quinta-feira, 18 de julho de 2024

E se fosse com você?

                                             E se fosse com você? 

    Publico novamente a página abaixo, considerando os embates nos diversos meios de comunicação, inclusive entre os congressistas que criam as leis normativas sobre os conflitos de nossa época.  Embora o tema venha sendo tratado como algo banal, há um arrefecimento moral conveniente ou proposital do comportamento social desses tempos. No entanto, a situação na visão espiritual é gravíssima, sendo de grande comprometimento moral voluntário dos partidários dessa licença legal, com total desconsideração pelo Criador de todas as coisas e por aqueles que têm a oportunidade evolutiva impedida com a nova reencarnação.  

    Com essas considerações, vale a indagação: E se fosse com você?  Devemos refletir que, caso o aborto se torne prática comum, sem nenhuma preocupação moral, qualquer um de nós poderá ser vítima, assim vitimizando a própria humanidade.   

    Desejo que façam uma leitura reflexiva do texto, pois se trata da manutenção da própria vida humana no nosso Planeta.  

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Aborto (III) 

        Considerando a atualidade, precisamos ter ciência de que é imprescindível nascermos de novo. Sem a existência do pai e da mãe não há como produzir corpos humanos. A equipagem reprodutiva feminina, que custodia a formação orgânica do ser humano até o nascimento e dispõe do recurso de aleitamento e os cuidados que garantem o início da jornada corporal, é intransferível por natureza e um contributo irrecusável à Vida. 

        A formação de um corpo no útero feminino, constituindo-se em um ser humano, funciona como um caminho de passagem, onde um ser espiritual integrará a população com a indumentária que aí se construirá pela sua influência, na qualidade de modelador da massa carnal, que, nesse ambiente, é formada pelas células sexuais que se fundiram.   

É necessário considerar que, antes do corpo, existe um ser espiritual que irá modelar tal estrutura em gestação, com os fatores que atenderão ao seu planejamento, apesar das características genéticas herdadas dos pais.  Assim, o corpo em formação não pertence à mãe, mas sim ao Espírito em retorno à vida carnal.  A mulher oferece o seu tributo à Vida, na condição de coautora com a Providência Divina, dando oportunidade transformadora ao estado daquele que nascerá para o mundo, tirando proveito evolutivo das experiências que se darão no transcorrer da existência. 

        Na Lei Natural, sendo os Homens (a Humanidade) Criaturas, e sabendo que os atributos de Deus são a perfeição, o amor e a justiça, todas as circunstâncias para se nascer estão sob a mais justa condição. 

        A lei civil de nenhuma Nação pode derrogar a Lei Divina, sob nenhum aspecto; pode, no entanto, infringir a Lei Natural, o que cedo ou tarde apresentará consequências para os responsáveis e a coletividade que enganosamente se “beneficiou” desse arranjo aos seus interesses imediatistas. 

        Campanhas ideológicas para a interrupção da gravidez em qualquer fase da vida do nascituro, ou da vida cronológica da mãe, não encontram justificativa diante da consciência. Há, no entanto, uma situação em que se admite a realização do aborto, quando verdadeiramente as conclusões médicas atestam que a mãe tem risco de morte, em virtude da gestação, sendo preferível que a mãe continue a sua jornada. “Preferível é sacrificar-se o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe. ¹” 

        A reencarnação é o caminho evolutivo mais eficaz para o aprendizado e a solução de problemas estabelecidos pelo Espírito em outra vida.  O aborto é um obstáculo promovido pelo egoísmo, pelo desrespeito a si mesmo e pela desconsideração com a Divindade. Todos somos Espíritos e dependemos de renascer para continuar o caminho do progresso. 

“Jesus respondeu (à Nicodemos): Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo²”. 
 
