quinta-feira, 28 de julho de 2016

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

A questão 385 de O Livro dos Espíritos é bastante esclarecedora sobre as mudanças comportamentais do adolescente, como verificaremos na transcrição abaixo:


Qual o motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, e particularmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica?

-- É o Espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era.

Não conheceis o mistério que as crianças ocultam em sua inocência; não sabeis o que elas são, nem o que foram, nem o que serão; e no entanto as amais e acariciais como se fossem uma parte de vós mesmos, de tal maneira que o amor de uma mãe por seus filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outros seres. De onde vem essa doce afeição, essa terna complacência que até mesmo os estranhos experimentam por uma criança? Vós sabeis? Não; e é isso que vou explicar.

As crianças são os seres que Deus envia a novas existências, e para que não possam acusá-Lo de demasiada severidade, dá-lhes todas as aparências de inocência. Mesmo numa criança de natureza má, suas faltas são cobertas pela não-consciência dos atos. Esta inocência não é uma superioridade real, em relação ao que elas eram antes; não, é apenas a imagem do que elas deveriam ser, e se não o são, é sobre elas somente que recai a culpa.

Mas não somente por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à fragilidade infantil. E esse amor seria extraordinariamente enfraquecido pela presença de um caráter impertinente e acerbo, enquanto que, supondo filhos bons e ternos, dão-lhes toda a afeição e os envolvem nos mais delicados cuidados. Mas, quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi dispensada durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanecem boas, se eram fundamentalmente boas, mas se irizam sempre de matizes que estavam ocultos na primeira infância.

Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando se tem o coração puro, é fácil conceber-se a explicação a respeito.

Com efeito, ponderai que o Espírito da criança que nasce entre vós pode vir de um mundo em que tenha adquirido hábitos inteiramente diferentes; como quereríeis que permanecesse no vosso meio esse novo ser, que traz paixões tão diversas das que possuís, inclinações e gostos inteiramente opostos aos vossos; como quereríeis que se incorporasse no vosso ambiente, senão como Deus quis, ou seja, depois de haver passado pela preparação da infância? Nesta vêm confundir-se todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as variedades de seres engendrados por essa multidão de mundos em que se desenvolvem as criaturas. E vós mesmos, ao morrer, estareis numa espécie de infância, no meio de novos irmãos, e na vossa nova existência não terrena ignorareis os hábitos, os costumes, as formas de relação desse mundo, novo para vós, manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais vivaz do que o é atualmente o vosso pensamento.

A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos não ingressam na vida corpórea senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem; a debilidade dos primeiros anos os torna flexíveis; acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão de responder.
É assim que a infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas ainda a consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.


O Livro dos Espíritos
Questão 385.
Tradução: J. Herculano Pires, 42ª edição.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A glossolalia e a xenoglossia...

Crônicas e Artigos
Ano 10 - N° 474 - 17 de Julho de 2016
JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte, MG (Brasil)

 
A glossolalia e a xenoglossia dos carismáticos católicos
e pentecostais
 

Os fenômenos com os grupos de carismáticos católicos e dos pentecostais protestantes e evangélicos incomodam os seus líderes religiosos mais esclarecidos. É que, com razão, eles desconfiam que sejam fenômenos mediúnicos!

Entre eles há médiuns ostensivos ou especiais. E a mediunidade não escolhe religião.

Entre os fenômenos que ocorrem com os citados grupos, há o de glossolalia e o de xenoglossia. O primeiro consiste em o indivíduo ser dominado por uma grande emoção provocada por uma forte crença em estar num contato com Deus, que, no caso, eles chamam de Espírito Santo. As pessoas ficam eufóricas, dançam, choram, dão risadas, gritam, e o mais comum: ficam fazendo murmúrios ou soltando frases espontâneas. E eles creem, como já dissemos, que se trata da manifestação do próprio Deus ou Espírito Santo. E os que são médiuns podem incorporar ou imantar Espíritos e até serem lançados ao chão, conforme seja o Espírito manifestante. Muitas pessoas caíam no chão na hora da missa, e acreditava-se que seria por fraqueza, mas hoje se sabe que, muitas vezes, é porque recebem um Espírito.

O segundo fenômeno é o de xenoglossia, que consiste em o indivíduo falar realmente uma língua estrangeira. Aliás, pode ser um Espírito que fala através de um médium que, antigamente, era chamado de profeta e vidente, como se lê em 1 Samuel 9: 9. (Para saber mais: “Xenoglossia”, de Ian Stevenson, diretor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Virgínia, USA, Ed. Vida & Consciência, SP, 2012.)

E também para Paulo existe o dom de xenoglossia ou de falar realmente línguas estrangeiras: “Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis, pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar para que a Igreja receba edificação” (1 Coríntios 14: 5). Não se trata, pois, de glossolalia (murmúrio ou blá, blá, blá sem nenhum sentido), mas de xenoglossia ou de falar de fato uma língua estrangeira e até já morta, sem conhecimento dela, e até mesmo desconhecida de todos os presentes.

Também em Pentecostes (Atos, capítulo 2), os apóstolos falaram realmente línguas estrangeiras, que foram entendidas pelos respectivos estrangeiros presentes e que as conheciam. Os defensores do Dogma do Espírito Santo, como acontece com outras passagens bíblicas envolvendo Espíritos, creem que é o Espírito Santo que se manifestou falando línguas estrangeiras através dos apóstolos, o que, porém, não resiste a uma análise mais séria e criteriosa. Foram vários Espíritos que se manifestaram em Pentecostes falando nas línguas de suas nações. Inclusive, a favor disso, houve como que várias línguas de fogo, quando se sabe que é muito comum Espíritos se manifestarem em forma de fogo. Ademais, pela Bíblia, não pelo Dogma, que respeitamos, o Espírito Santo é como se fosse um substantivo coletivo, que designa o conjunto dos Espíritos. (Daniel 13: 45, da Bíblia Católica, pois Lutero tirou os capítulos 13 e 14 da Bíblia Protestante.) Alguns dos presentes, zombando, diziam que os apóstolos estavam embriagados, na verdade estavam em transe mediúnico ou em êxtase, segundo a Igreja.

Como ficou claro, não devemos confundir xenoglossia com glossolalia!

------------------------------------------------------------------------------------------------Página extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:http://www.oconsolador.com.br/ano10/474/ca2.html

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Responsabilidade espiritual

Responsabilidade espiritual

Toda e qualquer atividade que se assume converte-se num dever que exige responsabilidade.

A existência física é portadora de múltiplos programas educativos que contribuem para o desenvolvimento intelecto-moral do Espírito.

A reencarnação, por isso mesmo, é sublime oportunidade para reparação de erros, correção de irregularidades, reabilitação moral. De acordo com a gravidade de cada ocorrência, há uma pauta específica de reequilíbrio lúcido, disciplinador e próprio para a felicidade.

Nesse capítulo, as dores e problemas de vária ordem constituem o processo terapêutico para a cura real, portanto, na origem do mal praticado. No entanto, a finalidade dos renascimentos não tem caráter punitivo, o que significaria um castigo à ignorância, pela qual se atravessa na sucessão dos acontecimentos.

A aflição defluente do sofrimento é o desconforto que se experimenta, chamando a atenção à ordem, à disciplina, ao dever.

Tudo evolve.

O ser humano, superando as fases iniciais das necessidades básicas, alcança os patamares da inteligência, da emoção, do discernimento.

Nesse período, todas as ações fazem parte do processo de futura iluminação, dando lugar às experiências da solidariedade, do amor e da lídima fraternidade. Em consequência, os atos produzem ressonância de onda equivalente, que promovem os valores inatos ou que perturbam as aspirações de plenitude.

Surgem as provas, os testemunhos, os necessários corretivos aos erros e as expiações, com caráter severo e restritivo à movimentação.

Como a lei de amor é soberana, predomina no universo, favorece a conquista da paz, mediante a resignação durante a difícil aprendizagem evolutiva.

Utilizando-se das suas diretrizes afetuosas, reabilita o infrator, burila-lhe as imperfeições, emula-o ao avanço espiritual, sublima os instintos primários, enquanto aumentam as aspirações de paz e de bem-estar.

Alteram-se os focos existenciais, nos quais o primitivismo cede lugar ao aperfeiçoamento moral.
Servir, pois, é a meta da existência humana, desde o momento em que se lhe detecta a finalidade imortalista.

Engajando-se no objetivo de viver-se com alegria e bem-estar, mesmo por ocasião das situações menos joviais, deve ser o comportamento ético de todo aquele que encontrou Jesus, o exemplo máximo de perfeição na Terra.

Esse despertar da divina essência interna constitui razão básica para a existência feliz, aumentando a responsabilidade do candidato à plenitude.

Não são impostos sacrifícios ou holocaustos, que podem ocorrer por necessidades especiais.

O cumprimento reto dos deveres de cidadania, de família, de consciência, contribui para a aquisição da responsabilidade espiritual.
*
Fascinado pela possibilidade de um mundo melhor e por uma sociedade justa e próspera, encontras, no Espiritismo, campo vasto a joeirar, a fim de prepará-lo para ensementar o amor.

Assumes compromissos com entusiasmo; dedica-te, por algum tempo e, depois, experimentas tédio ou desencanto.

Por que será? - interrogas.

Por falta de motivação, de afeto. Necessário se torna que te mantenhas entusiasmado, em tudo quanto fazes. Coloca um toque de alegria nas tuas atividades e reflexiona no significado das tuas ações.

Não permitas que o automatismo te conduza ao trabalho, que te induzirá à inércia ou à indiferença, pelo que realizas.

O teu próximo precisa de ti, reencarnado ou não. Ele conta contigo, com a tua solidariedade, a tua assistência fraternal.

Ama-o, conscientemente, o que fará um grande bem.

Atividades espirituais multiplicam-se à espera de dedicação.

Reuniões mediúnicas sérias exigem participantes conscientes e responsáveis, para a sua execução.

Atendimento fraterno abre as portas do sentimento alheio à iluminação e à libertação de consciências.
A terapia dos passes aguarda comportamentos nobres e compadecidos, para o socorro oportuno à aflição.

Divulgação doutrinária é indispensável, dentro de padrões especiais, para esclarecer e tocar os ouvintes que precisam encontrar o roteiro, para a existência ativa e saudável.

Todos eles e outros mais serviços espirituais aguardam responsabilidade, consciência de dever.

O passe evoca Jesus, atendendo as multidões e curando-as.

Se eleges a aplicação da bioenergia, torna-te digno de exercê-la, não apenas com a conduta moral e mental saudável, mas também, com o sentimento de dever bem desenvolvido.

Não atues, esporadicamente, como alguém descomprometido com a caridade fraternal.    .

Quando te candidataste, Espíritos guias interessaram-se em ajudar-te. Se perseveras com responsabilidade, eles ampliam os teus recursos terapêuticos e utilizam-se, com amor e ternura. Se não cumpres o programa estabelecido, afastas-te do seu auxílio e ficas à mercê de outros, frívolos e levianos...

O passe é veículo das energias do Céu, para apaziguar as dores terrestres.

Não te esqueças.
*
Quando Jesus enviou os Setenta da Galileia, para que lhe preparassem o caminho concedeu-lhes a faculdade de curar, de afastar os Espíritos perversos e de enfrentar as dificuldades sob a Sua proteção.

E, assim, aconteceu.

Hoje, Ele te chama, para que prossigas auxiliando o teu próximo, e confia em ti; faculta-te o valioso recurso do passe.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 28 de dezembro de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA.

Em 11.7.2016.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

“lei de causa e efeito” e “lei de ação e reação”

Uma leitora de Curitiba pergunta-nos se as expressões “lei de causa e efeito” e “lei de ação e reação” são, na conceituação espírita, equivalentes.
           
A resposta é sim. Trata-se de expressões que têm o mesmo significado e sintetizam como funciona, em verdade, a justiça divina.

Emmanuel revela em seus textos clara preferência pela primeira – “lei de causa e efeito” –, o que é fácil verificar compulsando sua vasta obra.

J. Herculano Pires, um dos autores espíritas mais aclamados, prefere a expressão “lei de ação e reação”, com o mesmo sentido da primeira. Curiosamente, no cap. 20 do livro Na Era do Espírito, Herculano utiliza ambas as expressões numa mesma frase. Ei-la: “(...) como vemos na mensagem de Emmanuel, o Espiritismo só admite o divórcio nos casos extremos, ensinando que as obrigações morais assumidas na vida terrena têm a sanção da lei divina de causa e efeito, de ação e reação”.

A preferência pela expressão “lei de ação e reação” é visível também na obra de André Luiz, que até a aproveitou para título de um de seus livros, Ação e Reação, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

No cap. 9 dessa obra, comentando uma observação feita por André Luiz, o assistente Silas afirmou:  

"Você tem razão, André, a lei é de ação e reação... A ação do mal pode ser rápida, mas ninguém sabe quanto tempo exigirá o serviço da reação, indispensável ao restabelecimento da harmonia soberana da vida, quebrada por nossas atitudes contrárias ao bem... Por isso mesmo, recomendava Jesus às criaturas encarnadas: `reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto te encontras a caminho com ele...' É que Espírito algum penetrará o Céu sem a paz de consciência, e, se é mais fácil apagar as nossas querelas e retificar nossos desacertos, enquanto estagiamos no mesmo caminho palmilhado por nossas vítimas na Terra, é muito difícil providenciar a solução de nossos criminosos enigmas, quando já nos achamos mergulhados nos nevoeiros infernais". (Ação e Reação, capítulo 9, pp. 128 a 130.) (Grifamos)

Eis alguns exemplos de uso das expressões ora examinadas:

1) “Todos precisamos de misericórdia, mas a misericórdia, como Deus nos mostra em sua lei de ação e reação, não é a aprovação de erros e ilusões – e sim a correção e o esclarecimento.” (J. Herculano Pires, em Astronautas do Além, cap. 1.)

2) “As enfermidades congênitas nada mais são que reflexos da posição infeliz a que nos conduzimos no pretérito próximo, reclamando-nos a internação na esfera física, às vezes por prazo curto, para tratamento da desarmonia interior em que fomos comprometidos. Surgem, porém, outras cambiantes dos reflexos do passado na existência do corpo, da culpa disfarçada e dos remorsos ocultos. São plantações de tempo certo que a lei de ação e reação governa, vigilante, com segurança e precisão.” (Emmanuel, em Pensamento e Vida, cap. 14.)

3) “Efetivamente, amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a construir a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realidade da própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a conduta em outro tempo.” (Emmanuel, em Astronautas do Além, cap. 4.)

4) “O parente que se te instalou no caminho por obstáculo dificilmente transponível… Abençoa-o e ampara-o, quanto puderes. As leis de causa e efeito, tanto quanto os princípios de afinidade, não funcionam sem razão.” (Emmanuel, em Astronautas do Além, cap. 24.)

5) “Nada acontece por acaso. Tudo resulta da lei de causa e efeito. E todo efeito tem um sentido: o da evolução. Todos somos Espíritos faltosos e sofremos as provas que pedimos antes de encarnar. Temos dívidas coletivas a resgatar. Mas além do resgate espera-nos a liberdade, a paz, o progresso. Os jovens que morreram foram poupados de sofrimentos futuros numa vida em que a doença, a velhice e a morte são o salário de todos nós.” (J. Herculano Pires, em Na Era do Espírito, cap. 3.)

6) “Por outro lado, os princípios de causa e efeito dispõem da sua própria penalogia ante a Divina Justiça. Cada qual de nós traz em si e consigo os resultados das próprias ações. Ninguém foge às leis que asseguram a harmonia do Universo.” (Emmanuel, em Na Era do Espírito, cap. 12.) (Grifamos)

Embora Kardec não tenha utilizado as expressões citadas, o princípio que as rege está claramente colocado no seguinte texto constante do cap. V d´O Evangelho segundo o Espiritismo

“Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. É uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus.

O homem, pois, nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual; mas não escapa nunca às consequências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado. O infortúnio que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: Perdoa-me, Senhor, porque pequei.

Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros. Se foi duro e desumano, poderá ser a seu turno tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilhante condição; se foi avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos, etc.

Assim se explicam pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a distribuição da ventura e da desventura entre os bons e os maus neste planeta. Semelhante anomalia, contudo, só existe na aparência, porque considerada tão só do ponto de vista da vida presente. Aquele que se elevar, pelo pensamento, de maneira a apreender toda uma série de existências, verá que a cada um é atribuída a parte que lhe compete, sem prejuízo da que lhe tocará no mundo dos Espíritos, e verá que a justiça de Deus nunca se interrompe.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens 6 e 7.) (Grifamos)

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Está página foi extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessado através do endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano8/371/oespiritismoresponde.html


quinta-feira, 30 de junho de 2016

A inspiração pode ser um recurso precioso

Editorial                                                                                                                                                         
Ano 10 - N° 471 - 26 de Junho de 2016






 
 
A inspiração pode ser um recurso precioso

A inspiração faz de todos os homens médiuns. Allan Kardec, n´O Livro dos Médiuns, estabelece a diferença entre intuição e inspiração. Diz que esta é uma variedade da intuição, mas sem uma imposição por parte do comunicante. Sua característica é a espontaneidade, ou seja, sua manifestação é livre, sem constrangimento; o médium responde com suas próprias palavras, apenas estimulado por uma ideia, por uma percepção ou por um sentimento. Assim, é realmente muito difícil distinguir se o pensamento provém de si mesmo ou de uma inteligência comunicante.

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A inspiração é o principal meio de comunicação dos Espíritos protetores; e essa manifestação constitui aquilo que denominamos a voz da consciência. Não há nenhuma utilidade em buscar discernir pensamentos próprios dos alheios. O que ocorre é a opção por esse ou aquele raciocínio, resguardando a capacidade de escolha.

“Os Espíritos exercem alguma influência nos acontecimentos da vida? Certamente, pois que vos aconselham.” (O Livro dos Espíritos, questão 525.)
Kardec diz que, de ordinário, a inspiração é um meio utilizado pelos bons Espíritos, mas, como qualquer mediunidade, pode servir a um Espírito impuro. Nossos pensamentos podem ser dirigidos para determinado fim, com ou sem acréscimo de novas ideias do Espírito comunicante. Com o mecanismo das associações, o próprio cérebro do encarnado pode produzir novas ideias. Neste caso, um mesmo conteúdo pode manifestar-se por arranjos diferentes. Manipulando esse mecanismo, o Espírito comunicante pode fazer surgir ideias que não participavam da memória do médium, sem que seja tolhido seu livre-arbítrio.

“Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos? Muito mais do que imaginais, pois frequentemente são eles que vos dirigem.” (O Livro dos Espíritos, questão 459.) 
                                                    
O livre-arbítrio consiste nas opções que fazemos reiteradamente num caminho pleno de alternativas. Nós podemos rejeitar a influência. Ninguém está fadado a seguir determinada inspiração. Somos livres. Mas, dependendo da afinidade e do grau do conúbio entre o encarnado e os Espíritos, pode dizer-se que o médium se comporta como um fantoche, tendo reduzido drasticamente seu livre-arbítrio.

“Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus.” (2 Cor 3:5.) 
                                                    
Referindo-se às ideias cristãs, e a todo conteúdo elevado, Paulo afirma-se incapaz de gerar os pensamentos que constituem sua pregação, cuja fonte está em Deus. Sua humildade não permite que se considere uma pessoa capaz de engendrar o conteúdo da boa nova. De certa forma ele está com a razão, porque a doutrina cristã é uma fonte de água cristalina que fecunda nossos vasos de barro, ressentindo-se das impurezas que trazemos conosco. Por outro lado, sua humildade o impede de considerar-se capaz de ser um instrumento adequado para a transmissão da boa nova. E talvez esteja com a razão  quando considera sermos incapazes, por nós mesmos, de produzirmos algo de bom, pois é em Deus que está nossa capacidade. Diz Emmanuel: “De Deus vêm a semente, o solo, o clima, a seiva e a orientação para o desenvolvimento da árvore, como também dimanam de Deus a inteligência, a saúde, a coragem e o discernimento do cultivador, mas somos obrigados a reconhecer que alguém deve plantar.” (Ceifa de Luz, cap. 39.)

Há, todavia, pessoas mais maleáveis pela sua humildade e seus conhecimentos e, portanto, mais aptas a desenvolverem os recursos da palavra e do comportamento, que merecem a simpatia dos mensageiros, e se tornam instrumentos adequados ao trabalho no bem. 
                                  
Mesmo com as limitações inerentes, a inspiração pode ser um recurso precioso nas mãos dos protetores, se eles encontram médiuns suficientemente humildes e, portanto, capazes de ser bons instrumentos.


O original poderá ser acessado na Revista Eletrônica "O consolador", através do endereço:
http://www.oconsolador.com.br/ano10/471/editorial.html

sábado, 25 de junho de 2016

Há vida depois da morte?

Editorial

Ano 8 - N° 388 - 9 de Novembro de 2014



 
Há vida depois da morte?

Embora para muitos o problema da morte não esteja devidamente esclarecido, é bom lembrar ao leitor que tal não é o pensamento dos espíritas. Afinal, a obra de Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita, é fruto do diálogo com os chamados
mortos, ou Espíritos, na terminologia espírita.

As obras dos nossos médiuns mais respeitáveis foram escritas também por Espíritos, e nesse sentido a coleção André Luiz, psicografada pelo médium Chico Xavier, é um testemunho eloquente de que há, sim, vida depois da morte, porque a morte só atinge o corpo físico e nada causa à alma que o habitava antes do seu regresso ao chamado mundo espiritual.

Quando alguém partidário da doutrina espírita afirma que o problema da morte não está esclarecido, é óbvio que se refere ao entendimento geral, alheio ao Espiritismo, um fato que todos nós, espíritas, conhecemos, tendo em vista que as religiões mais expressivas quanto ao número de adeptos não tratam em seus livros do tema morte, nem do que lhe sucede.

Os adeptos de tais religiões não dispõem também de informações acerca da origem, da natureza e do destino do Espírito humano. E, no entanto, dizem professar ideias espiritualistas!...

Se o indivíduo se diz cético com relação às questões espiritualistas, sua incerteza com relação à sobrevivência da alma será ainda maior. Não admitindo a existência da alma, como poderá admitir a existência dos Espíritos?

Em face disso, não há o que estranhar quando se diz que o problema da morte, na visão das pessoas a que nos referimos, não se encontra esclarecido.
A diferença da concepção espírita, comparativamente com o que é professado pelas outras doutrinas espiritualistas, está em que o Espiritismo, não se fundamentando em dogmas ou em teorias preconcebidas, não inventou a alma, para assim explicar os chamados fenômenos inabituais. Foram as almas dos chamados mortos que se apresentaram e isso ocorreu já na fase inicial do Moderno Espiritismo, em Hydesville, quando o Espírito de Charles Rosma se apresentou à família Fox. 
 
Conforme lemos em História do Espiritismo, de Arthur Conan Doyle, tradução de Júlio Abreu Filho, Margareth Fox, a mãe das meninas médiuns, assim relatou o que ocorreu na noite de 31-3-1848, quando o agente invisível que causava as manifestações em sua residência se identificou:

“Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo uma pausa de um para o outro, a fim de os separar até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido.

Então perguntei: ‘É um ser humano que me responde tão corretamente?’ Não houve resposta. Perguntei: ‘É um Espírito? Se for, dê duas batidas’. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: ‘Se foi um Espírito assassinado dê duas batidas’. Estas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Perguntei: ‘Foi assassinado nesta casa?’ A resposta foi como a precedente. ‘A pessoa que o assassinou ainda vive?’ Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem que o assassinara nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a sua família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: ‘Continuará a bater se chamar os vizinhos para que também escutem?’ A resposta afirmativa foi alta.”  

Como os espíritas sabem perfeitamente, nascia com os fenômenos ocorridos na residência da família Fox o Moderno Espiritismo, cuja parte teórica ou doutrinária seria desenvolvida nove anos mais tarde na França, novamente por meio do diálogo com o mundo espiritual, razão pela qual Kardec afirmou que o resultado do seu trabalho, a doutrina espírita, é a codificação dos ensinos dados pelos Espíritos, que são os seus verdadeiros autores.(1) 

(1)
Sobre o assunto, sugerimos a leitura do texto “As Irmãs Fox, Conan Doyle e o Espiritismo brasileiro”, de Jáder Sampaio, publicado na edição 179 desta revista. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/ano4/179/especial.html 

Editorial copiado da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá se acessada através do endereço:  http://www.oconsolador.com.br/ano8/388/editorial.html

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Exaltação ao Livro Espírita

Exaltação ao Livro Espírita

Repositório feliz da trajetória histórica da Humanidade, o livro é o silencioso mensageiro dos tempos, apresentando os fastos das culturas do passado e as narrativas sobre homens e mulheres que desfilaram pelas páginas das diferentes épocas e jazem hoje amortalhados, porém vivos, aguardando ser consultados.

Desde as escritas rupestres às estelas de pedras, às argilas, papiros, pergaminhos, tábuas, peles de animais até o momento grandioso da descoberta do papel, a partir dos sinais toscos e informes até às letras e caracteres bem definidos, as mensagens vivas referindo-se às glórias e misérias da humanidade passaram através dos seus registros de uma para outra geração, eternizando os acontecimentos.

Foi ele que auxiliou o desenvolvimento da razão humana e contribuiu decisivamente para a conquista do conhecimento, abrindo mais amplos e grandiosos espaços para o pensamento.

Imortalizado através dos evos, alcançou este momento relevante de tecnologia insuperável, permanecendo insubstituível.

Não obstante a glória da ciência virtual, ele prossegue oferecendo contribuição própria indispensável ao processo de evolução das criaturas.

Perpetuando o pensamento oriental, rico de sabedoria e de mística, na Grécia e em Roma preservou para o futuro a genialidade de Trucídides, de Ésquilo, de Hesíodo, de Sócrates, de Platão, de Aristóteles, de Hipócrates, de Leucipo, de Epicuro, de Heródoto, de Pitágoras, de Homero, de Cícero, de Ovídio e de incontáveis mensageiros de Deus e do progresso para auxiliarem o ser humano no avanço inevitável para a aquisição da sabedoria.

Posteriormente, em diferentes períodos, fez-se a alavanca para impulsionar a cultura, tornando-se responsável pelos momentos grandiosos das decisões magnas da sociedade.
Através de Shakespeare ou de Charles Dickens, de Dante Alighieri ou de Voltaire, de Teresa de Jesus, a santa de Ávila, ou de Jean Jacques Rousseau, de Sór Juana Inés de la Cruz ou do Marquês de Beccaria penetrou no bojo das criaturas humanas e fez desmoronar as masmorras da ignorância ou construiu-as na emoção de muitos, assinalando profundamente cada época.

Graças a Goethe através de Os sofrimentos do jovem Werther, induziu ao suicídio inúmeros adolescentes frustrados afetivamente que se identificavam com o drama da infeliz personagem, sulcando vidas com amargura. O mesmo aconteceu com Tolstoi, no seu Anna Karenina, de que se arrependeria dolorosamente mais tarde...

No entanto, noutros momentos desencarcerou milhões de vidas quando se apresentou como fonte geradora de esperanças no formato de Obras espirituais em todas as culturas, culminando em O Novo Testamento, que retrata o maior momento da História.

Apesar da missão sublime de que se encontra investido, nem sempre aqueles que o escrevem dão-se conta da sua significação e objetivo.

Por isso, no livro espírita encontramos a mensagem de vida eterna desvestida de sortilégios e dogmatismos, refletindo a transparente claridade da Vida exuberante.

Foi Allan Kardec quem o brindou com eloqüente entusiasmo e imbatível coragem, lutando contra os preconceitos e as paixões servis ao apresentar em Paris, em 1857, o Espiritismo, despido de sofismas e silogismos, das complexidades de sistema e dos conflitos de escolas filosóficas através de O Livro dos Espíritos hoje patrimônio da Humanidade.

Contendo as questões mais palpitantes do pensamento histórico analisadas pelos Imortais, é síntese de sabedoria em todos os sentidos, que as conquistas da ciência contemporânea vêm confirmando a cada dia.

Escrito com clareza meridiana e acessível aos diferentes níveis culturais, tem resistido às revoluções das diversas ideologias sem sofrer qualquer prejuízo de conteúdo ou de forma, transcorridos cento e quarenta e quatro anos quase após a sua publicação.

Base de sustentação da Doutrina Espírita, desdobra-se em outros que são fundamentais para a compreensão do ser, do destino, da dor, dos objetivos essenciais, quais sejam: O Livro dos MédiunsO Evangelho segundo o Espiritismo,O Céu e o Inferno e A Gênese em incomparável harmonia entre a ciência, a filosofia e a religião, unindo a razão ao sentimento, a ética à moral, o pensamento à emoção, como ninguém dantes o conseguira.

Graças a esse conjunto estrutural, desdobra-se em novos livros de orientação e consolo, de esclarecimento e debate, de informações valiosas e de revelações incomuns, dignificando a vida e todos os seres que habitam a Terra, por elucidar que o processo evolutivo é inestancável, a todos facultando a glória da plenitude.

Por essas razões, exaltamos o livro espírita, nele encontrando Jesus descrucificado e libertado dos mitos com que O ocultaram através dos tempos, retornando ao planeta, a fim de erguê-lo na escala dos mundos e impulsioná-lo no rumo do Pai.
Vianna de Carvalho 
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na noite de 24 de janeiro de 2001, em Salvador, Bahia.
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