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domingo, 15 de julho de 2018

Testemunhos à fé

Testemunhos à fé

Jamais te permitas agasalhar a tristeza no teu íntimo, seja qual fora a situação em que te encontres ou a ocorrência que te aflija.
A melancolia é má conselheira por sombrear a razão no teu íntimo.
A existência física é um hino ao progresso e os acidentes de aparente dificuldade que surgem são desafios ao crescimento interior, de que necessitas para a conquista da plenitude.
Permite que os sonhos bons permaneçam contigo, auxiliando-te a sorrir e a confiar no futuro, em vez de deixar-te empurrar para as províncias do desencanto, porque neste momento não se realizaram...
Desse modo, não facultes que se te obscureçam os caminhos a percorrer. São essas situações que proporcionam o amadurecimento psicológico e fomentam a segurança moral e o crescimento íntimo.
Nunca faltarão, no percurso que elegeste para o desenvolvimento ético-moral, esses fatores que aos fracos mais debilitam, aos idealistas desafiam, aos afervorados nos ideias de beleza esmaecem...
Intercambiando contigo por meio de contingências das Leis do Progresso, outros seres, que já se libertaram do corpo, mas não das suas paixões inferiores, comprazem-se em atormentar as criaturas humanas e acercam-se de ti, impondo ideias e conflitos inquietadores.
Alguns estão vinculados às tuas existências transatas, outros se arruinaram durante a existência humana e permanecem ressentidos contigo, porque os molestaste, mas outros, dominados pela inveja ou pelo ódio, formam legiões de inimigos do Bem que não desfrutam e buscam sitiar-te a mente.
Na sua sandice acreditam-se como forças poderosas do Universo, a serviço do atraso moral e das sensações grosseiras.
Vivem e, sentindo-se infelizes, tudo fazem para atormentar os caminhantes da vida de sublimação.
Quando não encontram sintonia direta contigo, sincronizam com outros, frívolos e desditosos, que se voltam contra ti e tentam aturdir-te mediante sutis processos obsessivos de que padecem.
Multiplicam-se os conflitos na Terra por invigilância de ambos os seus habitantes: físicos e espirituais.
Quando abraças um ideal de beleza e de engrandecimento moral e espiritual, despertas, nessas consciências ultrajadas, antipatias e animosidades, desejos de interromper-te a marcha.
Quantas florações de amor emurchecem e morrem ante a ardência de maldades, da crueza de perseguições e da tormentosa inveja de outros companheiros de lutas!
Diariamente, pessoas forradas de bons sentimentos iniciam empreendimentos enobrecedores e logo, em vez de receberem apoio, são excruciadas em perseguições gratuitas.
Algumas, não possuindo resistências morais suficientes, sensíveis à crítica destrutiva, por serem almas sonhadoras e nobres, abandonam a jovem sementeira de amor que morre ou é vencida pelas ervas daninhas...
Não faltam tais críticos de plantão, ociosos e atormentados, que tudo patrulham e de tudo se apropriam, formando a malta de perseguidores.
Arrogam-se como modelos, proclamam a sua liberdade de falar e agir, fiscalizando a dos outros, que tentam proibir e silenciar.
Não os temas, nem lhes consideres as torpes condutas.
Jesus não transitou sem enfrentar-lhes a crueldade, a hipocrisia, mas não lhes deu maior importância.
Permanece irretocável no teu dever, fiel à consciência da fé e aceita o testemunho, agradecendo a Deus.
*
Sempre convém recordar que o mestre não prometeu o reino do mundo material, nem a eloquência ilusória dos louros terrestres.
Ele próprio preferiu a incompreensão, o abandono e a sordidez dos que se lhe fizeram inimigos espontâneos e não desdenhou a cruz, transformando-a de instrumento de punição que era em asas de luz para voar no rumo do Infinito.
Lamentas a incompreensão que se expande nos arraiais da fé que esposas.
Sofres, ante o comportamento esdrúxulo daqueles que se afirmam pertencentes à grei da fraternidade.
Padeces o látego aplicado por mãos que antes afagavam as tuas e surpreendes-te.
Observas o júbilo e a crueza daqueles que te premiam com a difamação e sentes o descoroçoar das forças...
Não te facultes esse luxo, permanecendo fiel ao trabalho que eleva e dignifica.
Não lhes respondas, não os antipatizes na faixa vibratória em que estão. É isso que desejariam para alimentarem o ódio e a perturbação,
Sua ira os consome com rapidez e o seu é o triunfo de Pirro, ante a exaltação do próprio ego que se atribui superioridade aos demais.
Eles passarão, enquanto o Bem prosseguirá iluminando o planeta.
O sentido da existência humana é viver conforme as circunstâncias, tornando-as melhores e ampliando o círculo da alegria e da saúde em todos os seus aspectos.
Quem serve a Jesus não dispõe de tempo para as despesas pessoais, para as refregas do orgulho e a inutilidade.
Testemunha a qualidade do teu ideal mediante o comportamento à hora da refrega, da tempestade.
Não te permitas sofrer em razão dos ataques desferidos contra ti.
Mantém ânimo jovial, recordando que o Espiritismo que amas é luz inapagável, promessa de Jesus que a cumpriu por intermédio de Kardec e dos seus cooperadores de ambos os planos da Vida!
Também eles provaram a perseguição inclemente dos seus contemporâneos e permaneceram fiéis.
*
Na alvorada luminosa da Era Nova, ainda permanecem as sombras teimosas da noite demorada.
Mantém acesa a tua lâmpada de amor, trabalhando e servindo sem cansaço nem inquietação, louvando aquele que te conduz à Vida cercado de carinho.
...E nunca te entristeças com o aguilhão abençoado que te impulsiona ao avanço...
Joanna de Ângelis
 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão de 19 de fevereiro
de 2018, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,
Bahia.
Em 26.6.2018.

Esta mensagem foi extraída do sítio Divaldo Franco,
 que poderá ser acessada através do endereço abaixo:
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=519
 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A Ciência em Kardec - Parte 2 e final

NUBOR ORLANDO FACURE                                              
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)

Nubor Orlando Facure

A Ciência em
Kardec
Parte 2 e final

 

Percepção da dor e visão

Nós já sabemos desde o século passado quais são os neurônios envolvidos na percepção da dor e das imagens visuais. O neurologista conhece todo o trajeto percorrido pela sensação de uma espetada na pele e que provoca dor. A mesma coisa para os objetos registrados pela retina e que o cérebro codifica em imagem. O que nós já sabemos, também, é que todo esse trajeto de vias nervosas representa apenas uma pequena percentagem nos dois fenômenos, a percepção de dor e a visão dos objetos.
Nos dois casos, o mais importante é o processo mental que interpreta a dor e que dá significado às imagens. Dizem os neurologistas que esse fenômeno mental depende de uma série de fatores. A maneira como expressamos a nossa dor e damos significado ao que estamos vendo está fortemente ligada à nossa cultura, à personalidade, às experiências anteriores, às memórias, ao ambiente. Na verdade, tanto a dor como a visão são processos mentais interpretativos, ou, como dizem neurologistas mais liberais, tudo não passa de “uma opinião pessoal”.
É surpreendente o que podemos aprender n´O Livro dos Espíritos, que nos ensina como esses dois fenômenos afetam o espírito: “A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa”. “A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo... porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores” (O Livro dos Espíritos, pergunta 257).
Quanto à visão (perguntas 245, 246 e 247), “ela reside em todo ele. Veem por si mesmos, sem precisarem de luz exterior. Como o Espírito se transporta aonde queira, com a rapidez do pensamento, pode-se dizer que vê em toda parte ao mesmo tempo”.
A Neurologia deverá confirmar no futuro essas duas informações que Kardec nos legou para estudo. Precisará, inicialmente, considerar a mente como sinônimo de alma. 
O tempo 
Na teoria mecanicista de Newton, o tempo era considerado uma grandeza absoluta, caso contrário, os cálculos que mediam as distâncias entre os planetas dariam errados. Einstein, entretanto, perverteu essa relação, propôs a relatividade do tempo, aumentando a precisão dessas medidas.
Independente das proposições científicas, os filósofos sempre conjeturaram sobre a natureza do tempo. Henri Bergson deu-nos a afirmação poética de que “o Tempo da consciência não é o mesmo Tempo da Ciência”. Para o senso comum, todos nós já constatamos que o passar do tempo é circunstancial. Basta esperar o ano para os alunos da escola, os meses para a mulher grávida, os dias para quem paga o aluguel, as horas para quem marcou um encontro, os minutos para o trem passar e os milésimos de segundos para a Fórmula 1.
A Neurologia vê a noção de tempo como uma experiência nitidamente mental, ocupando diversas áreas do cérebro ao mesmo tempo.
Kardec recebeu dos Espíritos a informação de que “o tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo é presente” (A Gênese, cap. VI, item 2). Precisamos destacar esta afirmação de consequências e complexidade extraordinárias: para o Espírito tudo é presente. 
As propriedades da matéria 
Em O Livro dos Espíritos (perguntas 29 a 34) ficamos sabendo sobre a existência de um só elemento primitivo que dá origem a todas as propriedades da matéria. Estando presos à realidade material do nosso mundo, conseguimos identificar as propriedades químicas e físicas da matéria grosseira que compõe nossa dimensão física. Entretanto, o elemento primitivo (fluido cósmico), que se expande por todo universo, tem propriedades especiais que ainda não conhecemos e que dão à matéria a capacidade de experimentar todas as modificações e adquirir todas as propriedades. Dizem então os Espíritos “que tudo está em tudo”.
Só assim poderemos entender as expressões extraordinárias dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, quando as leis de ponderabilidade são pervertidas. Uma pedra, tão sólida como a conhecemos, pode atravessar um telhado e se acomodar dentro de um armário fechado. São essas mudanças nas propriedades da matéria que o fluido cósmico realiza e que a Ciência ainda não conhece, por ignorar os princípios de sua atuação.
Ainda não temos alcance, também, para compreendermos a extensão da ligação espiritual que esse fluido universal permite à matéria submeter-se ao pensamento de Deus. Em A Gênese (capítulo II) dizem os Espíritos que “cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, possuindo o pensamento, isto é, os atributos essenciais da divindade e estando o mesmo fluido em toda parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude”. “A natureza inteira está mergulhada no fluido divino.” 
O pensamento criativo e as ideias fixas 
O imaterialismo de Berkeley (Donald George Berkeley, filósofo irlandês, 1685-1753) propunha que o “existir não é mais do que ser percebido”. “A matéria só existe quando percebida.” “As percepções visuais não são de coisas externas, mas simplesmente ideias na mente.” Sócrates afirmava que “as coisas existem em virtude de como as percebemos”. Em O Livro dos Espíritos (pergunta 32) os Espíritos ensinam que as qualidades dos corpos (“os sabores, os odores, as cores, as qualidades venenosas ou salutares”) só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las. É bem assim que a Neurologia de hoje compreende a percepção que fazemos de um objeto que atinge nossos sentidos.
Propostas da atualidade estão afirmando que a matéria só se manifesta como interação mental. Entretanto, os neurologistas ainda não conseguem compreender a natureza da criação mental, a não ser quando um comportamento expressa uma resposta a um estímulo sensorial. O pensamento intuitivo ou o pensamento abstrato estão longe de qualquer experimento laboratorial.
Na doutrina espírita aprendemos que o pensamento procede do Espírito, fonte de energia criadora que usa o cérebro como instrumento de suas ideias.
No campo do pensamento os Espíritos acrescentaram conhecimento inédito e tão extraordinário que até hoje a Ciência sequer tem instrumentos para estudá-lo. Dizem os Espíritos que o pensamento atua sobre o fluido universal criando nele “imagens fluídicas”, o pensamento se reflete no nosso envoltório perispirítico, como num espelho, e aí de certo modo se fotografa.
“Esse fluido (perispirítico) não é o pensamento do Espírito; é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo quem o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido” (A Gênese, capítulo II, item 23).
Daí a gravidade de nos escravizar a pensamentos persistentes que nos aprisionam; a desejos que nos perturbam; a vinganças que não se justificam; a ódios que não se apagam; a paixões que nos desequilibram; a projetos que não temos alcance. São todas elas “ideias fixas” que se “materializam” em nossa esfera mental, criando “ideias-formas”, “imagens fluídicas”, “miasmas mentais” que justificam as inúmeras expressões de neuroses e psicoses comuns na psicopatologia humana. 
Vitalismo 
Para Cláudio Galeno, médico do século II, existiriam forças de atração e repulsão para manterem os órgãos em funcionamento. Para ele, a vida seria mantida por um elemento imaterial denominado pneuma vital, situado no coração, difundindo-se pelo sangue existente nas veias. No cérebro, ele é transformado em pneuma animal, permitindo reagirmos aos estímulos dos sentidos e, no fígado, em pneuma natural com a propriedade de assimilar os alimentos. As teorias de Galeno foram aceitas por mais de 12 séculos.
No início do século XVI Georg Stahl reviveu o vitalismo defendendo a existência de uma “alma sensitiva” necessária para a manutenção da vida. Nessa ocasião Stahl sofreu uma ferrenha oposição das teorias mecanicistas defendidas principalmente por Frederich Hoffman. Excluindo a existência da alma, Hoffman via nos processos vitais apenas fenômenos de fermentação de substâncias e combustão de gases, explicando, assim, a digestão e a respiração.
A doutrina espírita revive com força o vitalismo. Ensina que existe um elemento imaterial que mantém a vida na matéria orgânica (O Livro dos Espíritos, perguntas 60 a 67) e, “sem falar do princípio inteligente, que é questão à parte, há na matéria orgânica um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital” (A Gênese, capítulo X, item 16). 

