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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A morte não existe

 

A morte não existe 


Parece absurda essa afirmação. Mas, quando falamos da Vida, ela, a morte, realmente não existe. A Vida é independente do corpo, existirá plenamente sem ele. É bom afirmar que a Vida sem o corpo é mais intensa. Pode-se ser muito feliz, ou muito infeliz.  

Geração que sucede geração, sempre a mais recente tem melhor inteligência e o desenvolvimento moral também caminha, no entanto, mais lentamente, quando em boa parte sofre derrocada pela educação deficiente, pelos vícios, crimes…  Os professores escolares, os dirigentes religiosos, as lideranças sociais e políticas são pessoas nascidas nas porções da sociedade, que carregam o conteúdo cultural e moral correspondente ao meio onde foram criadas.  

O suicídio, o suicídio assistido, a eutanásia, o aborto, pena de morte, matar para se livrar do desafeto, matar o cônjuge por ciúme, desconfiança ou desejo de posse, tudo ignorância sobre a morte.  

A Vida é permanente. O corpo tem serventia por um tempo limitado. Todos têm consciência que o corpo morrerá e não se sabe quando! Com a inteligência avançada destes dias, não se pode ignorar que a Vida continuará depois do corpo, tanto como existia antes dele. O que falta é a fé que raciocina.  

Morreu o corpo, ele irá retornar seus elementos ao laboratório da Natureza, com as disjunções celulares, com a decomposição eletroquímicas naturais. Seus componentes retornados a elementos simples formarão outras composições, outros tecidos, outros corpos. É da Natureza que nada se perde! 

E a cultura, os cabedais intelectuais, as experiências vividas, as virtudes e as fraquezas onde estarão? Se desaparecessem como o corpo seria irracional. Se na Natureza material “tudo se transforma e nada se perde”; o que pensar da Natureza espiritual, onde a Vida que habitou o corpo é indestrutível, é eterna a sua individualidade, tem consciência de si mesma, tem liberdade de ação — livre arbítrio — e assume incontestavelmente as suas responsabilidades, não importando que sejam agradáveis ou desagradáveis.  

Desde a antiguidade, as religiões de todos os tempos, os expoentes religiosos de todas as gerações nunca pregaram a morte voluntária, a morte provocada, a morte do que não nasceu, porque, pela intuição, sabiam, e todas as pessoas sabem que a vida do corpo é para ser respeitada e conservada. Trata-se de recurso extraordinário de progresso. Não lhe pertence. É empréstimo com finalidade própria.  

Todos os meios e recursos existentes no Universo são de origem Divina, O Incriado, que todos conhecem, Deus!  Assim, o que pertence ao ser humano? À alma humana? Somente os valores espirituais (intelectuais e morais) que conquistou pelos seus esforços.  

Matar-se ou matar para livrar-se de frustração, dor, egoísmo, orgulho… é adquirir dívida de difícil solvência. Dívida com a consciência! Dívida com Deus!  

Deus, Amor e Justiça, não elimina o pecador. Nenhuma de suas criaturas se perderá! Dá sempre oportunidade.  No entanto, as dificuldades são inerentes à rebeldia. As dificuldades são as pedras e os espinhos que a criatura espargiu no carreiro da vida, correspondendo a seu estado de consciência. Precisará limpar a consciência de seus crimes, para encontrar a paz e a felicidade verdadeiras. O que não ocorre na vida corporal e sim na Vida espiritual.  

Existe o sofrimento para se vencer as barreiras do não saber, porque a conquista de conhecimento exige esforço e superação; mas, o dever cumprido enche o cumpridor de satisfação e reconhece que o sabor da vitória corresponde aos esforços dispendidos. É a luz que se faz na alma do vencedor de si mesmo.  

O sofrimento do rebelde é carregado de amargores e recidivas, sente-se revivendo dissabor, com o sentir refazer o que não foi bem feito, ou mal feito. Conviver com pessoas que não gozam de sua simpatia, depender de pessoa que não se gosta, arrastar dependência física grotesca, limitada, feia!  Sempre se encontra àqueles que foram abandonados, que não foram amados!  

