Nota: Esta página foi extraída
da obra Vozes do Grande Além, capítulo 10, de psicografia de Francisco Cândido
Xavier. Conforme a nota informativa da abertura do livro, informa que as
mensagens que formaram a referida obra se davam por diversos espíritos, espontaneamente,
após as reuniões mediúnicas de desobsessão,
como relata o Sr. Arnaldo Rocha, em 30 de maio de 1957, em Pedro Leopoldo (MG).
Entendemos
que para os que estudam as relações humanas e desejam compreender as relações
entre encarnados e desencarnados e vice-versa, além das questões mediúnicas
conscientes ou inconscientes, relativamente às influenciações, têm aqui um bom
material para análise.
Boas
reflexões.
Dorival da Silva
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A Reflexão Mental
Alberto Seabra
Na noite de
7 de julho de 1955, fomos surpreendidos por imenso reconforto, porquanto, pela
primeira vez, recolhemos a palavra do Dr. Alberto Seabra, abnegado médico e
distinto escritor espiritista, que nos falou com respeito ao mundo mental.
* * *
Quando os
Instrutores da Sabedoria preconizam o estudo, não desejam que o aprendiz se intelectualize
em excesso, para a volúpia de humilhar os semelhantes com as cintilações da
inteligência, e, quando recomendam a meditação, decerto não nos inclinam à
ociosidade ou ao êxtase inútil.
Referem-se
à necessidade de nosso aprimoramento interior para mais vasta integração com a
Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em tudo.
Nossa alma
pode ser comparada a espelho vivo com qualidades de absorção e exteriorização.
Recolhe a
força da vida em ondas de pensamento a se expressarem através de palavras e atitudes,
exemplos e fatos.
Refletimos,
assim, constantemente, uns nos outros.
É pelo
reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os reinos mais
simples da Natureza.
Vemo-lo nos
animais que se acasalam, no mesmo tom de simpatia, tanto quanto nas almas que
se reúnem na mesma faixa de entendimento.
Quando se
consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos registrar o reflexo da
mente superior da criatura humana sobre a mente fragmentária do ser inferior,
que passa então a viver em regime de cativeiro espontâneo para servir ao dono e
condutor, cuja projeção mental exerce sobre ele irresistível fascínio.
É desse
modo que Espíritos encarnados podem influenciar entidades desencarnadas, e
vice-versa, provocando obsessões e perturbações, tanto na esfera carnal como
além-túmulo.
As almas
que partem podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam podem
retratar as que partem.
Quando
pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no mundo, na viagem da
morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o fogo de nossa
tortura, conturbando-lhe o coração, toda vez que esse Espírito não for
suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. E quando alguém se
ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa conduta,
arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos da
lembrança infeliz que conserva a nosso respeito, prejudicando-nos o passo no
mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação,
criando imagens de harmonia restauradora.
Em razão
disso, convém meditar nos ideais, aspirações, pessoas e coisas que refletimos,
porque todos nos subordinamos, pelo reflexo mental, ao fenômeno da conexão.
Estamos
inevitavelmente ligados a tudo o que nos merece amor.
Essa lei é
inderrogável em todos os planos do Universo.
Os mundos
no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase inabordável do
corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os planetas e os
corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e organogênicas
irrevogáveis.
O Espírito
consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o destino,
tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.
A
inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da
vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos
capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.
A reflexão
mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para
absorver em si a projeção do Pensamento Superior.
Tudo
dependerá de nosso propósito e decisão.
Enquanto
nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para com os princípios
que nos governam, somos cercados sem defensiva por pensamentos de todos os
tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e crimes, em quadros vivos que
nos assaltam a imaginação ou em vozes inarticuladas que nos assomam à acústica
do espírito, conduzindo-nos aos mais escuros ângulos da sugestão.
É por isso
que notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando simultaneamente
o bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a certeza e a
negação, à maneira de folha volante na ventania.
Eduquemo-nos,
estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.
Lembremo-nos
de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida pode ser
perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro enobrecedor.
A atitude
mental é que faz a diferença.
Nosso
pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.
Construamos
em nós o equilíbrio e o discernimento.
Rendamos
culto incessante à bondade e à compreensão.
Habitualmente
contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e, por esse
motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela parte dos
outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.
Não bastam
à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores incompletos.
Todos temos
fome de plenitude.
O desejo é
o imã da vida.
Desejando,
sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e transmite o
que recebe.
Aprendamos,
pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em nossa ascensão para Deus.
(Mantida a página nas mesmas condições de sua publicação original, com regras ortográficas da época)