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segunda-feira, 13 de maio de 2019

A inexplicável persistência do ateísmo

Especial


por Anselmo Ferreira Vasconcelos


A inexplicável persistência do ateísmo
Entre tantas façanhas produzidas pelo telescópio Hubble, algumas merecem especial destaque. Refiro-me a dez imagens absolutamente impressionantes. São fotos simplesmente exuberantes, isto é, verdadeiras obras-primas esculpidas em pleno cosmos por um excepcional artista celestial: Deus. Nelas podemos perceber um pouco da grandeza do Criador manifestada nos contornos e cores da Galáxia do Sombrero, que dista 28 milhões de anos-luz da Terra, e é dotada de uma aparência de tirar o fôlego (a propósito, ela abriga 800 bilhões de sóis e possui um diâmetro de 50.000 anos-luz)da Nebulosa da Formiga, essencialmente composta de uma nuvem de poeira cósmica e gás, distante da nossa Galáxia, e da Terra, entre 3.000 a 6.000 anos-luz; da Nebulosa Esquimó, que se assemelha a um rosto circundado por chapéu ou gorro enrugado, ou seja, um anel formado por estruturas ou restos desagregados de estrelas mortas, e distante aproximadamente 5.000 anos-luz do nosso planeta; da Nebulosa Olho de Gato, que tem uma aparência de olho esbugalhado tal qual a do feiticeiro Sauron do filme O Senhor dos Anéis; da Nebulosa Ampulheta, distante 8.000 anos-luz, e que apresenta um singular estrangulamento no meio devido aos ventos que a modelam; da estonteante Nebulosa do Cone, que possui 2,5 anos-luz de comprimento, o equivalente a 23 milhões de voltas ao redor da Lua; da Tempestade Perfeita, isto é, uma pequena região da Nebulosa do Cisne, distante 5.500 anos-luz (composta de um oceano de hidrogênio, bem como de pequenas quantidades de oxigênio, enxofre e outros elementos); da Noite Estrelada, assim denominada por recordar o famoso quadro de Van Gogh; do enigmático redemoinho de olhos “furiosos”, isto é, duas galáxias que literalmente se fundem (chamadas NGC 2207 e IC 2163), distantes 114 milhões de anos-luz na longínqua Constelação do Cão Maior; e, por fim, da Nebulosa Trifid, um maravilhoso “berçário estelar”, situado a 9.000 anos-luz da Terra, e local onde nascem as novas estrelas (Fonte: https://fla.st/2ZJuhXP -Acessado em 25 dez.2018.) 
Apesar de tão expressivas obras cósmicas, há um contingente considerável de criaturas humanas que duvidam da existência de um poder maior que rege todo o universo: são os ateus que ainda se fazem presentes na Terra. As estatísticas indicam que há cerca de749,2 milhões (11% da população mundial) deles em nosso orbe. Eles representam 85% da população da Suécia, 81% do Vietnã, 80% da Dinamarca, 72% da Noruega, 65% do Japão, 61% da República Checa, 60% da Finlândia, 54% da França e 52% da Coreia do Sul.
Os países com maior número absoluto de ateus são: China (181,8 milhões), Japão (82 milhões), Rússia (69 milhões), Vietnã (66 milhões), Alemanha (40 milhões), França (32 milhões), EUA (26,8 milhões), Inglaterra (26,5 milhões) e Coreia do Sul (25 milhões). Cumpre destacar que 8% dos brasileiros são ateus, agnósticos e sem religião. Em termos de sexo, os ateus se subdividem em 56% homens e 44% mulheres. Na área científica estima-se que ao redor de 10% assim se denomine.
Outro dado surpreendente foi revelado por um estudo conduzido pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência FAMECOS/PUCRS de 2015, denominado Ideias e Aspirações do Jovem Brasileiro sobre Conceitos de Família. O trabalho focou em 1.500 jovens, sendo 82,5% da amostra situada na faixa etária de 18 a 24 anos e 17,5% de 25 a 34 anos. A pesquisa trouxe a lume que 19,3% declararam-se ateus e 6,2% agnósticos, isto é, mais de 1/4 não consegue desenvolver uma noção elementar de Deus em suas vidas. A propósito, escrevo sobre esse assunto porque recentemente conversei com uma jovem – bacharel em Biologia pela USP – que me confidenciou ser ateia. Disse-me com toda a clareza possível que sentia ser alvo de preconceito em relação à sua opinião. De minha parte, admito ter ficado perplexo a priori por descobrir uma pessoa que tenha estudado essa área do saber, e não ter conseguido vislumbrar a “mão de Deus” permeando a natureza.
Recobrando-me rapidamente do choque inicial, busquei argumentar aludindo aos perceptíveis sinais divinos que a tudo abrange. Não fui bem sucedido, pois encontrei intransponível barreira por parte da minha interlocutora. Indaguei-lhe se havia tido educação religiosa na infância, e ela confirmou-me positivamente. Perguntei-lhe ainda se havia lido a obra A Gênese, de Allan Kardec, que apresenta um riquíssimo tratado sobre a divindade, entre outros assuntos, e ela também fez gesto afirmativo. Posto isto, só sobrou-me inquiri-la se algum conteúdo havia tocado nas fímbrias do seu ser. Para minha decepção, ela negou taxativamente qualquer aproveitamento. Na verdade, insinuou que eu pretendia convencê-la. Eu, mais do que depressa, informei-a de que, em matéria de fé, nós é que nos convencemos.
Senti-me compelido a falar-lhe sobre Jesus, a sua luminosa obra, os seus milagres, a visão do Tabor, as aparições logo após a sua morte traiçoeira, o crescimento exponencial do movimento cristão etc. Todavia, percebi indisfarçáveis sinais de desdém da parte da moça. Diante do quadro de radicalismo por mim divisado, assim como a inutilidade de qualquer discussão, compreendi que, infelizmente, não havia mais nada a fazer... Lamentei profundamente ainda existirem na face da Terra seres humanos que sequer conseguem sentir a presença de Deus em seus corações e inteligência. Além de não terem capacidade para explicar os cruciais fenômenos da vida, negam veementemente a existência de uma força superior. Por isso, orei fervorosamente pela garota que ainda não descobriu Deus.
Imaginei as duríssimas experiências que ela enfrentará nessa amarga fase de turbulência planetária, com as suas duras expiações coletivas e individuais, sem uma fé, sem uma crença, sem uma luz interior para confortá-la nas horas de dor e desespero. Pobres de espírito, penso eu, são as criaturas que se fecham cabalmente aos apelos do mais alto à razão. Infelizes são os que se opõem sistematicamente aos raios do amor universal.
Na verdade, melhor seria se aceitassem a sensata recomendação do filósofo espírita J. Herculano Pires, aduzidas no livro Libertação Espiritual:
“O homem deve conter-se nos limites de si mesmo, cuidar das suas imperfeições, melhorar-se. Basta-lhe saber que Deus existe, e que é justo e bom. Disso ele não pode duvidar, porque ‘pela obra se reconhece o obreiro’, a própria natureza atesta a existência de Deus, sua própria consciência lhe diz que ele existe, e a lei geral da evolução comprova a sua justiça e a sua bondade. [...]”.
Com efeito, se há algo que nunca faltou à humanidade foi o envio de missionários divinos atestando a existência de Deus. A bem da verdade, nunca fomos abandonados pelo Criador; Deus sempre nos supriu com o seu infinito amor. Como corretamente destacou o Espírito Emmanuel, no livro A Caminho da Luz(psicografia de Francisco Cândido Xavier), “Todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres”.
O sábio mentor recorda igualmente que:
 “O grande legislador dos hebreus trouxera a determinação de Jesus, com respeito à simplificação das fórmulas iniciáticas, para compreensão geral do povo; a missão de Moisés foi tornar acessíveis ao sentimento popular as grandes lições que os demais iniciados eram compelidos a ocultar. E, de fato, no seio de todas as grandes figuras da antiguidade, destaca-se o seu vulto como o primeiro a rasgar a cortina que pesa sobre os mais elevados conhecimentos, filtrando a luz da verdade religiosa para a alma simples e generosa do povo”.
Avançando ainda mais na elucidação do assunto, Emmanuel propõe que:
“O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas, deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou beatifica realização do não ser. A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das trocas incessantes no seio da natureza visível e invisível. Sua manutenção depende da atividade de todos os mundos e de todos os seres. Cada individualidade, na prova, como na redenção, como na glória divina, tem uma função definida de trabalho e elevação dos seus próprios valores. Os que aprenderam os bens da vida e quantos os ensinam com amor, multiplicam na Terra e nos Céus os dons infinitos de Deus”.
Assim sendo, Emmanuel leva-nos, por fim, a concluir que “Toda a realidade é a do Espírito e toda a paz é a do entendimento do reino de Deus e de sua justiça”.
Allan Kardec, por sua vez, revela na obra de sua autoria acima mencionada (Capítulo II), com muita acuidade, que “[...] Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras.
O codificador do Espiritismo inferiu em sem seus estudos que:
“[...] A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, creem instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles veem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas?”
Kardec observa, com plena razão, que:
 “[...] Para compreender Deus, ainda nos falta o sentido, que só se adquire com a completa depuração do Espírito. Mas se o homem não pode penetrar a essência de Deus, pode ter como premissa a sua existência. O homem pode, então, pela razão chegar a conhecer-lhe os atributos necessários e concluir que esses atributos só podem ser divinos, deduzindo daí quem é Deus”.
Graças ao hercúleo esforço do codificador somos informados que Deus é a expressão da suprema inteligência; é eterno; é imutável; é imaterial; é onipotente; é soberanamente justo e bom; é infinitamente perfeito; e é único. Os argumentos coligidos por Kardec são tão eloquentes que somos naturalmente conduzidos a concluir que “É assim que, comprovada pelas suas obras a existência de Deus, por simples dedução lógica se chega a determinar os atributos que o caracterizam”.
E aí reside a questão-chave arrolada por Kardec: dedução lógica. Como nós, espíritos impuros e imperfeitos, queremos ter a pretensão de ter acesso direto ao Criador? Normalmente, o cético, na sua arrogância peculiar, cogita esse direito, sem considerar, entretanto, as premissas necessárias para tal, isto é, a conquista intransferível da fé e o seu próprio desenvolvimento espiritual.
Ademais, o ateu, na sua incomensurável ignorância, não consegue conceber que “... a natureza inteira está mergulhada no fluido divino. [...]”, como destaca Kardec. O Espírito Emmanuel pondera, com absoluta razão, em Caminho, Verdade e Vida (também psicografado por Francisco Cândido Xavier) que “Quem não consegue crer em Deus está doente. [...]”. Mais ainda: “O homem nada pode sem Deus”. Por isso, creio que só indivíduos altamente presunçosos e insipientes não sentem Deus. Viver divorciado de Deus é caminhar sem direção. Em paralelo, até a limitada ciência humana hodierna já é capaz de conceber Deus como um dos stakeholders. Posto isto, adverte Emmanuel que “No fundo, há um só Pai que é Deus e uma grande família que se compõe de irmãos” (Capítulo 20). Para ele, “A vida deveria constituir, por parte de todos nós, rigorosa observância dos sagrados interesses de Deus” (Capítulo 21).
O iluminado mentor espiritual ensina que: “Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa” (Capítulo 26). Concomitantemente, Emmanuel esclarece que “O bem flui incessantemente de Deus e Deus é o Pai de todos os homens. [...]” (Capítulo 42). Recorrendo uma vez mais à lógica, ele propõe que “Deus é o Criador Eterno cujos desígnios permanecem insondáveis a nós outros. Pelo seu amor desvelado criam-se todos os seres, por sua sabedoria movem-se os mundos no Ilimitado” (Capítulo 54). Desse modo, não podemos, por meio dos nossos restritos sentidos e conhecimentos, definir ou delinear algo tão acima de nós. Especialmente nós que estamos nos primeiros degraus do pensamento transcendental.
Certamente teremos muitas revelações no momento apropriado... De qualquer maneira, Emmanuel comenta também (Capítulo 61) que:
 “Os homens não compreenderam, ainda, que a oportunidade de cooperar nos trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros da graça de Deus. Chegará, contudo, a época em que todos se sentirão ricos. A noção de ‘capitalista’ e ‘operário’ estará renovada. Entender-se-ão ambos como eficientes servidores do Altíssimo”.
Portanto, descobrir Deus é dever e missão de cada ser inteligente. É o primeiro grande passo na senda do Espírito imortal. Reencontrá-lo dentro de nós talvez seja a nossa maior conquista, pois através dela outras importantes serão obtidas no tempo devido. Achar Deus é se iluminar. Além disso, ninguém consegue conhecer a si mesmo sem a ajuda do Criador. Negá-lo, por outro lado, é sinal de desinteligência e profundo atraso espiritual. Como bem explica J. Herculano Pires, na referida obra acima destacada:
 “A negação de Deus é, para o espiritismo, como a negação do sol. O ateu, o descrente, não é um condenado, um pecador irremissível, mas um cego, cujos olhos podem ser abertos, e realmente o serão. Porque Deus é necessariamente existente, segundo o princípio cartesiano. Nada se pode entender sem Deus. Ele é o centro e a razão de ser de tudo quanto existe. Tirar Deus do Universo é como tirar o sol do nosso sistema. Simples absurdo”.
Desse modo, portanto, só nos resta concluir que a persistência do ateísmo na Terra, em pleno terceiro milênio da era cristã, deve-se apenas e tão somente ao inexplicável descaso de certos humanos que se fecham à luz da sabedoria universal.

Está página foi extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano13/618/especial.html

domingo, 25 de novembro de 2018

Casa espiritual

 Casa espiritual 

“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.” - Pedro. (I Pedro, 2:5.) 

Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor. 
Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor. 
O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir nas palavras de Simão Pedro, porque a lição de Jesus não deve ser tomada apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima. 
Muita vez, é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados. 
Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal. É também o restaurador da casa espiritual dos homens. 
O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço. O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo. 


Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, capítulo 133, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier – Ano: 1951 

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Reflexão:  
Nesse exercício reflexivo sobre a página acima notamos de início a grandiosidade do texto, neste fragmento: “(...), por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.” As letras dizem sem nenhuma sombra de dúvida o que se precisa fazer. Somos casa espiritual, teremos a beleza ou não do próprio esforço.  
Não há proibição na conservação da casa material que habitamos, nem do cultivo do corpo físico na sua exterioridade, nem de usufruir das coisas que o Mundo dispõe, desde que não haja abuso, tendo sempre presente a consciência de que quem participa de todos os feitos da vida é o ser pensante (a alma) que se manifesta e age através de um organismo de carne, que lhe obedece. Dessa forma, todas as experiências geram registros na alma, pois são recursos intelectuais e emocionais que lhe pertencem e modificam a casa espiritual (o estado espiritual).  Como ensina o apóstolo Pedro, no verso à epígrafe, “(...), como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.”  
Reproduzimos parte do texto inicial, considerando a precisão com que se correlaciona a imagem gerada pela escrita entre o que se pode observar no campo das construções materiais com o estado espiritual gerados pela miscelânea de comportamentos da vida neste Mundo, vejamos: “Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.”  
  Não podemos esquecer que compareceremos na vida espiritual, após a morte do corpo, com aquilo que cultivamos e não com um estado espiritual ideal que imaginamos. Isto é um estado de ilusão que causará grande frustração. 
As figuras imaginárias para nós trazidas pelo Orientador Espiritual são na verdade, como deduzimos, anotações reais de quem observa de um plano espiritual mais elevado, sendo generoso em nos informar de maneira comparativa uma realidade nossa, que se generaliza com maior ou menor coloração de realidade, dada a diversidade natural de Espíritos encarnados. Observemos que no final de sua página ainda frisa: “(...), sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.”  Poucos chegam à vida espiritual em condições ideais de paz e felicidade. A morte do corpo material ocorre a qualquer hora, independente da vontade de quem quer que seja, assim a casa espiritual precisa estar em constante renovação para melhor.  Com ela, que somos nós mesmos, retornaremos à vida normal do Espírito e estaremos felizes ou não. A qualidade da Casa que dirá! 

                                                   Dorival da Silva

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Na intimidade do ser


Na intimidade do ser

“Vós, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade.” - Paulo. (Colossenses, 3:12.)

Indubitavelmente, não basta apreciar os sentimentos sublimes que o Cristianismo inspira.
É indispensável revestirmo-nos deles.
O apóstolo não se refere a raciocínios.
Fala de profundidades.
O problema não é de pura cerebração.
É de intimidade do ser.
Alguém que possua roteiro certo do caminho a seguir, entre multidões que o desconhecem, é naturalmente eleito para administrar a orientação.
Detendo tão copiosa bagagem de conhecimentos, acerca da eternidade, o cristão legítimo é pessoa indicada a proteger os interesses espirituais de seus irmãos na jornada evolutiva; no entanto, é preciso encarecer o testemunho, que não se limita à fraseologia brilhante.
Imprescindível é que estejamos revestidos de “entranhas de misericórdia” para enfrentarmos, com êxito, os perigos crescentes do caminho.
O mal, para ceder terreno, compreende apenas a linguagem do verdadeiro bem; o orgulho, a fim de renunciar aos seus propósitos infelizes, não entende senão a humildade. Sem espírito fraternal, é impossível quebrar o escuro estilete do egoísmo. É necessário dilatar sempre as reservas de sentimento superior, de modo a avançarmos, vitoriosamente, na senda da ascensão.
Os espiritistas sinceros encontrarão luminoso estímulo nas palavras de Paulo. Alguns companheiros por certo observarão em nossa lembrança mero problema de fé religiosa, segundo o seu modo de entender; todavia, entre fazer psiquismo por alguns dias e solucionar questões para a vida eterna, há sempre considerável diferença.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 89.

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(Reescrito com algumas correções)

Reflexão: Dos vários ensinamentos que Emmanuel registra no capítulo acima, um deles precisamos, nesta oportunidade, dar ênfase: "(...), entre fazer psiquismo por alguns dias e solucionar questões para a vida eterna, há sempre considerável diferença."

O verdadeiro cristão sabe que aquilo que é nobre modifica a alma para melhor, que são os conhecimentos e as ações construtivos. Estes permanecerão para sempre, farão parte do edifício de si mesmo. Também sabe que tudo o que é dispensável é como a impureza do metal precioso que deverá ser expungida através do calor do cadinho, ou conscientemente revendo os próprios defeitos corrigindo-os voluntariamente. Ninguém alcançará as alturas evolutivas sem a purificação da alma. 

Não é possível saltar etapas. É preciso vivenciar cada instante. A edificação que perpetuará é erigida gradativamente. Trabalha-se a aquisição de conhecimentos, vive-se as experiências. Os resultados negativos serão expiados e provados.  Os positivos acumulados para forrar a sustentação de novas etapas evolutivas mais complexas e de maior responsabilidade.
Sem estudar e compreender as Leis Naturais da Reencarnação e do Progresso fica difícil vislumbrar o caminho da eternidade. Como as almas não morrem e precisam evoluir constantemente, para alcançar a tão desejada felicidade plena, a melhor escolha é evoluir, simplesmente. 

Independentemente de aceitar a existência da reencarnação e as demais Leis Naturais, elas sempre existiram, são as Leis de Deus, não dependem da criatura saber que existem, elas sempre estarão cumprindo as suas funções. No entanto, com o conhecimento delas, o passo evolutivo fica mais veloz, tornando o andar consciente. Existe assim uma meta conhecida. Não se anda em círculo. Embora sempre fomos guiados de alguma forma. Nunca estivemos sozinhos. Apesar disto temos o livre-arbítrio, é uma Lei da Natureza, que por questão de hábito nos leva a repetir o que estamos acostumados. "A educação é uma soma de hábitos", que poderão ser positivos ou não.

Conhecendo-se as Leis Naturais temos as rédeas da vida em nossas próprias mãos e sabendo o rumo chegaremos mais rapidamente. 

Estudar sempre! Meditar também.
                                                   Dorival da Silva


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Candeia sob o alqueire


Candeia sob o alqueire

1. Ninguém acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire; põe-na, ao contrário, sobre o candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa.  (Mateus, 5:15.)

2. Ninguém há que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente.  (Lucas, 8:16 e 17.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo -  Não ponhais a candeia debaixo do alqueire – capítulo XXIV



Reflexão:

       Dois registros de ensinamento verbal de Jesus, que os evangelistas Mateus e Lucas escreveram posteriormente, sendo que Lucas não conviveu pessoalmente com Jesus, fez suas anotações em pesquisa que realizou depois da morte do Senhor em suas jornadas junto aos Apóstolos e outras pessoas que tiveram proximidade com Ele e Dele ouviram ensinamentos.

       A candeia precisa estar sobre o candeeiro, para que ilumine a todos que estão na casa. A candeia podemos considerar todas as pessoas que compreenderam a mensagem de Jesus e faz esforço para vivê-la, se transformando em verdadeiro Cristão. Assim, estarão naturalmente elevadas até ao candeeiro, que são as lideranças de grupos pequenos ou grandes, íntimos ou públicos, onde exercerão as influências modificadoras com esclarecimento, consolo, orientação, sem, no entanto, pretender tomar conta da vida das pessoas, pois esta não é a condição do verdadeiro líder cristão.

      Em se tratando da Doutrina Espírita, precisa-se considerar a sua condição de consoladora pelos conhecimentos e libertadora pela lucidez.

       Antes de desejar iluminar os outros é necessário iluminar-se, conquistar virtudes pelo trabalho no bem, pelos esforços de angariar recursos espirituais. A caridade ensinada por Jesus é o caminho.

       O único combustível capaz de alimentar a luz da candeia cristã é a verdade que flui do Criador, através dos corações enobrecidos, que superaram o egoísmo, a vaidade, a presunção, o desejo de poder, o vício do aplauso, a necessidade de reconhecimento.     É o vencedor do mundo.

         Preparemo-nos para que possamos arder com o combustível Divino, levando a luz da mensagem do Cristo, não somente com as letras do Evangelho, mas como archote luzente de valores que contagia outros corações a seguirem o rastro luminoso iniciado pelo Divino Pastor.

          A candeia precisa estar no candeeiro...

                                     Dorival da Silva

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Unir para sobreviver

Unir para sobreviver
    Na conjuntura atual em que a Humanidade vive momentos cruciantes em busca de caminhos que a aliviem das torturas angustiosas que a envolvem; no instante em que o homem de posse de tantos conhecimentos que lhe chegam às mãos após pesquisas ingentes; na hora em que a criatura vislumbra o seu destino grandioso em face das conquistas tecnológicas, convêm analisar que está havendo a necessidade urgente de rumos definidos para que o esforço comum não se venha a perder.

        Como antecipação às necessidades espirituais que se acentuariam na época em que vivemos, o Cristo de Deus determinou que a Consoladora Doutrina da Terceira Revelação viesse ao homem para servir-lhe de bússola orientadora a fim de que os perigos da grande viagem fossem evitando e todos, sem mais perda de tempo, aportássemos em lugar seguro.

        Sem ser obra dos homens, surge o Espiritismo como resultante do trabalho de uma plêiade de entidades desencarnadas e encarnadas, sob a tutela maior do Mestre Galileu, para nortear o caminho de todos nós.

        Chegando pela via fenomênica, que já era milenarmente usada para atestar a veracidade do chamado mundo espiritual, a torrente não se deteve apenas na comprovação da existência e possibilidade de ação sobre a matéria por parte dos desencarnados.

        Abriu extenso campo de cogitações a juízos filosóficos que deram motivo a formação de um granítico corpo doutrinário calcado na lógica e na razão.

        Como se não bastasse ter o movimento de iluminação se servido da porta fenomênica, alcançando as conclusões filosóficas, eis que a mensagem desemboca na revivescência dos ensinamentos puros vividos e deixados pelo Mestre de Nazaré – o Cristianismo.

        Com tríplice aspecto, assim, a Doutrina Espírita veio constituir o edifício granítico de três andares, formando uma unidade indivisível.

        O fenômeno é a prova, o raciocínio o caminho, a moralização a meta.

       Sem dúvida, com estas características, o Consolador veio para ficar pela eternidade afora com os homens, conforme prometera Jesus.

        No entanto, vemos hoje, com muita preocupação, que hostes* ligadas a interesses contrários ao estabelecimento do Reino Espiritual na Terra se movimentam sorrateiramente, buscando minar a obra grandiosa, a partir dos elementos que a devem viver e divulgar.

        Casados da luta ostensiva em que sempre saem derrotados, a técnica dos inimigos da Luz não é mais atacarem a descoberto.

        Usando do campo favorável que a invigilância dos espíritas permite, se imiscuem nos grupos e associações fazendo sua semeadura de cizânia.

        Instilam a vaidade aqui; espicaçam o orgulho ali; estimula a desconfiança acolá; reforçam a antipatia lá adiante, encontrando na passividade de grande parte de nossos irmãos do movimento, o caldo revigorante necessário para se fortificarem mais e mais.

        Procurando dar proporções catastróficas a pequenos incidentes naturais na marcha de almas inferiores, como somos todos nós, aumentam as predisposições de antipatia que uns passam a nutrir pelos outros...

        Utilizando os recursos da hipnose durante as horas de sono, atuam sobre as mentes desavisadas, criando-lhes quadros sugestivos de variada ordem, em que sempre buscam jogar uns contra os outros, porque têm plena consciência de que toda casa dividida não sobreviverá.

        Em face de tais ciladas, nas quais muitos têm caído ingenuamente, é que nos permitimos, em nome do Amor Cristão, a vir-vos dizer:

        Espíritas, alertai-vos contra a semente da cizânia...

        Cuidai cada um de sua leira*, não vos achando o melhor ou o imprescindível...

        Não penseis, nem por um momento que seja, que a obra é vossa e que sem o vosso concurso tudo se esboroará...

        Cristo que representa a vontade do Pai...

        Deixemos de lado posições pessoais, opiniões particulares e modos individualistas de ser, renunciando ao endeusamento do nosso eu para mergulharmos de corpo e alma na tarefa abençoada para qual todos fomos convocados e na qual todos temos o que fazer.

        Que ninguém subestime a tarefa alheia, nem procure engrandecer-se, porque no fundo, funcionamos como vasto mecanismo que às vezes não desenvolve sua ação adequadamente por falta de simples implemento como um pequeno parafuso...

        Vede com alegria o que já conseguistes realizar, mas não vos acomodeis porque ainda há muito a fazer.

        A Casa Espírita é o corpo que a Bondade Divina nos permitiu erguer. Que a façamos habitada pelo espírito do Cristo, a transparecer de nossos gestos e ações.

        Honremo-la com nossa presença frequente; iluminemo-la com o nosso estudo doutrinário constante; fortalecemo-la com nosso testemunho de trabalho permanente.

        Não foi por mero acaso que o insigne Codificador – inspirado pelo Espírito Verdade – escolheu como epíteto* doutrinário o Trabalho, a Solidariedade e a Tolerância.

        O Trabalho é a seiva de nossa vida; a Solidariedade, a manifestação do amor fraterno em nós e a Tolerância é o reconhecimento de que todos precisamos uns dos outros, como somos, para avançar.

        Grandes dificuldades já foram superadas e novas lutas se avizinham porque a leira se alarga à medida que progredimos.

        A união é palavra de ordem, nem que para tanto tenhamos que renunciar a nossas posições pessoais.

        Lembremo-nos de que a Doutrina deve estar acima de tudo.

        Sem os seus ensinos, sua ordem lógica e palavra disciplinadora, toda nossa ação pode parecer eficiente, mas não estará concorrendo para enriquecer o movimento espírita.

        O aplauso é manifestação humana perigosa porque anestesia as nossas potencialidades profundas, aprisionando-nos na jaula da vaidade.

        Recordemos que antes de mais nada é preciso buscar o reino de Deus e suas virtudes, e o resto nos virá por acréscimo...

        E o Reino de Deus não está nem ali, nem acolá, senão dentro de nós mesmos.

        Como o alcançaremos sem o exercício da dignidade cristã?

        Saibamos, por fim, que sem a união das partes, o todo perece.

        A força e a vitalidade do todo estão na razão direta da articulação harmoniosa e amorosa de todos os componentes.

        Lutai e Vigiai.

        Estudai e Amai.

        Perdoai e Trabalhai.

        Fazendo a vossa parte, tende certeza de que faremos a nossa, e unindo os nossos esforços faremos nascer mais depressa o sol da Felicidade Espiritual sobre a Terra.

Lins de Vasconcelos.
Mensagem psicografada pelo médium Alexandre Sech, no dia 29.06.1975, na cidade de Paranavaí (PR).
(*)  Hoste – que denota inimizade ou rivalidade; quem é inimigo; adversário. Leira – sulco ou rego aberto na terra que nele se deposite semente ou muda.

Epíteto – palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome para qualificá-lo.