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domingo, 19 de novembro de 2017

Vigilância e Fidelidade da Última Hora



Vigilância e Fidelidade da Última Hora 

Filhos, filhas, todos da alma! 

Metamorfoseando-se, o materialismo penetra em todos os ramos do conhecimento humano e as religiões não escapam da sua habilidade camaleônica, permitindo-se os métodos perturbadores das necessidades corporais do ser humano no seu processo de evolução. 

Indispensável a vigilância para não nos deixarmos engambelar pelas sereias sedutoras nos seus cânticos que fascinam, entorpecem e aniquilam a esperança. 

Jesus, não poucas vezes, teve que enfrentar a argúcia do materialismo disfarçado, das manifestações farisaicas que se apresentavam vestidas de traje impecável quais sepulcros de branco caiados, ocultando cadáveres em decomposição. 

Allan Kardec, não poucas vezes, viu-se sitiado pelas manobras maniqueístas do Mundo Espiritual inferior através de companheiros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sendo, no entanto, fiéis aos postulados do Espírito de Verdade. 

Na atualidade, de sofreguidão e de tormento, o ser humano procura uma forma de escapar das provações necessárias ao seu processo evolutivo, e não raro são atraídas essas almas para as propostas equivocadas do deus Mamon, e Mamon deísta que fascina, embriaga os invigilantes e os precipitados. 

Indispensável a nossa fidelidade aos postulados espíritas conforme exarados na Codificação. O mundo estertora, não pela primeira vez. Periodicamente, conjugam-se fatores cósmicos que se tornam sociológicos e ético-morais, sacudindo as civilizações e empurrando-as para o aniquilamento, para logo surgir um período de esperança e de paz. 

Às vésperas da grande transição planetária já iniciada desde há muito, atingimos o clímax que nos pede sacrifício e honradez. Quantos desertam na hora do testemunho! Quantas almas fragilizadas pela sua constituição emocional e espiritual, atraídas pela doçura do Homem das Bem-Aventuranças, mas que não suportam o ferrete do padecimento humano e optam pela desistência mais uma vez! 

Somos alguns deles que retornamos, ouvindo o convite de Jesus para a mansuetude, para a misericórdia, para a autoiluminação e tendo baqueado ontem, encontramo-nos necessitados da redenção, tropeçando nas próprias mazelas, correndo o risco da desistência perigosa. Tenhamos cuidado para que os encantos rápidos do mundo não nos distraiam tanto. 

Algo temos que fazer e o Mestre Incomparável pede-nos fidelidade da última hora. A noite desce e a treva não se faz total porque as estrelas do amor brilham no cosmo das reencarnações. 

Este é momento grave, filhas e filhos do coração, e vós tendes a oportunidade de O servir como dantes não lograstes. 

Tornai-vos fortes ante a debilidade das forças. Sede fiéis diante das facilidades do comportamento. Por mais longa seja a existência física, ela se interrompe e o ser volta à realidade, à Casa Paterna, com os valores que acumulou durante a trajetória física. 

Bendireis amanhã as dificuldades de hoje, as noites, quiçá indormidas, de preocupações e de zelo, porque o pastor se preocupa especialmente com as ovelhas que tresmalham e deveis estar atentos para essas ou para aquelas que são lobos travestidos de cordeiros em nosso meio, ameaçando a estabilidade do rebanho. 

Jesus recomendou-nos a vigilância para, depois, a oração. Sede prudentes como as serpentes, sábios como as pombas, parafraseando o Evangelho, e estai vigilantes, porque amigos vossos de ontem, que se encontram conduzindo as leiras do Espiritismo com Jesus abrem as portas imensas da Imortalidade para que as atravesseis em triunfo e em glória. 