        O aborto é um impedimento ao retorno de nossos amores, que vêm do mundo espiritual, e, possivelmente, de alguns desafetos. Estes estariam juntos de nós para aprender a amar. Por nossa vez, aprenderíamos a amá-los.  Impedir que o espírito renasça é criar dificuldade para o nosso retorno, quando estivermos na espiritualidade necessitados da reencarnação. O progresso espiritual é obra da solidariedade entre as criaturas. Hoje somos pais; ocorrendo a morte deste corpo, poderemos renascer como netos, bisnetos, tetranetos, ou em outra geração. Mas, se barrarmos essa possibilidade, não haverá porta para o retorno entre os que amamos.  Assim, renasceremos entre estranhos que nenhum afeto guardam por nós e nos abandonarão em qualquer lugar, deixando-nos na dependência da boa vontade de outros estranhos que, possivelmente, nos criarão, ou seremos cuidados em algum estabelecimento de apoio à criança desamparada. 

        O marido, o companheiro, o parceiro assume responsabilidade severa diante da consciência se incentivar ou for indiferente ao aborto do feto que se encontra em desenvolvimento no ventre da esposa, da companheira, da parceira, em qualquer estágio.  O pai assume compromisso idêntico ao da mãe para salvaguardar a vida do filho concebido. Não importa o estado civil, não adianta alegar que o ato sexual se deu em encontro fortuito ou casual, porque no campo da vida não cabe a inconsequência e o descomprometimento. Sempre se precisará fazer o ajuste com a consciência; os fatos não se apagam.  

                Ninguém que, por opinião, sugestão, procedimento e facilitação ao aborto, fique sem responsabilidade diante da Consciência Cósmica.  Tudo é registrado na Alma, segundo a interferência e intenção no caso. Assume as consequências do que disso resultar. Terá que se ressarcir à própria consciência, que não se calará. 

Caso a consciência esteja adormecida ou insensível, não tardará a despertar, mesmo que após o término da vida deste corpo, quando o espírito estiver no campo espiritual, onde não há engano nem subterfúgios a título de ilusórias justificativas.  

        Vê-se na imprensa instantânea deste tempo moderno notícias de legisladores que propõem a legalização do aborto, governos que permitem e outros que impedem, embora a decisão de manutenção da gravidez ou sua interrupção seja por conta da mulher, ou desta e seu cônjuge. Cientes, porém, de que nada fica encoberto aos olhos de Deus. 

        Uma das razões de estarmos no mundo é aproveitarmos a oportunidade evolutiva de existirmos num corpo. A outra, tão importante quanto esta, é oportunizar o nascimento de outros espíritos para as experiências adequadas às suas condições e necessidades espirituais. Futuramente, através de seus corpos ou de seus descendentes, nos proporcionarão o retorno em nova existência terrena para a caminhada evolutiva imprescindível. 

        Todos os espíritos no estágio evolutivo em que nos encontramos na Terra necessariamente terão que reencarnar vezes sem conta até que adquiram elevação espiritual que os desobrigue de retornar à vida material. Assim, todos precisam respeitar a Lei de Progresso, lei inderrogável, pois, é Divina, portanto, imutável.  

        Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.³ 

        Preferência à Vida, sempre!  Aborto nunca! 

                                    Dorival da Silva 

          

1.     O Livro dos Espíritos, questão 359 

2.    João 3:5-7 

3.    Dólmen de Allan Kardec, livro “Allan Kardec” vol. III, cap. 3, item 2. “A desencarnação” – Zêus Wantueil e Francisco Thiesen 

  Outras páginas que tratam desse tema publicadas neste “blog”:        

sábado, 13 de julho de 2024

O tempo!

                                                             O tempo! 

