terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Levanta-te dentre os mortos

                     Levanta-te dentre os mortos 

A Doutrina Espírita nos permite uma releitura do Evangelho 

Rogério Coelho 

Deixa aos mortos o cuidado de sepultar os mortos.  Jesus¹ 


        Várias vezes, Jesus refere-Se a mortos que, equivocadamente, algumas pessoas pensam tratar-se de cadáveres. Na verdade, não é bem assim... Há que se buscar o verdadeiro significado dessa palavra para interpretarmos, corretamente, o pensamento de Jesus. 

 

Quando Ele manda: Ressuscitai os mortos²; ou quando afirma: Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá³; ou mesmo, Paulo, quando recomenda4: Levanta-te dentre os mortos, não estão, absolutamente, referindo-se a cadáveres, a desencarnados, a mortos segundo a carne; mas a mortos vivos na carne!... 


Vamos explicar melhor: existem mortos, dentro da cela estanque do egoísmo; mortos, sob a fiança do hedonismo; mortos, sob o guante de alienações; mortos, nos pântanos dos vícios e iniquidades; mortos, para as questões espirituais e encharcados pelos vapores tóxicos do materialismo, da vaidade e do orgulho... Dormem, assim, indefinidamente, muitas vezes, até mesmo após o decesso corporal. São companheiros nossos que malversam as suas existências, deixando escapar as oportunidades de ascensão e despertamento... 


De maneira geral, se assemelham a mortos preciosamente adornados. E alguns, quando acordam, continuam com os olhos pesados pelo sono ancestral, mantendo a alma na posição horizontal da ociosidade, apenas clamando: Senhor! Senhor!... 


Escreveu Paulo4Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os "mortos" e o Cristo te iluminará 


Emmauel conclama5Acordemos para a vida superior e levantemo-nos na execução das boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possamos ajudar os outros. 


A Doutrina Espírita permite que façamos, em espírito e verdade, uma releitura do Evangelho de Jesus, oferecendo-nos ricos subsídios, para oportunas orientações do nosso dia a dia. Estudemos Kardec, para melhor compreendermos Jesus e também para que possamos nos levantar dentre os mortos, seguindo na direção feliz dos cimos do conhecimento e do amor. 

 

Não sem motivos Jesus disse6Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos 


Referências: 

1. BÍBLIA, N. T. Mateus. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966, cap. 8, vers. 8. 

2. OP. Cit. Cap. 10, vers. 8. 

3. Op. Cit. João, cap. 11, vers. 25. 

4. Op. Cit. Efésios, cap. 5, vers. 14. 

5. XAVIER, Francisco Cândido, Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: FEB, 1985, cap. 66 

6. BÍBLIA, N. T. Lucas. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966, cap. 20, vers. 38. 


Artigo extraído do Jornal Mundo Espírita, Órgão de Divulgação da Federação Espírita do Paraná, novembro 2021, nº 1648, ano 89. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

A Reflexão Mental

 

Nota:  Esta página foi extraída da obra Vozes do Grande Além, capítulo 10, de psicografia de Francisco Cândido Xavier. Conforme a nota informativa da abertura do livro, informa que as mensagens que formaram a referida obra se davam por diversos espíritos, espontaneamente, após as  reuniões mediúnicas de desobsessão, como relata o Sr. Arnaldo Rocha, em 30 de maio de 1957, em Pedro Leopoldo (MG).

 

Entendemos que para os que estudam as relações humanas e desejam compreender as relações entre encarnados e desencarnados e vice-versa, além das questões mediúnicas conscientes ou inconscientes, relativamente às influenciações, têm aqui um bom material para análise.

 

Boas reflexões.   

 

                                                                    Dorival da Silva

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A Reflexão Mental

 

Alberto Seabra

 

Na noite de 7 de julho de 1955, fomos surpreendidos por imenso reconforto, porquanto, pela primeira vez, recolhemos a palavra do Dr. Alberto Seabra, abnegado médico e distinto escritor espiritista, que nos falou com respeito ao mundo mental.

* * *

 

Quando os Instrutores da Sabedoria preconizam o estudo, não desejam que o aprendiz se intelectualize em excesso, para a volúpia de humilhar os semelhantes com as cintilações da inteligência, e, quando recomendam a meditação, decerto não nos inclinam à ociosidade ou ao êxtase inútil.

Referem-se à necessidade de nosso aprimoramento interior para mais vasta integração com a Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em tudo.

Nossa alma pode ser comparada a espelho vivo com qualidades de absorção e exteriorização.

Recolhe a força da vida em ondas de pensamento a se expressarem através de palavras e atitudes, exemplos e fatos.

Refletimos, assim, constantemente, uns nos outros.

É pelo reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os reinos mais simples da Natureza.

Vemo-lo nos animais que se acasalam, no mesmo tom de simpatia, tanto quanto nas almas que se reúnem na mesma faixa de entendimento.

Quando se consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos registrar o reflexo da mente superior da criatura humana sobre a mente fragmentária do ser inferior, que passa então a viver em regime de cativeiro espontâneo para servir ao dono e condutor, cuja projeção mental exerce sobre ele irresistível fascínio.

É desse modo que Espíritos encarnados podem influenciar entidades desencarnadas, e vice-versa, provocando obsessões e perturbações, tanto na esfera carnal como além-túmulo.

As almas que partem podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam podem retratar as que partem.

Quando pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no mundo, na viagem da morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o fogo de nossa tortura, conturbando-lhe o coração, toda vez que esse Espírito não for suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. E quando alguém se ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa conduta, arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos da lembrança infeliz que conserva a nosso respeito, prejudicando-nos o passo no mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação, criando imagens de harmonia restauradora.

Em razão disso, convém meditar nos ideais, aspirações, pessoas e coisas que refletimos, porque todos nos subordinamos, pelo reflexo mental, ao fenômeno da conexão.

Estamos inevitavelmente ligados a tudo o que nos merece amor.

Essa lei é inderrogável em todos os planos do Universo.

Os mundos no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase inabordável do corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os planetas e os corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e organogênicas irrevogáveis.

O Espírito consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o destino, tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.

A inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.

A reflexão mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para absorver em si a projeção do Pensamento Superior.

Tudo dependerá de nosso propósito e decisão.

Enquanto nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para com os princípios que nos governam, somos cercados sem defensiva por pensamentos de todos os tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e crimes, em quadros vivos que nos assaltam a imaginação ou em vozes inarticuladas que nos assomam à acústica do espírito, conduzindo-nos aos mais escuros ângulos da sugestão.

É por isso que notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando simultaneamente o bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a certeza e a negação, à maneira de folha volante na ventania.

Eduquemo-nos, estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.

Lembremo-nos de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida pode ser perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro enobrecedor.

A atitude mental é que faz a diferença.

Nosso pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.

Construamos em nós o equilíbrio e o discernimento.

Rendamos culto incessante à bondade e à compreensão.

Habitualmente contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e, por esse motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela parte dos outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.

Não bastam à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores incompletos.

Todos temos fome de plenitude.

O desejo é o imã da vida.

Desejando, sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e transmite o que recebe.

Aprendamos, pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em nossa ascensão para Deus.


(Mantida a página nas mesmas condições de sua publicação original, com regras ortográficas da época)


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Brilha o Céu! Nasce Jesus!

                                Brilha o Céu! Nasce Jesus! 

    O Mundo conhece a história de Jesus. Todos os anos comemora-se o Natal. Relembra-se a saga de seus pais, realça-se o ambiente em que se veio à luz. Nos tempos modernos, com algumas exceções, a questão é o lucro do comércio, o ganho dos presentes, o excesso das festas, a arrogância dos abastados; pouquíssimos convidam o aniversariante Magno para a verdadeira homenagem.  

    O brilho do Céu não é de fogos de artifício, nem de luz de LEDnem de 'laser'. É de resplandecência Divina, são luzes das Plêiades de seres Angélicos que oferecem o seu contributo a gigantesca jornada de Jesus, para levar à possível resplandecência  todos os seres humanos vinculados ao Planeta Terra.  É o redil de que deu notícia; é a seara de todos os trabalhos.  

    Na antiguidade, assim como nos dias atuais, a impressão histórica do nascimento e, posteriormente, os trágicos momentos de Sua morte prevalecem e são cultuados como soluções definitivas para os crentes com problemáticas pessoais ou com os seus, através das promessas e encenações…  

    Grande parte das religiões e dos religiosos utilizam os registros feitos pelos Evangelistas das falas de Jesus como um troféu, garantindo uma suposta salvação que não se explicita do quê! 

    Neste mundo, o único ser capaz de destoar das Leis Naturais é o homem. Todos os desarranjos em seu 'habitat' e todos os desequilíbrios são de sua responsabilidade. Os problemas sociais (miséria num contexto de riqueza) e os de cunho moral, desde o comportamental com base na falta da educação (moral) até o intencional em benefício exclusivo de poder (hegemonia), são o retrato da Humanidade do tempo do Cristo e refletido nos dias atuais. As diferenças se expandiram, porque a mensagem do Salvador ainda não integra esse quinhão.  

    A individualidade humana precisa entender que é um ser autônomo. Enquanto na inocência é guiada, mas quando assume a sua liberdade de agir, deve estar ciente de que as responsabilidades correspondem às suas ações. Terá que dar conta daquilo que surgir em desalinho com a Lei Natural, e ninguém poderá ignorar o discernimento (a consciência) que traz, embora não se saiba ler em si mesmo essa verdade, porque não se conhece.  Dá-se preferência às miudezas da vida, as mesmices, às satisfações fugidias, as agressividades e revanches animalizadas, com crimes hediondos, que levarão séculos para solucionar as suas consequências. O nascimento de Jesus é cultuado, mas a hipocrisia não desaparece da sociedade. Em grande parte, isso ocorre porque o aborto, legal ou extralegal, elimina milhões e milhões de outras crianças que deveriam nascer. A  luxúria, o poder econômico, a ideologia, a má-educação e a fé de fachada mostram o caldo moral pútrido que o ser humano carrega em sua Alma. 

Poderíamos enumerar inúmeros crimes contra a própria consciência, que estão escondidos dentro de um estado de ilusão, do qual demoramos para acordar e que deverão ser enfrentados com a própria razão.  

Embora todos os passos de Jesus, desde os seus pais até sua trajetória sejam magníficos exemplos para a Humanidade, o que resulta de maior relevância para o homem é o moldar de seus pensamentos, registrados pelos Apóstolos Evangelistas, como pontos luminosos que demarcam caminho ascensional à plenitude.   Amar, perdoar, tolerar, renunciar, orar pelos inimigos, …; a paciência, a resignação, a confiança em Deus; tudo isso é para acontecer em profundidade na Alma, é uma revolução íntima, é o vencer-se.  Vencer o que está fora é simples, é prática da vida, mas, em certos casos, pode ser um grande erro, ou mesmo um crime; ou, ainda, pode não trazer nenhum valor para o ser espiritual que somos.  

O Natal de Jesus ocorre quando o homem começa a olhar para si mesmo e reconhece que precisa se tornar melhor, mais humano, mais dócil, responsável consigo mesmo e com o próximo, respeitar os conhecidos e os desconhecidos. Assim, cumprem-se as Leis de Deus, porque se reconhece ser um viajante do Universo e deve o contribuir de forma salutar em favor do todo. É o exercício do Amor, a Caridade permanente.  

Jesus demonstrou a Caridade permanente para que os homens pudessem entender. Falou do amor incondicional. Apresentou o respeito que deve prevalecer entre os dois polos de maior expressão para a vida, o ser homem e o ser mulher, que se complementam, dando-se através do amor, servindo como instrumento de fluência da vida.   

A passagem de um Espírito pela experiência de um corpo, num contexto social, em determinado tempo, não é possível sem a existência de um pai e uma mãe. A finalidade da oportunidade é a educação fraternal e humanitária, exercido inicialmente pelos pais e, depois, pela sociedade, que deverá refletir o comportamento da família.  

O que Jesus mostrou?  Ele mostrou a vivência em família e na sociedade, oferecendo o melhor de si para o todo.  

O que devemos fazer?  

                                        

                                Dorival da Silva