Bendizei, portanto, as dificuldades que também experimentamos quando estávamos na indumentária carnal. Ninguém em caráter de exceção. Quantas vezes choramos convosco, abraçando-vos e dizendo-vos: Bom ânimo, crede e perseverai, recordando-nos de Paulo, sob as ruínas da acrópole antiga em Atenas, renovada, ouvindo as vozes espirituais depois do insucesso da sua pregação aos gregos que ele tanto amava. E ele soube esperar, trabalhar, insistir e amar, fazendo que depois Atenas recebesse o divino pábulo do Evangelho e o legado sublime de Jesus. 

Estamos em uma nova Atenas, que teima em não nos aceitar, em substituir Jesus pela tradição dos velhos deuses de Dionísio a Momo, de Baco às expressões mais vis do humano comportamento. 

O triunfo, sem dúvida, é de Jesus. Ide e pregai com o exemplo, vivendo o Evangelho a qualquer preço, não conforme as teologias, mas de acordo com a ética moral de que se utilizou Allan Kardec para perpetuar esse modelo e guia da Humanidade que nos conduz! 

Ide, amados! Antes, servos e, agora, irmãos do Mestre em triunfo, na Era de Luz que se iniciará em madrugada próxima, logo seja terminada a noite de trevas. 

Mantende-vos em paz e amai, ajudando-vos uns aos outros nas suas debilidades e fraquezas, pois que são eles que precisam do vosso auxílio para também atingirem a meta. 

O Senhor da Vida irá conosco. 

Muita Paz, filhos do coração e filhas da ternura! 

São os votos dos espíritos-espíritas, por intermédio do servidor humílimo e paternal de sempre, 

Bezerra 

Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, no encerramento da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, em Brasília, em 12 de novembro de 2017.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Amadurecimento espiritual


Amadurecimento espiritual

          O Espírito Humano, viajor no tempo que não tem fim, sendo de sua responsabilidade a qualidade da viagem e o aproveitamento das possibilidades a seu favor.

        A viagem terá mais ou menos dificuldades de acordo com o estágio evolutivo. Poderá atrasar-se indefinidamente em situação de sofrimento, perturbação, revolta...  Caberá a si mesmo a modificação do estado em que se encontrar.

        A meta para todos é o estado de paz e felicidade; essa conquista é pessoal.  Conquanto depender das relações coletivas, o desenvolvimento é individual, o que quer dizer que o coletivo é o resultado das qualidades individuais.   

        A existência de boa convivência familiar configura melhores possibilidades em sociedade.  As experiências bem-sucedidas promovem a confiança e a segurança nas ações de progresso.  As experiências de resultados negativos, se superadas as causas e as consequências, mostram que os sofrimentos não compensam, apesar de serem lições, deixam suas marcas.

        Prestar atenção na vida, o que corresponde a meditar nas decisões e ações a serem encetadas no roteiro existencial, favorece sobremaneira o amadurecimento espiritual, pois, procura-se antever os resultados e as consequências.

        Toda ação proporcionará resultado positivo ou negativo, contra o próprio ou a outrem, ou a ambos, com consequências que poderão se desdobrar em questões materiais e emocionais, quase sempre as vinculando.

        Os problemas materiais podem ser resolvidos facilmente se os reflexos emocionais permitirem. Assim os problemas gerados pelas ações levadas a efeito com irresponsabilidade desdobram no campo espiritual ligando os indivíduos pelo ressentimento, ódio, mágoa, desejo de vingança...

        Quando a ação é labor no bem, isto gera vibrações de alegria, de agradecimento, que perduram no tempo, somando-se com outras de mesmo teor, formando um patrimônio sustentador da paz e felicidade.

        O amadurecimento espiritual não acontece num átimo de tempo, nem numa ação fortuita. Essa estrutura espiritual é obra de vivências, da compreensão da necessidade do equilíbrio, da temperança diante das circunstâncias da vida, ponderações diante das próprias ações, como das dos demais que rumam no caminho evolutivo.

        O ninho familiar é o grande laboratório de amadurecimento, para os que se acham na condição de filhos, como de pais. Na família forma um caldo vivencial, conquanto entrelaçados os seus elementos, permanecem individualizados, cada um acolhendo a experiência com os sentimentos que lhe é possível, diante da elevação moral e intelectual que lhe é própria. Nenhum dos componentes é perfeito, embora cada elemento se encontre num patamar evolutivo único, apesar da proximidade evolutiva entre si.