"Os bons Espíritos ensinam que nós não vencemos o tempo. O tempo é um eterno agora; em qualquer situação é agora. O agora que passou, o agora que virá e o agora que estamos vivendo. ¹" 

Fazendo uma reflexão sobre esse tema, algo nos leva a perceber uma dimensão além da matéria, ou seja, no campo espiritual da vida. Desde que tomamos consciência da nossa existência, o cronômetro sempre esteve presente. Contamos os dias e anos, mas quando lembramos de fatos ocorridos a cinco ou seis décadas, voltamos instantaneamente àquelas ocorrências, sem nos preocuparmos com o calendário. As situações que ocorreram há tanto tempo ainda estão conosco, inseridas no contexto da vida infinita. Se permitirmos, revivemos as mesmas emoções de alegria, de felicidade ou de tristeza e dor. Num lapso ínfimo de tempo, viajamos em nós mesmos décadas no calendário.  

Ampliando a reflexão sobre esse tema, o tempo, lembrei-me do porquê da reencarnação. A sua necessidade em favor da criatura, que é uma Lei Natural, proporcionando o esquecimento do passado, permitindo apenas as lembranças das vivências desta existência, enquanto estamos no estado de vigília. Levando-nos a compreender que todas as vivências de existências passadas também estão em nós, nos registros perispirituais.   Quando dormimos e ficamos espiritualmente num estado de maior liberdade, podemos lembrar de fatos que não conseguimos nem imaginar existirem quando no estado de vigília.  Saindo do estado de sono e retornando às percepções comuns, não lembramos mais o que vimos quando estávamos mais livres espiritualmente. Quando os orientadores espirituais que nos assistem veem a necessidade de alguma lembrança, mesmo que fragmentária, através dos recursos magnéticos aplicados sobre nós, lembramos como se fosse um sonho.  

As situações, quase sempre, são de sofrimentos e não devemos lembrá-las quando acordados, pois atrapalhariam a condução de nossas vidas.   

Quem não traz consigo alguma limitação, algum constrangimento ou medo inexplicável nesta presente vida. E as doenças que surgem inopinadamente e às vezes irreversíveis. Ainda, os problemas emocionais e os neurológicos que são suportados durante toda a vida, sem que se conheçam suas origens.  

Com base nesses pensamentos, começamos a entender que o tempo cronológico e o tempo atemporal são diferentes. A cronologia serve ao controle das coisas materiais e o tempo reúne todas as vivências e experiências espirituais num instante único, chamado de agora.  

Espiritualmente, estamos sempre no presente; assim, podemos entender.  Os resultados de nossas ações não são materiais para o ser essencial, o espírito. Que é permanente e jamais se destruirá. Esse ser essencial (o Eu) colhe todas as emoções e vibrações, sejam boas ou não, das nossas intenções e ações.  Sempre haverá consequências. Não existe nada estanque, ocorrerá necessariamente o refazimento ao que maculou a nossa consciência; e prosseguimento nas boas resoluções. Toda desarmonia será ajustada para a nossa felicidade. Qualquer desatendimento à Lei Divina nos traz algum sofrimento. Essa Lei, que é lei de progresso, sempre nos conduzirá ao aprimoramento e ao aperfeiçoamento. Todo sofrimento é inerente ao afastamento da Lei de Deus por nossa vontade.  

Com isso, todas as ações e aquisições materiais aqui na vida de reencarnado ficam no mundo material, com o espírito, somente acompanham os efeitos e consequências intelecto-morais, que o colocará em um estado feliz ou não.  Uma das razões para estarmos reencarnados é alcançar a plenitude espiritual. Isso corresponde à chamada desmaterialização espiritual, quando não há mais necessidade da reencarnação, pois o espírito não sofre mais nenhuma influência do elemento material.  

Certamente, nesse estágio evolutivo pleno, não teremos dúvidas que tudo é um eterno presente. É sempre agora! 

                                             Dorival da Silva 

 

1. Obra: Da Verdade nada se oculta, vol. 4, 1ª ed., pág. 130, Divaldo Franco & Délcio Carvalho

Nota: As obras básicas do Espiritismo (O Livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, e A Gênese) podem ser baixadas gratuitamente do sítio da Federação Espírita Brasileira (FEB), através do endereço eletrônico abaixo:  

Obras de Allan Kardec–FEB (febnet.org.br)