O sonambulismo 

Na atualidade o sonambulismo já não desperta o mesmo interesse e prestígio que desfrutava no tempo de Kardec. Tratados com casuística volumosa foram escritos por Ambrose-August Liébeaut, Abade Faria e Charles Richet. A escola de Charcot em Paris o acolhia como forma de terapia em suas pacientes histéricas.
Kardec dá notícia de ter estudado o sonambulismo em todas as suas fases durante 35 anos (O Livro dos Espíritos, Introdução). Nessa mesma obra ele escreve várias páginas fazendo um “resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista”. Deixa claro que “para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenômeno psicológico, é uma luz projetada sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto”.
Nesse resumo Kardec discorre sobre o sonambulismo natural e o magnético e destaca a clarividência como um atributo da alma, permitindo ao sonâmbulo ver em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se. Nessa visão a distância, “o sonâmbulo não vê as coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está” (O Livro dos Espíritos, questão 455). 

O sono e os sonhos 

Já conhecemos muito da fisiologia do sono. Ele ocorre em ritmos com determinados padrões que são identificados pelo eletroencefalograma. A idade, o sexo, o ambiente, a alimentação, a profissão são parte dos inúmeros fatores que interferem na quantidade e na qualidade do sono. Já sabemos quanto ele nos faz falta, mas ainda não podemos dizer tudo sobre o motivo por que realmente precisamos dormir. Os sonhos estão nitidamente ligados às experiências vividas no decorrer do dia, têm relação íntima com a aquisição de memórias, mas, também, desconhecemos o seu real significado.
Freud afirmava ter percebido que seus pacientes o procuravam não só para fazerem suas queixas, mas, também, para lhes relatar seus sonhos. Isso lhe despertou a ideia de que os sonhos teriam algum sentido oculto. Seu livro “A interpretação dos sonhos”, de 1900,  desencadeou a mais extraordinária revolução sobre a mente humana. Os sonhos revelam um conteúdo insuspeitado, já que sinalizam desejos contidos no inconsciente.
Platão em sua “República” antecipara-se a Freud ao afirmar que no sono a alma tenta retirar-se das influências externas e internas e que são expressos, nos sonhos, desejos que geralmente não se expressam no estado de vigília.
Kardec, em O Livro dos Espíritos inicia o capítulo sobre a Emancipação da Alma estudando o sono e os sonhos. Os Espíritos esclarecem que durante o sono a alma se vê liberta parcialmente do corpo e “entra em relação mais direta com os Espíritos”. Nessas circunstâncias pode a alma manter contato com Espíritos familiares que a orientam e aconselham e tomam conhecimento do seu passado e algumas vezes de seu futuro. Esse é um campo para futuras investigações que precisam ser desenvolvidas e confirmadas no meio espírita. 
Tributo necessário 
Abordamos catorze tópicos de interesse científico relevante extraídos de duas obras básicas da codificação espírita. Após um século e meio algumas das suas afirmações aguardam aprovação da Ciência oficial, enquanto outras estão se confirmando gradativamente. De algum tempo para cá, o meio espírita vem-se dedicando mais sistematicamente ao estudo do Espiritismo como ciência, aliado ao seu conteúdo filosófico e às suas consequências morais. Só assim conseguiremos que a Ciência humana registre o nome de Allan Kardec como um de seus grandes vultos. É um tributo que precisamos prestar-lhe pelo legado científico que ele nos deixou.
 
Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.

O texto foi extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano7/337/especial.html

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O que ensina o Espiritismo


ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)




O que ensina o Espiritismo 
O Espiritismo nos abre o santuário do conhecimento

“A finalidade essencial do Espiritismo é o melhoramento das criaturas.”-
Allan Kardec.  
 
Sem falarmos nos notáveis ensinamentos morais oferecidos pelo Espiritismo, ele nos leva, ainda, a consideráveis resultados. Por tudo que faz pela Humanidade não é exagero dizer que a Doutrina Espírita constitui-se na maior bênção dos Céus vertida para a Terra, pela bondade de Deus. Portanto, não é sem motivo que Jesus o profetizou, mencionando o advento do Consoladorpara o futuro. Pois bem, em agosto de 1865, no ano VIII da Revue Spirite,Allan Kardec trouxe a lume uma publicação 
[1], que realça muito bem nossa assertiva, na qual relatava: “Há criaturas que perguntam quais são as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Desde que não dotou o mundo com uma nova indústria produtiva, como o vapor, concluem que nada produziu... Já numa outra ordem de ideias, alguns acham a marcha do Espiritismo muito lenta para o grau de sua impaciência. Admiram-se de que ainda não tenha sondado todos os mistérios da Natureza, nem abordado todas as questões que parecem ser de sua alçada; queriam vê-lo diariamente ensinar coisas novas, ou enriquecer-se com alguma descoberta. E, desde que ainda não resolveu a questão da origem dos seres, do princípio e do fim das coisas, da essência divina e quejandos, concluem que não saiu do a, b, c e que ainda não entrou na verdadeira via filosófica, e se arrasta nos lugares comuns, porque prega incessantemente a humildade e a caridade. Dizem eles: ‘Até hoje nada de novo nos ensinaram, porque a reencarnação, a negação das penas eternas, a imortalidade da Alma, a gradação através de períodos da vitalidade intelectual, o perispírito não são descobertas espíritas propriamente ditas; então, é preciso marchar para descobertas mais verdadeiras e sólidas’.”
“A tal respeito julgamos dever apresentar algumas observações, que também não serão novidades; mas há coisas que devem ser repetidas por formas diversas: É verdade que o Espiritismo nada inventou de tudo isto, porque não há verdades senão as que são eternas e que, por isso mesmo, devem ter germinado em todas as épocas. Mas não é alguma coisa havê-las tirado, senão do nada, ao menos do esquecimento; de um germe ter feito uma planta vivaz; de uma ideia individual, perdida na noite dos tempos, ou abafada pelos preconceitos, ter feito uma crença geral; ter provado o que estava em estado de hipótese; ter demonstrado a existência de uma lei no que parecia excepcional e fortuito; de uma teoria vaga ter feito uma coisa prática; de uma ideia improdutiva ter tirado aplicações úteis? Realmente é verdadeiro o provérbio: ‘Nada de novo debaixo do Sol’. Assim, não há descoberta da qual não se encontrem, nalguma parte, vestígios e o princípio. Por conta disto, Copérnico não teria o mérito de seu sistema, porque o movimento da Terra tinha sido suspeitado antes da era cristã. Se era coisa tão simples, então, era preciso encontrá-la. A história do ovo de Colombo será sempre uma eterna verdade. Além disso, é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que incessantemente temos repetido, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra. Mas, do que ainda resta a fazer, segue-se que ainda não tenha saído do a, b, c? Seu a, b, c foram as mesas girantes; e, desde então, ao que nos parece, tem dado alguns passos; parece mesmo que tais passos foram grandes em alguns anos, se o compararmos às outras ciências que levaram séculos para chegar ao ponto em que estão. Mas, em falta de novas descobertas, os homens de ciência nada terão a fazer? A química não será mais química se diariamente não descobrir novos corpos? Os astrônomos serão condenados a cruzar os braços por não encontrarem novos planetas? E assim em todos os ramos das ciências e das indústrias.  
Cabe a Deus dirigir o ensino de seus mensageiros 
“Antes de procurar coisas novas, não se tem que fazer aplicação daquilo que se sabe? É precisamente para dar aos homens tempo de assimilar, aplicar e difundir o que sabem, que a Providência põe um compasso de espera na marcha para a frente. Aí está a História para nos mostrar que as ciências não seguem uma marcha ascendente contínua, ao menos ostensivamente. Os grandes movimentos que revolucionam uma ideia só se operam em intervalos mais ou menos distanciados. Por isto não há estagnação, mas elaboração, aplicação e frutificação daquilo que se sabe, o que sempre é progresso...  
“Poderia o Espírito humano absorver incessantemente novas ideias? A própria terra não necessita de um tempo de repouso antes de produzir? Que diriam de um professor que diariamente ensinasse novas regras aos seus alunos, sem lhes dar tempo para se exercitar nas que aprenderam, de com elas se identificar e de aplicá-las? Em todas as coisas as ideias novas devem encaixar-se nas ideias adquiridas. Se estas não forem suficientemente elaboradas e consolidadas no cérebro, se o Espírito não as assimilou, as que aí se querem implantar não criam raízes: semeia-se no vazio. Pois bem! Dá-se o mesmo com relação ao Espiritismo. Os adeptos de tal modo aproveitaram o que ele ensinou que nada mais tenham a fazer? São de tal modo caridosos, desprovidos de orgulho, desinteressados, benevolentes para os seus semelhantes; moderaram tanto as suas paixões, abjuraram o ódio, a inveja e o ciúme; enfim, são tão perfeitos que de agora em diante seja supérfluo pregar-lhes a caridade, a humildade, a abnegação, numa palavra, a moral? Essa pretensão, por si só, provaria quanto ainda necessitam dessas lições elementares, que alguns consideram fastidiosas e pueris.
“O Espiritismo tende para a regeneração da Humanidade: isto é um fato positivo. Ora, não podendo essa regeneração operar-se senão pelo progresso moral, daí resulta que seu objetivo essencial, providencial, é o melhoramento de cada um. Os mistérios que nos pode revelar são o acessório, porque nos abre o santuário de todos os conhecimentos. Adiantamos à medida que nos melhoramos. É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sincero deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações aproveitou realmente o Espiritismo e receberá a sua recompensa. É por isto que os bons Espíritos, por ordem expressa de Deus, multiplicam suas instruções e as repetem à saciedade. Só Deus sabe quando aquelas serão úteis e só a Ele cabe dirigir o ensino de Seus mensageiros e de proporcioná-lo ao nosso adiantamento.  
São notáveis os resultados do Espiritismo 
“Mas, fora do ensinamento puramente moral, os resultados do Espiritismo são notáveis:
1º. – Ele dá a prova patente da existência e da imortalidade da Alma. É verdade que não é uma descoberta, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que nele triunfa sobre o materialismo e evita as funestas consequências deste sobre a sociedade;
2º. - Pela firme crença que desenvolve, exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio;
3º. - Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da Alma, sobre o Céu, o Inferno, as penas e recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, desvela-nos a vida Futura e no-la mostra racional e conforme a justiça e misericórdia de Deus;
4º. - Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa tão temida passagem são hoje conhecidas. Ora, como todo mundo morre, tal conhecimento interessa a todo mundo;
5º. - Pela lei da pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe donde vem, com que objetivo está na Terra, para onde vai após o decesso corporal.   Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais. Enfim, lança a luz sobre as questões mais árduas da metafísica, da psicologia e da moral;
