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quinta-feira, 24 de junho de 2021

Construção feliz

Construção feliz

Ao ler uma página que comentava uma passagem do Evangelho de Jesus¹, deparei-me com a descrição de uma cidade construída sobre um monte, visível a todos. Portanto, era impossível que ficasse escondida.

Após a leitura dessa página, um amigo espiritual abordou o tema com grande profundidade de entendimento.  

A abordagem dele sobre essa cidade, em paralelo com a alma de cada criatura, fala da visibilidade da cidade pelas suas luzes, que todos podem observar e conhecer sua localização à distância. É referência, não há como se enganar quanto a sua beleza e qualidade. Assim, inspiramo-nos para tratar do tema com as nossas palavras, longe do mesmo alcance do Amigo Espiritual,  como segue.

A alma humana, assim como tal cidade, precisa ser construída, alcançar autonomia e se iluminar. Jesus, o Cristo, no Seu projeto geral para a Terra trouxe os roteiros para que cada pessoa realize a sua cidade interior.   O Senhor apresentou os elementos, mas o arquiteto dessa obra portentosa é cada um de nós, os encarnados.

O terreno apresenta tortuosidades, defeitos de muitas formas, partes ainda pouco acessíveis, resistências endurecidas de difícil remoção. Os recursos disponíveis são escassos, as perspectivas são de receio, medo e incerteza...

O projeto se apresenta, e o roteiro indica que, sem esforços, dedicação e persistência, a obra não se estabelece. O construtor e as mãos que trabalham são o proprietário, ou seja, nós mesmos. É preciso iniciar a obra, a expectativa é a de trabalho duro. Não há dúvida. O prazo tem limite. A atmosfera se apresenta carrancuda. Muitos poderão ajudar, nem sempre acontece, e isso não é garantia do êxito. Todos têm sua própria cidade a construir.

O Guia da Humanidade aguarda as construções, não de qualquer jeito, mas com qualidade, a melhor, porque elas deverão ter aparadas todas as imperfeições e que suas bases estejam sólidas, alicerçando altura inimaginável de virtudes e sentimentos nobres.

Todas as fraquezas inicialmente detectadas deverão se transformar em fortificações, onde as tempestades, por mais intensas que sejam, não encontrarão brechas para abalá-las.

A grande construção, a maior que é possível realizar, é o aprimoramento da própria Alma. Ter luz própria. Não para exaltação de orgulho, pois já não carregará mais esse pejo. Mesmo porque todos deverão ter luz própria. Isto que o Mestre aguarda -- “Faça-se a vossa luz”.

Novo tempo, nova era, circunstância que é sonho ainda, mas se tornará realidade. Está no Projeto Geral do Senhor. Os Seus esforços vêm há milênios, empenhando-se em fixar verdades para a Humanidade. Realizando renúncia ingente, embrenhou-se num corpo falível para apresentar pessoalmente ensinamentos e exemplos do que espera de cada um dos Seus tutelados.

Jesus não é um personagem mítico, é uma Realidade, existe tal como eu e você... apenas que num estágio evolutivo que somente em futuro distante poderemos compreender melhor, porque precisamos crescer muito espiritualmente para isso.

Ele, o Senhor, veio desse futuro para onde estamos indo, para nos indicar o caminho.  Tendo percebido as Suas pegadas, precisamos também marcar o caminho com as nossas, mesmo que sejam pouco aparentes ou quase não notadas.

No contexto das construções iluminadas, desaparecerão as desconfianças, as traições, os crimes e as doenças... Reinarão a paz, a felicidade e o amor ao próximo. Não serão necessários cuidados em relação à sua segurança, vez que existirá uma verdadeira fraternidade.

A luz do amor, do respeito e da moral elevada estará em toda parte. A convergência de esforços será para ações a favor da coletividade, atendendo à justiça da consciência iluminada, sem outra intenção que não seja o bem pelo bem.

Esta é a construção feliz. Todos nós somos as construções mais importantes desse empreendimento espiritual, pois não existe outra razão. Se houvesse outra razão, Jesus teria falado. Tudo depende apenas de nós!

                                                   Dorival da Silva

1 – Mateus, 5:14

Caminho, Verdade e Vida, cap. 76,

Emmanuel, Francisco Cândido Xavier



terça-feira, 24 de novembro de 2020

Racismo, preconceito!? Por que ignorar isso?

 Racismo, preconceito!? Por que ignorar isso? 

      Para analisar esse assunto em profundidade, é preciso considerar que todos os homens do mundo são espíritos imortais em viagem sem fim na busca do estado de perfeição. Racismo, preconceito e todos os sectarismos e outros “ismos” referentes existem pela ignorância da própria essencialidade espiritual. 

A perseguição de uma raça de gente por outra, de um entendimento religioso por outro; ou, a intolerância de dissensão política ou, mesmo, de comportamento, não se justificam, se se tem conhecimento lúcido do “Ser”, que cada um é.  

Cabem os questionamentos adiante que ajudarão no entendimento: O que é o Ser humano?  “Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma composição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução. (...).”¹   

“Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma? Uma massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”²

“Que é a alma? Um Espírito encarnado.”³ 

“Que é a alma antes de unir ao corpo? “Espírito.”4  

Então, o Homem é um Espírito que está reencarnado num corpo, enquanto dá vida inteligente ao seu equipamento de carne, chama-se Alma. Diz-se: reencarnado, porque não é a primeira vez que encarna, ou seja, retorna à vida material em novo corpo. Quando se refere a “Homem” ou “Os Homens” está se referido à Humanidade, o que inclui os seres masculino e feminino (homem e mulher), sem nenhuma distinção de gênero, mesmo porque se trata de Espíritos que poderão reingressar no mundo num e noutro sexo. 

A consciência dessa realidade permite a retirada do véu que impedia o entendimento mais amplo da vida e suas razões.  Assim, o racismo e os preconceitos perdem a razão para existir, como a escuridão que se extingue à chegada da luz, o desfazer da ignorância de quem realmente se é, e a finalidade de estar neste mundo.

Com a reencarnação, agora bem entendida pela revelação dos Espíritos Superiores, condutores da Humanidade, não é possível que as mentes e corações conhecedores dessa verdade, que supera  as conjecturas outras, não compreendam a grandiosidade da justiça Divina para com seus filhos, mostrando que todos têm o mesmo direito diante de sua Lei. “Qual a finalidade da reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?”5.   

A reencarnação, que é uma Lei Divina, que todos estão submetidos, resolve a questão do racismo…  Os indivíduos que compõem a atual sociedade, passada essa experiência -- toda geração passa --, retornando à vida espiritual, quando terão condições para analisar as consequências da existência terminada, às suas e da sociedade da qual participou, verão quais necessidades que lhes incomodam e novas programações de retorno à carne serão preparadas, na busca da solução dos seus incômodos espirituais.  

Assim, com as revisões que as análises e estudos no mundo espiritual proporcionam ao Espírito, de acordo com os novos propósitos, individuais e coletivos, buscam o reingresso na vida material, possivelmente, em muitos casos, por escolha própria, em posição reversa a da vida anterior; se eram negros poderão ser brancos, se eram do sexo masculino poderão envergar a estrutura feminina, se foram pobres encontrarem o caminho da riqueza. Não sendo essa alternância uma regra fixa, pois que existe o livre-arbítrio, mas o Espírito, estando fora da matéria tem visão mais ampla, vê as melhores possibilidades para vencer as suas deficiências, limitações, e os problemas de consciência. Embora no novo corpo não lembre as suas resoluções anteriores, mas estas estão no Espírito, e elas fluem através das tendências e da intuição. É possível observar isso no dia a dia das pessoas, como as habilidades inatas, que se apresentam sem nunca nesta existência ter feito treinamento para determinado fim, no entanto, demonstram facilidades para tais e tais tarefas. 

Racismo e preconceito são heranças de educação deformada, resultado da ignorância e do orgulho, que geram o ódio e a vingança, como são sentimentos que estão no Espírito, e não se sabe quando originou e nem em que circunstância, mas existe como uma nuvem invisível que magoa uns, ao mesmo tempo, atiça outros; todos digladiam, sendo vítimas do mesmo mal. Certamente os racistas de hoje são os mesmos que envergaram indumentária carnal que representava a raça que odeiam, e vice-versa. O sentimento está no Espírito. A única solução é o entendimento de que todos são Espíritos, que caminham para a libertação das peias, entre outras, aqui se trata do racismo e dos preconceitos de maneira geral. A decisão primeiramente é particular, íntima, depois os gestos e atitudes novos refletem na sociedade. Quando a maior parte da população estiver livre de tais amarras o Mundo já será outro, muito melhor, porque os Espíritos estão mais adiantados. 

Sem a educação moral, àquela que se adquire no berço, a educação de família, como preconiza Allan Kardec, será muito difícil aguardar que a escola regular e a justiça formal possam resolver tais problemas. Jesus, o Cristo, ensina: “Ame o seu próximo com si mesmo.”6 Grande parte dos racistas e preconceituosos conhecem a máxima do Mestre Nazareno, no entanto, sobre  as verdades espirituais não bastam estar informado, é preciso que se torne uma realidade internalizada na Alma, e reflitam nos gestos e atitudes no seu contexto de vida. Indivíduo evangelizado desconhece sentimentos racistas e preconceituosos. 

A Doutrina Espírita tem como máxima: “Fora da caridade não há salvação”7.  Desrespeito a quem quer que seja é faltar com a caridade. Agressividade para com os outros, o primeiro agredido é o próprio agressor. Tudo na vida é via de duas mãos. “É dando que se recebe.”, recita São Francisco.

      Com um pouco de boa vontade não é difícil perceber os equívocos da vida, depende do foco preferencial. 

      O eixo principal desses males é o orgulho e a insensatez.  

                                               Dorival da Silva

  1. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, capítulo X, item 26, Allan Kardec, FEB, tradução de Guillon Ribeiro

  2. Questão 136-b, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, tradução de Evandro Noleto Bezerra.

  3. Questão 134, idem.

  4. Questão 134-a, idem.

  5. Questão l67, idem.

  6. Mateus, 22:39.

  7. Capítulo XV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Karde, LAKE, tradução de J. Herculano Pires.


sábado, 12 de setembro de 2020

Que temos com o Cristo?

 Que temos com o Cristo?


“Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? vieste destruir-nos? Bem

sei quem és: o Santo de Deus.” — (Marcos, capítulo 1, versículo 24.)


Grande erro supor que o Divino Mestre houvesse terminado o serviço ativo, no Calvário.

Jesus continua caminhando em todas as direções do mundo; seu Evangelho redentor vai triunfando, palmo a palmo, no terreno dos corações.

Semelhante circunstância deve ser lembrada porque também os Espíritos maléficos tentam repelir o Senhor diariamente.

Refere-se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam do corpo da criatura.

Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem dominando vastos organismos do mundo.

Na edificação da política, erguida para manter os princípios da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio, formado para estabelecer a fraternidade, aparecem com os apelidos de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância sectária.

Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessão de Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito mais.

E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e organizações indagam com pressa: “Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?”

É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico, vestido nas túnicas brilhantes da falsa ciência.


Mensagem extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, capítulo 144, publicação de 1948.


                                                            **************



Reflexão: 

Na página acima, o Orientador Espiritual, referindo-se a versículo do evangelho faz abordagem que com precisão dá a clareza à realidade comportamental das gentes destes dias modernos. 

Lembra-nos que Jesus está presente, continua o trabalho revelador das coisas dos Céus para os homens, iniciado à margem do Tiberíades, ensinando e socorrendo os aflitos, os doentes do corpo e da alma, exemplificando o bem e marcando no tempo, com suas vibrações de amor e caridade, as pegadas que nos levarão a Deus. 

No entanto, observa a existência das inteligências infernais, que conheciam Jesus, mas O tinham como adversário, pois, perguntam-Lhe: “Vieste destruir-nos?” .  Certo é que Ele veio destruir o mal existente na intimidade dos Espíritos, com o trabalho educativo de restauração dos Seres,  oferecendo as ferramentas e ensinando a utilizá-las a seus próprios benefícios. Não resolverá por Sua vontade os males das criaturas se elas não se propuserem ao esforço do autoconhecimento e as lutas constantes no domínio e erradicação das más tendências, direcionando os pensamentos, os desejos para o bem, distanciando-se das próprias tentações. 

O Espírito Emmanuel, no trecho transcrito a seguir, nos traz a reflexão para os dias atuais, vejamos: “(...), essas inteligências infernais prosseguem dominando vastos organismos do mundo.

Na edificação da política, erguida para manter os princípios da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio, formado para estabelecer a fraternidade, aparecem com os apelidos de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância sectária.). Levantando o olhar na direção do mundo, considerando o meio político, está visível a discórdia e a tirania; no comércio, nos diversos sistemas, a ambição e o egoísmo se tornaram monstro carrasco das multidões; nas religiões e nas ciências, que deveriam balizar a moral e a inteligência da humanidade, enxameiam por muitos caminhos, implícitos e explícitos, o arraigamento do orgulho, da vaidade, do dogmatismo e da intolerância abrindo chagas enormes de preconceitos, escuridão moral, empobrecimento intelectual e miséria religiosa nos seios de milhões e milhões de almas exaustas, com desequilíbrios emocionais de variadas etiologias.   

Nesse eixo reflexivo, ressaltam a depressão, as desilusões, as fantasias, os desvios comportamentais, o suicídio, as corrupções materiais e morais, a desesperança, a desestima de si mesmo… A anarquia emocional e moral dos indivíduos gera a anarquia social, pois são as anomalias da alma que comprometem a normalidade da sociedade.  

“Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessão de Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito mais.”

No parágrafo acima, o Mentor de Chico Xavier, levanta uma questão que todos os Cristãos de Verdade deveriam prestar atenção. O grande problema é a obsessão de Espíritos perversos que atinge os indivíduos, mas também as organizações sejam quais forem. É situação gravíssima, lentamente essa força perversa vai assenhoreando dos pensamentos, criando hábitos, instalando vícios, dependências emocionais, libertinagens morais a título de liberdade…, enfraquecendo a ordem social.  Instalam-se a corrupção e os  corruptores, que repetidamente admitidos tornam-se práticas comuns, enquistando doença moral de difícil solução, sementes contaminadoras das gerações futuras.

A solução para todo o mal está à disposição, mas a hipocrisia vai se manifestar, dada a má vontade e o interesse da continuidade das loucuras do poder e do fugaz prazer de usufruir da ilusória riqueza de que se nunca satisfaz, E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e organizações indagam com pressa: “Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?”  

Comparecer ao templo, recitar os versículos do Evangelho, contribuir afanosamente com recursos à agremiação religiosa, construir edificação faraônica para o Cristo ou Deus não credencia ninguém a posição espiritual de relevância, caso não exista vivência verdadeira  da mensagem de Jesus, de forma a eliminar da alma a ganância, o orgulho, o desejo de poder, a auto exaltação, o exibicionismo, a corrupção de qualquer ordem...;   resultando para o crente a bondade, o amor, a caridade, a humildade, a abnegação no bem…

Após conquista pessoal, pode-se entender: “Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?” 

Jesus deixa claro para a humanidade que seu Reino não é deste mundo, “mundo de materialidade”, próprio dos seres imperfeitos, devedores, sofredores, que carregam em si o próprio mal; no entanto, trazem também em si recursos a serem desenvolvidos, que depois dos esforços de muitos séculos e com a conquista de luz própria, se qualificam a alcançar o mundo de Jesus: de trabalho, de paz e felicidades, pois correspondem ao estado do próprio Espírito vitorioso.

No último tópico, Emmanuel, coloca alerta de muita gravidade: “É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico, vestido nas túnicas brilhantes da falsa ciência.”  Para os que acolheram a Doutrina Espírita (O Cristianismo redivivo), é indispensável o conhecimento dos seus postulados, ter em mente o rigor analítico de Allan Kardec, “o crivo da razão” diante dos fatos novos para não se permitir enganar, não importando a sua origem.  A responsabilidade espiritual é pessoal, não é possível atribuir a terceiros, é preciso que todos tenham clareza própria e façam análise das ocorrências que surgem antes de aceitá-las, o engano é de quem se permite ser enganado. Jesus ensinou:  “Vigiai e orai…”. É preciso estar atento, pois somos responsáveis pela nossa vida espiritual. 

Esclarecer e orientar os menos experientes sim, para isso precisa redobrar cuidados, estar ciente se seus conhecimentos são sólidos, se está convicto do que ensina, pois, haverá sempre ressaibo de responsabilidade. É verdade para você o que ensina? Está em conformidade com a Doutrina Espírita?

Vou registrar adiante uma história espiritual verdadeira que exemplifica:

-- Certo dia, numa das reuniões mediúnicas que dirigimos, compareceu o Espírito de um pastor evangélico para esclarecimento. Iniciado o diálogo, nota-se que o comunicante é pessoa muito distinta e educada, conquanto com as ideias próprias de sua vivência.

-- O senhor é pastor evangélico?

-- Sim. Mas... não estou entendendo como vim parar aqui, neste lugar que não conheço e nem essas pessoas são de minhas relações sociais e nem religiosas. 

-- O senhor se lembra de ter ficado doente? 

-- Estou em tratamento…; tem algum tempo que não cuidam de mim, não me alimentam e nem me dão medicamento; não entendo…

-- Por que será? Os seus familiares não são sempre solícitos e amorosos? Já pensou que fato importante ocorreu? Estava doente, não é? 

-- Se morri, não entendo, deveria estar “em sono aguardando o dia do juízo…”; deve ser uma ilusão… um…

-- O senhor percebe que houve uma mudança significativa, não consegue falar com os seus conhecidos e nem eles te ouvem, por quê? como o senhor entende isso?

-- Não entendo?!

-- Observa que está falando comigo, mas através desta mulher, o senhor fala e ela repete para mim, assim nós vamos conversando -- ela  tem uma capacidade especial, é médium, capta seu pensamento e seus sentimentos e me transmite, para que eu o entenda --, percebe? 

-- Estou vendo, minha religião nunca falou disso!?  Então, quer me falar que estou morto!?

-- O melhor a dizer é que o senhor está vivo, no entanto, o seu equipamento carnal, que é o corpo, portanto, ele não é o senhor, aquele sim passou pelo fenômeno da morte, pois estava doente, agora o senhor se apresenta como um Espírito, é o que todos nós somos. 

-- Impressionante! Nunca nos ensinaram assim! 

-- Vê aqui no ambiente novo,  que se abriu, pessoas que o senhor conhece? São várias…

-- Estou vendo!... 

-- Tem algum conhecido?

-- Muitos. Pastores amigos, meu professor… Mas, eles estão mortos há muito tempo…

-- Vieram para demonstrar-lhe de que a morte não existe. Continuam vivendo e trabalhando...

-- Estão me convidando para ir com eles, que me explicarão muitas coisas…

 Seguiu com seus amigos espirituais e encerrou-se esse diálogo.

 Na reunião da semana seguinte, compareceu o espírito do Pastor novamente, dizendo:

-- Na semana passada estive aqui, compreendi a minha realidade, mas você me arrumou uma situação que me trouxe perturbação que está me enlouquecendo, porque vi que a morte não é como eu aprendi em minha vida, como exaustivamente ensinei ao povo da minha igreja e agora que eu sei que daquela forma não era verdade como fica a minha consciência, se ensinei o que não é verdade, como vou dar conta disso? Como vou retornar lá para dizer àquele povo que não é daquela forma que acontece...

-- Um orientador espiritual socorre, esclarecendo: “Meu irmão, não se preocupe com isto, você, quanto na tribuna do seu templo, ensinou honestamente a verdade de que tinha convicção, assim, não poderás carregar culpa. Terás, após se preparar condizentemente, aqui na espiritualidade, oportunidade de levar esses novos conhecimentos para todos aqueles que desejarem ouvir”.

Assim, elucidada a questão encerrou-se essa comunicação. 

O Pastor da comunicação ensinou a verdade, pois assim estava convicto, teve a sua consciência justificada; e, caso, estivesse ensinado sem convicção, tendo em suas mãos as orientações espirituais adequadas, mas pretendendo prevalecer com a sua opinião, em detrimento da verdade, como estaria diante da consciência?

O espírita não tem escolha, precisa estudar e estudar, vez que tem os elementos da promessa de Jesus (O Consolador), que veio lembrar ao homem tudo o tinha ensinado e ensinar o que não foi possível, considerando o próprio estado evolutivo da humanidade àquela época. Agora tem toda uma Doutrina reveladora da relação da vida espiritual no corpo e  fora dele, é o estágio de vida na Terra  que chegou na sua maior culminância, abrindo as portas da espiritualidade.

As balizas estão colocadas, o rumo acertado, agora é caminhar pela própria vontade. O atraso para se atingir a meta pertence a quem se acomoda, ou vive a questionar sem buscar resposta, ou sem querer ouvi-la. Desejar que os segredos do futuro lhe venham ao encontro é infantilidade. Sem a ferramenta da renovação interior, os esforços para dominar o orgulho e o egoísmo enclausurados na alma, impedindo o  enriquecimento do espírito com a humildade e o reconhecimento da urgência para abandonar as futilidades e quaisquer vantagens materiais que entorpecem o cumprimento dos deveres maiores para com o próprio futuro espiritual. 

Jesus aguarda decisão de quem desejar o encontro decisivo para vida plena numa realidade de consciência livre. A paz e a felicidade precisam existir no céu de cada indivíduo para que componham a plenitude coletiva que os séculos noticiaram.   

O Mestre Divino jamais destruirá alguém, mas,  sim, aguarda todos os seus filhos-irmãos para compor o seu redil de luz e amor.

Reflitamos!

                                                Dorival da Silva


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Cadinho

 Cadinho


Reunião pública de 30-01-1959.

Questão n.º 260.


Muitas vezes, na Terra, na posição de cultores da delinquência, conseguimos escapar das sentinelas da punição. 


Faltas não previstas na legislação terrestre, como sejam certos atos de crueldade e muitos crimes da ingratidão, muros adentro de nossa vida particular, quase sempre acarretam a queda e a perturbação, a enfermidade e a morte de criaturas que a Divina Bondade nos põe no caminho.  


De outra feita, quando positivamente enodoados com o ferrete da culpa, conseguimos aligeirar nossas penas ou delas nos exonerar, subornando consciências dolosas, no recinto dos tribunais. 


Todavia, a reta justiça nos espera, infalível, e além da morte, ainda mesmo quando tenhamos legado ao mundo vastas parcelas de cultura e benemerência, eis que as marcas de ignomínia se nos destacam do ser, então expostas à Grande Luz. 


Nessa crise inesperada, imploramos nós mesmos retorno e readmissão nos cursos de trabalho em que se nos desmandaram a deserção e a falência, a fim de ressarcirmos os débitos que os homens não conheceram, mas que vibram, obcecantes, no imo de nossas almas. 


É assim que voltamos ao cadinho fervente da purgação, retomando nos fios da consanguinidade a presença daqueles que mais ferimos, para devolver-lhes em ternura e devotamento os patrimônios dilapidados, rearticulando os elos da harmonia que nos ligam a todos, na universalidade da vida, perante a Lei.


Reverenciemos. desse modo, no lar humano, não apenas o templo de carinho em que se nos reabastecem as forças, no exercício do bem eterno, mas igualmente a rude escola da regeneração, em que retomamos o convívio dos velhos adversários que nós mesmos criamos, a ressurgirem na forma de aversões instintivas e desafetos ocultos, que nos constrangem cada hora à lição da renúncia e à mensagem do sacrifício. 


E por mais inquietante se nos afigure a experiência no educandário doméstico, guardemos, dentro dele, extrema devoção ao dever, perdoando e ajudando, compreendendo e amparando sem descansar, pois somente aquele que se engrandeceu, entre as quatro paredes da própria casa, é que pode, em verdade, servir à obra de Deus no campo vasto do mundo. 


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Página extraída do livro: Religião dos Espíritos, ditado pelo Espírito Emmanuel, ao médium Francisco Cândido Xavier, sendo que o próprio Espírito informa na página de rosto da referida obra, “(...), nos foi possível, no curso das 91 sessões públicas para estudo da Doutrina Espírita, a que comparecemos, junto de nossos companheiros uberabenses, no transcurso de 1959, na sede da Comunhão Espírita Cristã, nesta cidade. (...).


Nota 1: A questão em referência (260) pertence à obra: O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicada em 18.04.1857, na França. Com o objetivo de facilitar sua leitura a transcrevi abaixo:  


260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida?

“Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem, é necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar.”


Nota 2: As obras de Allan Kardec estão disponíveis para consulta, gratuitamente,  no endereço:  https://kardecpedia.com/


sábado, 30 de maio de 2020

Um olhar

Um olhar 

 

Um olhar não é só a captação da luz pela retina. 

Carrega os valores de quem olha. 

O que se olha, como se vê. 

Será que é fortuito? 

O que encontrou? 

Pode ser bom, ruim, comprometedor, insólito! 

O que se pode aproveitar desse olhar? 

Será que merece silêncio, ou devo contar? 

Salva, condena, compromete? 

Que intenção carrega? 

Tem a vibração de quem olha. 

É intencional? Premeditado! 

A responsabilidade aumenta. 

Encontrou outro olhar? 

O que se conclui? 

Um pedido, confissão, condenação… 

Olhar existe que cura, adoece, condena… 

Qual olhar prevalece? 

De análise, crítica, julgamento… 

Nunca será diferente das qualidades do coração. 

O que reserva no coração? 

Deveria ser amor, perdão, compreensão, fraternidade, caridade… 

Como imaginar seja o olhar de Jesus? 

É Ele que precisa ser imitado. 

Amor, caridade... 

Um olhar Santo! 


Dorival da Silva