quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Ante os tempos novos

Ante os tempos novos

Enquanto a história relaciona a intervenção de fadas, referindo-se aos gênios tutelares, aos palácios ocultos e às maravilhas da floresta desconhecida, as crianças escutam atentas, estampando alegria e interesse no semblante feliz. Todavia, quando o narrador modifica a palavra, fixando-a nas realidades educativas, retrai-se à mente infantil, contrafeita, cansada... Não compreende a promessa da vida futura, com os seus trabalhos e responsabilidades.

Os corações, ainda tenros, amam o sonho, aguardam heroísmo fácil, estimam o menor esforço, não entendem, de pronto, o labor divino da perfeição eterna e, por isso, afastam-se do ensinamento real, admirados, espantadiços. A vida, porém, espera-os com as suas leis imutáveis e revela-lhes a verdade, gradativamente, sem ruídos espetaculares, com serenidade de mãe.

As páginas de André Luiz recordam essa imagem.

Enquanto os Espíritos Sábios e Benevolentes trazem a visão celeste, alargando o campo das esperanças humanas, todos os companheiros encarnados nos ouvem, extáticos, venturosos. É a consolação sublime, o conforto desejado. Congregam-se os corações para receber as mensagens do céu. Mas, se os emissários do plano superior revelam alguns ângulos da vida espiritual, falando-lhes do trabalho, do esforço próprio, da responsabilidade pessoal, da luta edificante, do estudo necessário, do autoaperfeiçoamento, não ocultam a desagradável impressão.

Contrariamente às suposições da primeira hora, não enxergam o céu das facilidades, nem a região dos favores, não divisam acontecimentos milagrosos nem observam a beatitude repousante. Ao invés do paraíso próximo, sente-se nas vizinhanças de uma oficina incansável, onde o trabalhador não se elevará pela mão beijada do protecionismo e sim à custa de si mesmo, para que deva à própria consciência a vitória ou a derrota.

Percebem a lei imperecível que estabelece o controle da vida, em nome do Eterno, sem falsos julgamentos. Compreendem que as praias de beleza divina e os palácios encantados da paz aguardam o Espírito noutros continentes vibratórios do Universo, reconhecendo, no entanto, que lhes compete suar e lutar, esforçar-se e aprimorar-se por alcançá-los, bracejando no imenso mar das experiências.

A maioria espanta-se e tenta o recuo. Pretende um céu fácil, depois da morte do corpo, que seja conquistado por meras afirmativas doutrinais. Ninguém, contudo, perturbará a lei divina; a verdade vencerá sempre e a vida eterna continuará ensinando, devagarzinho, com paciência maternal.

Ao Espiritismo cristão cabe, atualmente, no mundo, grandiosa e sublime tarefa.

Não basta definir-lhe as características veneráveis de Consolador da Humanidade, são preciso também lhe revelar a feição de movimento libertador de consciências e corações.

A morte física não é o fim. É pura mudança de capítulo no livro da evolução e do aperfeiçoamento. Ao seu influxo, ninguém deve esperar soluções finais e definitivas, quando sabemos que cem anos de atividade no mundo representa uma fração relativamente curta de tempo para qualquer edificação na vida eterna.

Infinito campo de serviço aguarda a dedicação dos trabalhadores da verdade e do bem. Problemas gigantescos desafiam os Espíritos valorosos, encarnados na época presente, com a gloriosa missão de preparar a nova era, contribuindo na restauração da fé viva e na extensão do entendimento humano. Urge socorrer a Religião, sepultada nos arquivos teológicos dos templos de pedra, e amparar a Ciência, transformada em gênio satânico da destruição.

A espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando-lhe as fontes morais, despertando a criatura no quadro realista de suas aquisições. Há chamamentos novos para o homem descrente, do século 20, indicando-lhe horizontes mais vastos, a demonstrar-lhe que o Espírito vive acima das civilizações que a guerra transforma ou consome na sua voracidade de dragão multimilenário.

Ante os tempos novos e considerando o esforço grandioso da renovação, requisita-se o concurso de todos os servidores fiéis da verdade e do bem para que, antes de tudo, vivam a nova fé, melhorando-se e elevando-se cada um, a caminho do mundo melhor, a fim de que a edificação do Cristo prevaleça sobre as meras palavras das ideologias brilhantes.

Na consecução da tarefa superior, congregam-se encarnados e desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, através da qual a Humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.

É por este motivo, leitor amigo, que André Luiz vem, uma vez mais, ao teu encontro, para dizer-te algo do serviço divino dos “Missionários da Luz”, esclarecendo, ainda, que o homem é um Espírito Eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre, que o perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se amoldam às células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe segundo as suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas pela consciência encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é orientada por sublimes ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma continua lutando e aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos desígnios do Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou.

Se a leitura te assombra, se as afirmativas do Mensageiro te parecem revolucionárias, recorre à oração e agradece ao Senhor o aprendizado, pedindo-lhe te esclareça e ilumine, para que a ilusão não te retenha em suas malhas. Lembra-te de que a revelação da verdade é progressiva e, rogando o socorro divino para o teu coração, atende aos sagrados deveres que a Terra te designou para cada dia, consciente de que a morte do corpo não te conduzirá à estagnação e sim a novos campos de aperfeiçoamento e trabalho, de renovação e luta bendita, onde viverás muito mais, e mais intensamente.

EMMANUEL
Pedro Leopoldo, 13 de maio de 1945.

Francisco Cândido Xavier - Missionários da Luz - pelo Espírito André Luiz 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O CRISTÃO E O MUNDO


O CRISTÃO E O MUNDO

“Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.”
— Jesus. (MARCOS, capítulo 4, versículo 28.)

Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente à elevação espiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da Natureza, favorecendo-nos a compreensão.

A erva está longe da espiga, como a espiga permanece distanciada dos grãos maduros.

Nesse capítulo, o mais forte adversário da alma que deseja seguir o Salvador, é o próprio mundo.

Quando o homem comum descansa nas vulgaridades e inutilidades da existência terrestre, ninguém lhe examina os passos. Suas atitudes não interessam a quem quer que seja. Todavia, em lhe surgindo no coração a erva tenra da fé retificadora, sua vida passa a constituir objeto de curiosidade para a multidão. Milhares de olhos, que o não viram quando desviado na ignorância e na indiferença, seguem-lhe, agora, os gestos mínimos com acentuada vigilância. O pobre aspirante ao título de discípulo do Senhor ainda não passa de folhagem promissora e já lhe reclamam espigas das obras celestes; conserva-se ainda longe da primeira penugem das asas espirituais e já se lhe exigem vôos supremos sobre as misérias humanas.

Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lodo, onde os companheiros não os vejam.

Esquece-se o mundo de que essas almas ansiosas ainda se acham nas primeiras esperanças e, por isso mesmo, em disputas mais ásperas por rebentar o casulo das paixões inferiores na aspiração de subir; dentro da velha ignorância, que lhe é característica, a multidão só entende o homem na animalidade em que se compraz ou, então, se o companheiro pretende elevar-se, lhe exige, de pronto, credenciais positivas do céu, olvidando que ninguém pode trair o tempo ou enganar o espírito de sequência da Natureza. Resta ao cristão cultivar seus propósitos sublimes e ouvir o Mestre: Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.

Extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 102.

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Reflexão: O homem deseja que tudo aconteça imediatamente em atendimento às suas expectativas e ansiedades, sem avaliar a necessidade primordial para a sua vida de Espírito, numa fase transitória de experiência, provação, resgate. 

O Cristianismo redivivo, o Espiritismo, traz, através de seus orientadores espirituais, a ampliação do entendimento das mensagens de Jesus, proporcionando condições para a saída do entendimento da forma literal dos versículos evangélicos para a condição ampliada pela reflexão. Refletir sobre um tema com a liberdade de alma, sem nenhuma influência de preconceitos, vaidades e presunções favorece a comunhão com outros pensamentos de mesma qualidade, nos campos siderais, favorecendo o melhoramento de nossas concepções. 

Jesus semeou as verdades divinas no terreno que dispunha, na condição em que pudessem elas perpetuar perante as eras, ficando na condição de fulcro para serem desenvolvidas de acordo com a possibilidade dos Espíritos que se evoluem no contato constante mesmo da literalidade do Evangelho de Jesus.  A mensagem evangélica tem tudo o que o homem precisa para ser feliz, é a direção, e tudo o mais que se apresenta na ciência e na tecnologia é meio de compreender o essencial, se utilizada a reflexão. O que é material se analisa materialmente. No entanto, Jesus não falava das questões materiais, tratava da alma, porque tratava da essência, da vida. O objetivo é o salvamento do homem, a retirada da ignorância, esta que encobre o que é primacial, a vida espiritual plena. A vida espiritual não é possível de ser analisada pelo reencarnado se não com o pensamento, a ferramenta da reflexão. 

Por isso, podemos considerar plenamente a sequência evolutiva enunciada por Jesus: “Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.”

                                                                                                  Dorival da Silva

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Educação da mediunidade

Correio Mediúnico
Ano 1 - N° 35 - 16 de Dezembro de 2007
 

Educação da mediunidade
Manoel Philomeno de Miranda  


Sendo a faculdade mediúnica inerente a uma disposição orgânica, semelhante às outras responsáveis pelas manifestações sensoriais, deverá ser educada com cuidados especiais, a fim de bem desempenhar a função para a qual a Divindade dotou os seres humanos.

Concedida a todos os homens e mulheres sem privilégio de etnia, de caráter, de fé religiosa, de condição sócio-econômica, representa uma alta concessão, que faculta o conhecimento da imortalidade do Espírito, assim como das conseqüências morais resultantes da conduta existencial.

De igual maneira como se educam os sentidos físicos e as faculdades intelectuais, disciplinando o comportamento moral, a mediunidade, que desempenha relevante papel na vida humana, requer desvelos e condutas específicos, para que possa contribuir eficazmente em favor da harmonia do indivíduo e do seu incessante progresso espiritual.

Demitizada pelo Espiritismo, que esclareceu os falsos atributos divinatórios e especiais com que a vestiam, torna-se instrumento precioso para o bem-estar, a saúde e a paz, na condição de recurso próprio para a auto-iluminação e a libertação do primarismo ainda persistente naquele que a possui.

Causa estranheza, não poucas vezes, encontrar-se a mediunidade ostensiva em pessoas de conduta reprochável, enquanto outras, dignas e corretas, dela não se fazem possuidoras com a mesma intensidade. Essa visão proporciona aos incautos o conceito de que a mediunidade independe da moral do indivíduo, o que é certo, enquanto que a qualidade das comunicações não se subordina ao mesmo raciocínio. Isto porque os Espíritos comunicam-se por meio de quaisquer instrumentos, valendo ser lembrado que as primeiras comunicações que precederam ao surgimento do Espiritismo deram-se através de recursos muito primários, com o objetivo de chamar a atenção, logo passando àquelas de natureza transcendental e elevada.

Na ocasião, fazia-se necessário assim apresentar-se o fenômeno, considerando-se que, noutras épocas, em face da naturalidade com que ocorriam e da sua multiplicidade, foram mal interpretados. Mediante esse recurso algo primitivo, foi necessário o estudo sério e a busca da causalidade do fenômeno, quando os próprios Espíritos encarregaram-se de definir e elucidar com sabedoria a ocorrência.

Os indivíduos maus, orgulhosos e corrompidos apresentam-se, portanto, com faculdades ostensivas por misericórdia do Amor, a fim de que sejam, eles mesmos, os instrumentos das advertências e orientações de que necessitam para uma existência de retidão e de equilíbrio, com alto discernimento a respeito dos objetivos da caminhada terrestre. Permanecendo nos vícios a que se entregam, voluntariamente, tornam-se mais responsáveis pelos atos danosos que os prejudicam, padecendo-lhes as conseqüências lamentáveis. Advertidos sobre a transitoriedade do carro material de que se utilizam, não terão como justificar-se ante a própria consciência pela leviandade que se permitiram, assumindo as graves responsabilidades morais em relação ao futuro.

Somente através do conhecimento lúcido e lógico da mediunidade, mediante o estudo de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, é que se deve permitir o candidato à educação da sua faculdade, ao aprimoramento pessoal, iniciando, então, o exercício dessa disposição orgânica, profundamente arraigada nos valores morais do Espírito.

Uma das primeiras providências a ser tomada, em relação a esse programa iluminativo, diz respeito à auto-análise que se deve propor o interessado, trabalhando as imperfeições do caráter, os conflitos comportamentais, lutando pela transformação moral para melhor no seu mundo interior.

Esse esforço, no entanto, não se aplica a um certo período da vida, mas a toda a existência, porquanto à medida em que se avança no rumo da ascensão melhor visão interna se possui a respeito de si mesmo.

Quanto mais esclarecida a pessoa se encontra, mais facilmente observa as imperfeições que possui, dando-se conta de que necessita ampliar o esforço, a fim de as superar.

O contato com os Espíritos com equilibrada freqüência, faculta a percepção da lei dos fluidos, mediante a qual torna-se factível a identificação dos comunicantes, em decorrência das sensações e das emoções experimentadas.

Cada comunicante é portador de vibrações especiais, assim como ocorre na Terra, caracterizando-se cada qual por determinados hábitos e mesmo pelos seus condicionamentos. A observação do conteúdo das mensagens também é de salutar efeito, analisando-o e aplicando-o em si mesmo, quando expresse orientação e direcionamento propiciadores de felicidade.

Os médiuns sérios devem sempre aceitar para si mesmos, em primeiro lugar, as mensagens de que se fazem instrumento, assim aprimorando-se e crescendo na direção do Bem. À medida em que se torna maleável às comunicações, mais expressivas se fazem, proporcionando melhor qualidade de filtragem do pensamento que lhe é transmitido.

Colocada a serviço do Bem, a disciplina e a ordem são fundamentais para o seu mais amplo campo de realizações, porquanto a mediunidade não pode constituir-se estorvo à vida normal do cidadão, nem instrumento de interesses escusos sob a falsa justificativa da aplicação do tempo que lhe é dedicado.

O aprofundamento das reflexões, alcançando o patamar da concentração tranquila, faculta a ideal sintonia com os Espíritos que se comunicarão, diminuindo a interferência das fixações mentais, dos conflitos perturbadores, melhor exteriorizando o pensamento e os sentimentos dos comunicantes.

A tranqüilidade emocional, defluente da consciência de que se é instrumento e não autor das informações, é fundamental, tornando-se simples e natural, sem as extravagantes posturas de que são seres especiais que se atribuem ou emissários irretocáveis da Verdade, merecedores de tratamento superior durante o seu trânsito pelo mundo físico...

João, o batista, proclamou, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. O exemplo deve ser aplicado aos médiuns que desejam alcançar as metas ideais do seu exercício, considerando-se apenas como instrumentos que diminuem de importância enquanto a Mensagem cresce e expande-se.

A busca atormentada da notoriedade, da fama, do exibicionismo, constitui terrível chaga moral, que o médium deve cicatrizar mediante a terapia da humildade e do trabalho anônimo. Desse modo, a arrogância, a presunção, a vaidade que exaltam o ego diminuem a qualidade dos ditados mediúnicos de que se faz portador aquele que assim mantém-se.

Prosseguir com naturalidade a experiência reencarnatória, sendo agradável e gentil, vivendo com afabilidade e doçura, de modo a se tornar seguro intermediário dos Espíritos nobres e bons, que preferem eleger aqueles que se lhes assemelham ou que se esforçam por melhorar-se cada vez mais.

O bom médium, desse modo, conforme esclareceu Allan Kardec, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. (*)

Combater o ego e os seus parceiros, para dar sentido aos valores espirituais, é, sem dúvida, conduta salutar, no processo da educação mediúnica e por toda a existência.

No sentido oposto, quando a faculdade mediúnica não recebe a consideração nem os cuidados que lhe são devidos, não desaparece, antes permanece à mercê dos Espíritos frívolos, irresponsáveis ou perversos que se comprazem, utilizando-a para fins ignóbeis com os quais o intermediário anui, culminando em transtornos emocionais graves, enfermidades simulacros que proporcionam assimilação de agentes orgânicos destrutivos ou de obsessões de longo curso...

De bom alvitre, portanto, será que todos os indivíduos, portadores de mediunidade ostensiva ou natural, esmerem-se e penetrem-se de responsabilidade, adquirindo afinidade com os Mensageiros da Luz, na grande obra de regeneração da sociedade e do planeta a que eles se vêm entregando com abnegação e devotamento.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 14 de novembro de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


(*) O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Capítulo XXIV, Item 12. 52ª. Edição da FEB. 

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Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/35/correiomediunico.html

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Jesus, Mestre dos mestres e médico das almas

Crônicas e Artigos
Ano 9 - N° 415 - 24 de Maio de 2015

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)



Jesus, Mestre dos mestres
e médico das almas

Podemos destacar dois grandes momentos da vida de Jesus: o de Jesus como o Mestre dos mestres e o de Jesus como o médico das almas.


Como o Mestre dos mestres, podemos destacar dois momentos: o ensino por parábolas e as ocasiões em que Jesus ensinou o homem a pensar.

Jesus empregou magistralmente o ensinamento por parábolas, pequenas histórias que serviam para tornar acessível, ao povo, os ensinamentos doutrinários. E para facilitar mais a compreensão das coisas espirituais, ele servia-se de comparações com o que ocorre na vida comum e nos interesses rotineiros do homem.
  
As ocasiões em que Jesus ensinou o homem a pensar foram as vezes em que, ao ser perguntado sobre algum assunto,  ele respondia sempre com uma outra pergunta, para, assim, ensinar o homem a entender, de maneira lógica,  o assunto que era focalizado.

Podemos dar alguns exemplos:
Quando um doutor da lei, para o tentar, disse: “Mestre, o que preciso  fazer para herdar a vida eterna?”, Jesus lhe perguntou:  “Que está escrito na lei? Que é o que lês nela?” O doutor da lei disse: “Amarás o Senhor Deus de todo o  coração, de toda a  tua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo”.  Disse-lhe Jesus: “Respondeste muito bem; faze isto e viverás.” Mas o homem, querendo parecer que era um justo, disse: “Quem é o meu próximo?” Então Jesus contou a Parábola do Bom Samaritano (Lucas,  10:25 a 37), que fala sobre o samaritano que descia de Jerusalém para Jericó e, vítima de salteadores, foi ferido; algum tempo depois, um sacerdote e um levita passaram, indiferentes; logo a seguir veio um samaritano, que assistiu o homem. Jesus, então, perguntou: “Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões?” O doutor da lei respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Disse-lhe Jesus: “Então, vai e faze o mesmo”.

Também para tentá-lo, os fariseus mandaram os seus discípulos, em companhia dos herodianos, lhe perguntar: “É-nos permitido pagar ou deixar de pagar  tributo a César?” Jesus pediu-lhes uma moeda, e perguntou: “De quem são a imagem e a inscrição nesta moeda?” “De César”, responderam eles. Então, Jesus lhes observou: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Ao ensinar o homem a pensar, Jesus lançou as bases para a fé raciocinada, que foi (e é) valorizada pelo Espiritismo. Ou seja, não acreditar  apenas cegamente, ou porque alguém impôs que se deve acreditar nisto ou naquilo, ou desta ou daquela maneira – essa é a fé cega, que muitas vezes conduz ao fanatismo, pois  baseando-se, muitas vezes, no erro, cedo ou tarde desmorona. Somente a fé raciocinada, que se baseia na verdade, nada tem a temer do progresso. Como diz o Espiritismo: fé raciocinada é a que pode enfrentar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade.
  
Por fim, Jesus é o médico das almas, porque,  como ele disse, não são os que gozam de saúde que precisam de médico. Ora, todos nós somos doentes da alma; logo, se  tivermos  fé, todos seremos curados por ele. É também neste sentido que Jesus se acercava, principalmente, dos pobres e dos deserdados, pois são os mais necessitados de consolações, e não dos orgulhosos, que julgam possuir toda a luz e de nada precisar.   

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Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:  http://www.oconsolador.com.br/ano9/415/altamirando_carneiro.html

   

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Parábolas

Editorial




Ano 9 - N° 419 - 21 de Junho de 2015





 
Parábolas

As parábolas são, como sabemos, narrações alegóricas em que o conjunto de elementos evoca, por meio de comparação, outras realidades.


Jesus valia-se com frequência de parábolas, que se contam em grande número e foram objeto de comentários diversos e de obras importantes, como Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, e Histórias que Jesus Contou, de Clóvis Tavares, entre muitas outras.

Por meio delas é possível tomar contato, de maneira mais fácil, com o pensamento de Jesus acerca dos mais diferentes temas.

Dias atrás discutia-se numa roda de amigos espíritas uma questão que tem sido frequente em nosso meio: a deserção de companheiros que iniciam mas não levam à frente a tarefa assumida na instituição espírita. A pessoa chega a uma Casa Espírita, entusiasma-se com o que vê, engaja-se nesse ou naquele trabalho, mas, de repente, desaparece e poucos ficam sabendo o que, de fato, aconteceu.

A deserção – vocábulo que Allan Kardec utilizou em situações semelhantes – é algo também, como sabemos, muito comum nas famílias espíritas. Os jovens nascidos em lar espírita, com as exceções de praxe, permanecem nas lides espíritas até certa idade, mas poucos aí continuam quando ingressam na vida acadêmica.

Embora tenha estado entre nós há mais de 2.000 anos, Jesus, por incrível que possa parecer, aludiu a esse fato em uma conhecida parábola que o apóstolo Mateus registrou no cap. XIII de suas anotações.
Vejamo-la: 
Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar; em torno dele logo reuniu-se grande multidão de gente; pelo que entrou numa barca, onde sentou-se, permanecendo na margem todo o povo. Disse então muitas coisas por parábolas, falando-lhes assim:
- Aquele que semeia saiu a semear; e, semeando, uma parte da semente caiu ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram.
Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a terra onde haviam caído. Mas, levantando-se, o sol as queimou e, como não tinham raízes, secaram.
Outra parte caiu entre espinheiros e estes, crescendo, as abafaram. Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. Ouça quem tem ouvidos de ouvir. (Mateus, cap. XIII, vv. 1 a 9.)

Parece que os companheiros de Jesus não entenderam bem a parábola e o Mestre, então, a explicou:
Escutai, pois, vós outros a parábola do semeador. Quem quer que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno e tira o que lhe fora semeado no coração. Esse é o que recebeu a semente ao longo do caminho.
Aquele que recebe a semente em meio das pedras é o que escuta a palavra e que a recebe com alegria no primeiro momento. Mas, não tendo nele raízes, dura apenas algum tempo. Em sobrevindo reveses e perseguições por causa da palavra, tira ele daí motivo de escândalo e de queda.
Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas, em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera.
Aquele, porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um. (Mateus, cap. XIII, vv. 18 a 23.)

Allan Kardec teceu sobre o ensinamento acima os seguintes comentários:
“A parábola do semeador exprime perfeitamente os matizes existentes na maneira de serem utilizados os ensinos do Evangelho. Quantas pessoas há, com efeito, para as quais não passa ele de letra morta e que, como a semente caída sobre pedregulhos, nenhum fruto dá!
Não menos justa aplicação encontra ela nas diferentes categorias de espíritas. Não se acham simbolizados nela os que apenas atentam nos fenômenos materiais e nenhuma consequência tiram deles, porque neles mais não veem do que fatos curiosos?
Os que apenas se preocupam com o lado brilhante das comunicações dos Espíritos, pelas quais só se interessam quando lhes satisfazem à imaginação, e que, depois de as terem ouvido, se conservam tão frios e indiferentes quanto eram?
Os que reconhecem muito bons os conselhos e os admiram, mas para serem aplicados aos outros e não a si próprios?
Aqueles, finalmente, para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e dá frutos?”(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 6.)

Em face de lições tão claras, não é preciso acrescentar mais nada aos que desertam dos compromissos que assumiram, exceto um aviso que Abel Gomes nos enviou pelas mãos de Chico Xavier, publicado no livro Falando à Terra, pág. 67: “À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas.” 

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Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano9/419/editorial.html

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Mudança de temperamento na adolescência

O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 420 - 28 de Junho de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI



Um leitor, surpreso com a mudança de temperamento que se verifica com alguns jovens no período final da chamada adolescência, pergunta-nos se o Espiritismo tem alguma explicação para isso.

Sim. Trata-se de um assunto tratado com clareza na principal obra de Allan Kardec, como podemos ver no texto que adiante reproduzimos: 
– Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica?
“É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era.” (O Livro dos Espíritos, questão 385.) 
Na sequência da resposta, os instrutores espirituais disseram mais o seguinte: 
“As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o consequente castigo exclusivamente sobre elas recai.
“Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos.” (Obra e questão citadas.) 
Concluindo as explicações, os Espíritos acrescentaram: 
“A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.
“Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.” (Obra e questão citadas.) 
Reportando-se ao tema no seu livro O Consolador, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, Emmanuel reafirmou o ensinamento acima e a ele acrescentou informações importantes que vale a pena reproduzir para o leitor.
Escreveu Emmanuel: 
“O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos. Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e a estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar.
Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânico material, e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos.” (O Consolador, questão 109.) 
Resumindo: o jovem, ao final da adolescência, é a mesma pessoa da anterior existência, com outro nome e outra roupagem, mas o mesmo Espírito. Se experimentou alguma melhora, ela se refletirá no seu comportamento. Se tal não ocorreu, estaremos diante do mesmo indivíduo, com as virtudes e também os defeitos que ostentou no passado.


Texto extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessado no endereço: 
http://www.oconsolador.com.br/ano9/420/oespiritismoresponde.html

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Necessário acordar


Necessário acordar

“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá.” – Paulo. (Efésios, 5:14.)
          Grande número de adventícios ou não aos círculos do Cristianismo acusa fortes dificuldades na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus. Alguns encontram obscuridades nos textos, outros perseveram nas questiúnculas literárias. Inquietam-se, protestam e rejeitam o pão divino pelo envoltório humano de que necessitou para preservar-se na Terra.
           Esses amigos, entretanto, não percebem que isto ocorre, porque permanecem dormindo, vítimas de paralisia das faculdades superiores.
           Na maioria das ocasiões, os convites divinos passam por eles, sugestivos e santificantes; todavia, os companheiros distraídos interpretam-nos por cenas sagradas, dignas de louvor, mas depressa relegadas ao esquecimento. O coração não adere, dormitando amortecido, incapaz de analisar e compreender.
A criatura necessita indagar de si mesma o que faz, o que deseja, a que propósitos atende e a que finalidades se destina. Faz-se indispensável examinar-se, emergir da animalidade e erguer-se para senhorear o próprio caminho.
      Grandes massas, supostamente religiosas, vão sendo conduzidas, através das circunstâncias de cada dia, quais fileiras de sonâmbulos inconscientes. Fala-se em Deus, em fé e em espiritualidade, qual se respirassem na estranha atmosfera de escuro pesadelo. Sacudidas pela corrente incessante do rio da vida, rolam no turbilhão dos acontecimentos, enceguecidas, dormentes e semimortas até que despertem e se levantem, através do esforço pessoal, a fim de que o Cristo as esclareça.

Extraída da obra: Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 68

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O homem que aplica todo o tempo em conquistar coisas materiais e gozar insistentemente do que derivar disto, sem preocupação com as questões espirituais, pode-se afirmar que está dormindo. Não despertou para as finalidades de estar vivendo a experiência do corpo físico.

A conquista e desenvolvimento de bens materiais, todas as construções e os aperfeiçoamentos possíveis são meios de evolução, não restam dúvidas. Busca-se sempre a melhoria da condição de vida, qualificando-se o medicamento, o meio de transporte, a vivenda, o lazer, o esporte, a indústria, o comércio... Certo é que com isso o homem melhora a sua inteligência, aperfeiçoando a tecnologia e suas aplicações.

 
A vida não tem somente essa finalidade de desenvolver as coisas materiais que mais cedo ou mais tarde desaparecerão. Como a própria tecnologia vem mostrando que muitas criações que mal saíram da indústria se encontram superadas por outras, tendo um vida útil curtíssima.

 
Não foge a isso o cultivo excessivo da beleza exterior, cosméticos modernos para todas as finalidades, academias especializadas para melhorar as formas. Conquanto seja dever cuidar do equipamento carnal, para que funcione adequadamente o maior tempo possível e esteja bem apresentável, mas visando a sua utilidade para o trabalho na construção de um Mundo melhor.


Conquanto toda a tecnologia e as modernidades conquistadas pelo homem, não impedem que a experiência da vida física se finde, com a inevitável morte. Depois, o que vem? Nos dias atuais, com a disseminação dos ensinamentos da Doutrina Espírita, que amplia o entendimento da mensagem deixada por Jesus e seus apóstolos, permite antever o que se dará no outro plano da vida, após o cessar das ações orgânicas, a morte.

 
A vida não sofrerá descontinuidade, porque morre somente a máquina de carne que é o instrumento de manifestação da alma enquanto na vida material. Passando para a espiritualidade e a matéria não sendo mais necessária restará apenas o conteúdo que não é material. São os sentimentos, as lembranças, as intenções, enfim são as vibrações resultantes da vida material. É um estado próprio de alma, que corresponde à qualidade dessas vibrações. 
Que qualidade tem? Está feliz, com o sentimento do dever cumprido ou sofrendo a ânsia de atender necessidade que não pode ser atendida, porque era o cultivo da materialidade, do sensualismo e vício.

A mensagem de Jesus leva o homem a entender que a vida na Terra é um momento, porque a vida real e plena é a da espiritualidade. No entanto, é preciso desmaterializar-se e aprimorar-se espiritualmente. Em razão disso é necessário acordar. “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e o Cristo te esclarecerá.” 


Reflexão a partir de inspiração com base no texto inicial. 

                                                         Dorival da Silva