6º. - Pela teoria dos fluidos perispirituais, dá a conhecer o mecanismo das sensações e das percepções da Alma; explica os fenômenos da dupla vista, da visão a distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições etc.;
7º. - Provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da Natureza, um poder inteligente, e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentavam a maioria das ideias supersticiosas;
8º. - Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa até aqui desconhecida de numerosas afecções, sobre as quais a ciência se havia equivocado, em detrimento dos doentes, e dá os meios de curá-los;
9º.  - Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos, para moralizá-los e livrá-los dos sofrimentos inerentes à sua inferioridade;
10º.  - Levando-nos a conhecer a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre ao magnetismo uma nova via e lhe traz um novo e poderoso elemento de cura.” 
O Espiritismo lapida o diamante bruto 
O mérito de uma invenção não está na descoberta de um princípio, quase sempre anteriormente conhecido, mas na aplicação desse princípio. A reencarnação não é uma ideia nova, como também não o é o perispírito, descrito por Paulo sob o nome de “corpo espiritual”, nem mesmo a comunicação dos Espíritos, de que a própria Bíblia é pródiga em exemplos. O Espiritismo, que não se gaba de haver descoberto a Natureza, procura cuidadosamente todos os traços que pode encontrar da anterioridade de suas ideias, e, quando os encontra, apressa-se em proclamá-lo, como prova em apoio ao que afirma.  Aqueles, pois, que invocam essa anterioridade visando depreciar o que ele faz, vão contra o seu objetivo e agem incorretamente.
A descoberta da reencarnação e do perispírito não pertence, pois, ao Espiritismo. É uma coisa sabida.  Mas, até ele, que proveito a ciência, a moral, a religião haviam tirado desses dois princípios, ignorados pelas massas, em estado de letra morta? O Espiritismo não só os pôs à luz, mas provou-os e os fez reconhecer como lei da Natureza, desenvolveu-os e os fez frutificar. Desde que esses dois princípios eram conhecidos, por que ficaram tanto tempo improdutivos? Por que, durante séculos, todas as filosofias se chocaram contra tantos problemas insolúveis?  É que eram diamantes brutos, que deviam ser lapidados: É o que faz o Espiritismo. Ele abriu uma nova via à filosofia, ou, por outras palavras, criou uma nova filosofia que, diariamente, ocupa o seu lugar no mundo.  
(...) Dizem que os espíritas só sabem o “a, b, c” do Espiritismo. Seja. Para começar, então aprendamos a soletrar esse alfabeto, o que não é problema de um dia, porque, reduzido mesmo a só estas proporções, passará muito tempo antes de haverem esgotado todas as combinações e recolhido todos os frutos. Não restam mais fatos a explicar? Aliás, os espíritas não têm que ensinar esse alfabeto aos que o ignoram? Já lançaram a semente em toda a parte onde poderiam fazê-lo? Não restam mais incrédulos a converter, obsidiados a curar, consolações a prodigalizar, lágrimas a enxugar?  Há razão para dizer que se não tem mais nada a fazer, quando ainda não se terminou a tarefa, quando ainda restam tantas chagas a fechar?  
Saibamos, pois, soletrar o nosso alfabeto antes de querer ler corretamente o grande livro da Natureza. Deus saberá bem no-lo abrir, à medida que avançarmos, mas não depende de nenhum mortal forçar a Sua Vontade, antecipando o tempo para cada coisa.  
Se a árvore da ciência é muito alta para que possamos atingi-la, esperemos para voar sobre ela, que as nossas asas estejam crescidas e solidamente pregadas, para não termos a mesma triste sina de Ícaro. 




[1] - KARDEC, Allan. Revue Spirite. Agosto de 1865. 2a. ed. Araras: IDE, 2000.

Página extraída da revista eletrônica o Consolador, no endereço abaixo: