quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

CUIDADO DE SI - NÃO ESQUEÇA DE ORAR


CUIDADO DE SI

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas;
porque, fazendo Isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te
ouvem.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 4, versículo 16.)

       Em toda parte há pelotões do exército dos pessimistas, de braços cruzados, em desalento.

    Não compreendem o trabalho e a confiança, a serenidade e a fé viva, e costumam adotar frases de grande efeito, condenando situações e criaturas.

  As vezes, esses soldados negativos são pessoas que assumiram a responsabilidade de orientar.

    Todavia, embora a importância de suas atribuições, permanecem enganados.

  As dificuldades terrestres efetivamente são enormes e os seus obstáculos reclamam grande esforço das almas nobres em trânsito no planeta, mas é imprescindível não perder cada discípulo o cuidado consigo próprio. É indispensável vigiar o campo interno, valorizar as disciplinas e aceitá-las, bem
como examinar as necessidades do coração. Esse procedimento conduz o espírito a horizontes mais vastos, efetuando imensa amplitude de compreensão, dentro da qual abrigamos, no íntimo, santo respeito por todos os círculos evolutivos, dilatando, assim, o patrimônio da esperança construtiva e
do otimismo renovador.

      Ter cuidado consigo mesmo é trabalhar na salvação própria e na redenção
alheia. Esse o caminho lógico para a aquisição de valores eternos.

    Circunscrever-se o aprendiz aos excessos teóricos, furtando-se às edificações do serviço, é descansar nas margens do trabalho, situando-se, pouco a pouco, no terreno ingrato da critica satânica sobre o que não foi objeto de sua atenção e de sua experiência.

Mensagem extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, psicografia de Emmanuel, médium: Francisco Cândido Xaiver; capitulo: 148


NÃO ESQUEÇA DE ORAR

    A oração não altera os desígnios de Deus, ou seja, o funcionamento da Lei; entretanto, nos predispõe a receber ajuda espiritual.

    Os mensageiros do Bem estão sempre a postos para servir, socorrendo-nos em nossas necessidades ou quedas, porém, é indispensável que se faça ligação entre a nossa mente e a esfera em que eles vivem.
    Quando você eleva os seus sentimentos em prece, sua alma se torna sensível às vibrações do Alto.
     Não esqueça de orar, orar sempre, conforme recomendou Jesus. 

Mensagem esta extraída da obra: Minutos de Luz, capítulo 35, pelo espírito: Pastorino, psicógrafo: Ariston S. Tales.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O ponto de vista

O ponto de vista

       A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes consequências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num país ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. À morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor.
       Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. E não há o que não faça para conseguir os únicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos, que lhe transformam a existência numa perene angústia, infligindo-se ele, desse modo, a si próprio, verdadeira tortura de todos os instantes. Colocando o ponto de vista, de onde considera a vida corpórea, no lugar mesmo em que ele aí se encontra, vastas proporções assume tudo o que o rodeia. O mal que o atinja, como o bem que toque aos outros, grande importância adquire aos seus olhos. Àquele que se acha no interior de uma cidade, tudo lhe parece grande: assim os homens que ocupem as altas posições, como os monumentos. Suba ele, porém, a uma montanha, e logo bem pequenos lhe parecerão homens e coisas.
       É o que sucede ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a Humanidade, tanto quanto as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe então que grandes e pequenos estão confundidos, como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estatura, e lamenta que essas criaturas efêmeras a tantas canseiras se entreguem para conquistar um lugar que tão pouco as elevará e que
por tão pouco tempo conservarão. Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura.
       Se toda a gente pensasse dessa maneira, dir-se-ia, tudo na Terra periclitaria, porquanto ninguém mais se ocuparia com as coisas terrenas. Não; o homem, instintivamente, procura o seu bem-estar e, embora certo de que só por pouco tempo permanecerá no lugar em que se encontra, cuida de estar aí o melhor ou o menos mal que lhe seja possível. Ninguém há que, dando com um espinho debaixo de sua mão, não a retire, para se não picar. Ora, o desejo do bem-estar força o homem a tudo melhorar, impelido que é pelo instinto do progresso e da conservação, que está nas Leis da Natureza. Ele, pois, trabalha por necessidade, por gosto e por dever, obedecendo, desse modo, aos desígnios da Providência que, para tal fim, o pôs na Terra. Simplesmente, aquele que se preocupa com o futuro não liga ao presente mais do que relativa importância e facilmente se consola dos seus insucessos, pensando no destino que o aguarda.
        Deus, conseguintemente, não condena os gozos terrenos; condena, sim, o abuso desses gozos em detrimento das coisas da alma. Contra tais abusos é que se premunem os que a si próprios aplicam estas palavras de Jesus: Meu reino não é deste mundo.
         Aquele que se identifica com a vida futura assemelha-se ao rico que perde sem emoção uma pequena soma. Aquele cujos pensamentos se concentram na vida terrestre assemelha-se ao pobre que perde tudo o que possui e se desespera.
        O Espiritismo dilata o pensamento e lhe rasga horizontes novos. Em vez dessa visão, acanhada e mesquinha, que o concentra na vida atual, que faz do instante que vivemos na Terra único e frágil eixo do porvir eterno, ele, o Espiritismo, mostra que essa vida não passa de um elo no harmonioso e magnífico conjunto da obra do Criador. Mostra a solidariedade que conjuga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Faculta assim uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma por ocasião do nascimento de cada corpo torna estranhos uns aos outros todos os seres. Essa solidariedade entre as partes de um mesmo todo explica o que inexplicável se apresenta, desde que se considere apenas um ponto. Esse conjunto, ao tempo do Cristo, os homens não o teriam podido compreender, motivo por que Ele reservou para outros tempos o fazê-lo conhecido.


Extraído de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, capítulo II – Meu Reino não é deste Mundo – Tradução: Guillon Ribeiro 131ª edição - FEB

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

No futuro

No Futuro

“E não mais ensinará cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: – Conhece o Senhor! porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.” – Paulo. (Hebreus, 8:11.)

Quando o homem gravar na própria alma
Os parágrafos luminosos da Divina Lei,
O companheiro não repreenderá o companheiro,
O irmão não denunciará outro irmão.
O cárcere cerrará suas portas,
Os tribunais quedarão em silêncio.
Canhões serão convertidos em arados,
Homens de armas volverão à sementeira do solo.
O ódio será expulso do mundo,
As baionetas repousarão,
As máquinas não vomitarão chamas para o incêndio e para a morte,
Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário.
A justiça será ultrapassada pelo amor.
Os filhos da fé não somente serão justos,
Mas bons, profundamente bons.
A prece constituir-se-á de alegria e louvor
E as casas de oração estarão consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema.
A pregação da Lei
Viverá nos atos e pensamentos de todos,
Porque o Cordeiro de Deus
Terá transformado o coração de cada homem
Em tabernáculo de luz eterna,
Em que o seu Reino Divino
Resplandecerá para sempre.


Mensagem extraída da obra:  Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito: Emmauel.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário - 2ª parte

Especial Inglês Espanhol
Ano 9 - N° 438 - 1° de Novembro de 2015
JOSÉ SOLA GOMES
josesolagomes@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

José Sola Gomes

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário
Ele viveu a filosofia e também a ciência, mas não se
esqueceu de praticar a caridade
 
Parte 2 e final
 
Havia transcorrido um ano da desencarnação de sua esposa e, em 1864, Bezerra de Menezes foi reeleito vereador e casou-se com D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã de sua primeira esposa. Com ela, teve sete filhos e permaneceram juntos até o momento de seu falecimento. Deu, então, continuidade à sua carreira política. Em 1867 foi aclamado e eleito deputado geral.
Manteve diversas lutas políticas, sendo conhecido como homem público que não comprometia seus princípios para colher favores ou posições. 
A exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio do pouco que possuía, a benefício desses necessitados.
Quando afastado provisoriamente da atividade política e dedicando-se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou-se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, tornou-se presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Depois de breve afastamento, retornou à atividade política e foi, então, eleito vereador em 1876. Em 1878 foi reeleito e tornou-se presidente da Câmara Municipal (correspondente ao atual cargo de Prefeito Municipal) e líder do seu partido, permanecendo no cargo até 1881.
Alguns confrades espíritas, sabendo-me adepto da premissa das almas gêmeas, me questionaram na intenção de saber qual das duas mulheres seria a alma gêmea de Bezerra de Menezes: a que lhe foi a primeira esposa ou a segunda? 
Dr. Bezerra Menezes empresário 
Tenho respondido logicamente conforme o meu entender, pois Dr. Bezerra nunca apresentou algum comentário a esse respeito. Respondendo à pergunta, tenho dito que provavelmente nenhuma das duas, pois é provável que a alma gêmea de Bezerra já esteja vivendo uma evolução muito maior que ele, pois, embora não seja regra, as mulheres comumente evoluem mais rápido que os homens, como é o caso de Emmanuel e Lívia, ou de Carlos Kenaglan e Alcíone. Mas, o que não podemos esquecer é que não reencarnamos apenas com nossas almas gêmeas, pois vivemos várias reencarnações junto a outros Espíritos, por necessidade de ter outras experiências ou atraídos mesmo pela sensualidade do sexo oposto, pois somente acordamos para a concepção de que somos almas gêmeas quando nos maturamos no campo do sentimento e, mesmo assim, quase sempre esse acordar acontece pelo cadinho da dor.
Pelo que podemos ver, nosso amigo Bezerra de Menezes, além de médico, atuou também na área empresarial, foi político, enfim, viveu uma vida dinâmica, havendo sido mesmo presidente da Companhia Carril de São Cristovão. Dr. Bezerra ocupou cargos na política, foi deputado, foi presidente da Câmara, o que equivalia naquela época ao cargo de perfeito, tal qual conhecemos.
Ocorre que, quando citamos essas informações em seu currículo, alguns confrades menos avisados imaginam que Dr. Bezerra haja se demorado envolto em politicagem. Ora, não podemos confundir política com politicagem, pois a política é uma necessidade social, para se administrar um município, estado, ou nação. A política faz parte intrínseca da vida de um indivíduo. Mesmo quando dizemos a célebre frase “eu sou apolítico”, estamos defendendo um princípio político nosso e não aceitamos outros. Diferente disso, a politicagem prima em interesses partidários, em obter vantagens pessoais e financeiras, e o indivíduo se esquece por completo dos interesses comuns da sociedade.
Já houve, com certeza, muitos políticos honestos em nosso país, mas com certeza hoje está muito difícil encontrarmos alguns, embora haja um número infinitamente maior de políticos no Brasil do que havia na época em que viveu Dr. Bezerra. 
Augusto Elias da Silva e a criação da FEB 
Se nosso amigo Bezerra era dinâmico, realizador, operante em vários departamentos da vida, isso acontecia por manifestar seu amor em tudo o que fazia. Havendo acordado para a doutrina espírita, seu amor e sua dedicação foram infinitos, e esse amor pelo Espiritismo deu, como sabemos, ótimos frutos, vindo ele exercer papel fundamental no Movimento Espírita brasileiro.
Por essa época o Espiritismo no Brasil buscava organizar-se.
Em 1876 surgira a primeira sociedade espírita no Rio de Janeiro. Em 1883, Augusto Elias da Silva, interessado na difusão dos ensinos espíritas, fundara a revista “Reformador” e punha-se a procurar colaboradores. 
O Espiritismo sofria, no entanto, grandes perseguições e era combatido veementemente. A imprensa era fonte diária de críticas ferozes; os sermões enchiam os púlpitos de insultos e insinuações contra a doutrina. Elias da Silva foi então buscar em Bezerra de Menezes conselhos sobre como revidar toda a animosidade contra os espíritas e o movimento. A resposta dada pelo Dr. Bezerra foi o de não seguir o caminho do ataque, de não combater o ódio com o ódio, mas antes combater o ódio com o amor. A tônica desse conselho norteou toda a vida e o trabalho de Bezerra, dentro e fora do Movimento Espírita brasileiro.
Além dos ataques externos, reinava em 1883 um ambiente francamente dispersivo no seio do movimento espírita brasileiro e os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse, de certo modo, indestrutível.
A cisão era, então, profunda entre os chamados "místicos" e os "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
No dia 27 de dezembro de 1883, Augusto Elias da Silva promoveu uma reunião com os 12 companheiros que o ajudavam no “Reformador”. Nesse encontro, eles decidiram fundar uma nova instituição, que não fosse nem mística, nem científica, mas ideologicamente neutra.
Assim, no dia 1° de janeiro de 1884, foi fundada a Federação Espírita Brasileira (FEB), que promoveria a doutrinação, a disciplina e o intercâmbio de experiências entre os diversos centros já existentes.  
O Dr. Bezerra Menezes jornalista 
Bezerra foi um dos primeiros a ser convidado para assumir a posição de presidente da organização, mas não aceitou, por não se considerar capaz de tamanha responsabilidade. Seu primeiro presidente foi o Marechal Ewerton Quadros e a revista “Reformador” tornou-se o órgão oficial da FEB.
Em 1887 o Médico dos Pobres passou a escrever uma série chamada “Espiritismo – Estudos Filosóficos”, que saía aos domingos no jornal “O País”, com o pseudônimo de Max. Vale lembrar que na época esse era o jornal mais lido no Brasil. Continuaria a série de artigos até o Natal de 1894. Escreveria depois, com o mesmo pseudônimo, em outros dois jornais, sempre em defesa dos postulados do Cristo Jesus, calcado na visão espírita. 
Em 1888, logo no início da série de artigos, Dr. Bezerra perdeu dois filhos. Reagiu e continuou trabalhando. Durante cinco anos escreveu sobre a Doutrina, elucidou muitas pessoas e arrebanhou outras tantas para as fileiras espíritas.
Encontramos alguns confrades que sentem ojeriza quando ouvem falar em “polêmica”; entretanto não podemos esquecer que Bezerra de Menezes foi um missionário da doutrina espírita no Brasil, tão relevante foi a sua atuação no movimento espírita, que nós os espíritas atribuímos a esse espírita maravilhoso o cognome de “Kardec brasileiro”. Bezerra de Menezes foi humilde durante toda a sua vida, infinitamente caritativo, não polemizava por ostentação, mas porque desejava esclarecer a verdade. Quem desejar ter conhecimento dessas polêmicas, deve adquirir os Estudos Filosóficos, tomo 1 e tomo 2, publicados pela FEB, pois não me é possível transcrevê-las. Conhecendo-as, verão como eram as polêmicas travadas com muita propriedade por parte de Bezerra com os sacerdotes e bispos da época, o que será muito útil a todos aqueles que acreditam que polemizar é perlengar.
Em 1889 o Marechal Ewerton Quadros foi transferido para Goiás, ficando impossibilitado de permanecer à frente da FEB. Para substituí-lo, foi eleito Dr. Bezerra de Menezes, que, cerca de três anos atrás, havia chocado a sociedade carioca com a notícia de sua conversão ao Espiritismo. Ao elegê-lo, a intenção dos confrades febianos era colocar uma pessoa de prestígio e força moral na presidência, a fim de fortalecer o processo de unificação. 
Dr. Bezerra dizia que era espírita de nascença 
Bezerra de Menezes anunciou publicamente sua conversão ao Espiritismo, tão grande era a emoção que sentia na alma – e não podemos nos esquecer de que naquela época o Espiritismo sofria uma perseguição intensa por parte da imprensa, tanto quanto da Igreja Católica Apostólica Romana.
Realmente, é preciso reconhecer: Dr. Bezerra não havia errado quando, ao ler “O Livro dos Espíritos”, disse a si mesmo que era espírita de nascença.   
À frente da Federação Espírita Brasileira, ele tentou a todo custo promover a união de todos os espíritas, inspirado principalmente por mensagem ditada mediunicamente por Allan Kardec em janeiro daquele ano, por intermédio do médium Frederico Júnior, chamada “Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil”. 
Ele lutou muito no intento de eliminar as diferenças que aconteciam no meio espírita e seu propósito era promover uma liderança que abrigasse todos os espíritas do Brasil. Quanto mais aumentavam as dissensões, mais aumentava seu esforço e seu trabalho. 
Por faltarem pregadores espíritas cristãos, assumiu ele próprio a função. Iniciou, assim, no dia 23 de maio de 1889, uma sessão semanal na Federação para o estudo de “O Livro dos Espíritos” e os resultados obtidos foram os melhores possíveis, com o grande número de pessoas que ali compareciam ávidas de conhecimento e saber.
Dedicado à causa, realizava também conferências e reuniões em uma casa espírita chamada “União”. Fundara uma casa chamada “Centro”, para promover o estudo do “Evangelho” e de “O Livro dos Espíritos”, na tentativa de conciliar as diferentes correntes de pensamento espírita. E participava, ainda, em outra casa, dos trabalhos de desobsessão. 
A mensagem “Instruções”, de Kardec, fornecera as diretrizes para o trabalho do Dr. Bezerra. A certa altura Kardec pergunta: “Onde está a escola de médiuns?” e essa pergunta ficou gravada na mente de Bezerra. Na realidade, ele não encontrou uma escola de médiuns em parte alguma. A solução encontrada foi fundar ele mesmo a tal escola. 
Muitos se opuseram à ideia, mas ele terminou por instalar a “Escola de Médiuns” no Centro. Como, infelizmente, ninguém gostava de estudar, ele se viu só, pois nem mesmo os próprios membros da diretoria da instituição frequentavam a escola. Ele apresentou um convite a todos, mas ninguém comparecia. 
O movimento espírita prosperava, contudo, em outras áreas. A Federação Espírita Brasileira inaugurava o seu período áureo, preparando-se para o futuro glorioso que a aguardava, iniciando uma caminhada que estaria a solidificá-la como a Casa-Máter do Espiritismo no Brasil.
Jamais ignoremos os exemplos do Dr. Bezerra 
Instituiu-se o serviço filantrópico de “Assistência aos Necessitados”, que atraiu muita gente e era o complemento de um dos três aspectos do Espiritismo, o aspecto moral, pois como poderia realmente ser o Consolador prometido, indiferente à dor e à necessidade alheia?        

Dr. Bezerra continuava esquecido no “Centro”, mas, mesmo assim, manteve firme seu propósito. A situação chegou a um ponto em que a despesa e os gastos da instituição tornaram-se insustentáveis, e Bezerra já não podia dispor de seus próprios recursos. Convocou por carta cada um dos membros da diretoria, para buscar a solução do problema, mas ninguém atendeu ao chamado. Na semana seguinte, convocou-os novamente. Ninguém compareceu. Foi à casa de um por um para convocar uma última reunião. Nem mesmo assim eles atenderam. Bezerra foi então, sozinho, procurar abrigo em outra casa espírita, onde foi bem recebido. A boa acolhida, porém, não durou muito tempo, já que apareceriam novamente as dissensões entre as correntes de pensamento espírita. O movimento espírita demorava-se carente de união.
Espíritas, por mais difícil que pareça a situação do Espiritismo, vamos ter como exemplo esse Espírito maravilhoso, que em momento algum se deteve diante das dificuldades e lutou destemido confiando na vitória da luz sobre as trevas.
Vamos pugnar, por nossa vez, no intento de preservarmos a lídima e pura doutrina espírita, vivendo pela causa com todo o amor, como exemplificou Dr. Bezerra, pois o Espiritismo é a religião universal do amor e da sabedoria que palpita no coração de cada criatura, o encontro marcado com as lições do Cristo de Deus, como nos diz Emmanuel.
Apliquemo-nos para desmistificar aqueles que acreditam que o Espiritismo deva ser apenas uma ciência, ou uma filosofia, pois o Espiritismo é, acima de tudo, uma como síntese da moral divina, da moral ensinada pelo Cristo, pois não podemos esquecer que Jesus foi o médium de Deus na Terra, não incorporando o Ser Supremo do universo, mas traduzindo para nós as Leis Divinas, que expressam o pensamento do Criador a manifestar-se na vida, ao longo da eternidade.
Não nos esqueçamos, por fim, de que Dr. Adolfo Bezerra de Menezes viveu a filosofia, e também a ciência, mas não se esqueceu de praticar a caridade, pois de que nos vale uma cabeça cheia de sonhos quando nos demoramos com as mãos desocupadas? Quando faltamos com a caridade, demonstramos que somos ainda imaturos no campo do sentimento e do amor.  

Página colhida na Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/438/especial.html

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário - 1ª parte

Especial Inglês Espanhol
Ano 9 - N° 437 -25 de Outubro de 2015
JOSÉ SOLA GOMES
josesolagomes@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

José Sola Gomes

Adolfo Bezerra de Menezes: o homem e o missionário
Ele viveu a filosofia e também a ciência, mas não se
esqueceu de praticar a caridade
Parte 1
 
Sinto-me prestigiado por uma oportunidade maravilhosa, entretanto, imerecida, pois terei que tecer alguns comentários a respeito de um missionário divino, pois o Espírito de Adolfo Bezerra de Menezes foi um missionário, conforme no-lo narra Humberto de Campos, em o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.
Nessa obra, Humberto de Campos, através das mãos de nosso inesquecível médium Francisco Cândido Xavier, nos informa que em uma reunião espiritual presidida pelo Anjo Ismael, este, após haver transmitido a todos sua palavra de paz e de amor encarecendo a importância de trabalharmos pela implantação do Evangelho de Jesus no país do Cruzeiro, lembrou que o Mestre dos Mestres houvera cumprido sua promessa quando nos afirmou que enviaria o Consolador, para permanecer eternamente conosco.
E, dirigindo-se a um dos discípulos de Jesus, que fazia parte da plêiade de Espíritos empenhados junto a Ismael no divino desejo de solidificar o Consolador prometido, que é o Espiritismo, incumbiu-o de reencarnar com a missão de unificar o movimento espírita no Brasil, pois as reuniões espíritas em seus primórdios não tinham ainda um roteiro de desenvolvimento, cada centro espírita tinha o seu método e cada um deles se julgava o portador da verdade, o que criava entre os espíritas a desunião e a adversidade.
Alguns de nós, espíritas, ainda servimos à causa, como um cumprimento do dever, uma necessidade de evoluir, tanto é assim que ainda sentimos a necessidade de tirar férias na realização do trabalho que desempenhamos na instituição espírita, alegando que estamos cansados, embora o trabalho que realizamos na casa espírita não nos deva cansar, visto que não é estressante, ou pelo menos não deveria ser. No meu entender, deveria ser algo que realizamos com prazer, não como uma obrigação.
Narra-nos Humberto de Campos que os olhos do discípulo, após haver sido incumbido da importante missão, derramaram lágrimas de gratidão a Deus e a Jesus, pela oportunidade bendita, que lhe foi outorgada por Ismael, de estar cooperando com a unificação do movimento espírita, o que deixa evidente que não entendeu o chamamento como uma imposição, mas como uma bênção, que é poder realizar algo a favor dos necessitados do espírito e da matéria, como veremos mais adiante. 
Em agosto de 1831 nascia Bezerra de Menezes 
Atento à lei de amor universal, esse discípulo de Ismael reencarnou no dia 29 de agosto de 1831, na pequenina Riacho do Sangue, no estado do Ceará, filho de Antônio Bezerra de Menezes, capitão das antigas milícias e então tenente-coronel da Guarda Nacional, e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.
Antônio Bezerra era importante fazendeiro local que “nunca mediu sacrifícios, na hora de socorrer aqueles que lhe estendiam a mão”. Tanta generosidade acabou por levar sua fortuna material e, em determinado momento, a grandes dívidas, que atingiram níveis insuportáveis. 

Antônio foi então procurar cada um de seus credores, decidido a entregar seus bens para saldar as dívidas. Os credores, contudo, reuniram-se e decidiram que o coronel Bezerra continuaria com seus bens. Assinaram um documento que afirmava com força legal que o velho Bezerra poderia ficar com eles e “que gozasse deles e pagasse como e quando quisesse, que eles, credores, se sujeitariam aos prejuízos que pudessem ter”. O velho Bezerra, contudo, não aceitou tal decisão. Depois de muita discussão, resolveu que daquela data em diante seria simplesmente um administrador dos bens para seus credores. Passou a retirar apenas o extremamente necessário para o sustento da família e muita vez passou privações.
A essa altura, o menino Adolfo, último filho do casal, já estava terminando o então chamado curso preparatório. Os dois filhos mais velhos tinham-se formado em Direito e o terceiro ainda cursava o segundo ano na Faculdade de Direito de Olinda, Pernambuco. 

O pequeno Adolfo Bezerra de Menezes tinha sete anos de idade quando foi levado pela mãe para ser matriculado na escola pública da Vila do Frade. Em dez meses o menino aprendeu a ler, escrever e fazer contas simples. Quatro anos depois, quando o pai estava sendo alvo de perseguição política, a família mudou-se para o Rio Grande do Norte. O pequeno Adolfo “foi matriculado na aula pública de latinidade, que funcionava na Serra dos Martins e era dirigida por padres jesuítas” em Maioridade, hoje cidade de Imperatriz. Após dois anos, o rapaz tornou-se tão bom na matéria que chegou a substituir o professor. 

Aos 25 anos doutorou-se pela Faculdade de Medicina

Em 1846, o velho Bezerra voltou para a capital do Ceará, onde o pequeno Adolfo foi matriculado no Liceu, que era dirigido pelo seu irmão mais velho. Terminando seus estudos, mostrou a vontade de ser médico, e não advogado como os irmãos. Como não havia faculdade de medicina no Nordeste do país, o pai foi obrigado a mandá-lo para a então sede da Corte, a cidade do Rio de Janeiro. Contou-lhe então tudo que havia acontecido com os bens da família, explicando a pobreza por que passavam. Os parentes cotizaram-se e levantaram quatrocentos mil réis para pagar a viagem até o Rio. Foi assim que Adolfo Bezerra de Menezes pôde pegar o navio e chegar à então sede do Império.

O jovem Adolfo instalou-se em uma pensão, e foi com muita dificuldade que conseguiu alcançar o seu intento, porque sofreu muitas dificuldades para pagar seu alojamento e teve de prestar alguns serviços para conseguir manter o aluguel em dia. Entretanto manteve-se firme em seu propósito, continuou os estudos e conseguiu atingir seu propósito, realizando seu sonho de ser médico.
Aos vinte e dois anos, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Aos 25, no ano de 1856, doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes.

Como não tinha dinheiro para montar um consultório, entrou em acordo com um colega de faculdade que possuía mais recursos e passou a dividir uma sala no centro comercial da cidade. Durante os meses em que o consultório ficou aberto, quase não houve pacientes. Mas a casa onde morava o médico Bezerra ficava repleta de doentes. Começou a atender os componentes da família e depois os amigos. Sua fama correu pelo bairro e, com isso, os clientes apareceram; mas ninguém pagava, pois eram todos gente pobre e o dinheiro nunca foi mencionado. 

Foi então que um amigo e médico militar, Dr. Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, chefe do corpo de saúde do Exército, resolveu contratá-lo como médico militar. Dr. Feliciano era chefe da clínica cirúrgica do Hospital da Misericórdia, hospital esse onde Dr. Bezerra tinha sido praticante e interno em 1852, quando ainda cursava o segundo ano de faculdade.

Como Dr. Bezerra via a função de um médico

Em 1856, o governo imperial fez a reforma do Corpo de Saúde do Exército e nomeou o Dr. Feliciano como cirurgião-mor. Ele, então, chamou Bezerra para ser seu assistente e foi assim que, com um emprego remunerado estável, começou o caminho do médico dos pobres. 

Adolfo Bezerra de Menezes continuava atendendo gratuitamente aqueles que não podiam pagar. Sua fama continuava a se espalhar e o consultório do centro da cidade começou a ficar movimentado e frequentado por clientes que pagavam. O dinheiro que recebia no consultório era gasto com seus pobres em remédios, roupas e também, muitas vezes,  auxílio em dinheiro. 

O médico dos pobres tinha a função de médico no mais elevado conceito. Dizia ele:

"Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida”.

Com a vida mais organizada, resolveu casar-se. Ele encontrara seu amor na pessoa de D. Maria Cândida Lacerda e casaram-se em 6 de novembro de 1858. Nessa época, Dr. Bezerra tinha uma posição social estável: além de médico, era jornalista e escrevia para os principais jornais da cidade; e no meio militar era muito respeitado.

Não demorou muito até que lhe oferecessem um lugar na chapa de um partido para as eleições do Poder Legislativo. 

Por que Dr. Bezerra renunciou à carreira militar

D. Maria, sua esposa, foi uma das maiores incentivadoras da candidatura de Bezerra de Menezes. Os habitantes de São Cristóvão, bairro onde morava e clinicava, também queriam tê-lo como representante na Câmara Municipal. Foi então assim que em 1860 Dr. Bezerra se elegeu por um grupo de São Cristóvão. Surgiu na ocasião uma tentativa de impugnar seu diploma sob o pretexto de que um militar não podia ser eleito. Bezerra teve então de escolher entre a carreira militar e a política. Seguindo os conselhos da esposa, renunciou à patente militar e abraçou a vida política de vez. 

O destino, porém, reservava-lhe uma difícil provação para o ano de 1863. Depois de uma doença rápida e repentina, sua esposa desencarnou em menos de vinte dias, deixando o marido com dois filhos: um com três anos e outro com um ano de idade.

O golpe da viuvez inesperada moveu os sentimentos religiosos que a dor sempre traz à tona. Em busca de consolação, Dr. Bezerra passou a ler a Bíblia com frequência. Verificava a expansão vertical que a dor oferece às almas dos que sofrem, ligando-os a Deus.

Nessa época, o Espiritismo estava se expandindo no mundo. Em 1869 desencarnara Allan Kardec em Paris, deixando consolidada para a humanidade a codificação espírita. As ideias de Kardec eram revolucionárias e atraíam a atenção dos investigadores e cientistas em todos os recantos do mundo. Desencarnado o Codificador, restava a obra, a arregimentar novos espíritas. 

No Brasil, principalmente na Capital, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, as influências europeias eram muito grandes. A homeopatia popularizava-se aos poucos, principalmente nos meios espíritas, e teve como um dos seus primeiros experimentadores o baluarte da República José Bonifácio de Andrada e Silva, que se correspondia com Hahnemann, o criador da Homeopatia. Como médico, as discussões sobre a terapêutica homeopática também interessaram ao Dr. Bezerra de Menezes e notícias de curas creditadas a essa terapêutica chegaram a seus ouvidos. 

O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos".

Como Dr. Bezerra conheceu a doutrina espírita

Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres:

"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no ‘O Livro dos Espíritos’. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".

O Espiritismo difundia-se, ajudado em muito pelas práticas dos médicos homeopatas e espíritas, que passaram a prestar a caridade também através de sua mediunidade. Um desses médicos era João Gonçalves do Nascimento e muitos colegas de Bezerra de Menezes falavam das curas realizadas através desse médium. E tanto falaram que um dia Bezerra resolveu pedir-lhe uma receita enviando um pedaço de papel que dizia apenas: “Adolfo, tantos anos, residente na Tijuca”. Não demorou e ele recebeu uma resposta com o diagnóstico correto de seu problema de estômago. 

Dr. Bezerra f
icou tão impressionado com a exatidão de seu diagnóstico, que resolveu pedir receitas também para pessoas que apresentavam problemas psíquicos – a loucura foi uma das áreas que Dr. Bezerra mais estudou.

Acompanhou o desenvolvimento do tratamento em seus pacientes e, depois de simplesmente assistir aos trabalhos desobsessivos, resolveu participar ativamente desse tipo de tratamento. Na visão da Doutrina Espírita, os portadores de doenças psíquicas são pessoas que podem apresentar problemas mentais devido às causas biológicas detectáveis pela ciência humana e também devido à influência de Espíritos desencarnados, também doentes. 
(Este artigo será concluído na próxima edição desta revista.)

Página colhida da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano9/437/especial.html

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

MANSOS DE CORAÇÃO

MANSOS DE CORAÇÃO

Quando Jesus proclamou a felicidade nos mansos de coração, não se propunha, de certo, exaltar a ociosidade, a hesitação e a fraqueza.

Muita gente, a pretexto de merecer o elogio evangélico, foge aos mais altos deveres da vida e abandona-se à preguiça e à fé inoperante, acreditando cultivar a humildade.

O Mestre desejava destacar as almas equilibradas, os homens compreensivos e as criaturas de boa vontade que, alcançando o valor do tempo, sabem plantar o bem e esperar-lhe a colheita, sem desespero e sem violência.

A cortesia é o primeiro passo da caridade.

A gentileza é o princípio do amor.

Ninguém precisa, pois, aguardar o futuro, a fim de possuir a Terra. É possível orientá-la hoje mesmo, detendo-lhe os favores e talentos, entre os nossos semelhantes, cultuando a bondade fraternal.

As melhores oportunidades de cada dia no mundo pertencem àqueles que melhores se fazem para quantos lhes rodeiam os passos. E ninguém se faz melhor, arremessando pedras de irritação ou espinhos de amargura na senda dos companheiros.

A sabedoria é calma e operosa, humilde e confiante.

O espírito de quem ara a Terra com Jesus compreende que o pântano pede socorro, que a planta frágil espera defesa, que o mato inculto reclama cuidado e que os detritos do temporal podem ser convertidos em valioso adubo, no silêncio do chão.

Se pretendes, pois, a subida evangélica, aprende a auxiliar sem distinção.

A pretexto de venerar a verdade, não aniquiles as promessas do amor. Abraça o teu roteiro, com a alegria de quem trabalha por fidelidade ao Sumo Bem, estendendo a graça da esperança, a benefício de todos, e, um dia, todos os que te cercam e te acompanham entoarão o cântico de bem-aventurança que o teu coração escreveu e compôs nos teus atos, aparentemente pequeninos de fraternidade e sacrifício, em favor dos outros, em tua jornada de ascensão à Divina Luz.


Mensagem extraída da obra O Evangelho por Emmanuel, psicografia, de Francisco Cândido Xavier, página 60, também consta da Obra: Escrínio de Luz, editada pelo O Clarim.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Entrevista: José Raul Teixeira - 2ª parte

Entrevista
Ano 2 - N° 91 - 25 de Janeiro de 2009 
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA 
mbo_imortal@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)

 
José Raul Teixeira:
“A prioridade maior do espírita deve ser adquirir o indispensável conhecimento dos princípios espíritas e ter a coragem de pautar-se por eles”
 
 
O leitor verá em seguida a parte final da entrevista que nos foi concedida pelo estimado confrade José Raul Teixeira(foto), em que ele responde a várias perguntas a respeito do Movimento Espírita no Brasil e no exterior. Na edição anterior, a entrevista focalizou problemas e questões da atualidade e temas de natureza doutrinária. 
Conforme explicado, as perguntas que compõem a entrevista foram formuladas pelos confrades José Passini, Ricardo Baesso de Oliveira, Arthur Bernardes de Oliveira, Jorge Hessen, Astolfo O. de Oliveira Filho, Célia Xavier Camargo – todos membros do  Conselho  Editorial –  e Orson Peter
Carrara,  Fernanda  Borges,  Wellington
Balbo, Antonio Augusto Nascimento e Katia Fabiana Fernandes, editores responsáveis pelas entrevistas publicadas pela revista.
Eis, a seguir, na íntegra, a parte final da entrevista: 
O Consolador: Por que razão escasseiam nas casas espíritas as reuniões que chamávamos antigamente de sessões de desobsessão, que tantos benefícios trouxeram a inúmeros cidadãos com problemas obsessivos? 
Há inúmeras razões para esses esfriamento na realização desse tipo de reuniões, algumas cujas raízes estão nas instituições enquanto outras podem estar nas pessoas que atuam nessas instituições na condição de médiuns.
Antigamente, ao que sabemos, as reuniões de desobsessão eram um momento sagrado do centro espírita, para o qual não se levava qualquer pessoa. Para dela participar, tinha-se que ser médium mesmo, com as condições morais de tal maneira firmes que suportassem o assédio concomitante ou posterior das entidades infelizes envolvidas, mantendo conduta ilibada na sociedade e na família, adquirindo o que se chama de autoridade moral.
Os médiuns de então, quase sempre pessoas muito modestas, mantinham um regime de dedicação aos trabalhos do bem, trabalhando a si mesmos para merecer essa convivência com os Prepostos de Jesus nesse labor de socorro espiritual.
Temos que convir a dificuldade de muita gente, hoje em dia, para assumir compromissos. Seja pelas experiências de indisciplina cultivadas, seja pelas condições das grandes cidades, que dificultam os translados das pessoas de um para outro lado. Assim, é costume em muitos lugares os médiuns faltarem muito aos trabalhos, porque chegam tarde da lida profissional, porque frequentam festas e não perdem nenhuma, porque qualquer motivo é motivo para não comparecer e, assim, não criam vínculos psíquicos com a atividade nem com os Benfeitores da tarefa.
No campo dos centros espíritas, muitos não têm critérios doutrinários para a escolha dos seus dirigentes das sessões e optam, quase sempre, por companheiros que mesmo quando têm boa vontade, desconhecem a profundidade e a dinâmica daquilo que foram chamados a fazer; não têm voz ativa, conquistada pela autoridade moral e pela convivência semanal  com os médiuns que, então, fazem como querem na sessão; não exigem dos membros das sessões mediúnicas a participação nas reuniões de estudos do centro, o que permite que muitos médiuns só compareçam à instituição nos dias e horários dessas sessões, não conseguindo higienizar as mentes por meio dos estudos, das análises, das discussões felizes, das trocas afetivas, mas mantendo cacoetes dispensáveis que afivelam à mediunidade propriamente dita, predispondo-se muitas vezes ao surto anímico ou às investidas mistificadoras, que proliferam nos terrenos onde vigora a invigilância.
Poucos dirigentes espíritas sabem que não deve ser qualquer médium convidado para  atender aos trabalhos desobsessivos. Não é por ser psicofônico, vidente ou psicógrafo que um médium terá condições gerais para participar de trabalhos tão graves, tão sérios. Pessoas que mantêm o tabagismo, o alcoolismo ou o uso de quaisquer outras drogas de tropismo neurológico; indivíduos que mantêm-se nas faixas da prostituição sexual, por mais modernas que estejam tais práticas nas metrópoles e quejandos, certamente não serão os mais recomendados para atender nessas sessões. Mas pessoas de língua grande, que não sabem guardar a discrição exigida por esses labores bem como as que portam desarranjos emocionais, que gritam, que se acabam de chorar se chove ou se faz sol, não devem ser chamadas para tão sérios compromissos.
São encontrados ainda, em muitas instituições, médiuns que não se falam, que estão brigados, participando dos serviços de mediunidade com o objetivo de atender à desobsessão. Acintes desses tipos contribuem bastante para que as sessões vão deixando aos poucos de ser sessões de desobsessão para converter-se em sessões de obsessão.
São, realmente, muitas as possíveis causas do esvaziamento das condições espirituais de uma atividade desobsessiva, mas, fundamentalmente, encontramos como causa primordial o próprio ser humano, inadaptado às disciplinas, desejoso de fazer o que lhe dá na cabeça, ou, pela ausência de conhecimento e maturidade, tornando-se instrumento de fascinadores, de mistificadores que, quando não os torna grandes empeços no corpo das sessões, afastam-nos do grupo, a fim de explorá-los mais facilmente, impondo-lhes a perda da oportunidade reencarnatória.
Somente a seriedade do trabalho, baseado no estudo sério e continuado, da ação fraternal em favor dos necessitados a nossa volta associada aos esforços pela autotransformação, farão com que retornemos às sessões de desobsessão que reflitam o Pentecostes, em cuja estrutura os filhos do Calvário, os caídos e os sedentos de luz poderão reencontrar o coração vivo e amoroso do Mestre Jesus. 
O Consolador: Qual deve ser a atitude dos dirigentes espíritas relativamente a essa enxurrada de obras mediúnicas de origem duvidosa, que tem infestado o mercado de publicações espíritas nos últimos tempos? Será que Kardec, no seu tempo, ficaria calado diante dessas obras?  
Acredito que num período em que o planeta está vivendo tormentos de todos os tipos, confirmando o que considera Allan Kardec, em seu livro A Gênese, ao afirmar que, hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade, não poderia o nosso Movimento Espírita estar livre dessa avalanche atormentadora de más influências, seja de indivíduos aventureiros e insanos  que anseiam por vitórias passageiras e/ou lucrativas, sem a necessária consciência do tipo de semente que estão plantando para colheita complexa no porvir  seja de entidades desencarnadas que continuam zombando dos esforços da Luz, das Falanges Crísticas,  que visam desfazer as sombras que  se demoram sobre a Terra.
Na medida em que os dirigentes espíritas vão se tornando mais lúcidos e, por conseguinte, mais coerentes com os princípios do Espiritismo, conseguem dar-se conta de que qualquer obra que divulguemos em nome da nossa Doutrina deve ter a chancela do bom senso kardequiano. Compreenderão que não vale oferecer ao grande público tudo o que vai surgindo no mercado livresco porque tenha o título de obra mediúnica ou espírita, a fim de obter o tão esperado “lucro”. Primeiro, porque nem tudo o que é mediúnico tem que ser espírita, já que a mediunidade não é patrimônio do Espiritismo. Segundo, porque o critério utilizado pelo Codificador do Espiritismo para a seleção e publicação de textos é bastante rigoroso, indiscutivelmente responsável. Sempre que alguém se põe a publicar e a comercializar produtos sem qualidade genuinamente espírita, no mínimo comete o erro de lesa-verdade espírita, o que ao longo do tempo deve acarretar muitas coisas graves nas mentes dos que as leem sem os necessários filtros do conhecimento dos livros de Kardec.
Com relação a Allan Kardec, estou certo de que não aceitaria tal fato com a passividade que temos encontrado no nosso Movimento, uma vez que são muitos os dirigentes, nos mais variados níveis de responsabilidades, que não têm coragem de afrontar o status quo vigente nesse campo literário, seja para não terem aborrecimentos e se pouparem das investidas retaliadoras dos interessados na manutenção do que acontece agora, seja porque também não dispõem do necessário senso crítico para ver os elementos antiespíritas ou inverídicos  que tais obras contêm.
É na Revista Espírita, publicada por Kardec no mês de maio de 1863, quando ele faz um exame das comunicações mediúnicas que lhe eram enviadas, que encontramos suas palavras dizendo: Em grande número encontramo-las notoriamente más, no fundo e na forma, evidente produto de Espíritos ignorantes, obsessores ou mistificadores e que juram pelos nomes mais ou menos pomposos que as assinam. Publicá-las teria sido dar armas à crítica. Vemos, assim, que o Codificador do Espiritismo tomava posição e se pronunciava a respeito com a firmeza que o caracterizava.
Temos lido livros ditos mediúnicos onde são apresentados o chulo da pornografia, das descrições libidinosas, fantasiosas descrições que não suportam o crivo da razão espírita, ao lado de outras coisas sem nexo, sem sentido para o processo de renovação e crescimento da criatura humana, sob a ótica do Consolador. Vejamos o que escreve Kardec no texto supracitado: Para começar convém delas afastar (das massas) tudo quanto, sendo de interesse privado, só interessa àquele que lhe concerne. Depois, tudo quanto é vulgar no estilo e nas ideias, ou pueril pelo assunto. Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para servir de instrução pessoal; mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais. Infelizmente o homem é inclinado a supor que tudo o que lhe agrada deve agradar aos outros. O mais hábil pode enganar-se; tudo está em enganar-se o menos possível. Há Espíritos que se comprazem em alimentar a ilusão em certos médiuns. Por isso nunca seria demais recomendar a estes não confiar em seu próprio julgamento. É nisso que os grupos são úteis: pela multiplicidade de opiniões que podem ser colhidas. Aquele que, neste caso, recusasse a opinião da maioria, julgando-se mais esclarecido que todos, provaria superabundantemente a má influência sob a qual se acha.
Vale a pena continuar a ler o que nos diz o Codificador, Allan Kardec sobre o tema em apreço: Aplicando estes princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há mais de 300 para publicidade, e apenas cem de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes. Inferimos que a proporção deve ser mais ou menos geral. Por aí pode julgar-se da necessidade de não publicar inconsideradamente tudo quanto vem dos Espíritos, se se quiser atingir o objetivo a que nos propomos, tanto do ponto de vista material quanto do efeito moral e da opinião que os indiferentes possam fazer do Espiritismo.
Bem entendemos, pois, que Kardec não se acomodaria silenciosamente, como não se acomodou em sua época. Hoje em dia nos deparamos com um espírito acomodatício em nosso Movimento, o que se mostra indicativo do descompromisso de muitos com a grandeza e clareza do Espiritismo, nada obstante continuem ocupando as mais diversas posições nos seus campos de atividades. 
O Consolador: Um fato bem peculiar em grande parte dos Estados Unidos e da Europa é a existência de grupos espíritas fundados e mantidos por brasileiros, cujos trabalhadores e frequentadores são em sua maioria brasileiros. Poucos grupos conseguiram despertar nos nativos a vontade de aprender a doutrina espírita. O que é possível fazer para reverter esse quadro?  
Será sempre de muito bom proveito para o exercício da nossa humildade o fato de não atribuirmos aos brasileiros, que vivem no exterior, qualquer missão messiânica. É muito importante não introjetarmos na alma nenhuma vaidade relativamente a nossa postura diante de outros povos ou de outros países, se quisermos ser bem aproveitados pelo Mundo Espiritual Superior em qualquer labor feliz ao que nos queira vincular.
Não deveremos perder de vista que nesses países, para onde vão viver muitos brasileiros, existe uma ou mais culturas que lhes são próprias, tanto quanto existe a sua religião predominante. Imaginar que poderemos chegar em algum deles e fazer como fizeram no descobrimento do Brasil os religiosos portugueses, ou seja, montar o nosso altar (nossa mesa) e celebramos nossa primeira missa (nosso primeiro culto, sessão, etc.), à revelia dos  seus filhos naturais, dos seus hábitos ou de suas crenças, tendo todos a nossa volta nos adorando e nos aplaudindo, seria uma ingenuidade, para dizer o mínimo.
É bem real que muitos brasileiros que eram espíritas no Brasil, sentindo falta dos seus ambientes de atividade espírita daqui, tenham criado uma pequena célula de estudos, muitas vezes tendo início em suas residências, numa garagem, etc., e mais comum ainda é que acorram outros compatriotas que, seja pelo sentimento de isolamento em que se veem, seja por sua necessidade afetiva ou, de fato, pela sede de voltar a sorver em grupo as bênçãos dos estudos espíritas, desejam estar juntos.
A mim me parece que a proposta mais coerente será a de bem vivenciar, onde quer que estejam os brasileiros espíritas, de tal modo os princípios espíritas, que os nativos passem a ver neles, nas relações sociais que mantenham, pessoas com hábitos muito diferentes, com posições muito equilibradas e justas, em meio a uma vida relacional de muito respeito,  harmonia e lucidez. Isso, sem dúvida, arrastaria muita gente em virtude da curiosidade em saber em que fontes esses estrangeiros recolhem tanta clareza, tanto bom-senso e tanta firmeza de propósitos do bem para viver, mesmo diante das adversidades que são comuns para quem vive num país estranho ao seu.
Vemos, nada obstante, que os grandes problemas de aproximação com os nativos nas células espíritas que se formam, começam pelo fato de não haver o domínio da língua do país para um relacionamento equilibrado ou capaz de entretecer os necessários diálogos explicativos; por outro lado, outro impedimento é encontrado na situação documental de incontável número de brasileiros, uma vez que se acham na ilegalidade nesses países. Como conviver com quem poderá tomar contato com essa situação e possivelmente denunciá-los às autoridades? Como tornar-se “missionário” declarado, de fronte erguida e sem temores, quando se está ilegalmente em terras alheias?
Temos, ainda, outros elementos que pesam nessa relação de brasileiros com nacionais de outros países. É que muitos que são espíritas lá fora, não o eram desde o Brasil. Conheceram o Espiritismo no exterior. Assim, para muitos, faltam as habilidades de como administrar uma casa espírita, realizar as sessões, os estudos e as demais atividades, passando a ouvir e copiar as informações de visitantes, nem sempre amadurecidos para dar-lhes a orientação precisa. É assim que encontramos grupos espíritas de brasileiros no exterior que seguem a “linha” de alguém, conhecido seu, do Sul ou do Norte brasileiros, em outros grupamentos, os lidadores seguem a “linha” do Nordeste ou do Sudeste, e muitos mais ainda, não seguem somente indicações de federativas brasileiras, mas, o que quase sempre é mais complicado, ligam-se a maneirismos dessa ou daquela instituição do nosso país ou desse ou daquele médium, e os problemas se vão avolumando como se pode ver.
Assim, não se trata de reverter o quadro da ausência de nativos de outras nações em células espíritas de brasileiros em seus países, trata-se de os próprios brasileiros terem a clareza indispensável a respeito do que é o Espiritismo, da seriedade dos seus princípios e evitarem a “colagem” dos modos de fazer trabalhos espíritas no nosso país, e passem a prestar mais atenção na cultura do país onde estão, procurando melhor entendimento da mesma, a fim de melhor se aproximar dos seus nacionais.
É comum encontrarmos no exterior as células espíritas fundadas por brasileiros com nomes dos Guias conhecidos no Brasil que, por mais respeitados ou amados por nós, aqui, nada informam ou significam para o povo do país. Nenhum cuidado de identificar os vultos espíritas do país onde estão, a fim de que, a partir do nome  caso desejem dar nomes de pessoas  possam instigar a simpatia de quem dessas instituições queira se aproximar. Quantos nobres espíritas, espiritualistas importantes ou pesquisadores destacados conhecemos na Espanha, na França, na Bélgica, na Itália, na Inglaterra, na Alemanha ou nos Estados Unidos? Nomes espanhóis como os de Amália Domingo y Soler, José Fernandez Colavida (conhecido como o Kardec espanhol), Francisco Ballester Galés, Angel Aguarod; franceses como os de Léon Denis, Gabriel Delanne, Alexandre Delanne, Albert De Rochas, Paul Leymarie, Camille Flammarion, Jean Meyer; italianos como os de Eusápia Paladino, Ernesto Bozzano, César Lombroso; ingleses como os de Arthur Conan Doyle, Alfred Russel Wallace, Stainton Moses, William Crookes, Florence Cook; alemães como os de Johann Fredrich Zöllner, Gustav Fechner, Wilhelm Weber; americanos como os de Henry Slade, Cora Scott Hatch, Edgard Cayce, Harriet Beecher Stowe (médium que psicografou o famoso livro ‘A Cabana do Pai Thomas’), Abraham Lincoln, Horace Hambling, Frank Carpenter, Charles Schockle, Joseph Banks Rhine, dentre incontáveis outros nomes, mais ou menos famosos, médiuns, pesquisadores, escritores, trabalhadores diversos que em seus países estenderam luminosa ponte entre o território do materialismo e dos problemas humanos aos campos do Espírito imortal, donde procedem as inspiradas soluções para os problemas planetários.
Dessa forma, creio que o amadurecimento das comunidades brasileiras, que vão aprendendo a viver nos países dos outros, procurando acurar os estudos das línguas bem como um maior e melhor conhecimento das culturas desses países, sem o anseio perturbador e sem sentido de construir onde estejam uma “mini-república brasileira”, em sinal de respeito a quem lhes abriu as portas ou que os suporta, mesmo sob a incômoda lona da ilegalidade, alcançarão, com o tempo, a simpatia e a aproximação de muitos corações que passarão a interessar-se pelo Espiritismo. Por agora, e durante um bom tempo, precisarão os espíritas brasileiros no exterior levar a sério não apenas o Espiritismo, mas, e fundamentalmente, a realidade de que estão em alheias terras diante do dever de estudar, de trabalhar, de servir e, como propôs a nobre pensadora italiana, Chiara Lubich, aprender a florir onde Deus os plantou... 
O Consolador: Muitas casas espíritas não são filiadas à federativa do seu Estado. O que pode ser feito para que tal ocorrência seja minimizada?  
Uma vez que as adesões dos centros espíritas brasileiros às suas federativas estaduais são estabelecidas em bases fraternais, não existindo nenhuma imposição federativa, a não ser a exigência de que as práticas institucionais do centro estejam bem ajustadas aos ensinamentos da Doutrina Espírita, nem sempre são claros os motivos que levam muitos deles a não se filiar.
Quero crer que haja por parte das federativas o interesse nas filiações dos centros, a fim de que exista um Movimento Espírita mais fortalecido no qual os integrantes cooperem para maior e melhor divulgação do Espiritismo no seio da sociedade. Por outro lado, admito que seja também do interesse dos centros espíritas a vinculação às federativas, considerando-se as possibilidades de enriquecimento material e humano dos seus trabalhos, a partir da integração que se estabelece com as demais instituições, com as trocas de experiências, que se convertem em somatório que sempre visa o progresso.
Os dois campos, desse modo, devem se aproximar, procurar um contato mais fraternal possível, que permita a formalização do vínculo, ou seja, a filiação. 
O Consolador: Devemos entender como de responsabilidade do Movimento Espírita a construção e manutenção de hospitais, creches, asilos?  
Não; de nenhum modo o Movimento Espírita tem responsabilidade na construção de obras de assistência social. Todos os espíritas, cidadãos e cidadãs, devem ter sempre em mente que o que fazemos é um esforço que nos interessa não somente porque vamos amparar alguém, em termos materiais, mas também porque conseguimos pôr no campo prático muito dos elementos teóricos que aprendemos no Espiritismo.
Nenhum espírita deve ser ingênuo ao ponto de admitir que seja nossa responsabilidade construir obras de pedra. Pelos impostos que toda a sociedade paga aos cofres dos governantes, é da alçada dos poderes constituídos e não da nossa a construção das obras sociais de que necessite a sociedade.
Importante, contudo, é percebermos que, apesar da consciência que devemos ter de tudo isso, não nos cabe ver alguém padecendo ao nosso redor sem que tomemos alguma providência socorrista, uma vez que na nossa rua ou no nosso bairro o governo muitas vezes somos nós mesmos, os que nos achamos mais próximos dos necessitados. Alimentar os que têm fome, vestir os desnudos, visitar os enfermos e os presidiários, são ensinamentos que aprendemos de Jesus.
O que não deveremos é criar obras materiais e gastarmos todo o tempo e preocupações com elas  a neurótica agonia por realizar atividades que nos garantam dinheiro: os almoços, os chás, os lanches, os bazares intermináveis, costumam retirar senhoras e cavalheiros dos grupos de estudos, por pretextarem que estão muito ocupados e cansados na busca de recursos materiais  deixando de lado o tempo que pertenceria aos estudos espíritas, ao nosso aprimoramento como pessoas, nosso auxílio ao crescimento de outros companheiros,  imaginando que a caridade, como a entendia Jesus, dispensa o nosso esforço pelo aformoseamento espiritual próprio. Nada que nos retire do dever de aprender para crescer deve nos ocupar, primordialmente, os pensamentos.
Quem se sentir inclinado a realizar atividades assistenciais junto ao próximo, poderá apresentar-se como responsável voluntário em alguma obra social, em sua cidade, que trate de crianças, de idosos, de internos penais, de aidéticos ou de outros enfermos, etc. Se, porém, o nosso ideal institucional nos remete à criação e manutenção de alguma obra desses tipos, é por entendermos que daremos a devida conta de tudo. Não nos caberá viver reclamando da sorte, da indiferença do mundo ou da insensibilidade dos governantes. Tomemos do arado, conforme permitam nossas possibilidades, e avancemos contentes, estudiosos, reflexivos e fiéis servidores da Vida Imortal. 
O Consolador: Há um descompasso da época em que vivemos com relação à educação dos filhos. Os tempos diferentes da atualidade, diretamente afetados pela velocidade da comunicação virtual, trouxeram uma realidade difícil e complexa para pais e educadores, o que também afetou o movimento espírita, antes bem mais dedicado à evangelização infantil e às atividades da mocidade espírita. Como vencer o desinteresse de dirigentes espíritas quanto à importância da atenção a jovens e crianças em nossas instituições?
Em realidade, toda a nossa vida está pautada em algo que chamamos escala de valores. Cada indivíduo, assim, tem valores distintos dos outros. Para quem tem a educação dos filhos como algo importante, apesar dos tempos difíceis e dos desafios vividos, têm-nos juntos dos seus corações, amigos, companheiros, apesar de ter cada qual sua personalidade, seu temperamento, suas idiossincrasias. Para quem pensa primeiro nos recursos financeiros, nas aparências sociais, sem clara noção de que seus filhos são espíritos e que lhes não pertencem como objetos, com certeza encontrarão todos os impedimentos provocados pelas mídias, pelos companheiros dos filhos, e por tudo mais que teime em intervir no relacionamento doméstico.
Vivendo no mesmo mundo midiático que todos nós, atravessando as horas de aperto e violência como nós, bem como enfrentando as mesmas exigências econômicas, vemos irmãos de outras crenças bem junto aos seus familiares, indo as suas igrejas em conjunto, orando e vivendo. Por que somente os espíritas não conseguiremos trazer os filhos, educá-los conforme manda o figurino e fazê-los pessoas de bem? Alguma coisa está errada e, com certeza, não é com o Espiritismo, mas, sim, com as nossas escalas de valores.
Quanto aos centros espíritas e seus serviços de evangelização de crianças e de jovens, cabe-nos avaliar a sua qualidade, pois nessa época referida de comunicação virtual, de internets, de blogs e de tudo o mais, não se admite que as nossas “aulinhas” ainda sejam dadas à base de historinhas contadas oralmente  nem sempre há bons contadores de histórias nas casas espíritas o que torna enfadonha a exposição  e pelos quadros de giz, sem que os jovenzinhos participem, façam, busquem, investiguem, cantem ou “naveguem na rede”. É incontestável que nem todos os centros espíritas dispõem de recursos materiais para oferecerem aos evangelizandos o que há de mais moderno em termos didáticos-pedagógicos. Assim, deveremos investir na melhor qualificação dos nossos evangelizadores para que consigam cativar da garotada, desde a simpatia com que a receba até o modo como lhe serão apresentados os assuntos.
Olhando por outro prisma, não há como imaginar que filhos gostem de ir ao centro espírita para receber as instruções espíritas, sendo que seus genitores não vão, não se dedicam e, quando em casa, têm uma vida relacional bastante sofrível com a família. É, de fato, o exemplo que costuma arrastar. 
O Consolador: Considerando que o Espiritismo é uma religião eminentemente educadora e que o Espírito reencarna para aperfeiçoar-se, você não acha que as atividades que visam à evangelização  da criança têm deixado de receber o apoio na proporção da importância da tarefa? Por que não há um incentivo maior, da parte dos Espíritos, no sentido de chamar a atenção dos dirigentes de entidades espíritas para a evangelização infantil, a fim de que apóiem esse trabalho?  
Sim, quase sempre encontramos pouca atenção por parte de muitos dirigentes espíritas para com a evangelização infanto-juvenil. Vale a pena enfatizar a questão das escalas de  valores que têm os indivíduos e, em função deles, as instituições ou setores de atividades que eles dirigem. Tais escalas estabelecem o que poderemos chamar de missão da instituição.
Enquanto o objetivo dos espíritas não corresponder aos objetivos do Espiritismo, essas atividades não terão bom desenvolvimento. Muitos dirigentes dão grandíssimo valor às sessões mediúnicas (há centros que se orgulham de terem dezenas delas, em dias variados da semana), outros se esmeram nas atividades sociais junto aos pobres e estropiados, possivelmente porque não vejam sentido na orientação dos que estão recomeçando as próprias experiências no planeta.
A muita gente passa despercebido o fato de que as entidades atendidas nas sessões mediúnicas, como sofredoras ou como obsessoras, ou muitas daquelas que comparecem repletas de necessidades de toda a ordem, são exatamente aquelas às quais não se oportunizou a orientação para a vida, as instruções espirituais ou a evangelização, se quisermos tratar assim. Não vale a pena, então, deixarmos as crianças e os jovens ao abandono das preciosas lições de renovação espiritual, a fim de que, no futuro, não se tenham muitas almas a serem atendidas nas sessões mediúnicas ou nos trabalhos de assistência material. Parece-me um contrassenso ver confrades espíritas que não valorizam esses labores espirituais profiláticos.
De parte dos Espíritos, não têm eles mais como tentar despertar os encarnados das suas ilusões ou da sua letargia. Há anos, o Espírito Estevão, Guia Espiritual do saudoso médium capixaba Júlio Cezar Grandi Ribeiro, escreveu numa mensagem uma frase que a Federação Espírita Brasileira tomou como slogan para as suas campanhas evangelizadoras: A criança e jovem reclamam orientação no bem. Evangelize, coopere com Jesus. Temos recebido incontáveis instruções do Mundo Espiritual enfatizando a grandeza da evangelização ou espiritização da criança e do jovem, seja nos textos de Emmanuel, de Joanna de Ângelis, de Estevão, de Camilo e de tantos outros Benfeitores que luxuriam esse escrínio de luz das orientações imortais que nos chegam na Terra. Cabe aos espíritas estarmos atentos para as mesmas, refletir a respeito delas e as colocarmos na pauta das nossas ocupações e serviços na Seara. 
O Consolador: Pesquisa recente, realizada por importante revista brasileira, constatou uma triste realidade: os jovens espíritas, em sua maioria, aprovam o aborto e a pena de morte. Como vê essa questão? O que falta para que nossos jovens possam absorver os princípios espíritas, que são claramente contrários ao aborto e à pena de morte?  
É natural que os jovens frequentadores de centros espíritas tenham essa postura diante do aborto e da pena de morte. Eles estão discutindo esses temas nas escolas, nas universidades, nas rodas dos amigos, menos nos centros espíritas.
É muito comum encontrarmos grupamentos de jovens espíritas cheios de boa vontade, de alegria, de entusiasmo, mas sob a coordenação de pessoas que, por não terem o aprofundamento das teses espíritas, evitam tanger essas questões das quais não saberiam desincumbir-se perante os moços. Assim é que encontramos grupos enormes de moços espíritas que estão sendo treinados para cantar e tocar instrumentos com beleza e harmonia ou que se esmeram nas artes cênicas, tudo para apresentações de grande beleza estética, sem a menor dúvida, mas que se acham vazios dos conteúdos mais profundos trazidos pelo Espiritismo.
Aquilo que reprochamos em outras religiões está acontecendo nos territórios do Espiritismo. Lamentávamos as pessoas que tinham suas religiões para efeitos da vida social, e que nada recebiam delas para orientar suas vidas, para falar-lhes da morte, ressaltando o seu papel de Espíritos no mundo com grandes necessidades de amor e de instrução. Na hora mais apertada da existência essas pessoas estão perdidas e desesperadas, tendo vivido o tempo todo em redor dos altares, nos passos dos seus líderes ou enredados a mil e uma cerimônias. Temos visto o mesmo nos campos do nosso Movimento Espírita, considerando-se as aplaudidas exceções.
Muitos dos nossos jovens, portadores das dificuldades trazidas do remotos ou próximos passados, que reencarnaram no seio do Espiritismo para que encontrassem a tábua de salvação dos coerentes e luminosos ensinamentos, diante da omissão ou inadvertência dos que com eles lidam, veem-se com dificuldade para suplantar as pressões do sexo destravado, da drogadição, da violência ou da vida fútil, perdidos entre baladas e embalos, marcados por tatuagens e perfurados por piercings, sem nenhum cuidado consigo mesmos, como quaisquer jovens com os quais nos deparamos pelos caminhos.
O Espírito Emmanuel, por meio de Chico Xavier, escreveu no cap. 151 do seu livro Caminho, Verdade e Vida, que não podemos esquecer que a mocidade é a fase da existência terrestre que apresenta maior número de necessidades no capítulo da direção.
Por que não consegue mais dialogar com os jovens? O que se passa na mente dos pais, dos dirigentes, dos evangelizadores, relativamente aos seus espirituais compromissos? É urgente a necessidade de mais acurados estudos e reflexões de todos os espíritas, pais, dirigentes, evangelizadores e jovens, a fim de que alcancemos o entendimento dos porquês da nossa vida na Terra e não atiremos fora tão formosas oportunidades.
Elucida-nos, ainda, Emmanuel que o moço poderá e fará muito se o espírito envelhecido na experiência não o desamparar no trabalho. Nada de novo conseguirá erigir, caso não se valha dos esforços que lhe precederam as atividades. Em tudo, dependerá dos seus antecessores. 
O Consolador: Em sua opinião, como os dirigentes espíritas podem auxiliar o jovem na canalização do vigor juvenil para a construção do mundo de regeneração?  
Primeiro, será preciso fazer do centro espírita um lugar agradável, fraterno e envolvente para a criança e para o jovem, sem nenhuma necessidade de que se construam piscinas, quadras esportivas ou salões de funk para que se sintam atraídos. O ambiente se mostrará agradável quando haja nele o envolvimento fraternal, onde o jovem possa exprimir-se, perguntar, opinar e apresentar seus problemas sem receber olhares de superior hipocrisia. Depois, será importante que seja convidado a participar das atividades da instituição que estejam ao nível das suas possibilidades, o que implica que os lidadores mais velhos deverão conhecer os mais moços por estarem junto deles, acompanhando-os, observando-os e assistindo-os.
O jovem não se fixará em instituições onde não tenha nada o que fazer, onde só compareça para ouvir, sentadinho, leituras e falações de pessoas que supostamente saibam mais do que ele. De natureza muito dinâmica, é compreensível que, ressalvados os casos mais complicados, o jovem goste de cooperar, de participar ativamente, devendo ser para isso preparados. Convidá-los para acompanhar-nos em visitas a outras obras, a outras instituições, a entidades que prestam serviço ao semelhante necessitados quais creches, hospitais, asilos, tudo isso vai sensibilizando a alma do Espírito reencarnado nas suas primeiras idades.
É muito bom quando temos, num centro espírita,  um relacionamento saudável entre os trabalhadores mais velhos e os jovens, uma vez que os primeiros precisam contar com a força e a disposição dos mais moços, enquanto estes carecem do norteamento e da experiência dos mais velhos. Quando isso se dá, em bases de afeto e de respeito, temos excelente conquista de corações para a liberdade, para a vivência ética e para o trabalho com Jesus. 
O Consolador: Uma das maiores preocupações atuais são os rumos do movimento espírita, visto que, em face do seu crescimento quantitativo, tem havido desvios e distorções graves. Todavia, o que é muito interessante, cresce também o interesse pela genuína divulgação espírita. Vivemos um paradoxo ou esses são mesmo os caminhos do amadurecimento da mentalidade humana, inclusive dentro do movimento espírita?  
É historicamente comprovado que todo movimento que se torna massivo costuma perder em qualidade, isso aconteceu com o Budismo, com o Cristianismo e o Espiritismo não escaparia. Vejo, no entanto, em nosso Movimento Espírita um fenômeno que para mim é muito preocupante, trata-se do espírito de descomprometimento de muitos companheiros que tomam a frente das suas atividades. Caso esses líderes, coordenadores, dirigentes, presidentes, ou que outros nomes recebam, sentissem mais ardor pelo Espiritismo, se o conhecessem a ponto de compreenderem que somos nós que crescemos quando o elevamos, com certeza haveria esse crescimento que acompanhamos no Movimento, sem perder, contudo, a qualidade.
Seria preciso que os centros espíritos fossem dirigidos por pessoas ou por grupos de pessoas bastante lúcidos, conhecedores dos fundamentos do Espiritismo e com acendrado respeito pelo público que, ávido, chega as nossas instituições desejando aprender ou necessitando de algum tipo de ajuda, ou as duas coisas em conjunto. Seria importantíssimo se os dirigentes compreendessem a afirmação do Espírito Bezerra de Menezes, quando escreveu pelas mãos de Chico Xavier que o centro espírita é o educandário básico da mente popular, e que, a partir daí, levassem a sério a sua missão de educar a mente humana, de orientar ou reorientar o espírito humano para que ele alcance seus nobres destinos ao largo da reencarnação. Enquanto isso for apenas um sonho, um devaneio nosso, não poderemos impedir que o Movimento Espírita sofra essa invasão de descomprometidos, de incautos e mesmo de alguns aventureiros, que se adonam das casas espíritas e de suas atividades e que impedem  estando a serviço do caos, dos inimigos do Cristo, consciente ou inconscientemente  o salutar desenvolvimento da sua mensagem pelo mundo.
Mesmo percebendo essa perda de qualidade na medida em o nosso Movimento cresce em quantidade de pessoas, aqueles que primam pela genuína divulgação da mensagem espírita devem continuar nesse afã, nessa empreitada, uma vez que cada um de nós dará conta à consciência do que tenha feito com os talentos da Doutrina, baseados que estamos na orientação que Jesus transmitiu aos Discípulos (Lc. 16,2) ao dizer que o administrador de um homem rico foi denunciado por defraudar-lhe os bens, e que foi chamado diante do dono dos bens e indagado: Que isto que ouço contar a teu respeito? Dá conta da tua administração... Repito, então, que cada qual terá que prestar conta da administração que fez desse tesouro, desse bem formoso que é a Doutrina Espírita. 
O Consolador: Como você vê o Movimento Espírita Brasileiro? Ele avança como deveria ou está aquém das expectativas? E mais: considerando os problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem o movimento espírita, aqui e no exterior?  
O nosso Movimento Espírita brasileiro tem crescido na proporção das capacidades das suas lideranças. Quanto mais lúcidas, conhecedoras, dinâmicas e antenadas com o futuro, melhor se apresenta, aqui e ali, o nosso Movimento brasileiro.
Diante dos graves problemas experimentados pela sociedade de todo o mundo, na atualidade, a prioridade maior de todos os espíritas, particularmente dos dirigentes do Movimento Espírita de todos os lugares, deveria ser o compromisso de adquirir o indispensável conhecimento dos seus princípios e ter a coragem de pautar-se por eles no dia-a-dia das pelejas humanas. 
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Entrevista colhida na Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada através do endereço: 
http://www.oconsolador.com.br/ano2/91/entrevista.html