quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A Ciência em Kardec - Parte 2 e final

NUBOR ORLANDO FACURE                                              
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)

Nubor Orlando Facure

A Ciência em
Kardec
Parte 2 e final

 

Percepção da dor e visão

Nós já sabemos desde o século passado quais são os neurônios envolvidos na percepção da dor e das imagens visuais. O neurologista conhece todo o trajeto percorrido pela sensação de uma espetada na pele e que provoca dor. A mesma coisa para os objetos registrados pela retina e que o cérebro codifica em imagem. O que nós já sabemos, também, é que todo esse trajeto de vias nervosas representa apenas uma pequena percentagem nos dois fenômenos, a percepção de dor e a visão dos objetos.
Nos dois casos, o mais importante é o processo mental que interpreta a dor e que dá significado às imagens. Dizem os neurologistas que esse fenômeno mental depende de uma série de fatores. A maneira como expressamos a nossa dor e damos significado ao que estamos vendo está fortemente ligada à nossa cultura, à personalidade, às experiências anteriores, às memórias, ao ambiente. Na verdade, tanto a dor como a visão são processos mentais interpretativos, ou, como dizem neurologistas mais liberais, tudo não passa de “uma opinião pessoal”.
É surpreendente o que podemos aprender n´O Livro dos Espíritos, que nos ensina como esses dois fenômenos afetam o espírito: “A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa”. “A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo... porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores” (O Livro dos Espíritos, pergunta 257).
Quanto à visão (perguntas 245, 246 e 247), “ela reside em todo ele. Veem por si mesmos, sem precisarem de luz exterior. Como o Espírito se transporta aonde queira, com a rapidez do pensamento, pode-se dizer que vê em toda parte ao mesmo tempo”.
A Neurologia deverá confirmar no futuro essas duas informações que Kardec nos legou para estudo. Precisará, inicialmente, considerar a mente como sinônimo de alma. 
O tempo 
Na teoria mecanicista de Newton, o tempo era considerado uma grandeza absoluta, caso contrário, os cálculos que mediam as distâncias entre os planetas dariam errados. Einstein, entretanto, perverteu essa relação, propôs a relatividade do tempo, aumentando a precisão dessas medidas.
Independente das proposições científicas, os filósofos sempre conjeturaram sobre a natureza do tempo. Henri Bergson deu-nos a afirmação poética de que “o Tempo da consciência não é o mesmo Tempo da Ciência”. Para o senso comum, todos nós já constatamos que o passar do tempo é circunstancial. Basta esperar o ano para os alunos da escola, os meses para a mulher grávida, os dias para quem paga o aluguel, as horas para quem marcou um encontro, os minutos para o trem passar e os milésimos de segundos para a Fórmula 1.
A Neurologia vê a noção de tempo como uma experiência nitidamente mental, ocupando diversas áreas do cérebro ao mesmo tempo.
Kardec recebeu dos Espíritos a informação de que “o tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo é presente” (A Gênese, cap. VI, item 2). Precisamos destacar esta afirmação de consequências e complexidade extraordinárias: para o Espírito tudo é presente. 
As propriedades da matéria 
Em O Livro dos Espíritos (perguntas 29 a 34) ficamos sabendo sobre a existência de um só elemento primitivo que dá origem a todas as propriedades da matéria. Estando presos à realidade material do nosso mundo, conseguimos identificar as propriedades químicas e físicas da matéria grosseira que compõe nossa dimensão física. Entretanto, o elemento primitivo (fluido cósmico), que se expande por todo universo, tem propriedades especiais que ainda não conhecemos e que dão à matéria a capacidade de experimentar todas as modificações e adquirir todas as propriedades. Dizem então os Espíritos “que tudo está em tudo”.
Só assim poderemos entender as expressões extraordinárias dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, quando as leis de ponderabilidade são pervertidas. Uma pedra, tão sólida como a conhecemos, pode atravessar um telhado e se acomodar dentro de um armário fechado. São essas mudanças nas propriedades da matéria que o fluido cósmico realiza e que a Ciência ainda não conhece, por ignorar os princípios de sua atuação.
