sábado, 5 de maio de 2012

Os dez princípios básicos do Espiritismo



LEONARDO MARMO MOREIRAleonardomarmo@gmail.com  
São José dos Campos, 
São Paulo (Brasil)


Os dez princípios básicos do Espiritismo: um resumo mais completo da Doutrina 
 
A Doutrina Espírita é constituída por um conjunto de conceitos interligados que são interdependentes, implicando em um todo altamente racional haja vista a coerência entre os tópicos em questão. Essa coerência, obviamente, ocorre em função de a Doutrina Espírita retratar a harmonia das Leis Universais de Deus, que são didaticamente organizadas pelo Codificador. Allan Kardec (foto)enfatizou os cinco princípios básicos do Espiritismo, a saber: Existência de Deus; Existência e Imortalidade da Alma; Comunicabilidade dos Espíritos; Pluralidade das Existências e Pluralidade dos Mundos Habitados.
 
Entretanto, a título didático, fundamentados estritamente na Codificação Kardequiana, poderíamos sugerir o acréscimo de mais cinco princípios (Fé Raciocinada; Lei de Causa e Efeito; Evolução Espiritual; Moral de Jesus e Verdadeira Religiosidade) a esse sintético conjunto, para que, em uma análise rápida, leigos e estudiosos pudessem vislumbrar, mesmo que de forma introdutória, todo o edifício filosófico do Espiritismo.  
De fato, há muitos livre-pensadores e adeptos de diversas correntes espiritualistas que aceitam os cinco tópicos básicos sem, necessariamente, possuírem quaisquer vínculos com o Espiritismo propriamente dito. Ora, se o Espiritismo foi o termo criado por Allan Kardec para designar a Doutrina dos Espíritos visando diferenciá-la das várias vertentes do Espiritualismo, isto se deu em função das deturpações (propositais ou não) que eventualmente poderiam ocorrer. Realmente, o Codificador não se equivocara, uma vez que desde o seu surgimento até os dias atuais o Espiritismo vem sendo, intencionalmente ou não, confundido com outras correntes filosófico-religiosas. Desta maneira, a utilização didática de 10 princípios básicos tornaria o Espiritismo menos sujeito a erros de interpretação doutrinários, uma vez que esses princípios, em conjunto, se reforçam e corroboram mutuamente, fornecendo uma noção muito mais clara das bases conceituais da Codificação. Saber o que o Espiritismo é e o que o Espiritismo não é, trata-se de pré-requisito conceitual fundamental a qualquer indivíduo que pretenda analisar, deforma minimamente isenta de preconceitos, quaisquer aspectos da Terceira Revelação, seja o estudioso em questão espírita ou não. 
O corpo espiritual pode se afastar com maior ou menor intensidade do vaso orgânico 
Assim sendo, sugerimos a consideração dos cinco tópicos adicionais, que são apresentados e discutidos a seguir, juntamente com os cinco tópicos mais usuais.  
1. Existência de Deus - Não havendo efeito sem causa, sob todos os aspectos em que se analise o Universo, é inevitável concluir que tamanha complexidade não poderia deixar de ter sido originada por uma causa superinteligente, isto é, o Criador. Realmente, o Efeito deve ser proporcional à Causa e, por conseguinte, pela exuberância do Efeito, infere-se a excelência dos Atributos intelecto-morais da Causa.  
2. Existência e Imortalidade da Alma - Além dos fenômenos mediúnicos propriamente considerados, ou seja, das inumeráveis evidências de comunicação entre os chamados “mortos” e os “vivos”, existe uma gama de eventos paranormais denominados anímicos. Ambos os fenômenos sugerem fortemente a existência, relativa independência em relação ao corpo físico e imortalidade da alma. Os eventos anímicos são gerados pela própria alma do indivíduo encarnado, evidenciando a existência e até mesmo certa independência em relação ao corpo físico. Estes fenômenos de “Emancipação da Alma” demonstram o fato de o corpo espiritual (perispírito) poder se afastar com maior ou menor intensidade do vaso orgânico. Sono e sonhos, desdobramento (também chamado de “projeção da consciência” ou mesmo “viagem astral”), sonambulismo, êxtase, clarividência (também denominada “segunda vista”) e clariaudiência são exemplos de “Emancipação da Alma”. Vale registrar que os casos de mediunidade no leito de morte assim como as “Experiências de Quase-Morte (EQM)” têm fornecido extraordinárias evidências da existência e imortalidade da alma.  
A proposta tradicional de um “Céu” e um “Inferno” eternos é algo completamente artificial 
3. Comunicabilidade dos Espíritos - O primeiro e geral benefício do fenômeno mediúnico consiste na demonstração da imortalidade da alma através de diferentes mecanismos. A mediunidade pode se apresentar de variadas maneiras. Afirma o Apóstolo Paulo que “Há Diversidade de Dons, mas o Espírito é o Mesmo”, denotando que a mediunidade é inerente ao ser humano, mas, para cada criatura, o fenômeno apresenta diferentes peculiaridades e intensidades. Assim como ocorreu no passado, haja vista a abundância de manifestações mediúnicas exaradas em Livros Sagrados como a Bíblia e o Corão, os fenômenos continuam a ocorrer, modificando, no entanto, algumas especificidades em função da evolução intelecto-moral dos habitantes da Terra. A mediunidade se baseia, no mínimo parcialmente, nas propriedades do perispírito, que permite a ocorrência de significativo nível de “Telepatia” entre Espíritos encarnados e desencarnados. De fato, essa espécie de mediunidade basal, comum a todas as criaturas, é o que possibilita a obsessão bem como a chamada “inspiração superior” através da intuição dos protetores espirituais.  
4. Pluralidade das Existências - Também chamada Reencarnação, Palingenesia ou Renascimento, a multiplicidade das vidas físicas é o mecanismo pelo qual a Lei de Progresso se manifesta na Obra da Criação. De fato, a sucessão de etapas nas esferas física e espiritual fornece, respectivamente, as provas e expiações (vida física) e a pausa para avaliação, estudo e preparação para novas experiências (vida espiritual). Uma única vida física seria totalmente injusta, pois os Espíritos nascem com capacidades claramente diferentes, vivendo em ambientes também distintos e morrendo com idades completamente diferentes. Além disso, a proposta tradicional de um “Céu” e um “Inferno” eternos após uma única vida física seria algo completamente artificial. Esse mecanismo seria cruel, injusto e profundamente incoerente com as características que a grande maioria das religiões atribui a Deus. Além disso, tal proposição nega um dos aspectos mais belos da Lei de Deus, que é a Evolução Espiritual. Interessante adir que lembranças de vidas passadas, que se dão tanto de maneira espontânea como de forma espontânea, evidenciam a realidade das várias reencarnações.  
Somente a Fé Raciocinada proporciona uma efetiva aliança entre Ciência, Filosofia e Religião 
5. Pluralidade dos Mundos Habitados - Jesus afirmou que “Há Muitas Moradas na Casa do Pai”. Realmente, segundo a Codificação, Deus não faz nada inútil, e, consequentemente, toda a sua Obra Universal deve ter uma função efetiva na Criação. Em verdade, tanto a Pluralidade dos Mundos Habitados como a Pluralidade das Existências estão profundamente relacionadas à Lei de Progresso. De fato, como o Espírito é imortal e evolui infinitamente, necessitará de várias experiências físicas em diferentes contextos de existência orgânica para atender a todas as suas requisições evolutivas. Logo, muitas reencarnações em diferentes mundos são necessárias para o cumprimento das múltiplas etapas espirituais.  
6. Fé Raciocinada - Este princípio é um alicerce fundamental em toda a construção doutrinária de Kardec, pois não é possível a elaboração de um corpo de ideias com caráter realmente científico empregando raciocínios ilógicos, dogmas, atitudes fanáticas etc. Somente a Fé Raciocinada proporciona uma efetiva aliança tríplice entre Ciência, Filosofia e Religião.  
7. Lei de Causa e Efeito - Também denominada de Lei de Ação e Reação ou Lei do Karma, a correlação entre causas e efeitos é um piloti para a Evolução Espiritual dos Filhos de Deus. Realmente, tanto a justiça de Deus como a Lei de Progresso através da reencarnação têm nos mecanismos cármicos a sua ferramenta principal. Somente por meio da perfeita relação entre plantação e colheita é possível conceber a soberana Justiça Divina, pois “a cada um é dado conforme suas obras”, já que “Reconhece-se a árvore pelos frutos”.
Jesus é o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir de modelo e guia 
8. Evolução Espiritual - A Lei de Progresso é uma das mais maravilhosas realidades reveladas pelo Espiritismo. O Espírito jamais retroage, sempre evoluindo para a Felicidade e para Deus. De fato, nada que é vivenciado pelo Espírito é perdido, pois a memória espiritual registra todos os eventos presenciados, permitindo que a chamada “Consciência” se torne o verdadeiro juiz de nós mesmos. Este profundo registro de vivências faz com que o Espírito jamais regrida, pois o ser espiritual não pode diminuir sua bagagem de conhecimentos e experiências. Pelo contrário, como esse acúmulo de informações é sempre crescente, na pior das hipóteses o Espírito “estacionará” evolutivamente, quando se deixar levar pela indolência e pelas más inclinações.
9. Moral de Jesus - A Questão 625, de “O Livro dos Espíritos”, nos ensina contundentemente que “Jesus é o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir de modelo e guia”. Portanto, a Moral de Jesus constitui o maior referencial ético que podemos eleger como diretriz comportamental visando a uma segura busca por espiritualidade. Obviamente, tal paradigma não está em oposição com outros grandes nomes da Espiritualidade, tais como Buda e Krishna, entre outros. Segundo Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, todos os grandes missionários do bem constituem uma única falange de mentores e foram todos enviados pelo próprio Jesus, governador do planeta, para um processo sinérgico de evolução de toda a humanidade. Esta análise denota, uma vez mais, o completo absurdo de se cultivar rivalidades religiosas. A atitude ideal seria estudar todos os grandes mensageiros do amor e do conhecimento “examinando tudo e retendo o bem”.  
Liturgias, indumentárias, símbolos, imagens e rituais são manifestações que demonstram primitivismo religioso
10. Verdadeira Religiosidade - O Espiritismo em sua busca racional pela Verdade supera fixações e preconceitos seculares de nossa tradição cultural. Por conseguinte, a Doutrina Espírita não chancela essas “bengalas psicológicas”, filhas de nossa cegueira espiritual, que se apresentam no meio religioso como mitos, dogmas e medos. Assim sendo, liturgias, indumentárias, uniformes, símbolos, imagens, rituais, profissionalismo religioso, sacerdócio religioso, entre outras, são manifestações que demonstram primitivismo religioso. O Espiritismo, propondo uma fé raciocinada para viabilizar o entendimento científico das Leis de Deus, prescinde de tais manifestações, pois o “Reino dos Céus está dentro de nós”. Logo, a verdadeira espiritualidade é conquistada a partir do conhecimento das Leis da Vida aliada ao Autoconhecimento, que possibilitarão a maturidade espiritual necessária para a aceleração do processo evolutivo que requer estudo, trabalho, consciência, caridade e fraternidade. Aliás, o próprio Emmanuel ao prefaciar sua excepcional obra “Fonte Viva” assevera “... reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra”. 
Os dez princípios básicos do Espiritismo só proporcionam uma introdução minimamente satisfatória ao Espiritismo se considerados de forma interligada e sob um estudo acurado das Obras Fundamentais de Allan Kardec. De qualquer maneira, tal apanhado é uma forma didática de se organizar ideias iniciais a respeito da Doutrina Espírita, bem como apresentá-lo de maneira breve a neófitos, curiosos, materialistas e adeptos de outras religiões que estejam interessados em obter algumas informações preliminares concernentes à Codificação.



O texto acima foi copiado no seguinte endereço: http://www.oconsolador.com.br/ano2/97/especial.html

terça-feira, 1 de maio de 2012

Níveis de Consciência



São muitos os fatores que parecem conspirar contra o sadio esforço de quem deseja ascensão e plenitude.

Paixões disfarçadas de direitos pessoais assomam no palco da vida, exigindo consideração, gerando conflitos e dificultando o processo de elevação moral.

O egoísmo dominador, predominante em a natureza humana, escamoteia os seus propósitos inferiores e surge, a cada momento, em expressão nova, perturbando o programa iluminativo de quem se propõe à felicidade em padrões dignos, portanto, ideais.

O instinto de sobrevivência do corpo, em atavismo dissolvente, coopera com as heranças primevas, apresentando-se sob justificativas equívocas com caráter de nobreza.

O homem ainda instável, desacostumado às lutas íntimas de santificação, diante das sortidas de que se vê preso por parte desses algozes internos, posterga o trabalho de evolução, ou para, caso nele se encontre, ou abandona os propósitos abraçados, sob os tóxicos do desânimo e do desconforto moral.


Propõe o mundo: -- Triunfa a qualquer preço, sem te preocupares com os outros, que aguardam ocasião para te submeterem.

Estabelece Jesus: -- Se alguém te pedir a capa, dá-lhe também a manta, e se te solicitarem seguir mil passos, vai, tranquilo, dois mil.

Programa o século: -- Não cedas o teu lugar, haja o que houver.  Disputa a tua posição, pois que outros estão batalhando por tomar-te a em que te encontras.

Argumenta Jesus: -- Não te afadigues pela posse indevida. Tudo quanto cederes, terás, e aquilo que tomares, perderás.

Promete a Terra: -- Os vitoriosos gargalham e recebem apreço. Trinfa no mundo, tendo a glória como sendo a meta que deves alcançar.

Aclara Jesus: -- Todo apogeu terrestre nivela na tumba as criaturas umas com as outras.  A glória que ensoberbece passa, e o homem se encontra vazio e só, logo após.

Reclama a sociedade: -- Impõe a vontade, a fim de te fazeres respeitar, e armazena moedas para adquirires tudo quanto ambicionas.

Responde Jesus: -- Reúne tesouros no “reino dos céus” e coleta os recursos da paciência, da humildade, do perdão, da caridade nos cofres do amor, e serás rico de paz.  

Impõe a tradição: -- A vida espiritual será examinada na velhice. Frui e usa o corpo enquanto são moças as tuas carnes.

Contrapõe Jesus: -- Louco, hoje te tomarão a alma, sem indagarem a idade que tens.

Aconselham as técnicas do bem-estar imediato: -- Reage a qualquer agressão. Arma-te para te defenderes, tomando o outro de surpresa.

Orienta Jesus: -- Age com elevação sempre e equipa-te com os recursos do amor que vence tudo e amortece todos os golpes que sejam desferidos contra ti.

Determina a ilusão:  -- Embriaga-te no prazer, que é tudo quanto tens ao alcance das mãos.

Repete Jesus: -- Vence o mundo, educando-te e crescendo para a realidade da tua consciência superior.

***

O homem do mundo vive em nível de consciência inferior. É fisiológico, automatista, primitivo.

O homem espiritual transita em faixa de consciência elevada e se apercebe da realidade da vida. É psicológico, idealista, compreensivo, racional, porque alcançou a dimensão intecto-moral lúcida.

***

Se transitas no nível intermediário, atado ao primarismo e anelando pela emoção enobrecida, exercita os valores morais e vivências espirituais, adquirindo forças para o passo decisivo, que te fará escolher Jesus em detrimento do mundo, embora a permanência nas conjunturas carnais. 

JOANA DE ÂNGELIS, pisicografia de 
Divaldo Pereira Franco, capítulo 3 do opúsculo
Momentos de Esperança.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Valor da Meditação



Ao principiante, desabituado, parede difícil a saudável tarefa da meditação.

Certamente que todo labor em começo, passado o entusiasmo inicial, se apresenta de complexo prosseguimento.

Acostumado à variedade de pensamentos, especialmente os vulgares, que se alternam com celeridade substituindo-se de modo contínuo, é perfeitamente natural que a fixação de uma ideia edificante se apresente como verdadeiro desafio.

Indispensável, para o êxito do tentame, a motivação, cuja carga emocional canaliza com segurança o interesse do candidato.

O profano que tem as suas atrações nas questões mortas para o espírito, mais estimulado pelas sensações do que pelas emoções, após algumas tentativas infrutíferas, desiste da meditação, decepcionado.

Crê ser impossível de conseguir.

No inconsciente está a evadir-se da experiência nova, saudoso dos hábitos fortes a que se acostumara.

Bastaria, no entanto, que porfiasse no treinamento e os resultados o surpreenderiam agradavelmente.

***
Nunca, em qualquer outro tempo, o homem experimentou tanta necessidade de meditação quanto ocorre em nossos dias.

A luta pela sobrevivência, mais exaustiva e violenta, requer caracteres calmos e disciplinados, a fim de não sucumbir ante os fatores que comprimem a vontade ou a levam a explosões temperamentais danosas.
A meditação dulcifica a aspereza da luta, harmonizando o intelecto com o sentimento e acalmando o homem.

Não será, porém, por efeito de uma ou outra experiência mágica, de cujos resultados imediatos se beneficiará o indivíduo, antes, através de expressivo esforço.

A disciplina, a frequência do exercício, o conteúdo de que se reveste a temática, são essenciais ao êxito do empreendimento.

***
Toma de uma página do Evangelho de Jesus, lê pausadamente, digerindo-lhe o significado, e concentra-te nela, fixando-a.

Retira todo o superior contingente de informações e reflexiona em cada mensagem que se te revele.

Insiste em evocar-lhe a forma, o sentido e como te poderá ser útil.

Analisa-a, sem pressa, após o que, medita em torno do seu conjunto, por fim, no espírito que te apresenta.

Habitua-te a este pequeno mister e estarás iniciando a meditação que te levará à paz de consciência e à alegria de viver.

***
Meditando com regularidade, age com inteireza moral, sem afronta ao programa interior, assim evitando conflitos e confrontos entre o que constróis na área psíquica com aquilo que realizas no campo físico.

***
Mesmo que disponhas de pouco tempo, utiliza-o para a meditação, descobrindo, logo depois, que, assim agindo, o tens dilatado, benéfico.

A meditação abrir-te-á as portas para a perfeita união com Deus que a oração te facultará.

Joanna de Ângelis, psicografia
Divaldo Pereira Franco, opúsculo
Momentos de Esperança, capítulo 1.

sábado, 21 de abril de 2012

Tempos auspiciosos

O homem vive dois tempos ao mesmo tempo no transcurso pelo mundo objetivo.  Ao mesmo tempo em que vive a vida orgânica, realizando objetivamente, vivencia a vida espiritual em todos os minutos, sem que tenha percebido, cumulando valores, que serão base para a continuidade evolutiva da alma.  Não existe exceção, todos os indivíduos vivem os dois planos ao mesmo tempo.

Existem os que estão na criminalidade, outros nos caminhos da educação, outros no atendimento social, outros cuidando da saúde pública, assim há diversidade em todos os segmentos da organização humana.  Cada indivíduo, conquanto o tempo cronológico seja igual para todos, vive tempo exclusivamente seu. Não se considera nesta condição somente o nível intelectual e cultural, mas o estágio moral, conquistado pelo pelos esforços de superação das dificuldades particulares, acrescido da caridade real.


O potencial para a espiritualização do ser é existente em todos indistintamente, embora embotado para a percepção do portador, mas muito fronteiriço ao estado de consciência, é força que não se apresenta porque o foco da atenção está direcionado para atender aos interesses mais imediatos, geralmente calcados na vaidade e no orgulho exacerbados.

O indivíduo quer se colocar exteriormente em vantagens, estar em evidência para percepção de outrem, quer ser reconhecido pelos seus feitos materiais – apesar de que nesse estágio também proporciona progresso, muito embora esse não seja permanente e se extingue com suas finalidades.


Isto ocorre, dessa maneira, em vista persistir no direcionamento para os interesses objetivos; no entanto, diante de fato irremediável, como a ausência da saúde, ou a morte de ente querido, ou derrocada econômica; mesmo que se demore na revolta, contra tudo e todos, não deixará de verticalizar o seu interesse, buscando arregimentar recursos que não são materiais, pois que a necessidade que agora é emocional, é interior, não tem visibilidade e sim a busca de calmante para dores da alma, que não se amenizam com os meios e conquistas materiais.


Por isso, vive-se tempos auspiciosos quanto ao despertamento espiritual, mesmo considerado, aos olhos da maioria, momentos trágicos, diante de tantos conflitos, entre pessoas e consigo mesmo, entre grupos pelos seus interesses imediatos, ou de povos...; as dores e as consequências penosas nesses embates, mesmo que demorados, desaguarão na busca da espiritualização; que é uma fatalidade, pela origem, que todos têm que é a origem Divina.  Compreendam-se isto ou não, a meta do Espírito é  retornar ao Criador, de onde saiu simples e ignorante, pleno de conhecimento e entendimento, conquista das vivências nos tempos de cada indivíduo.  É com essa visão que se encontram os vários estágios evolutivos no mesmo grupamento social, com realizações das mais diversas, e estágios inúmeros de condições materiais, intelectuais e morais.


Há as convulsões sociais das mais variadas modalidades, enumeram-se as mortes por motivos banais, por vinganças, motivos passionais, autodestruição para destruir..., são os tempos, individuais ou coletivos, sofrem-se as consequências, expiam-se com as sequelas morais e provam-se em novas possibilidades se as lições tiradas dessas vivências estão consolidadas e se podem ir mais adiante, nas questões evolutivas. São os tempos de cada um e coletivos com suas derrotas e vitórias. 


Quanto mais se busca a espiritualização voluntariamente mais se distância das dificuldades inerentes à materialidade, apesar de se carregar ainda um mescla claro-escuro nesse tempo de transitoriedade, sendo que a vivência da essência espiritual bem compreendida leva à amenização do que está escuro com a ampliação do que é claro, que nada mais é que a prática do bem que aprimora o ser – como: “a caridade cobre uma multidão de pecados” (1) – é a iluminação espiritual daquele que luta para se burilar, tornando-se melhor, capaz de arregimentar recursos espirituais para alçar-se à faixa vibratória mais depurada, onde impera a felicidade real, àquela mesma citada por Jesus Cristo (2), que não é a deste Mundo.


Os tempos atuais são auspiciosos, cada um sofre o seu cadinho, mesmo parecendo um verdadeiro caos, nada mais é que processo de oportunidade aos Espíritos em desenvolvimento de suas potencialidades, exercendo o livre-arbítrio, construindo novos caminhos e desconstruindo outros que as experiências mostraram não serem os melhores, porque trouxeram dores e infelicidades, mas mostraram que existem outras possibilidades com resultados novos e melhores.
                                                                                              
                                                                                      Dorival da silva

(1)   I Pedro, 4-8) – (também traduzida por: “o amor cobre uma multidão de pecados).
(2)   – João, 14-27. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Maior Desafio


Sem dúvida, não há maior desafio para o homem, na Terra, que o de sua própria renovação.

Não é fácil a vivência evangélica no cotidiano. Muito difícil deixar de ser o homem velho; difícil, porquanto o homem velho simboliza hábitos cultivados ao  longo de muitos séculos; difícil, porque o homem velho representa o peso do pretérito sobre o presente...

No entanto é indispensável que o sincero adepto do Evangelho nas bênçãos da Doutrina Espírita persevere no seu esforço de transformação moral.  A Vitória de cada dia representa muito para a vitória definitiva que procuramos ao longo do tempo.

A abnegação de cada instante, o devotamento de cada minuto começa a modificar o homem em sua intimidade nas dimensões mais profundas do ser. Os que cruzam os braços permanecerão indefinidamente estacionados... É imperioso que o homem trabalhe, a cada dia, conquistando espaços dentro de si mesmo, acendendo luzes no escuro da própria personalidade, abrindo clareiras na floresta quase indevassável de  suas imperfeições e mazelas.

O testemunho diário é extremamente penoso; reconhecemos que perdoar é tarefa para aqueles que já conseguem ser maiores do que são; renúncia é empreendimento de titãs do espírito; servir é decisão dos que lograram despertar para as realidades transcendentes da Vida!...

É importante que o homem saia do lugar comum; é preciso que fuja ao círculo vicioso em que se encadeia ao longo das vidas sucessivas; é indispensável que, de maneira consciente, o homem se decida, se emprenhe na sua própria edificação espiritual, se liberte do mundo e das circunstâncias que o escravizam ao imediatismo, fuja às sugestões do interesse material, quebre as algemas do egoísmo que o encarceram na busca insaciável do que lhe é de interesse exclusivo...

Sem que o homem inicie esse movimento de autolibertação, a partir de suas próprias entranhas, ele permanecerá vassalo dos próprios sentidos, algoz dos próprios anseios de ordem inferior a  se lhe transfigurarem em pesadelos constantes...

Que o homem pare de correr, afrouxe o pé no acelerador do carro da ambição desmedida e introjete-se, palmo a palmo, conhecendo-se melhor, sempre inspirado nas indeléveis palavras do Cristo: “Brilhe a vossa luz; sede perfeitos como perfeito é vosso Pai celestial; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”...

Difícil a vitória sobre si mesmo, penosa é a luta, árdua é a subida, repleta de espinhos a caminhada; no entanto, a partir do momento em que o  homem tomar consciência de que é o arquiteto de sua própria felicidade, o construtor do destino, experimentará n’alma a alegria indelével dos grandes mártires e luminares que tomavam sobre os ombros a cruz e partiram determinados, monte acima!...

Irmão José
Extraído do livro: Mediunidade, Corpo e Alma.
Médium: Carlos A. Baccelli

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Você Gostaria de ser abortado?

Você Gostaria de ser abortado?

Estão em análise no Congresso Nacional modificações na Lei que descriminaliza legalmente o aborto, ampliando-se a sua autorização para diversas circunstâncias, com as justificativas possíveis somente em base materialista. Onde está o respeito à vida? O Brasil não é o maior país cristão do Planeta? Se cristão, deverá seguir as pegadas do Mestre; e Ele norteia: “Amar ao próximo como a si mesmo; fazer aos outros como quereria que nos fizessem”. O Congresso Nacional não representa os habitantes do País? Então não deveria destoar do sentimento predominante de respeito à vida.

A justificativa em primeira pauta, pelo que se denota na imprensa, é a de saúde pública, porque a mulher pobre que não pode recorrer a hospitais regulares buscam as clínicas clandestinas ou parteiras improvisadas para se livrar  da gravidez indesejada.  Fato que não se justifica, apenas mostra a falta de compromisso com a realidade, é o caminho de menor esforço para solução de problema grave.  Invés de corroborar com o crime daqueles que por irresponsabilidade ou ignorância -- dizemos daqueles, porque a mulher não gera gravidez sem a participação do homem --, assim todos que participam ou colaboram são criminosos diante da Lei Natural, independentemente de autorizações judiciais. Por que não gastem suas energias para desenvolver programas aplicáveis de forma a intensificar a educação para que não haja mais gravidez indesejada? 

Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita, questiona os Espíritos de Escol, como registrado em O Livro dos Espíritos: “No caso em que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?”.  “É preferível sacrificar o ser que ainda não existe a sacrificar o que já existe.” (1)  Essa é a única possibilidade. Assim mesmo a intensidade do ato se medirá, na consciência dos envolvidos, de acordo com o que resultou o risco.  Foi inconsequência, vício, invigilância e outras irresponsabilidades, ou a ocorrência se deu inteiramente alheia a vontade das partes, que tudo fizeram para que chegasse a bom termo. O peso não é pelo que aparenta ou se faz aparentar, mas pela verdade existente na intimidade da consciência. Aí que a Lei imutável de Deus está presente e faz justiça.

Lembrando que todos somos Espíritos, que já reencarnamos inumeráveis vezes, que novamente retornaremos no futuro. Será que também não poderemos sofrer o aborto?  Colhemos o que plantamos, é da Lei Divina -- “a cada um segundo as suas obras”.  O Espiritismo demonstra a lei das afinidades, a lei do retorno, da causa e efeito. Será que é preciso sofrer para aprender, sendo que todas as forças da vida estão dizendo o que é certo e o que é errado?

Os Congressistas existem para trabalhar pela melhoria do povo, proporcionar a elevação da consciência da massa, tendo como norteadoras as normas Divinas, que estão exaradas desde Moisés, no Decálogo. Com Jesus, que demonstrou a aplicação do amor, para enriquecimento da vida. Atualmente as religiões sérias que respeitam e buscam levar os adeptos a que respeitem a vida.

No livro citado, encontramos a indagação: “O aborto provocado é um crime, seja qual for a época da concepção?  -- Há crime toda vez que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou qualquer outra pessoa, cometerá crime sempre que tirar a vida de uma criança antes do nascimento, pois está impedindo uma alma de suportar as provas de que serviria de instrumento o corpo que estava se formando.”(2).  Nenhuma peripécia política, conveniências quaisquer, tirará o caráter criminoso do aborto, ressalvada apenas a condição de se salvar a mãe, que corre risco em virtude da gravidez.

Todas as demais situações, muito embora dolorosas e emocionalmente difíceis não são legítimas para resguardar a tranquilidade da alma, porque a dívida não fica quitada e ainda amplia o peso da consciência.  Isto considerando que diante da Lei Natural não existe injustiça, mesmo que alegue que o feto apresenta anomalia, foi estupro...    Estamos envolvidos no processo evolucionista de causa e efeito. É a justiça perfeita, queiramos ou não!  Ela acontece em qualquer tempo, encontra o infrator inequivocamente, exigindo o ajuste necessário. Trata-se da harmonização da consciência através da expiação e do resgate, sofrendo as penalidades que a vida proporciona, vivenciando as consequências, resultantes de nossos feitos passados.

Com tudo que temos sobre a preservação da vida, como as das florestas, da vida marinha...; como fazer lei com a finalidade de negar a vida ao nascituro indefeso?  Isso se daria sem consequência? Passaria sem a resposta devida da Natureza? É isso que leva a sermos sempre vítimas de nós mesmos. 

Assim é em qualquer época, porque a Lei Divina aguarda que a criatura amadureça e se sinta encorajada a ressarcir a própria consciência daquilo que, mesmo legalmente, serviu de mote para o crime, sabendo que não devia cometê-lo. Somos seres imortais, quer dizer que trocamos de corpo, mas na essência, em todos os corpos que viermos a habitar somos nós mesmos com todo o cabedal acumulado nos milênios transcorridos.

A paz futura é resultado do que estamos construindo agora e da educação que estamos realizando presentemente, porque educamos o que temos adquirido anteriormente, em vidas passadas, não poderemos educar o que ainda não existe em nós, estamos vivendo uma sucessão de acumulados educáveis dependendo dos esforços de cada um e das ferramentas colaborativas apresentadas pela sociedade organizada, através de seus organismos.  Sofremos as influências ambientais, onde vivemos, por isso existem as dificuldades coletivas, temos as mazelas particulares e as sociais.

A existência de lei que autoriza o aborto é comprometimento social, é coletivo, pois o poder legislador “emana do povo”, mas a decisão de utilizar da liberalização legal é problema pessoal, todos estão comprometidos e responderão adequadamente no momento próprio, porque a Lei Natural é justa.

1.     O Livro dos Espíritos, questão 359, Allan Kardec, tradução: Evandro Noleto Bezerra, FEB.
2.     Idem, questão 358.

                                                                                                         Dorival da Silva

sábado, 7 de abril de 2012

VIDA VIRTUAL


Todos estão apressados, tudo acontece num átimo. As decisões são repentinas, avançar, cancelar, transmitir, informar e ser informado, tudo à velocidade do relâmpago. Ótimo! É a modernidade, a inteligência avançada do homem. São as satisfações e as frustrações instantâneas. Produz-se mais, com mais facilidade, com menos tempo. O quê se faz com o tempo excedente pelas facilidades? Será que vem sendo utilizado com utilidade? Pelo que se denota em grande parte é utilizado com bagatelas, que se não existisse não alteraria a vida. A tecnologia é recurso por demais importante e fluiu dos Planos Maiores da Vida para ajudar o homem imprimir mais condições evolutivas tanto no mecanismo de suas atribuições materiais, como e, principalmente, realçar suas condições evolutivas espirituais.

Somente a ampliação do modus tecnológico não proporciona a felicidade do Ser, embora a habilidade seja exercício do Espírito. O que proporciona a melhoria da condição espiritual e leva o Ser à felicidade são as suas iniciativas de aprimoramento do fator moral. Lucidez é exercício de atitudes nobres. A percepção dos atributos positivos e negativos, os primeiros para que sejam cultivados, os segundos para serem corrigidos com a tolerância e os esforços para o entendimento daqueles que nos cercam com as imensas pendências morais.

Diante de tantas sinalizações proporcionadas pelos responsáveis pela condução evolutiva da população espiritual do Planeta, é irresponsabilidade do homem desleixar-se na condução de sua espiritualização. Independentemente de credo religioso, a realidade espiritual está evidenciada nos mais diversos segmentos sociais, observa-se nas ciências ordinárias, nas artes, na filosofia. O que se espera é que reflexione sobre as evidências. O homem já tem a inteligência bem desenvolvida e grau cultural considerável, preciso é exercitar a humildade.

Será que todas as facilidades permitidas nas últimas décadas para diminuir os esforços físicos dos homens são sem objetivos? Será que seria somente para folgar os Seres, sem nenhuma outra necessidade? O que existe sem nenhuma finalidade na Natureza? Àquele que cria em favor da criatura permitiria ao homem a ociosidade, estimulo à futilidade? Jamais! Não é condizente com a Sua perfeição absoluta, não é para isso que permitiu a inteligência e consciência a Sua criatura.

Os atributos do ser humano são para seu crescimento constante e infinito, regido pela lei irrevogável e justa do mérito. A ausência de crescimento por desleixo, imprevidência, irreflexão, apesar de todas as indicações Divinas, resta o sofrimento próprio correspondente à infração.

Os mecanismos de distração utilizados em escala relevante, pela sociedade nos dias que se correm, são a má utilização do tempo disponibilizado. O sensualismo, a drogadição, o uso estapafúrdio do físico humano são os desforços para a insensatez. A deterioração da sociedade, a corrupção de toda ordem, as intemperanças, os mais variados tipos de crimes; os resultados disso são os rios de lágrimas, os arrastamentos pelo tempo das misérias a ser resgatado até a limpeza da consciência individual e coletiva.

O planeta Terra é como uma ilha no oceano Universal, os homens são como os náufragos que precisam se salvar. O tempo urge e o barco salvador é o estado de consciência, que exige o dever cumprido. Seja a tecnologia o recurso que proporciona e amplia a oportunidade para a melhoria inadiável do homem. Caso não seja possível, para os inadvertidos sobrará “o choro e o ranger de dentes, nas sombras exteriores...” O tempo tem seu ritmo, os ciclos são contados, lágrimas ou felicidades são por conta de cada um.

A mensagem de Jesus, ampliada por sua promessa, através da Doutrina Espírita, é para todos indistintamente. A sinalização se faz vista em toda parte, a apreensão é para os que se tornam humildes, capazes de renunciar àquilo que não serve para o engrandecimento do Ser espiritual.

Dorival da Silva