Quando não, o rebelado, carrega disfunção mental, com lucidez prejudicada, ou, ainda, totalmente com escuridão mental, dependente integral da atenção de terceiros.  

Não há injustiça! Em nenhuma situação. No que se chama anomalia, doença irreversível, aleijão é somente o reencontro do criminoso consigo mesmo.  Trata-se de resgate da consciência maculada. Consequência da rebeldia contra a Lei Imutável de Deus, causando desarmonia na Casa do Pai!  Onde? Na própria consciência!  “A Lei de Deus está inscrita na consciência.”   

Suicídio, eutanásia, aborto…  Jamais! 

 

Dorival da Silva. 

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Ensinamento Vivo

Leitores, registramos abaixo mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, do espírito de uma moça, que, quando na vida física era sua conhecida, como relatado; posteriormente, na condição de desencarnada, retornou para esclarecer a sua situação de paralítica, muda e surda numa existência de mais de meio século, com grande sofrimento. 

Os fatos que ocasionaram a condição limitante do seu corpo físico na última existência terrena originaram-se quando: “Dama vaidosa e influente da corte de Felipe II, na Espanha inquisitorial (...).”

A referência nos leva à pesquisa na enciclopédia Wikipédia, que registra o reinado de Felipe II no período de 1556 a 1598, portanto, no século XVI, sendo que aquele espírito renasceu com a problemática relatada, possivelmente no início do século XX, assim, foram transcorridos três séculos no mundo espiritual, pelo que se depara na narrativa esse tempo elástico foi de sofrimento, liberando-se após uma vida em corpo limitado e com muitas dificuldades. 

O título da mensagem é: “Ensinamento Vivo”, o que nos motivou  colocá-la neste “blog”, para a reflexão que todos devemos fazer sobre a condução da nossa presente vida, sendo que de acordo como vivemos as consequências no futuro serão de paz ou de sofrimentos.

Boa leitura!

                                                         Dorival da Silva   

Notas: 1. Mantivemos a ortografia válida à época do lançamento da obra original (1957).

2. Mensagem extraída da obra: Vozes do Grande Além, psicografia de Francisco Cândido Xavier, páginas 77 e 78.

 

 

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Ensinamento Vivo

                                            Maria da Conceição

 

Aqueles que se entregam às lides espiritistas encontram, surpresas consoladoras e emocionantes.

Visitáramos, várias vezes, Maria da Conceição, pobre moça que renascera paralítica, muda e surda, vivendo por mais de meio século num catre de sofrimento, sob os cuidados de abnegada avó.

Nunca lhe esqueceremos os olhos tristes, repletos de resignação e humildade, e que a morte cerrou em janeiro de 1954, como quem liberta dos grilhões da sombra infortunada criatura desde muito sentenciada a terríveis padecimentos. Pois, foi Maria da Conceição na nossa visitante, no encerramento das tarefas da noite de 30 de junho de 1955. Amparada por benfeitores da Espiritualidade, falou-nos em lágrimas de sua difícil experiência.

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 Filhos de Deus, que a paz do Senhor seja a vossa luz.

Enquanto permanecemos no corpo de carne, não conseguimos, por mais clara se nos faça a compreensão da justiça, apreender-lhe a grandeza em toda a extensão.

Admitimos a existência do Inferno que pune os transgressores e acreditamos no braço vingador daqueles que se entregam ao papel de carrascos de quantos se renderam ao sorvedouro do crime.

Raras vezes, porém, refletimos nos tormentos que a consciência culpada impõe a si própria, além-túmulo.

Fascinados pelo mundo exterior, dormitamos ao aconchego da ilusão e não nos recordamos de que, um dia, virá o despertar no mundo de nós mesmos.

A morte arranca-nos o véu em que nos ocultamos e ai de nós quando não temos por moldura espiritual senão remorso e arrependimento, vileza e degradação.

Achamo-nos em plena nudez, diante do autojulgamento, e somente assinalamos os quadros e gritos acusadores que nascem de nossa própria alma, exprimindo maldição.

Nossos olhos nada mais vêem senão o painel das lembranças amargas, os ouvidos não escutam outras palavras que não as do libelo por nós e contra nós, e, por mais vagueemos com a ligeireza do pensamento, através de milhares de quilômetros no espaço, encontramos simplesmente a nós mesmos, na vastidão do tempo, confinados ao escuro e estreito horizonte de nossa própria condenação.

Os dias passam por nós como as vagas no mar, lambendo o rochedo na solidão que lhe é própria, até que os raios da Compaixão Divina nos dissipem as sombras, ensejando-nos a prece como caridosa luz que nos clareia a furna da inconsciência.

É então que a Bondade do Senhor interfere na justiça, permitindo ao criminoso traçar mentalmente a correção que lhe é necessária.

E o delinqüente sempre escolhe a posição das vítimas que lhe sucumbiram às mãos, bendizendo a reencarnação expiatória que lhe faculta o reexame dos caminhos percorridos.

Trazida até aqui por nossos Benfeitores, falo-vos de minha experiência.

Sou a vossa irmã Conceição, que volta a fim de comentar convosco o impositivo da consciência tranqüila perante a Lei.

Administrais o esclarecimento justo às almas desgarradas do trilho reto e determinam nossos Instrutores vos diga a todos, encarnados e desencarnados, daquele esclarecimento vivo que nos é imposto pelas duras provas da vida, quando não assimilamos o valor da palavra enquanto é tempo!...

Paralítica, surda, muda e quase cega, não era surda para as vozes que me acusavam, na profundez de minhas dores da consciência, não era paralítica para o pensamento que se movimentava a distância de minha cabeça flagelada, não era muda para as considerações que me saltavam do cérebro e nem cega para os quadros terrificantes do plano imaginativo...

Dama vaidosa e influente da Corte de Filipe II, na Espanha inquisitorial, reapareci neste século, de corpo desfigurado, a mergulhar nos próprios detritos, corpo que era simplesmente a imagem torturada de minhalma, açoitada de angústia e emparedada nos ossos doentes, para redimir o passado delituoso.

Durante mais de cinqüenta anos sucessivos, por felicidade minha experimentei fome, frio, enfermidade e desprezo de meus semelhantes... Em toda a existência, como bênção de calor na carne devastada de sofrimento, não recebi senão a das lágrimas que me escorriam dos olhos...

Mas a doutrinação regeneradora que não recolhi da palavra de quantos me ampararam noutro tempo, com amoroso aviso, fui constrangida a assimilá-la sob o rude tacão de atrozes padecimentos.

Quando a lição do Senhor é recusada por nossos ouvidos, ressurge invariável, em nós mesmos, na forma de provação necessária ao reajuste de nossos destinos.

Dirigindo-me, assim, a vós outro que me conhecestes o leito atormentado no mundo e a vós que me escutais sem a vestimenta física, rogo devoção e respeito para com o socorro moral de Jesus através daqueles que lhe distribuem os dons de conhecimento e consolação.

Quem alcança a verdade, sabe o que deve fazer.

Submetamo-nos ao amor de Deus, enquanto há tempo de partilhar o tempo daqueles que mais amamos, a fim de que a dor não nos submeta, implacável, obrigando-nos a partilhar o tempo da dificuldade e da solidão.

Essa tem sido para mim a mais severa advertência da vida.

Com o Amparo Divino, entretanto, sinto que o meu novo dia nasceu.

Aprendamos, pois, a ouvir e a refletir, sem jamais esquecer que o Amor reina, soberano, em todos os círculos do Universo, recordando, porém, que a Justiça cumprir-se-á, rigorosa, na senda de cada um.


quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Qual o seu álibi?

                                                    Qual o seu álibi?


Ninguém ignora que, em num certo instante incerto, deixará o corpo físico.  Pois isso ocorreu ao longo da história da humanidade, sem nenhuma exceção. Todos os dias, os noticiários nos relembram daquilo que se denomina morte, por uma infinidade de causas.  Muitas vezes isso ocorre próximo de nós, dentro da própria família. 

Sendo o corpo frágil, temporário e depreciável em pouco tempo, ele sofre com os fatores ambientais e não depende do seu ocupante para cessar as suas atividades. Após essa paralisação definitiva, para onde irá o seu ocupante?

Certamente estará em algum lugar; mas que lugar seria esse? Se escolheu um veículo frágil para uso de pouco tempo indefinido, certamente veio de algum lugar e, em um momento incerto, para lá retornará.

Portanto, o viajante não é o corpo, porque este tem um fim, mas sim o elemento essencial e permanente que atravessa tempos incontáveis, rumando pela eternidade e acumulando o que cultiva em todas as épocas de sua trajetória. 

A importância reside no tesouro que acumula. O receptáculo é o espírito e, quanto em um corpo, é chamado de alma. É aí que reside o Céu, ou o Inferno.  

O Espírito, algo grandioso e complexo, é senhor de si mesmo. Atua como réu e juiz, julgando a própria causa. Como um julgador incansável, suas sentenças são rigorosamente cumpridas. Ele não se satisfaz com artifícios escapistas ou engenhosas justificativas, especialmente quado se trata de intenções e atos maldosos, indecentes e voluptuosos que causaram desvirtuamento de qualquer ordem e sofrimento a quem quer que seja, mesmo depois da morte. As influências morais danosas repercutem no tempo… Esse juiz é inexorável!  Exige reparo, certificação de que a lição foi aprendida, e a certeza de que a recuperação esteja sedimentada, o que vem a se denominar educação espiritual, definitiva.

Existem estágios nesse processo: o reconhecimento de que a dívida pertence ao indivíduo, o remorso, o arrependimento sincero, a busca pela reparação, a resistência aos efeitos das consequências, a prova da efetivação do aprendizado e a determinação de não retornar ao erro.  Estes passos não têm tempo definido para se cumprir, nem mesmo pode se encerrar numa única reencarnação, depende da vontade do Espírito de se educar, e da satisfação do juiz implacável, a consciência.  Um dos ensinamentos de Jesus Cristo ao apóstolo Pedro foi: “Perdoar, não sete vezes, mas sete vezes setenta vezes…” Todos somos devedores uns dos outros de alguma forma, pois os males cometidos disseminam como ervas daninhas nas almas com raízes profundas, que precisarão realizar incontáveis ações benéficas para sanar as consequências. 

Sempre se encontrarão os efeitos das iniciativas implementadas em qualquer época, de tal forma que o autor se verá obrigado a reparar a desarmonia que causou na casa do Pai, que é o Universo, para que a consciência se harmonize com a própria harmonia de Deus. Sem a qual Espírito algum encontrará paz. 

Qual é o seu álibi?  Diante da consciência, somente o bem serve como justificativa em qualquer circunstância. Veja-se que isto não é exigência de nenhuma autoridade espiritual, nenhum tribunal de potestades, é a Lei de Deus ínsita no próprio ser. A lucidez da consciência com a conquista do bem traz o Céu -- um estado de espírito --, ou, com o mal, instala-se um estado de sombra que imporá a perturbação, até que se dê cabo de seus efeitos. 

Referindo-se novamente ao apóstolo Pedro, que ensina: “A caridade cobre uma multidão de pecados…”, o bem em todos os passos, momentos e circunstâncias ilumina o Espírito, o que significa que limpa a consciência de muitos resquícios dos quais por agora não se lembra, mas que o alivia e amplia o estado íntimo de alegria. É o Céu que se constrói em seu interior.  

A razão de certas alegrias ou sofrimentos que por ora não são conhecidos só será relembrada quando o Espírito estiver novamente no mundo espiritual. O esquecimento dos fatos passados se dá enquanto na vida material, sendo isso próprio da nova oportunidade -- a presente reencarnação --, tendo do passado nuanças intuitivas, que se apresentam refletidas como tendências para as Artes, as Ciências, e as diversas práticas para a condução da vida, podendo-se também surgir impulso para o bem ou para o mal, se lhe era de cultivo em existência passada. 

Cabe a cada indivíduo o melhor direcionamento dos ímpetos que surgem, refletindo bem antes das decisões, sabendo que pela intenção e o desfecho do que permitir, os resultados o farão senhor ou vítima de si mesmo. 

Qual é o seu álibi?

                                                     Dorival da Silva


1. Mateus, 18:21-22
2. 1 Pedro 4:8


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Cadinho

 Cadinho


Reunião pública de 30-01-1959.

Questão n.º 260.


Muitas vezes, na Terra, na posição de cultores da delinquência, conseguimos escapar das sentinelas da punição. 


Faltas não previstas na legislação terrestre, como sejam certos atos de crueldade e muitos crimes da ingratidão, muros adentro de nossa vida particular, quase sempre acarretam a queda e a perturbação, a enfermidade e a morte de criaturas que a Divina Bondade nos põe no caminho.  


De outra feita, quando positivamente enodoados com o ferrete da culpa, conseguimos aligeirar nossas penas ou delas nos exonerar, subornando consciências dolosas, no recinto dos tribunais. 


Todavia, a reta justiça nos espera, infalível, e além da morte, ainda mesmo quando tenhamos legado ao mundo vastas parcelas de cultura e benemerência, eis que as marcas de ignomínia se nos destacam do ser, então expostas à Grande Luz. 


Nessa crise inesperada, imploramos nós mesmos retorno e readmissão nos cursos de trabalho em que se nos desmandaram a deserção e a falência, a fim de ressarcirmos os débitos que os homens não conheceram, mas que vibram, obcecantes, no imo de nossas almas. 


É assim que voltamos ao cadinho fervente da purgação, retomando nos fios da consanguinidade a presença daqueles que mais ferimos, para devolver-lhes em ternura e devotamento os patrimônios dilapidados, rearticulando os elos da harmonia que nos ligam a todos, na universalidade da vida, perante a Lei.


Reverenciemos. desse modo, no lar humano, não apenas o templo de carinho em que se nos reabastecem as forças, no exercício do bem eterno, mas igualmente a rude escola da regeneração, em que retomamos o convívio dos velhos adversários que nós mesmos criamos, a ressurgirem na forma de aversões instintivas e desafetos ocultos, que nos constrangem cada hora à lição da renúncia e à mensagem do sacrifício. 


E por mais inquietante se nos afigure a experiência no educandário doméstico, guardemos, dentro dele, extrema devoção ao dever, perdoando e ajudando, compreendendo e amparando sem descansar, pois somente aquele que se engrandeceu, entre as quatro paredes da própria casa, é que pode, em verdade, servir à obra de Deus no campo vasto do mundo. 


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Página extraída do livro: Religião dos Espíritos, ditado pelo Espírito Emmanuel, ao médium Francisco Cândido Xavier, sendo que o próprio Espírito informa na página de rosto da referida obra, “(...), nos foi possível, no curso das 91 sessões públicas para estudo da Doutrina Espírita, a que comparecemos, junto de nossos companheiros uberabenses, no transcurso de 1959, na sede da Comunhão Espírita Cristã, nesta cidade. (...).


Nota 1: A questão em referência (260) pertence à obra: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicada em 18.04.1857, na França. Com o objetivo de facilitar sua leitura a transcrevi abaixo:  


260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida?

“Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem, é necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar.”


Nota 2: As obras de Allan Kardec estão disponíveis para consulta, gratuitamente,  no endereço:  https://kardecpedia.com/


sábado, 18 de julho de 2020

O Anjo da dor

      O Anjo da dor 


A maioria das pessoas em todos os recantos da Terra está sofrendo, pois há uma parcela da população que parece indiferente ao sofrimento alheio e à sua própria segurança.  

 

        O mundo enfrenta uma pandemia de vírus COVID-19. Apesar de identificado, ainda não se conhece um medicamento, vacina, ou qualquer outro tratamento que possa detê-lo. Ele ataca vorazmente os organismos mais frágeis, minando todas as resistências e exigindo grande aparato de cuidados. Infelizmente, muitos não resistem à sua sanha.  

 

        As autoridades de saúde globais concordam que o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização das mãos são as medidas mais eficazes para prevenir o contágio. Se contaminado pelo vírus, três cenários são possíveis: o indivíduo pode ser assintomático, mas transmitir o vírus; pode apresentar sintomas leves, que podem ser tratados em casa; ou pode precisar de hospitalização e cuidados intensivos, caso o vírus comprometa o sistema respiratório e outros órgãos vitais.  

 

        As observações acima são apenas um preâmbulo para um novo modo de vida, o que está sendo chamado de 'novo normal'. Será mesmo? Enquanto a Ciência não descobre uma vacina ou medicamento capaz de conter a pandemia, torna-se necessário o exercício das virtudes. Para aqueles que não as possuem, é imprescindível adquiri-las. Onde as têm? Quem as disponibilizam? A quais preços? 

 

       O conhecimento e a vivência do Evangelho de Jesus fazem muita falta, pois iluminam os homens, ensinando-lhes a responsabilidade consigo mesmo e para com o próximo. Mostra que nossas ações, além de seus feitos imediatos, também têm consequências a longo prazo, conforme a chamada Lei de Retorno¹, como registra o apóstolo João, 5:29: “E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.”.  O versículo refere-se a reencarnação, o que ocorrerá no futuro como consequência do presente. Hoje, estamos vivendo reencarnação com reflexos das vidas passas. Portanto, é importante estar ciente de nossas ações, nosso modo de vida e nossas preocupações com o meio ambiente e com os outros. A grande síntese do Evangelho é o amor: “Amarás a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.”.  

 

        As virtudes são um estado de sentir os efeitos de nossas atitudes, assim como as atitudes dos outros e os efeitos das circunstâncias da vida. Com a pandemia todos estamos dentro de contexto favorável a observarmos esses sentires. Quem pretende se conhecer não prescinde de se analisar, o que pede reflexão. Posso estar irritado, raivoso, com medo, inseguro… ou confortável, confiante, calmo… E esses são os meus sentimentos em relação aos vizinhos, aos colegas de trabalho, e todas as outras pessoas, conhecidas ou não, que compartilham o mesmo ambiente que eu. Todos têm sentimentos, têm familiares, têm pessoas que amam, têm suas próprias vidas.  

 

       Nos noticiários e imagens que inundam nosso dia a dia, encontramos principalmente publicidade de maus exemplos, inclusive de pessoas em posições de autoridade que não possuem autoridade moral. Eles são partidários de uma coisa ou de outra e não conseguem demonstrar justiça sem interesse pessoal. Razão pelo descrédito de suas ações, exceto pelos seus acólitos, cegos pelos seus interesses egoísticos que lhes beneficiem.  

 

       Portanto, será no mundo interior, como barco intacto em mar tempestuoso, que teremos que enfrentar desafios e dificuldades, mas mantendo-nos íntegros, com um Espírito que analisa, reflete, absorve o que o fortalece e descarta o que não contribui para o seu bem.  

 

        Precisamos renascer das ruínas de nós mesmos, em melhores condições, seja no dia a dia ou de tempos em tempos, e principalmente no final desta vida. Porque depois disso ressurgiremos para um estágio maior, para uma avaliação mais ampla, sem a possibilidade de erro no julgamento de nossas ações ao longo do caminho percorrido.  As luzes serão mais claras, a consciência se verá cruamente e a razão não terá razão que não mereça.  

 

        As gerações vão e vêm do mundo dos espíritos, que é a sua origem. Eles experimentam a vida corporal como uma oportunidade de aprendizado, expiação e provação. No entretanto, cada indivíduo é um mundo próprio, enfrentando a morte do corpo e entrando num novo organismo sozinho com a sua consciência.  Relembrando o ensinamento de Jesus: “E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.”. 

 

        A lição de Cristo é universal, pois se aplica em todas as partes do Cosmo Infinito. No entanto, ainda estamos limitados à Terra – devido ao nosso estado de inferioridade -- como ensina a Doutrina Espírita. Este planeta se apresenta de acordo com as necessidades do Espírito em evolução, servindo como lar, escola, hospital, prisão, asilo…  “A cada um segundo as suas obras.”.  

 

        As novas gerações chegam para substituir as que retornam, um processo que ocorre gradualmente ao longo do tempo. Cada Espírito traz consigo o seu próprio mundo e a sua própria herança, mas ainda sente o eco do progresso ou do desastre que sua geração anterior ajudou a criar. 

 

        Em todos os tempos da Terra, sempre houve muitas dores de todas as ordens, pois somos da classe de provas e expiações. Embora tenhamos feito algum progresso, ainda falta muito para o aprimoramento do Espírito se concluir, até chegarmos ao ponto de nos libertarmos e passarmos para a próxima classe, a dos regenerados. 

 

       Nos apegamos ao sofrimento porque hesitamos em resolver o egoísmo que, como visgo, nos prende a interesses mesquinhos que, embora proporcionem prazer e sensação, não resultam em felicidades. Muito apego ao que é material, com o embotamento dos valores espirituais. 

 

No endurecimento de nosso coração, na rebeldia viciada de contrariar a razão e ignorar a consciência, só resta o recurso extremo para ajudar os incautos viajantes sem rumo. Então, a Lei de Deus faz a sua parte em favor dos endurecidos, encaminha o Anjo da Dor, cuidando para que as lições do Evangelho de Jesus sejam ouvidas, entendidas e vivenciadas; com a agravante de que permanecerá até que os beneficiários se salvem de si mesmos, vencendo-se o egoísmo que os iludem. 

   

Será que a pandemia, que está causando milhares de mortes diariamente, será resolvida sem que exista um estado de humanidade em que cada indivíduo assuma a sua responsabilidade, tornando-se consciente de que a morte não visita apenas as famílias dos outros? O COVID-19 não conhece bandeira, nem raça, muito menos condição social, não reconhece nem moços e nem velhos, todos são terrenos alcançáveis.  

 

As autoridades e líderes de todas as esferas precisam exercer a humildade, deixando claro que ninguém tem o poder de repelir a pandemia e garantir a segurança de qualquer pessoa, apesar de todas as precauções que a ciência tem orientado. 

 

Chegou o tempo da fraternidade, do amor ao próximo, seja conhecido ou desconhecido, o momento da conscientização de que cada um é cidadão do mundo, independentemente de ser rico ou pobre, instruído ou não; independentemente de alinhamentos políticos à direita, esquerda ou cento.  

 

Allan Kardec, o notável codificador da Doutrina Espírita, no Livro dos Espíritos², na questão 740, fez a seguinte pergunta aos Espíritos nobres que trabalharam na terceira revelação das Leis de Deus:  “Para os homens, os flagelos seriam também provações morais, ao fazerem que ele se defronte com as mais aflitivas necessidades?”, obtendo a resposta: “Os flagelos são provas que dão ao homem oportunidade de exercitar a sua inteligência, de demonstrar paciência e resignação ante a vontade de Deus, permitindo-lhe manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, caso o egoísmo não o domine.”.  O que nos relembra que os flagelos aconteceram em todos os séculos passados, levando as gerações a impulsos de melhoramentos.  

 

A dor está presente em todos os lugares. Será que o Anjo da Dor veio nos apoiar em nossa inércia espiritual?  O que pensamos sobre isso?

Dorival da Silva 

 

1.      1.Obra: Pão Nosso, Francisco Cândido Xavier, Espírito Emmanuel, capítulo 127, publicação 1950. 

2.     2. Obra: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, lançado em 18.04.1857, tradução utilizada de Evandro Noleto Bezerra, FEB.