        O contributo da mensagem de Jesus amplia em muito o amadurecimento espiritual, vez que traz entendimento para as dificuldades que se deparam no correr da vida. Jesus faz a ligação entre a vida material e a vida espiritual. Reporta-se aos sofrimentos e aflições da alma humana nos contextos da existência, mas esclarece que há libertação dos males, num novo contexto de vida, no campo espiritual.

        Somente os rebeldes e os renitentes permanecem em sofrimento até que se autorizem sinceramente à modificação do seu estado, contornando o orgulho, o egoísmo... Aplicando na sua existência as regras do bem-viver, respeitando a si mesmo e ao próximo.

        A Doutrina Espírita que veio na condição de “terceiro revelador”, dando complemento as revelações de Moisés e as de Jesus, sendo promessa do próprio Cristo, vem dar mais luz ao entendimento naquilo em que não pôde fazer, em conta as condições intelectuais e morais dos homens de sua época.

        Essa terceira revelação, o Espiritismo, demonstra fatos relevantes para o aprimoramento do Espírito Humano, pois lança luz a infinitas indagações, principalmente sobre a continuidade da vida após a morte do corpo físico, aí, o codificador do espiritismo, Sr. Allan Kardec, faz, com a ajuda dos Espíritos, um raio X do mundo espiritual.  A Doutrina Espírita não é obra de uma pessoa, o Sr. Kardec foi o organizador, na qualidade de pedagogo, oferecendo contribuição da sua condição de homem culto e sábio de seu tempo, no entanto, é obra dos Espíritos evoluídos, que no tempo determinado por Jesus, veio fazer fluir através da Espiritualidade Maior, àquilo que já existia no Mundo, através das religiões, dos profetas, das filosofias, das ciências, dos saberes populares, no entanto estavam esparsos, sendo tudo juntado e organizado, formando uma Nova Ciência, uma Nova Filosofia,  com consequências morais – Nova Religião, mas sem hierarquia, sem cerimônias, tendo como fundo a religação do homem a Deus, pelos laços da inteligência, da fé racionada e da moral.

        Todos os esforços para o amadurecimento espiritual é aproximar-se de Deus, o que quer dizer, adentrar à plenitude da vida, quando as influências materiais estarão vencidas.


                                                  Dorival da Silva

quinta-feira, 19 de maio de 2016

De que modo?

De que modo?

“Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 4:21.)
Por vezes, o apóstolo dos gentios, inflamado de sublimes inspirações, trouxe aos companheiros interrogativas diretas, quase cruéis, se consideradas tão-somente em sentido literal, mas portadoras de realidade admirável, quando vistas através da luz imperecível.

Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações.

Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da Humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste.

A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem.

Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos.

Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica.

Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo:
– “Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?”
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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 152.
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Reflexão:
       O homem está subido em inteligência. A intelectualidade alcançou disseminação considerável. A tecnologia avançou vertiginosamente. As religiões com base no Evangelho Cristão se ramificaram excepcionalmente. No entanto, a mensagem epistolar aos Coríntios: – “Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” -,  permanece quase que congelada no entendimento das massas. 
            Nem o apóstolo dos Gentios e nem o Mestre Jesus ensinou aos líderes grupais para que estes regateassem os seus ensinamentos àqueles que os referenciassem, gerando a fantasia de que pudessem ter algum poder delegado sobre os que conseguisse arregimentar como partidários seus. Os ensinamentos foram distribuídos indistintamente, como as gotículas de chuva que a todos atendem sem intermediários.
         A mensagem evangélica é universal, dando ensejo que cada alma possa abstrair o essencial para a vida de acordo com a sua capacidade de percepção, o que pode ocorrer em grupo, àquele afim. Não como ouvinte somente, mas realizando reflexão e análise por si mesmo, propiciando a possibilidade da troca de experiências e compreensões com os pares, não para sobrepor uns sobre outros, mas para contribuir e respeitar o entendimento de outrem, que sendo diferente do nosso ponto de vista, permite-nos ampliar nossa capacidade de percepção da verdade.
           "Vara" simboliza a imposição, é a dor, em conta a relutância em se não tomar as rédeas da vida em suas mãos, buscando com seus esforços o entendimento de que a vida espiritual não será melhorada pelos esforços de terceiros, essa melhoria se dará exclusivamente com os próprios esforços. "Vara" seria as diversas formas que as Leis Naturais têm de nos proporcionar melhoria, mostrando-nos através das vivências que experimentamos, estas que são o resultado de nosso estado espiritual, através das doenças orgânicas, emocionais e espirituais. 
       "Ou com amor e espírito de mansidão", aqui também é a Lei Natural funcionando, mas não para corrigir a rebeldia de se alimentar o "homem velho", mas proporcionar um estado de alegria íntima correspondente à condição espiritual daquele que anda com suas próprias forças, ainda contribuindo com o seu próximo, realizando o bem com plena confiança de suas possibilidades, consciente de que é parte da engrenagem Universal. A religiosidade nos liberta. 
         "Que quereis?" ...

                                          Dorival da Silva
              



quinta-feira, 9 de abril de 2015

É suficiente crermos em Jesus para sermos salvos?, ...

– É suficiente crermos em Jesus para sermos salvos, como professam algumas religiões?  
Raul Teixeira: Esses mesmos irmãos que pregam que basta crermos em Jesus para sermos salvos não se dão conta de que estão desdizendo a Sua própria fala. Se Jesus Cristo disse: Meu pai trabalha sempre e eu trabalho também, bastaria ao rebanho dEle apenas acreditar? Essa é uma panaceia criada na Idade Média pela Igreja para agradar os nobres, que a partir disso não trabalharam mais; o trabalho era para mulheres e escravos.
Foi Jesus que nos disse que a cada um será dado conforme suas obras. Veja lá: Thiago diz que a fé sem obras está morta em si mesma e Jesus nos disse que a cada um será dado conforme suas obras e não conforme suas crenças.
É muito fácil a criatura ler no texto, memorizá-lo e repeti-lo, sem digerir intelectualmente o que leu. Fica repetindo frases prontas, palavras de ordem que não são verdades segundo o Evangelho de Cristo.
A salvação é um trabalho que realizamos dentro de nós próprios quando entendemos as leis divinas e temos a disposição de vivenciá-las. Aí estabelecemos uma sintonia com o bem, de tal ordem que nos salvamos da ignorância, nos libertamos de todo mal. Conhecereis a verdade e essa verdade vos libertará. Essa libertação é a redenção, é a salvação.
 
  José Raul Teixeira
(Revista Eletrônica: O Consolador) http://www.oconsolador.com.br
Extraído de entrevista publicada no jornal espírita Libertador, de junho/julho de 2010.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Transição Planetária



“A população terrestre alcança a passos largos o expressivo número de sete bilhões de seres reencarnados simultaneamente, disputando a oportunidade da evolução...

Embora as grandes aquisições do conhecimento tecnológico e dos avanços da ciência na sua multiplicidade de áreas, nestes dias conturbados os valores transcendentes não têm recebido a necessária consideração dos estudiosos que se dedicam à análise e à promoção dos recursos humanos, vivendo mais preocupados com as técnicas do que com o comportamento moral, que é de suma importância. Por isso, a herança que se transfere para as gerações novas que ora habitam o planeta diz mais respeito à ganância, ao prazer dos sentidos físicos, à conquista de espaço de qualquer maneira, dando lugar à violência e à desordem...