Ainda não temos alcance, também, para compreendermos a extensão da ligação espiritual que esse fluido universal permite à matéria submeter-se ao pensamento de Deus. Em A Gênese (capítulo II) dizem os Espíritos que “cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, possuindo o pensamento, isto é, os atributos essenciais da divindade e estando o mesmo fluido em toda parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude”. “A natureza inteira está mergulhada no fluido divino.” 
O pensamento criativo e as ideias fixas 
O imaterialismo de Berkeley (Donald George Berkeley, filósofo irlandês, 1685-1753) propunha que o “existir não é mais do que ser percebido”. “A matéria só existe quando percebida.” “As percepções visuais não são de coisas externas, mas simplesmente ideias na mente.” Sócrates afirmava que “as coisas existem em virtude de como as percebemos”. Em O Livro dos Espíritos (pergunta 32) os Espíritos ensinam que as qualidades dos corpos (“os sabores, os odores, as cores, as qualidades venenosas ou salutares”) só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las. É bem assim que a Neurologia de hoje compreende a percepção que fazemos de um objeto que atinge nossos sentidos.
Propostas da atualidade estão afirmando que a matéria só se manifesta como interação mental. Entretanto, os neurologistas ainda não conseguem compreender a natureza da criação mental, a não ser quando um comportamento expressa uma resposta a um estímulo sensorial. O pensamento intuitivo ou o pensamento abstrato estão longe de qualquer experimento laboratorial.
Na doutrina espírita aprendemos que o pensamento procede do Espírito, fonte de energia criadora que usa o cérebro como instrumento de suas ideias.
No campo do pensamento os Espíritos acrescentaram conhecimento inédito e tão extraordinário que até hoje a Ciência sequer tem instrumentos para estudá-lo. Dizem os Espíritos que o pensamento atua sobre o fluido universal criando nele “imagens fluídicas”, o pensamento se reflete no nosso envoltório perispirítico, como num espelho, e aí de certo modo se fotografa.
“Esse fluido (perispirítico) não é o pensamento do Espírito; é, porém, o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo quem o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido” (A Gênese, capítulo II, item 23).
Daí a gravidade de nos escravizar a pensamentos persistentes que nos aprisionam; a desejos que nos perturbam; a vinganças que não se justificam; a ódios que não se apagam; a paixões que nos desequilibram; a projetos que não temos alcance. São todas elas “ideias fixas” que se “materializam” em nossa esfera mental, criando “ideias-formas”, “imagens fluídicas”, “miasmas mentais” que justificam as inúmeras expressões de neuroses e psicoses comuns na psicopatologia humana. 
Vitalismo 
Para Cláudio Galeno, médico do século II, existiriam forças de atração e repulsão para manterem os órgãos em funcionamento. Para ele, a vida seria mantida por um elemento imaterial denominado pneuma vital, situado no coração, difundindo-se pelo sangue existente nas veias. No cérebro, ele é transformado em pneuma animal, permitindo reagirmos aos estímulos dos sentidos e, no fígado, em pneuma natural com a propriedade de assimilar os alimentos. As teorias de Galeno foram aceitas por mais de 12 séculos.
No início do século XVI Georg Stahl reviveu o vitalismo defendendo a existência de uma “alma sensitiva” necessária para a manutenção da vida. Nessa ocasião Stahl sofreu uma ferrenha oposição das teorias mecanicistas defendidas principalmente por Frederich Hoffman. Excluindo a existência da alma, Hoffman via nos processos vitais apenas fenômenos de fermentação de substâncias e combustão de gases, explicando, assim, a digestão e a respiração.
A doutrina espírita revive com força o vitalismo. Ensina que existe um elemento imaterial que mantém a vida na matéria orgânica (O Livro dos Espíritos, perguntas 60 a 67) e, “sem falar do princípio inteligente, que é questão à parte, há na matéria orgânica um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital” (A Gênese, capítulo X, item 16). 

O sonambulismo 

Na atualidade o sonambulismo já não desperta o mesmo interesse e prestígio que desfrutava no tempo de Kardec. Tratados com casuística volumosa foram escritos por Ambrose-August Liébeaut, Abade Faria e Charles Richet. A escola de Charcot em Paris o acolhia como forma de terapia em suas pacientes histéricas.
Kardec dá notícia de ter estudado o sonambulismo em todas as suas fases durante 35 anos (O Livro dos Espíritos, Introdução). Nessa mesma obra ele escreve várias páginas fazendo um “resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista”. Deixa claro que “para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenômeno psicológico, é uma luz projetada sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto”.
Nesse resumo Kardec discorre sobre o sonambulismo natural e o magnético e destaca a clarividência como um atributo da alma, permitindo ao sonâmbulo ver em todos os lugares aonde sua alma possa transportar-se. Nessa visão a distância, “o sonâmbulo não vê as coisas de onde está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, lá está” (O Livro dos Espíritos, questão 455). 

O sono e os sonhos 

Já conhecemos muito da fisiologia do sono. Ele ocorre em ritmos com determinados padrões que são identificados pelo eletroencefalograma. A idade, o sexo, o ambiente, a alimentação, a profissão são parte dos inúmeros fatores que interferem na quantidade e na qualidade do sono. Já sabemos quanto ele nos faz falta, mas ainda não podemos dizer tudo sobre o motivo por que realmente precisamos dormir. Os sonhos estão nitidamente ligados às experiências vividas no decorrer do dia, têm relação íntima com a aquisição de memórias, mas, também, desconhecemos o seu real significado.
Freud afirmava ter percebido que seus pacientes o procuravam não só para fazerem suas queixas, mas, também, para lhes relatar seus sonhos. Isso lhe despertou a ideia de que os sonhos teriam algum sentido oculto. Seu livro “A interpretação dos sonhos”, de 1900,  desencadeou a mais extraordinária revolução sobre a mente humana. Os sonhos revelam um conteúdo insuspeitado, já que sinalizam desejos contidos no inconsciente.
Platão em sua “República” antecipara-se a Freud ao afirmar que no sono a alma tenta retirar-se das influências externas e internas e que são expressos, nos sonhos, desejos que geralmente não se expressam no estado de vigília.
Kardec, em O Livro dos Espíritos inicia o capítulo sobre a Emancipação da Alma estudando o sono e os sonhos. Os Espíritos esclarecem que durante o sono a alma se vê liberta parcialmente do corpo e “entra em relação mais direta com os Espíritos”. Nessas circunstâncias pode a alma manter contato com Espíritos familiares que a orientam e aconselham e tomam conhecimento do seu passado e algumas vezes de seu futuro. Esse é um campo para futuras investigações que precisam ser desenvolvidas e confirmadas no meio espírita. 
Tributo necessário 
Abordamos catorze tópicos de interesse científico relevante extraídos de duas obras básicas da codificação espírita. Após um século e meio algumas das suas afirmações aguardam aprovação da Ciência oficial, enquanto outras estão se confirmando gradativamente. De algum tempo para cá, o meio espírita vem-se dedicando mais sistematicamente ao estudo do Espiritismo como ciência, aliado ao seu conteúdo filosófico e às suas consequências morais. Só assim conseguiremos que a Ciência humana registre o nome de Allan Kardec como um de seus grandes vultos. É um tributo que precisamos prestar-lhe pelo legado científico que ele nos deixou.
 
Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.

O texto foi extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano7/337/especial.html

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A Ciência em Kardec - Parte 1

NUBOR ORLANDO FACURE                                              
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)

Nubor Orlando Facure

A Ciência em
Kardec
Parte 1

Na segunda metade do Século XIX, quando Allan Kardec codificou a Doutrina Espírita, a Ciência humana recebia o trabalho gigantesco de sábios ilustres, Espíritos de elevada estatura que vieram até nós para modificar nossa compreensão sobre importantes fenômenos da natureza. O método científico já estava discutido e divulgado por filósofos da estatura de Descartes e Bacon. Agora, a experimentação iria se estabelecer como a melhor forma de produzir conhecimento.
Vale a pena fazermos uma revisão histórica desse momento vivido por Kardec e pinçarmos, nos seus textos, a contribuição que a Doutrina Espírita estava trazendo para a Ciência naquela época. Com o que conhecemos hoje, temos certeza de que o cientista daquele século não tinha informações suficientes para compreender tudo o que estava sendo revelado mediunicamente para Allan Kardec. Fica, também, a certeza de que até aos dias de hoje ainda não temos alcance para abrangermos cientificamente toda a obra da codificação. Há nela informações que a Ciência humana levará tempo para confirmar e compreender. 

O obscurantismo medieval 

O século de Kardec estava saindo definitivamente do ranço obscurantista que dominava a Ciência da época. Até o final da Idade Média acreditava-se que a “idade da Terra” não passava de 4.600 anos; que os fósseis não tinham nenhuma ligação com o nosso passado; que o homem fora criado num paraíso que ele desrespeitou comendo o fruto proibido e, mesmo assim, ainda ocupava um lugar privilegiado entre todos os seres criados por Deus; que a vida podia nascer na água empoçada ou no meio de roupas velhas; que a madeira se queimava pela presença nela de um “flogístico”; que a eletricidade era tida como um fluido que podia se deslocar obedecendo a forças de atração e repulsão, assim como a água se desloca dos lugares mais altos para os mais baixos; que a luz se deslocava pelo Éter; que a matéria era formada por substâncias, umas elementares outras complexas, que se misturavam obedecendo a leis de afinidade ainda desconhecidas; que algumas substâncias, chamadas de “orgânicas”, só poderiam ser produzidas pelos organismos vivos; que os corpos pesados caíam em decorrência de sua tendência de ficar na Terra.         

Início das descobertas  

Na época de Kardec a Ciência ainda não produzira seus grandes avanços tecnológicos. Até 1834 uma das maiores descobertas feita por um cientista tinha sido o para-raios desenvolvido por Benjamim Franklin.
Entretanto, as Leis fundamentais que permitiriam o nascimento da Ciência moderna já tinham sido descobertas:
Galileu conseguiu comprovar a teoria heliocêntrica de Copérnico e enunciava as primeiras Leis do movimento.
Newton descobrira a matemática da gravidade, explicou o vaivém das marés, a oscilação do pêndulo, a queda dos corpos, a órbita dos astros, e fragmentou a luz sugerindo sua propagação por partículas.
Lavoisier começara a esclarecer a química da respiração e estabelecera leis de conservação da matéria.
Charles Lyell iniciou o estudo da estratificação de áreas geológicas expandindo a idade da Terra em alguns milhares de anos.
Cuvier inaugurava os estudos da paleontologia. 
Na filosofia, René Descartes introduzira a reflexão, analisou a conveniência da dúvida, destacou a importância do pensamento racional e separou o estudo do corpo e da alma.
Vessálius revolucionou a anatomia do corpo humano que ele dissecava como uma máquina cujas peças podiam ser desmontadas à semelhança dos relógios e dos moinhos.
Mesmer defendeu a existência do magnetismo animal e fez surgir o sonambulismo provocado.
Galvani se encantara com a eletricidade nas patas de uma rã e Volta descobriu a química que produziria a eletricidade numa pilha rudimentar.
Na Inglaterra, o filósofo Francis Bacon ensinara como observar e experimentar com a natureza, reunindo os fatos, organizando as ideias e produzindo leis gerais a partir do raciocínio indutivo. 
Vultos iluminados 
Curiosamente, no mesmo momento em que a espiritualidade inspirava Kardec na produção do seu grande trabalho espiritual, a humanidade recebia pela mão de cientistas excepcionais um volume considerável de descobertas no campo das Ciências da matéria.
Charles Darwin e Alfred Wallace divulgaram seus trabalhos sobre a origem e a evolução das espécies.
Richard Virchow, patologista alemão, afirmava que toda célula viva provém de outra célula.
Na Inglaterra, Faraday ampliou nossos conhecimentos sobre a eletricidade e Maxwell reuniu em suas leis a eletricidade e o magnetismo, conseguindo incluir a luz entre os fenômenos eletromagnéticos.
No laboratório de fisiologia, na França, Claude Bernard descobriu a importância da estabilidade dos elementos químicos do sangue e Louis Pasteur iniciou suas pesquisas com a fermentação, invalidou a geração espontânea e, mais tarde, inaugurou a vacinação contra a raiva.
Em 1804, Franz Gall revolucionou a interpretação do cérebro criando a frenologia (citada por Kardec na Revue Spirite de julho de 1860, p. 198, Frenologia e fisiognomia) e em 1864 Paul Broca descobriu a área do cérebro relacionada com a fala. 
Tópicos de Ciência em Kardec 
Vamos fazer agora uma coleta de informações científicas em duas obras da codificação – O Livro dos Espíritos (1857) A Gênese (1868). A Ciência de hoje está a um século e meio distante dessas obras e só agora começamos a atinar com a importância dos seus textos. Vamos abordar apenas alguns poucos tópicos que nos pareceram instrutivos. 
A origem do Universo - Na época de Kardec a Ciência não tinha qualquer proposta para a origem do Universo. Foi só em 1927 que a teoria da grande explosão – o Big Bang –  começou a ser enunciada. Uma grande concentração de energia, surgida do nada, teria provocado, há 13 ou 15 bilhões de anos, a explosão que produziu toda a matéria contida no Universo. Um efeito popular dessa teoria é que ela sugere um início para o mundo em que vivemos e satisfaz a visão teológica dos que admitem o momento bíblico da Criação quando “Deus fez a luz”.
Mais recentemente, a física quântica introduziu o conceito de antimatéria e levantou a possibilidade de existir outros Universos além da realidade física em que transitamos.
Nas lições que os Espíritos nos deixaram, a criação é eterna, renova-se permanentemente, e nossa inteligência não está em condições de apreender qualquer início para o Universo – “não desapareceu essa substância donde provêm as esferas siderais; não morreu essa potência, pois que ainda, incessantemente, dá à luz novas criações e incessantemente recebe, reconstruídos, os princípios dos mundos que se apagam do livro eterno” (A Gênese cap. VI, item 17).         
Elementos do Universo - A Ciência de hoje vive alguns dilemas contraditórios. Só admite a existência da matéria, enquanto suas mais recentes teorias propõem que o que existe é energia e a matéria é uma de suas transformações. Não aceita a existência de um mundo imaterial, mas reconhece a necessidade da mente para a percepção da realidade física. E não sabe de onde se origina essa energia nem consegue ter certeza do que é a mente.
Na Filosofia, as substâncias do Universo foram sempre uma preocupação importante. Tales de Mileto considerava que tudo procede da água. Empédocles adotou os quatro elementos, que passaram a fazer parte do conhecimento ocidental por dois milênios – a terra, a água, o ar e o fogo. Tomás de Aquino acrescentou-lhes uma substância espiritual. René Descartes considerava dois elementos – o res cogitans (o sujeito pensante) e o resextensa (o objeto, a matéria). Espinoza falava em apenas uma substância e Leibnitz criou a ideia de infinitas mônadas, sendo a Alma a maior dessas mônadas.
Para a Doutrina Espírita existem “dois elementos, ou, se quiserem, duas forças regem o Universo: o elemento espiritual e o elemento material. Da ação simultânea desses dois princípios nascem fenômenos especiais” (A Gênese, Introdução). Acrescenta, ainda, que “não há, em todo o Universo, senão uma única substância primitiva” – o fluido cósmico universal. 

A vida Dois momentos do século passado marcaram definitivamente nossa compreensão sobre a vida. A conferência sobre “O que é vida?” que Erwin Schroedinger proferiu em fevereiro de 1943 em Dublin e a publicação de Francis Crick e James Watson de seus estudos relativos à descoberta do DNA em 25 de abril de 1953 – “o oitavo dia da criação”.

O genial físico Erwin Schroedinger propôs que a hereditariedade seria transmitida por um cristal aperiódico, o que permitiria seu estudo com métodos radiológicos. A partir daí, Crick e Watson descobriram a química da dupla hélice que contém nossos genes. Schroedinger sugeriu, também, que a vida exige um aporte externo de energia para conservar sua baixa entropia, o que corresponde a uma alta organização. A termodinâmica dos seres vivos pressupõe a ordem a partir da desordem.

O Espiritismo ensina que a matéria orgânica assume propriedades especiais quando nela atua o “princípio vital”. É no fluido cósmico universal que reside o princípio vital que tem a capacidade de dar “origem à vida dos seres e a perpetua em cada globo” (A Gênese, cap. VI, item 18). É nessa matéria “vitalizada” pelo princípio vital que irá se desenvolver o “princípio inteligente”. 
A origem do homem - O homem atual é classificado como uma espécie única denominada Homo sapiens. Ele habita a Terra há cerca de 200 mil anos e é procedente da evolução de hominídeos e outras espécies do gênero Homo cujos achados fósseis já se contam às dezenas.
Há duas correntes que tentam explicar a presença da nossa espécie em lugares tão variados da Terra. Para alguns, nós tivemos uma origem única em território africano e para outros é possível que tenhamos tido origem em diversos pontos do globo. Kardec aborda a origem do homem no capítulo XI de A Gênese e sugere que o corpo humano teria tido origem em diversos pontos da Terra; quanto ao Espírito humano, ele se desenvolveu tanto no planeta como migrou de outros mundos do nosso Universo.         
A origem e evolução das espécies - Charles Darwin publicou “A origem das espécies” dois anos após a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Darwin sugere a evolução biológica para explicar a variedade das espécies, enquanto Kardec apresenta a evolução espiritual como princípio fundamental para justificar os propósitos da vida.
Darwin veio comprovar que todas as espécies vivas têm uma origem comum. O homem deixa de ser criatura que já nasce pronta nos jardins do Éden, para percorrer junto com todas as outras espécies a mesma  árvore da vida, obedecendo no percurso de milênios a transformações adaptativas.
Já ensinam, claramente, os Espíritos superiores que orientavam Kardec, que “o Espírito não chega a receber a iluminação divina que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização” (A Gênese, cap. VI, item 19).   
Ideias inatas - Essa discussão esteve provocando os filósofos durante milênios. Platão considerava que a alma, ao nascer, já traz conhecimentos que adquiriu no mundo das ideias. No mito da caverna ele sugere que nossa vida material é apenas o reflexo de um mundo verdadeiro pré-existente, e fonte de todo conhecimento. Seu discípulo Aristóteles atribuía o aprendizado à experiência e acreditava que todo conhecimento provém dos sentidos. John Locke também via a mente como uma “tábula rasa”. René Descartes, pelo contrário, defendia a existência de ideias que nos são inatas, como a noção de Deus, as ideias matemáticas e as verdades eternas.
Atualmente essa polêmica envolve, principalmente, a biologia e a neuropsicologia. A descoberta dos genes permitiu-nos conhecer mais profundamente a extensão das nossas heranças e a discussão se estabeleceu em torno de quanto nosso conhecimento é aprendido através da experiência e quanto os genes programam nossos comportamentos. O dilema ganhou fama dividindo ambientalistas e geneticistas na expressão “nature versus nurture” (ambiente versus hereditariedade; aprendizado versus instinto). Nos dias de hoje, ninguém mais duvida da participação tanto dos genes como da estimulação do ambiente na produção do conhecimento.
Na questão 218–a, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta se a teoria das ideias inatas não seria apenas uma quimera. Os Espíritos nos ensinaram que “os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente”. (Continua na próxima edição desta revista.) 
 

Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.

Texto extraído da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano7/336/especial.html
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ponte de misericórdia

Ponte de misericórdia

No báratro das aflições que aturdem o ser humano atormentado pelo consumismo e pelo individualismo, uma ponte de misericórdia existe lançada sobre o abismo escuro, facultando-lhe descortinar abençoadas paisagens transcendentais.

Sentindo-se despojado dos valores da fé, da confiança em Deus e no amor, quase vencido pelas circunstâncias constringentes e desesperadoras, defronta-se com esse inesperado contributo da Divindade que o convida a vencer a distância que o situa em relação à outra margem, a fim de que se lhe atenuem e mesmo desapareçam os fatores de sofrimento.

Passando a compreender a finalidade existencial, adquirindo consciência da própria imortalidade, graças, a essa ponte, renovam-se-lhe o entusiasmo e a alegria de viver por perceber que o sentido psicológico mantenedor da harmonia pode ser alcançado mediante a visão do futuro que o aguarda através da ação superior do bem.

Automaticamente experimenta inusitado desejo de sair do estado de depressão ou de revolta em que se encontra, a fim de cooperar com a sociedade irrequieta na qual se movimenta anelando por paz.

Essa ponte misericordiosa é a mediunidade iluminada pelas contribuições inestimáveis do Espiritismo, que lhe retiram as indumentárias místicas e complexas convencionais, para dar-lhe o exato sentido de vivência dentro dos padrões ético-morais do pensamento de Jesus a serviço de si mesmo, do seu próximo e do progresso geral.

Através da prática saudável dos recursos mediúnicos de que é portador, o indivíduo, que antes se encontrava sob a constrição das forças sombrias da perturbação em si mesmo, assim como das influências negativas impostas pelos Espíritos ignorantes ou perversos, redescobre o bem-estar que o toma suavemente, enquanto se aprimora interiormente, mudando de foco existencial e passando a viver sob novas diretrizes.

Enquanto era instrumento inconsciente dos transtornos psicológicos, alguns dos quais de natureza mediúnica obsessiva, era conduzido pelos terrenos ásperos dos comportamentos doentios e destrutivos.

Identificando-lhes, porém, as causas na própria realidade como autor dos atos que se transformaram em efeitos danosos, recupera-se emocionalmente, adquirindo o equilíbrio que favorece a melhor visão dos objetivos essenciais para a conquista de uma existência ditosa.
Passa, então, a reflexionar em torno do pensamento saudável, propondo-se a linguagem correta e edificante, e o comportamento trabalhado nos ideais de beleza, de harmonia e de fraternidade.

Já não lhe pesam na consciência os fardos das culpas do passado, nem o atormentam as interrogações que pareciam sem respostas, porque compreende que tudo depende exclusivamente da maneira como se conduza, projetando para o porvir, mediante as ações dignificadoras do presente, os resultados da sementeira de bênçãos do momento.
*
A mediunidade é a ponte libertadora através da qual o ser transita no rumo de plenitude espiritual.

Pouquíssimo compreendida, tem sido malsinada por informações destituídas de fundamentos, dentre os quais a assertiva de que todos os médiuns sofrem muito, como se a dor fosse impositivo dessa formosa faculdade.

Sob outro aspecto, existe uma reação psicológica à educação da mediunidade, em razão de as pessoas não desejarem assumir responsabilidades, especialmente em torno da renovação moral e da transformação dos hábitos infelizes, para ser pleno. O anseio imediato é o do prazer sem compromisso nem esforço, como se a finalidade da existência na Terra fosse assinalada por alegrias e gozos, normalmente extenuantes, que se transformam em vícios de consequências funestas.

Ainda sob outro enfoque, pensa-se que a faculdade mediúnica é algo estranho, de caráter mágico, carregada de simbolismos e fetiches para realizações de atos mirabolantes ou miraculosos, com especificidades materiais: casamento, emprego, sorte nos empreendimentos...

Algumas pessoas insensatas, quando se percebem portadoras da sensibilidade mediúnica, esforçam-se por encontrar meios para eliminá-la como se fosse um capricho do organismo que a elabora ao acaso, elegendo aqueles que a devem ou não experienciar.

Meditasse, aquele que assim pensa, em torno da nobre possibilidade de manter contato com o mundo espiritual de onde veio e para onde retornará, e, naturalmente, experimentaria um júbilo imenso, face à certeza da sobrevivência à morte, dando continuidade à vida.

Essa reflexão auxiliaria à conquista de um objetivo psicológico sério para a jornada física, facultando a aplicação das horas no trabalho incessante de autoaprimoramento com a consequente autoiluminação proporcionadora de plenitude.

A confirmação do intercâmbio entre as duas expressões da vida humana – na forma física e fora dela – faculta a descoberta de todo um universo de beleza que se encontra ao alcance de quem o deseje conquistar.

Enfermidades dilaceradoras, físicas, emocionais e mentais seriam evitadas com facilidade, comportamentos extravagantes seriam substituídos pelos de caráter equilibrado, a compreensão da vida se faria de imediato mais sensata e enriquecedora, enquanto o mundo passaria por uma grande renovação em decorrência da conduta dos seus habitantes.

A mediunidade, no entanto, quando relegada ao abandono ou permanece ignorada, torna-se, ainda assim, ponte para aflições e transtornos que dizem respeito ao Espírito endividado que necessita recuperar-se, a fim de prosseguir no seu processo de evolução moral.

Não é, portanto, a mediunidade em si mesma, que responde pelas alegrias ou angústias do seu portador, mas aquele que a possui ostensiva ou natural, de acordo com a direção que lhe oferece.

Inutilmente tentará diluir essa ponte parafísica da sua constituição orgânica, o homem ou a mulher que pretenda seguir em tranquilidade sendo-lhe possuidor.

Bênção dos céus à disposição dos transeuntes da Terra, a mediunidade deve ser vivenciada com carinho e respeito, oferecendo a todos quantos sintam de alguma forma a presença dos Espíritos,conforme esclareceu Allan Kardec, a excelente alavanca para o próprio progresso e redenção moral.

*

Jesus, que é o exemplo máximo de que dispõe a humanidade para encontrar a felicidade plena, prossegue na condição de Médium de Deus, tornando o Pai conhecido de todos os Seus filhos, através das inconfundíveis lições de amor e de misericórdia que a todos são ofertadas.

Seguir-Lhe o exemplo, a fim de alcançar o mediumato, é a opção correta de todos aqueles que dispõem da abençoada ponte de misericórdia.


Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,
na tarde de 31 de maio de 2013, na residência de Josef Jackulak,
em Viena. Áustria.
Em 25.7.2013.




 Mensagem extraída do endereço:

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Mensagem aos jovens


Mensagem aos jovens

Que Deus abençoe a juventude!

Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro.

Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação.

Criar-se condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram.

Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam propiciados desde hoje para a vitória desses nautas do porvir.

Numa sociedade permissiva e utilitarista como esta vigoram os convites para a luxúria, o consumismo, a excentricidade irresponsáveis.

Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se a soldo das situações e circunstâncias reprocháveis que lhes são oferecidas como objetivos a alcançar.

À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens, ávidos de prazer, afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional.

Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação morbosa para a larga consumpção da existência desperdiçada.

Todo jovem anseia por um lugar ao Sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade.
Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por castrações religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem eleger o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes…

Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir a todas as vicissitudes do processo evolutivo.

Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social pervertido e sem sentido ou objetivo dignificante…

Não desistam os jovens de reivindicar os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhes são destinados pela Vida.

Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vário porte que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos párias e excluídos dos círculos da hipocrisia, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa.

Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético.

A juventude orgânica do ser humano, embora seja a mais longa do reino animal, é de breve curso, porquanto logo se esboçam as características de adulto quando os efeitos já se apresentam.

É verdade que este é o mundo de angústias que as gerações passadas, estruturadas em guerras e privilégios para uns em detrimento de outros, quando o idealismo ancestral cedeu lugar ao niilismo aniquilador e a força do poder predominava, edificaram como os ideais de vida para a Humanidade.

É hora de refazer e de recompor.

O tempo urge no relógio da evolução humana.

Escrevendo a Timóteo, seu discípulo amado, o apóstolo Paulo exortava-o a ser sóbrio em todas as coisas, suportar os sofrimentos, a fazer a obra dum evangelista, a desempenhar bem o teu ministério. (*)

Juventude formosa e sonhadora!

Tudo quanto contemples em forma de corrupção, de degradação, de miséria, é a herança maléfica da insensatez e da crueldade.

Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal.

O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se homiziam o crime e a sordidez.

Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e vilipendiam o ser.

És o amanhecer!

Indispensável clarear todas as sombras com a soberana luz do amor e caminhar com segurança na direção do dia pleno.

Não te permitas corromper pelos astutos triunfadores de um dia. Eles já foram jovens e enfermaram muito cedo, enquanto desfrutas do conhecimento saudável da vida condigna.

Apontando o caminho a um jovem rico que O interrogou como conseguir o Reino dos Céus, Jesus respondeu com firmeza: - Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me...(1) iniciando o esforço agora.

Não há outra alternativa a seguir.

Vende ao amor as tuas forças e segue o Mestre Incomparável hoje, porque amanhã, possivelmente, será tarde demais.

Hoje é o teu dia.

Avança!

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da
noite de 22 de julho de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em
Salvador, Bahia, data da chegada do Papa Francisco ao Brasil, para
iniciar a 28ª Jornada Mundial da Juventude.
Em 27.8.2013

Mensagem extraída do endereço:

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A questão sexual na visão espírita

Especial
Ano 1 - N° 15 - 25 de Julho de 2007

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA 
mbo_imortal@yahoo.com.br

Londrina, Paraná (Brasil)
A questão sexual na visão espírita
Toda a problemática sexual radica-se
na alma, não no corpo, e é dela
que deve vir a solução
     É possível a uma pessoa mudar sua orientação sexual? Dr. Robert Spitzer(foto), médico psiquiatra americano, docente na Universidade Colúmbia, diz que sim e afirma que para isso basta ter disposição.
Em estudo apresentado durante o encontro anual
da Associação Americana de Psiquiatria realizado em 2001, o referido médico revelou que 66% dos homens e 44% das mulheres por ele tratados conseguiram, efetivamente, com sua ajuda, mudar de orientação sexual, passando de homossexuais a heterossexuais. 
A tese do Dr. Spitzer confirma o que Dr. Jorge Andréa escreveu em 1980, ou seja, que é possível ao homossexual – que o queira – tratar-se e ter um relacionamento estável com pessoas de sexo diferente. Para consegui-lo, é preciso em primeiro lugar – além da vontade – abster-se dos relacionamentos homossexuais.
A conclusão do estudo não implica dizer seja o homossexualismo uma doença, um desvio de conduta ou uma simples opção sexual. A questão, em verdade, está intimamente ligada à alma - ou Espírito encarnado -  e nada tem que ver com o corpo em si. 
O Espírito pode reencarnar em um
corpo de homem ou de mulher
 
      Para melhor compreensão do assunto, vejamos de forma sintética o que Emmanuel afirma em seu livro Vida e Sexo, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier:
1. Quando errante, pouco importa ao Espírito encarnar no corpo de um homem ou de uma mulher. “O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar”, afirmam  os imortais em O Livro dos Espíritos, questão n202. (Vida e Sexo, pág. 89.)
2. A homossexualidade, hoje chamada também transexualidade, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos de base materialista, mas é perfeitamente compreensível à luz da reencarnação. (Obra citada, pág. 89.)
3. Embora a sociedade terrena seja constituída, em sua maioria, por criaturas heterossexuais, o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiências dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos aos heterossexuais. (Obra citada, págs. 89 e 90.)
4. A vida espiritual pura e simples rege-se por afinidades eletivas essenciais; contudo, através de milênios e milênios, o Espírito passa por fieira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas. (Obra citada, pág. 90.)
5. O homem e a mulher serão, assim, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta. Em face disso, a individualidade em trânsito da experiência feminina para a masculina, ao envergar o corpo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese o corpo de formação masculina que a segregue, verificando-se o mesmo com referência à mulher em igual situação. (Obra citada, pág. 91.)
6. O Espírito, ao renascer entre os homens, pode, obviamente, tomar um corpo feminino ou masculino, atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, ou ao cumprimento de obrigações regenerativas. (Obra citada, pág. 91.)
7. O homem que abusou das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos, é em muitos casos induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, ocorrendo o mesmo com a mulher que tenha agido de igual modo. (Obra citada, pág. 91.)
8. Em muitos casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores espirituais que os assistem a própria internação  no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem. (Obra citada, págs. 91 e 92.)
9. Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual, sabendo-se que todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um. (Obra citada, pág. 92.) 
Mudando de sexo, o Espírito pode conservar
as inclinações anteriormente cultivadas
 Apesar de minucioso e adaptado às necessidades correntes, o texto de Emmanuel acima transcrito é um desenvolvimento dos ensinamentos que Allan Kardec apresenta na Revista Espírita de 1866, que o leitor poderá conferir no texto abaixo. 
Na obra referida, Allan Kardec escreveu:
1. O Espiritismo ensina que as almas podem animar corpos de homens e mulheres. As almas ou Espíritos não têm sexo; as afeições que os unem nada têm de carnal; fundam-se numa simpatia real e, por isso, são mais duráveis.(Revista Espírita de 1866, págs. 2 e 3.)
2. Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (Obra citada, págs. 2 e 3.)
3. A natureza fez o indivíduo do sexo feminino mais fraco que o outro, porque os deveres que lhe incumbem não exigem uma igual força muscular e seriam até incompatíveis com a rudeza masculina. Aos homens e às mulheres são, assim, assinados pela Providência deveres especiais, igualmente importantes na ordem das coisas, pois eles se completam um pelo outro. (Obra citada, págs. 3 e 4.)
4. A influência que o Espírito encarnado sofre do organismo não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perdemos instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. Pode acontecer ainda que o Espírito percorra uma série de existências no mesmo sexo, o que faz que durante muito tempo possa conservar, na erraticidade, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. (Obra citada, pág. 4.)
5. Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o fato se dá também quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. (Obra citada, pág. 4.)
6. Numa nova encarnação trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Mudando de sexo, poderá então conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerente ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres. (Obra citada, pág. 4.)
     Por anomalias aparentes, podemos entender o fato de existirem mulheres másculas que se comportam como verdadeiros homens, e vice-versa, independentemente de manterem ou não relações sexuais.
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Matéria extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que pode ser acessada no endereço: