhes ou permitindo-lhes os “tragos” que, de ingênuos a princípio, acabam por desgovernar a criatura em função da instalação do vício.
           A situação espiritual preocupante é que ninguém sabe quem são os filhos ou de que realidades reencarnatórias procedem eles. Muitos reencarnam-se exatamente para superar a influência nefasta do tabagismo, do alcoolismo ou de qualquer outra forma de dependência psicoquímica que desenvolveram no pretérito e, uma vez renascidos, são confrontados pelo acesso fácil a esses usos sob aplauso da sociedade eminentemente dinheirista em que vivemos, marcados os tempos do mundo por um cruel materialismo que tem invadido todas as instâncias sociais e até mesmo os arraiais de muitas crenças religiosas.
            Não há como descriminalizar algo que é um crime em si mesmo. Serão feitos tão-somente jogos de palavras e criaremos novos conceitos para justificar o injustificável. Aí nos daremos conta de que, ainda que os legisladores aprovassem tal descriminalização – como é forte tendência –, entraríamos nas considerações de que nem tudo o que é legal é obrigatoriamente moral. Na visão do mundo, então, tudo estaria bem, com os discursos de enfraquecimento do tráfico, com a suposta diminuição de mortes e de tudo que a clandestinidade propicia aos comerciantes e usuários. Entretanto, ninguém escaparia dos conflitos e comprometimentos de ordem moral, uma vez que as leis de Deus se acham situadas em nossa intimidade, em nossa consciência, de cujas imposições e cobranças ninguém consegue se evadir.

Entrevista concedida em 17 de setembro de 2011 à revista “O Consolador”: