quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Conhecendo melhor a Doutrina Espírita

 Conhecendo melhor a Doutrina Espírita 

Desejando entregar aos leitores deste "blog" conteúdo da Doutrina Espírita para aprofundamento de conhecimentos, entendemos que o resumo feito por Allan Kardec é o melhor a oferecer aos interessados nas bases fidedignas do Espiritismo. Assim, reproduzimos o item VI da introdução ao O Livro dos Espíritos, que traz elementos substanciais que desdobram na própria obra e se ampliam significativamente nas demais obras do Pentateuco Kardequiano: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e a A Gênese.


  Bom estudo.

                                                         Dorival da Silva 

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Item VI da introdução ao O Livro dos Espíritos  

(Tradução de Guillon Ribeiro – 93ª edição - FEB – Obra de Allan Kardec - 1857) 


Conforme notamos acima, os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos ou gênios, declarando, alguns, pelo menos, terem pertencido a homens que viveram na Terra. Eles compõem o mundo espiritual, como nós constituímos o mundo corporal durante a vida terrena. 

Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da Doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções: 

— Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom; 

— criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais; 

— os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos; 

— o mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo; 

— o mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita; 

— os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade; 

— entre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras; 

— a alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório; 

—  no homem três coisas: 1º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito; 

— tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos; 

— o laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém, que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições; 

— o Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato; 

— os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as inconsequências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos; 

— os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral; 

— deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante; 

— tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos; 

— a encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal; 

— as diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição; 

— as qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro; 

— a alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo; 

— na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra a alma todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo mal que fez; 

— o Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal; 

— os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo; 

— os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós; 

— os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo; 

— as relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles; 

— as comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos; 

— os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação; 

— podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os das personagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes seja permitido fazer-nos; 

— os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro; 

— distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde reine íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem; 

— a moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações; 

— ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o forte e o poderoso devem amparo e proteção ao fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas; que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos desconhecidos na Terra; 

— mas ensinam também não haver faltas irremissíveis que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conforme os seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final. 

    Este o resumo da Doutrina Espírita, como resulta dos ensinamentos dados pelos Espíritos superiores. 


                                         Allan Kardec 

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Sinos da Vida

                                                         Sinos da Vida 

Sinos existem em muitos lugares para despertar a atenção de algo, para sinalizar horário de algum acontecimento, para convidar fieis aos ofícios de um templo, para comunicar fatos à população conforme os sons convencionados, para se iniciar uma competição, carrilhões que sonorizam músicas tradicionais e até orquestra de sinos que executam belas composições musicais.  

Na orquestra da vida existem sinos, no entanto, seus toques são pouco percebidos, seus sinais não são compreendidos, pois, poucos prestam atenção em si mesmos.  Esses sons não são audíveis aos ouvidos externos, mas sentidos na própria Alma.  

Ninguém chega a uma existência sem a equipagem necessária para o bom êxito do planejamento estabelecido, visando retorno vitorioso, apesar de não se saber como será a partida e nem a hora. Embora o objetivo seja sempre encerrar a jornada com sucesso, a ausênia de auto-observação pode impmedir a percepção dos sinos de alerta que indicam perigos e inconveniências, desviando-nos do objetivo a ser alcançado. 

As sinalizações exteriores são muito fortes, muitas vezes agressivas, a propaganda mercantilista é muito bem estudada, sempre para explorar as ansiedades do consumidor, além de gerar necessidades desnecessárias, e persistir por todos os meios para se atingir os interesses monetários de seus idealizadores.  

Considerando que a propaganda metódica faz parte dos negócios  modernos, é exigida uma análise cuidadosa do transeunte da vida. É necessário refletir e não permitir que sua influência tenha mais importância do que o bom senso indica, caso contrário, deve ser descartada.  

Todos vivem dois estágios existenciais ao mesmo tempo, sendo um finito, com início no berço e término no túmulo, a chamada vida material; o outro, o espiritual, que registra em si mesmo as experiências colhidas com a ajuda dos feitos dos dias transcorridos até que se liberte do veículo de carne com a sua morte, assumindo a sua condição de "Ser" espiritual livre das limitações do corpo.   

Viver esses estágios evolucionários é possível porque o "Ser" viajante, o Espírito, era existente no plano espiritual e senhor de inúmeras outras existências materiais, sendo espiritualmente sempre o mesmo, mas com as experiências colhidas no tempo, entre vindas e idas, idas e vindas.  

Dessa forma, construímos a inteligência, a moral e o discernimento.  Apesar do esquecimento das experiências anteriores quando se entra num novo corpo -- o que se denomina reencarnação, assim, muitos corpos e muitas existências -- isso é uma  oportunidade para s experiências negativas que causaram sofrimento e  danos a si mesmo ou a outros,  facilitando a convivência com desafetos de outros tempos. Homens e mulheres de todas as épocas evoluem através desse mecanismo. 

Quando existe uma ofensa, ou um crime, tanto quanto conquista nobre e feitos felizes, é no Espírito que repercute, ficando aí instalados os registros.        

As mágoas, ressentimentos, e infelicidades propositais causados a outrem geram sentimentos negativos com consequências danosas ao equilíbrio do "Ser", a consciência não descansa enquanto o infrator não corrige as mazelas e seus desdobramentos, não importando quantas vidas serão necessárias na carne. É Lei Natural, de Deus, e todas as criaturas lhe são submissas, está escrita na própria consciência de cada um.  

Na espiritualidade também se paga as pendências da consciência, embora seja muito maior o sofrimento, mas a misericórdia Divina socorre tanto o infrator como a vítima em nova oportunidade, onde podem conviver como família, pelo trabalho ou nos diversos fazeres da sociedade, harmonizando as diferenças, embora não lembradas são intuídas indelevelmente pelas antipatias e divergências relacionais.  Assim, encontram-se divergências entre filho e pai, filha e mãe, entre colegas de trabalho, professor e aluno... Apesar das reações inamistosas entre eles, eles não se distanciam, devido às ligações emocionais antigas que se atritam na busca de harmonização. Quando as partes cedem e reconhecem os  valores mútuos,  a amizade e o respeito surgem. É o amor ao próximo que gradualmente substitui o ódio e o rancor de outros tempos.  

Quando se é ofendido, não importa em que monta, não havendo perdão, também é motivo de sofrimento e de desdobramentos emocionais danosos, causando pendência que a consciência aguardará se solucione, não importando o número de existências. O perdão das ofensas estanca o sofrimento de quem perdoa. Jesus ensinou a Pedro, que era preciso perdoar não somente sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, o que significa perdoar sempre todos os erros de outrem. 

Os sinos da vida soam na Alma, para auscultá-los é preciso silêncio íntimo, um conhecer-se, uma fé trabalhada, para entender que as dificuldades encontradas pelo caminho são oportunidades de solução de pendências de outros tempos.  Quem tem dificuldade para o estudo certamente o relegou em outro tempo que não se lembra quando, mas ela está presente para ser resolvida.  Aquele que foi, outrora, irresponsável na condução da família, e isto gerou descaminhos de filhos e filhas e até mesmo do cônjuge, sem dúvida os encontrarão pelo caminho das existências, hora como pai, mãe, em outro momento como filho ou filha, ou ainda como esposo, ou esposa, com as consequências derivadas da atuação desastrosa do passado. As carências doentias, a desconfiança, os problemas emocionais, saúde precária, vícios, até mesmo deformidades físicas.   As dificuldades são os pedidos de solução dos efeitos das inconsequências.   

Fugir de um problema hoje é apenas adiar o encontro com ele no futuro, provavelmente em condições mais complexas, que exigirão muito mais esforço, considerando as consequências e o  enraizamento na alma de quem sofre.  

Toda atitude boa, que proporciona felicidade verdadeira, não exige justificativa em tempo nenhum, porque o objetivo da Vida é a felicidade e a plenitude da criatura.   

Boa parte da população do mundo prefere viver ilusões consumistas, de aparências e sensualistas... São falsas felicidades. As tristezas que corroem a intimidade, quando distante do burburinho das conveniências, são sinetes que repicam surdamente na alma até produzir lágrimas no iludido para que acorde do pesadelo que alimenta com as suas aflições.  

É necessário lidar com os poderes materiais com sabedoria, para que esses poderes, gerados pelos homens, não se tornem seus senhores e os esmaguem, como aqueles produzidos pelo dinheiro, pela força econômica, política e outras.  A sabedoria está em utilizar todas essas forças para produzir o bem comum, com benefícios para a educação, a cultura, a saúde... Enriquecendo a alma humana em todos os sentidos, libertando-a do materialismo, com a clareza de que transitamos pela matéria para nos libertarmos da materialidade, rumando para o estado de plenitude espiritual. Jesus lecionou: "Faça-se a vossa luz!"   

Os sinos da vida dobram na profundidade da Alma... 

 

                            Dorival da Silva 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Amigo? Amigo!

                                     Amigo?  Amigo! 

         

    Amigo é aquele que se interessa pelo amigo. Não vê cor, classe social, nível cultural, se é jovem ou idoso, se é saudável ou tem comorbidades. Amigo é amigo! 


    Quando esse Amigo conhece o amigo de milênios e possivelmente de outra casa do Pai, que pulula no Espaço Sideral, e propõe oportunidade de progresso, sem imposições e exigências, suportando todos os queixumes, má vontade, rebeldia… Quem seria esse Amigo? Amigo da Humanidade! Todos sabem quem é Jesus.

  

O problema é que o beneficiado de longo tempo da amizade do Amigo Divino não Lhe retribui a amizade com o mesmo interesse dispensado pelo Amigo. Ele, numa metáfora lendária, carregou o amigo no colo por muito tempo. Tanto é que, ao prestar um pouco mais de atenção, percebeu que na praia havia apenas marcas de dois pés, e não eram suas, porque eram do Amigo que o trazia nos braços

 

A figura da praia é a jornada da vida. Agora que começa a acordar se rebela por ter que fazer suas próprias marcas nas areias da vida.  


Quando os sentimentos e a inteligência do reencarnado permitem, Ele faz arranjos pedagógicos para que seu tutelado possa avançar, apresenta orientadores, encaminha lições, propõe desempenho voluntário e aguarda com paciência, os passos vacilantes ou até o estacamento do viajante do tempo infinito.  

 

Quando há estagnação na caminhada evolutiva, proporcionando devaneios luxuriosos, arbitrariedades, desmandos e infração da Lei que tudo rege, é preciso uma motivação mais enérgica, que surge das próprias consequências de suas obras. “A cada um segundo as suas obras”.


Trata-se do anjo da dor, nascido de seu próprio interesse, sendo o seu cultivo, o sofrimento, capaz de reestruturar o rumo à continuidade do caminho desejado para toda a criatura, a perfeição.

  

O Amigo excelente não pode fazer a parte do beneficiário da oportunidade. Não seria bom mestre. O aprendiz da perfeição precisa inteirar-se das verdades reveladas por Jesus, entender as essencialidades mensageiras e delas abstrair valores que lhe impregne na Alma, sedimentando as experiências e comprovando as virtudes conquistadas. Não há evolução sem estudo, meditação e esforço.  


É uma ilusão frustrante para quem espera que alguém faça a sua parte na elevação espiritual e lhe entregue os louros da vitória. Quem espera que isso aconteça só encontrará frustração.  


O Mundo está cheio de frustrações, é comum hoje representar as insatisfações reinantes com a expressão “Alma vazia, ou vazio da Alma”, apesar do aturdimento do dia a dia de cada pessoa. São os esforços para a conquista de coisa material, que proporciona prazer e satisfação tão passageiras quanto o imediatismo para a sua conquista. 

  

Toda conquista que o Amigo Jesus nos ajuda angariar é patrimônio incrustado na Alma, conquista definitiva pertencente exclusivamente ao ser humano que percorreu as pegadas orientativas do Mestre dos Mestres. O Senhor da Cruz, que pelo amigo iniciante na jornada para Deus, doou a própria vida, na sua trajetória de despertamento da Humanidade, ofereceu lições vivas que percorreram dois mil anos e chegaram no século XXI tão atuais como se tivessem sido lançadas sobre a Terra nestes dias. Seus ensinamentos, na essência, jamais serão superados, pois, são a síntese do pensamento Divino. 

 

É responsabilidade de cada Espírito, que agora veste uma indumentária carnal, buscar através dos ensinos de Cristo, abrir seus horizontes, aprimorando-se intelectualmente e expandindo as suas luzes. Isso corresponde a fazer eclodir os  recursos espirituais potenciais que são inatos, mas que aguardam o desabrochar com os esforços de embelezamento de si mesmo. Estes brilhos que nunca se perderão e se tornarão a sua identidade. 


O Amigo, Amigo da Humanidade, exclamou: “Faça-se a vossa luz!”.   A maior parte da multidão ainda não O ouviu, embora, ouçam insistentes pregações evangélicas, carreguem e manuseiem os Evangelhos. No entanto, 'é como aquele que carrega a noz e não quebra a casca para encontrar a amêndoa'. Quebrar a noz é responsabilidade de cada um.  Jesus não fará isso, porque seria tirar a oportunidade que Deus estabeleceu para a criatura encontrar o mérito evolutivo. 

 

Amigo? Amigo! Jesus. 

 

                                 Dorival da Silva 

sábado, 16 de outubro de 2021

MISSÃO DOS ESPÍRITAS

 

MISSÃO DOS ESPÍRITAS

Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas? Ah! Bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.

Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas!

Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!

Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.

Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.

Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.

Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nascente.

A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.

Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.

Pergunta – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?

Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição.

 – Erasto, anjo da guarda do médium (Paris, 1863).1

 

1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 13.

Imp. Brasília: FEB, 2019, cap. 20, it. 4. 

Nota: Página extraída do livro Orientação ao Centro Espírita, do Conselho Federativa Nacional, da Federação Espírita Brasileira.