O desprezo de muitos líderes e de incontáveis multiplicadores de opinião pelas religiões do passado e o fanatismo que vem sendo desenvolvido em torno do espiritualismo de ocasião, encarregado de amealhar recursos monetários  para a existência e de favorecer com saúde aqueles que mais facilmente a possam comprar a soldo dos poderes endinheirados, têm dado lugar ao materialismo e ao utilitarismo em que as pessoas comprazem-se, distantes da solidariedade, da compaixão e do espírito fraternal, ante a dificuldade da real vivência do amor, conforme ensinado e vivido por Jesus. 

Podemos dizer que se vive o período da extravagância e do gozo imediato, sem que sejam mensuradas as consequências perniciosas dessa conduta decorrentes. 

Os indivíduos parecem anestesiados em relação aos tesouros da alma, com as exceções compreensíveis, e mesmo entre alguns daqueles que abraçam a revelação espírita, os conflitos de vária ordem permanecem na condição de mecanismos de defesa contra a abnegação e a entrega total ao Messias de Nazaré.

Alguns indivíduos, que se consideram ousados e cépticos, não levam em consideração os acontecimentos que assolam o planeta, seja no que diz respeito às convulsões sísmicas, cada vez mais vigorosas e trágicas, seja no tocante às de natureza sociológica, econômico-financeira, psicológica, ético-moral aterrorizantes. Outros, mais tímidos, deixam-se  seduzir por informações religiosas ortodoxas, amedrontados e inquietos ante a perspectiva do fim do mundo.

Estabelecem-se datas compulsórias com certa leviandade, como se um cataclismo cósmico devesse ocorrer, com um caráter punitivo à sociedade que se tem distanciado de Deus, numa espécie de absurda vingança...  Ignorando a extensão do amor de Nosso Pai, esperam o desencadear da Sua ira em processo de punição extrema, como se a vida ficasse encerrada no fenômeno da morte física. 

Felizmente, o fim do mundo de que falam as profecias refere-se àquele de natureza moral, sem dúvida,  com a ocorrência inevitável de sucessos trágicos, que arrebatarão comunidades, facultando a renovação, que a ausência do amor não consegue lograr como seria de desejar...  Esses fenômenos não se encontram programados para tal ou qual período, num fatalismo aterrador, mas para um largo período de transformações, adaptações, acontecimentos favoráveis à vigência da ordem e da solidariedade entre todos os seres.

É compreensível, portanto, que a ocorrência mais grave esteja, de certo modo, a depender do livre-arbítrio das próprias criaturas humanas, cuja conduta poderá apressar ou retardar, ou mesmo modificar,  a sua constituição, suavizando-a ou agravando-a...

Com muita justeza alguém definiu o Universo como um grande pensamento, pois que tudo quanto nele exite vibra, reflete-se na sua estrutura, contribuí para a sua preservação ou desordem. 

Qualquer definição de período torna-se temerária, em razão dos acontecimentos de cada dia, responsáveis pelas funestas ocorrências. 

Se as mentes humanas, ao invés do cultivo do egoísmo, da insensatez e da perversidade, emitirem ondas de bondade e de compaixão, de amor e de misericórdia, certamente alterar-se-ão os fenômenos programados para a grande mudança que já se vem operando. 

As mais vigorosas convulsões planetárias tornam-se necessárias para que haja alteração para melhor no clima, na estabilidade relativa das grandes placas tectônicas, nas organizações sociais e comunitárias, com os recursos agrários e alimentícios naturais para manter no futuro as populações não mais esfaimadas nem miseráveis, como ocorre na atualidade...

Compreendendo-se a transitoriedade da experiência física,  a psicosfera do planeta será muito diferente, porque as emissões do pensamento alterarão as faixas vibratórias atuais que contribuirão para a harmonia de todos, para o aproveitamento do tempo disponível, em preparação jubilosa para o enfrentamento da mudança que terá lugar para muitos mediante a desencarnação que os levará para outro campo da realidade. 

O amor de Nosso Pai e a ternura de Jesus para com o Seu rebanho diminuirão a gravidade dos acontecimentos, mediante também a compaixão e a misericórdia, embora a severidade da lei do progresso.

Todos nos encontramos, desencarnados e encarnados, comprometidos com o programa da transição planetária para melhor. Por essa razão, todos devemos empenhar-nos no trabalho de transformação moral interior, envolvendo-nos em luz, de modo que nenhuma treva possa causar-nos transtorno ou levar-nos a dificultar a marcha da evolução.

Certamente, os espíritos  ainda fixados nas paixões degradantes, em razão do seu primitivismo, sintonizarão com outras ondas vibratórias próprias a mundos inferiores, para eles transferindo-se por sintonia, onde se tornarão trabalhadores positivos pelos recursos que já possuem em relação a essas regiões mais atrasadas nas quais aprenderão as lições da humildade e do bem proceder. Tudo se encadeia nas leis divinas, nunca faltando recursos superiores para o desenvolvimento moral do espírito.

Nesse imenso processo de transformação molecular até a conquista da angelitude, há meios propiciatórios para o crescimento intelecto-moral, sem as graves injunções punitivas, nem os lamentáveis privilégios para alguns em detrimento de outros. 

Nesse sentido, as comunicações espirituais através da mediunidade representam uma valiosa  contribuição aos viajantes carnais, por demonstrar-lhes a imortalidade, a justiça divina, os mecanismos de valorização da experiência na reencarnação e o imenso significado de cada momento existencial. 

Ser-nos-á mais fácil estimulá-los ao aprendizado pelo amor do que através dos impositivos do sofrimento, convidando-os  à reflexão e ao labor da caridade fraternal com que se enriquecerão, preparando-se para a libertação inevitável pela desencarnação, quando ocorrer.

Desse modo, os médiuns devotados, os divulgadores  do bem em todas as esferas sociais, experimentarão o aguilhão da dificuldade, sofrerão o apodo e a incompreensão  desenfreada que têm sido preservados pela invigilância. 

Não seja de surpreender que os melhores sentimentos de todos aqueles que porfiam com Jesus sejam deturpados e transformados em instrumento de aflição para eles próprios.  

O amor, quando autêntico, dá testemunho da sua fidelidade. Nos dias atuais, os cristãos legítimos ainda constituem reduzido grupo, fazendo lembrar o período das rudes provações durante os três primeiros séculos de divulgação da mensagem de Jesus no Império Romano. 

Todos serão chamados ao sacrifício, de alguma forma, a fim de demonstrarem a excelência dos conteúdos evangélicos, considerando-se, por um lado, as injunções pessoais que exigem reparação e a fidelidade que pede confirmação pelo exemplo. Que se não estranhem as dificuldades que se apresentam inesperadamente, causando, não poucas vezes, surpresa e angústia. 

Toda adesão ao bem produz uma reação equivalente, que se faz superada pelo espírito de abnegação.

Todos admiramos e emocionamo-nos quando tomamos conhecimento da grandeza dos mártires do passado, nada obstante, quando convocados ao prosseguimento do testemunho, nem sempre nos comportamos como seria de desejar.  Por isso, o refúgio da oração apresenta-se como o lugar seguro para reabastecer as forças e prosseguir com alegria.

As entidades que se comprazem na volúpia da vampirização das energias dos encarnados distraídos e insensatos, voltam-se, naturalmente,  contra os emissários de Jesus onde se encontrem, gerando conflitos em sua volta e agredindo-os com ferocidade. Ao invés da tristeza e do desencanto que sempre tomam o lutador, ele deve voltar-se para a alegria do serviço, agradecendo aos Céus a oportunidade autoiluminativa, sem que nisso ocorra qualquer expressão de masoquismo.

Sem dúvida, numa fase de grandes mudanças, conforme vem sucedendo, as dores sempre se apresentam mais expressivas e volumosas, porque os velhos hábitos devem ceder lugar às novas injunções do progresso. É natural, portanto, que as forças geradoras da anarquia e do desar, sentindo-se combatidas em todas as fronteiras, invistam com os mecanismos de que dispõem, buscando manter as condições em que se expressam. É compreensível, portanto, que todos aqueles que se devotam aos valores humanos que dignificam, sejam considerados inimigos que devem ser combatidos.

Desse modo, constitui-nos uma honra qualquer sofrimento por amor ao ideal da verdade, à construção do mundo novo.

Que o discernimento superior possa assinalar-nos a todos, e que os mais valiosos recursos que se possuam, sejam colocados à disposição do Senhor da Vinha que segue à frente."      


Dr. Bezerra de Menezes (espírito), no livro: Amanhecer de Uma Nova Era, de Manoel Philomeno de Miranda (espírito), psicografia de Divaldo Franco,  capítulo 16 (Durante a Grande Transição Planetária). 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Evangelho fora dos templos

JOSÉ PASSINI
passinijose@yahoo.com.br Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)
 

 

José Passini

O Evangelho fora dos templos
“Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar.” – I Co, 1:17.

Nas várias religiões cristãs, o termo evangelizar define o entendimento e a aplicação dos ensinamentos contidos no Novo Testamento de modo particular. No Espiritismo, essa particularidade se revela na ênfase que é dada à vivência, à exemplificação dos ensinamentos de Jesus e dos Apóstolos, não só nos momentos de prática religiosa, mas em todas as situações de sua vida.
O próprio entendimento do que significa religião foi modificado a partir dos ensinamentos de Jesus. Com Ele, aprende-se que religião não é algo mágico a ser vivenciado no interior dos templos. Não mais aquela ideia de que religião é prática mística, contemplativa, ritualística, cheia de oferendas e fórmulas repetitivas levadas a efeito no interior das assim chamadas “Casas de Deus”. Religião, conforme seus ensinamentos e, principalmente seus exemplos, passou a ser, para aquele que lhe entendeu as lições, um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo, em todos os ambientes, em todos os momentos. Ensinando que Deus está presente em todo o universo, alargou os limites dos templos, mostrando o Universo como um templo imenso: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo, 14: 2).
Jesus libertou, assim, a criatura humana da necessidade do comparecimento ao templo, a fim de ali encontrar-se com Deus. O Mestre jamais convidou alguém a orar num templo. Pelo contrário, quando a Samaritana manifestou-se no sentido de adorar a Deus no Templo de Jerusalém, o Mestre desautorizou tal atitude, dizendo-lhe: "Mulher, crede-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Deus é Espírito e importa que os que O adoram, O adorem em espírito e em verdade" (Jo, 4: 21 e 24). Para Jesus não havia santuários, lugares especiais. Seus ensinamentos, suas curas, suas orações sempre foram levados a efeito onde quer que ele se encontrasse. 
Jesus foi um educador de almas 
Entretanto, uma concepção religiosa libertadora não agrada àqueles que desejam exercer o poder religioso, dominando consciências. Estes procuram conservar a religião como algo mágico, místico, extático, complexo a ponto de a ela só terem acesso os doutos e os sábios, pessoas pretensamente especiais, que estariam mais habilitadas a intermediarem as mensagens das criaturas ao Criador, e vice-versa. Jesus concedeu carta de alforria à Humanidade, em relação à intermediação sacerdotal, ao informar a criatura humana de que ela tem o direito legítimo e inalienável de se comunicar com seu Criador, diretamente, em qualquer lugar onde se encontre: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará” (Mt, 6: 6).
Ele foi crucificado exatamente pela coragem de contrapor-se ao poderio sacerdotal, àquela verdadeira ditadura religiosa.
Jesus foi um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou no Sermão do Monte: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (...)” (Mt, 5: 16). Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de privilégios: “(...) e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mt, 16: 27).
Sua mensagem é um verdadeiro desafio, no sentido de transcender os limites da lei antiga, que preconizava “olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Ex, 21: 24).  
O Mestre não desejou discípulos passivos 
Jesus delineia um novo horizonte na concepção religiosa do Mundo: “(...) se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt, 5: 20). “Ouvistes o que foi dito: amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; (...)” (Mt, 5:42 e 43).
Como educador que foi, Jesus não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender por que deveria agir desse ou daquele modo.
O Sermão da Montanha, que para muitos é apenas um hino ao sentimento, é, também, uma vigorosa mensagem à inteligência, ao raciocínio: “E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11).
Entendendo que o sistema pedagógico de Jesus fundamenta-se no binômio sentimento/razão, o Espiritismo ensina que a evangelização não se restringe unicamente ao campo do sentimento, pois a fé raciocinada começou, inquestionavelmente, com Jesus: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt, 6: 26). Ao ensinar a criatura a não criar fantasias sobre a fé, mostra a linha divisória entre aquilo que deve ser objeto da preocupação do homem, e o que deve ser entregue a Deus, perguntando: “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt, 6: 27). 
A importância do bom relacionamento 
A educação religiosa que Jesus propicia ao homem leva-o a conscientizar-se de que não será através de orações repetidas que estaremos agradando a Deus: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt, 6: 7). Nem através de oferendas ou bajulações: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta” (Mt, 5: 23 e 24).
No Seu trabalho educativo do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem entendeu o Apóstolo João, que registrou: “Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (I Jo, 4: 20).
Mas, com o passar dos tempos, o eixo da mensagem cristã foi-se desviando, saindo da área do estudo, da meditação à luz da oração consciente, passando às práticas exteriores.
Essas verdades religiosas simples, que estiveram ao alcance de humildes pescadores, de viúvas e de deserdados, foram, com o passar do tempo, relegadas a segundo plano, tendo sido postos em primeiro lugar o ritual, a solenidade, o manuseio de objetos de culto, a vela, o vinho, a fumaça, os cantochãos, todo um conjunto imenso de práticas exteriores alienantes, buscadas no paganismo romano, que distanciavam o homem cada vez mais do esforço de autoaprimoramento preconizado pelo Mestre.
Infelizmente, os pronunciamentos libertadores de Jesus não foram objeto de estudo pelos teólogos, que criaram as liturgias, os sacramentos, e, pior ainda, a hedionda teoria das penas eternas, desfazendo a imagem do Deus Misericordioso, tão bem delineada pelo Mestre. 
A evangelização é um processo contínuo 
A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se apossaram, construindo uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas e na crença de que seria o sangue de Jesus o remissor dos pecados da Humanidade. Foi enfatizada a adoração extática a Jesus-morto, em detrimento do esforço em seguir Jesus-vivo. Evangelizar passou a significar o encaminhamento da criatura ao interior dos templos, onde deveria assumir uma atitude inteiramente passiva, ficando no aguardo das bênçãos de Deus, que seriam conseguidas através de rezas intensamente repetidas, quando não de longas penitências.
Mas o Mestre, conhecedor da fragilidade humana, sabia que, de alguma forma, isso iria acontecer, por isso, prometeu o Consolador: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo, 14: 26).
Cumprindo sua promessa, enviou-nos o Espiritismo, que não é apenas mais uma religião cristã, mas o próprio Cristianismo Primitivo, que ressurge na sua pureza, pujança e objetividade originais, destacando-se das demais religiões, pelo menos das do Ocidente, pelo seu aspecto altamente educativo.
Dentro dessa perspectiva, fica claro que evangelizar, na concepção espírita, tem um sentido muito mais amplo do que aquele que é entendido por outras correntes cristãs, pois tem como componente básico, indissociável, o elemento educação.
Evangelizar, na conceituação espírita, representa não só informar alguém a respeito da vida, dos ensinamentos e dos exemplos de Jesus, mas, principalmente, conscientizar a respeito da necessidade da aplicação constante desses conhecimentos teóricos à vida diária.
A evangelização, assim compreendida, não se dá num determinado período de tempo: é um processo contínuo de despertamento da criatura para a necessidade do esforço, no sentido de promover a sua transformação moral, numa busca de autoaprimoramento, que se inicia num determinado momento da vida, mas que não tem data alguma que lhe marque o fim. 

Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", no endereço: