sábado, 15 de outubro de 2011

Criança e Família


            Sempre que se tenha em pauta a discussão do futuro da Humanidade, a questão vital, que de imediato ressalta, diz respeito à criança.
            Não se podem estabelecer programas de ação para o provir, sem que se cuide dos elementos básicos para esse mister.
            Em qualquer empreendimento humano que objetive a sociedade do amanhã, é indispensável não nos esquecermos da realidade dos dias atuais, cuidando-se de dignificar os que transitam na infância, ora desarmados de recursos éticos e de apoio emocional, carentes de amor e arrojados aos despenhadeiros das sensações grosseiras, que os debilitam e esfacelam.
            Não nos referimos aqui, apenas ao menor carente, àquele que padece das ásperas quão infelizes conjunturas socioeconômicas e que constituem os milhões  de vítimas dos processos políticos impiedosos, geradores dos cânceres morais da ganância, da arbitrariedade e da prepotência a que se submetem os inditosos fomentadores do poder desvairado.
            Tampouco analisamos a situação dolorosa dos pequeninos sem pais, que são atirados, sem maior preocupação, às Instituições, onde se transformam em um número para representações estatísticas, ou nas quais são exibidos para inspirar a compaixão de uns, enquanto se exaltam outros sob os rótulos da solidariedade, da filantropia ou da caridade...
            Detemo-nos a examinar o problema da criança, no contexto da família moderna, quando os sentimentos do amor e do dever se fazem substituídos pelas fórmulas simplistas e pelas ações fáceis, mercantilizadas, de assistência moral e educacional.
            Tornando-se vítima, insensivelmente, do processo tecnológico avançado, o homem vem cedendo aos automatismos que o vencem, em detrimento das realizações com que se felicitaria, não se permitisse exageros na pauta das ambições do ganho e do gozo.
            Dizendo-se vítima das pressões de vária ordem, em decorrência dos impositivos do momento, a criatura entrega-se, em faina extenuante ou aventureira, à conquista dos valores amoedados, transitórios, elaborando mecanismos escapistas para o prazer, com os quais espera fugir às neuroses, não possuindo tempo nem paz para os deveres gratificantes da família, do lar, da prole.         
            Os cônjuges, em decorrência desse aturdimento, saturam-se com rapidez, engendrando técnicas de liberação ou desfazendo os vínculos matrimoniais, que foram estabelecidos à pressa, atendendo a caprichos infantis, possessivos, ou a interesses outros, subalternos, aos quais arrojam, sem melhor exame, o destino e a responsabilidade.
            Outras vezes, em face ao desgaste resultante dos excessos de qualquer porte, adotam atitudes extravagantes, de demasiada permissividade, ou de irritação e desmando, dando curso a estados instáveis e emocionalmente inseguros, em que os filhos se desenvolvem, entre indiferenças, desagrados, mimos impróprios e complexidades emocionais, geradores de futuros distúrbios do comportamento.
            Quando afloram os problemas, na difícil convivência doméstica, recorre-se, apressadamente, a soluções de psicólogos ou psicanalistas, ou educadores talvez sem vivência dessas dificuldades, honestamente interessados, é certo, que deverão realizar em breves horas, adrede marcadas, o que se malbaratou nos demorados dias da convivência familial.
            Os frutos de tal sementeira são, sem dúvida, amargos ou precipitadamente amadurecidos, quando não despencam da haste de segurança, em lamentável processo de  deterioração.
            Ocorre que a família é o núcleo de maior importância no organismo social.
            Quando se desajusta, a sociedade se desorganiza; quando se estiola, a comunidade se desagrega; quando falha, o grupo a que dá origem sucumbe.
            Santuário dos pais, escola dos filhos, oficina de experiências, o lar é a mola mestra que aciona a humanidade.
            Nele caldeiam-se os sentimentos, limam-se as arestas da personalidade, acrisolam-se os ideais, sacrificam-se as aspirações, depuram-se as paixões e formam-se os caracteres, numa preparação eficiente para os embates inevitáveis que serão travados, quando dos relacionamentos coletivos na comunidade.
            Isso, porém, quando o lar, por sua vez, estrutura-se sobre os alicerces ético-morais dos deveres recíprocos, cimentado pelo amor e edificado com o material da compreensão e do bem.
            Sem tal argamassa, desmoronou-se, facilmente, embora permaneça a casa onde se reúnem e se agridem as pessoas, em beligerância contínua, dando início, pela sucessão dos conflitos travados, às grandes lutas que assolam as comunidades, inspirando as guerras a que se atiram as Nações.
            O lar é o suporte imaterial da família, que se constrói na casa onde residem as criaturas, independendo dos recursos financeiros ou dos requintes exteriores de que esta última se revista.
            São o comportamento, as atitudes, as expressões de entendimento fraternal e de responsabilidade que edificam o lar, formando a família, pouco importando as condições físicas do lugar em que toma corpo.
            A criança, que vive na psicosfera de um lar harmônico, no seio de uma família que se compreende e se ajuda, transforma-se no elemento seguro de uma futura humanidade feliz.
            Todo investimento de amor que ora se dirija à criança é de emergência. Sem embargo, de igual necessidade é a educação dos adultos antes que assumam a responsabilidade da progênie, impedindo-os de transferir as suas inseguranças, descontroles, imaturidades, conflitos com que condenam o futuro a imprevisíveis desastres, de que já se têm mostras, a todos arrastando a irreversível situação de dor, que se alongam depois do desgaste físico, nos largos cursos da vida espiritual.
            Tarefa desafiadora para educadores e sociólogos, psicólogos e demais estudiosos do comportamento e da personalidade humana, o grave problema da dissolução da família e o consequente abandono de que vai relegada a prole.
            Adultos caprichosos e desajustados projetarão suas emoções nos filhos, formação de estruturas psicológicas, que lhes assimilarão as agressões e os conflitos, originando-se uma reação em cadeia que explodirá, volumosa, mais tarde, no organismo social.
            É lamentável e dolorosa a situação das crianças que não dispõem de recursos e foram de cedo arrojadas à carência, à orfandade. Não menor, porém, nem menos grave é o futuro incerto dos que padecem famílias desequilibradas, vivendo um presente inditoso, sob a tutela de pais egoístas, agressivos e neuróticos que se alienam, desgovernados e irresponsáveis, pensando em fruir as paixões irrefreáveis, que terminam por consumi-los na voragem da própria insânia.
            Ao Espiritismo, com a sua visão cristã e estrutura filosófica superior, cabe a tarefa imediata de voltar os seus valorosos recursos para a família, trabalhando o homem e conscientizando-o das suas responsabilidades inalienáveis perante a vida, quando informando-o sobre a finalidade superior da sua existência corporal.
            Demonstrando-lhe a indestrutibilidade do ser, bem como preparando-o para as vitórias sobre si mesmo, o conhecimento espírita fará que se esforce por agir com acerto, recuperando-se, na convivência de que a reencarnação ora lhe faculta, dos erros transatos, enquanto lhe oferece as oportunidades superiores para o seu futuro ditoso.
            Com o homem renovado e responsável, surge o lar equilibrado e sadio, onde se formará a criança enobrecida, rumando para uma sociedade melhor.
              Pensando-se, portanto, em termos de futuro, a criança deverá ser sempre a preocupação primeira, e a família, a modeladora inevitável que a trabalha, preparando-a para o amanhã, o que constitui o grande desafio que nos cumpre atender com elevação e dignidade.
            Parafraseando Jesus, repetimos:
            -- “Deixai que venham a mim os pequeninos”... porque à família feliz e nobre pertencerá o reino dos Céus.    


Benedita Fernandes,
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
extraída da obra: Terapêutica de Emergência, capítulo 13, 6ª ed.,

Livraria Espírita Alvorada Editora.  

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

REENCARNAÇÃO - A LEI DO AMOR

REENCARNAÇÃO

“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida, coxo ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.” — Jesus. (MATEUS, capítulo 18, versículo 8.)

Unicamente a reencarnação esclarece as questões do ser, do sofrimento e do destino. Em muitas ocasiões, falou-nos Jesus de seus belos e sábios princípios.
Esta passagem de Mateus é sumamente expressiva.
É indispensável considerar que o Mestre se dirigia a uma sociedade estagnada, quase morta.
No concerto das lições divinas que recebe, o cristão, a rigor, apenas conhece, de fato, um gênero de morte, a que sobrevém à consciência culpada pelo desvio da Lei; e os contemporâneos do Cristo, na maioria, eram criaturas sem atividade espiritual edificante, de alma endurecida e coração paralítico. A expressão “melhor te é entrar na vida” representa solução fundamental. Acaso, não eram os ouvintes pessoas humanas? Referia-se, porém, o Senhor à existência contínua, à vida de sempre, dentro da qual todo espírito despertará para a sua gloriosa destinação de eternidade.
Na elevada simbologia de suas palavras, apresenta-nos Jesus o motivo determinante dos renascimentos dolorosos, em que observamos aleijados, cegos e paralíticos de berço, que pedem semelhantes provas como períodos de refazimento e regeneração indispensáveis à felicidade porvindoura.
Quanto à imagem do “fogo eterno”, inserta nas letras evangélicas, é recurso muito adequado à lição, porque, enquanto não se dispuser a criatura a viver com o Cristo, será impelida a fazê-lo, através de mil meios diferentes; se a rebeldia perdurar por infinidade de séculos, os processos purificadores permanecerão igualmente como o fogo material, que existirá na Terra enquanto seu concurso perdurar no tempo, como utilidade indispensável à vida física.
Extraído da obra: Caminho, Verdade e Vida, cap. 108, Francisco Cândido Xavier/ Emmanuel, FEB


A Lei do Amor
Lázaro
Paris, 1862

            O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avança e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento.  Não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.  A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais.  Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, -- amor – fez estremecerem os povos, e os mátires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
            O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a segunda palavra do alfabeto divino. Ficai atentos, porque essa palavra levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação,  vencendo a morte, revela ao homem deslumbrado o seu patrimônio intelectual.  Mas já não é mais aos suplícios  que ela conduz, e sim à conquista do seu ser, elevado e  transfigurado. O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria.
            Disse que o homem, no seu início, tem apenas instintos. Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo do ponto de partida que do alvo. Para avançar em direção ao alvo, é necessário vencer os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes, sufocando os germes latentes da  matéria. Os  instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua crisálida, permanecem subjugados pelos instintos.
            O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda  a riqueza  futura depende do trabalho atual. E mais que os bens terrenos, ele vos conduzirá à gloriosa elevação. Será então que, compreendendo a lei do amor, que une a todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma, que são o prelúdio das alegrias celestes.  

Extraído de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XI, item8, 43ª ed., LAKE

Nota: Juntamos as duas mensagens por serem complementares, dando-nos a idéia da justiça das reencarnações e os objetivos da vida na matéria. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pensamento


Lourenço Prado

Depois da morte física, empolgante é o quadro de surpresas que se nos descortina à visão, contudo, para nós, cultores do Espiritualismo, uma das maiores dentre todas é a confirmação do poder mental como força criadora e renovadora, em todas as linhas do Universo.
O Céu, como domicílio espacial da beleza, existe realmente, porque não podemos imaginar o Paraíso erguido sobre um pântano, todavia, acima de tudo, o Céu é a faixa de pensamentos glorificados a que nos ajustamos, com todas as criaturas de nosso degrau evolutivo.
O Inferno, como sítio de sofrimento expiatório, igualmente não pode ser contestado, porque não será justo idear a existência do charco num templo vivo, mas, acima de qualquer noção de lugar, o Inferno é a rede de pensamentos torturados, em que nos deixamos prender, com todos aqueles que nos comungam os problemas ou as aflições de baixo nível.
É preciso acordar para as realidades do mentalismo, a fim de nos desembaraçarmos dos grilhões do pretérito, criando um amanhã que não seja reflexo condicionado de ontem.
A Lei concede-nos, em nome de Deus, na atualidade, o patrimônio de revelações do moderno Espiritualismo para aprendermos a pensar, ajudando a mente do mundo nesse mesmo sentido.
O pensamento reside na base de todas as nossas manifestações.
Evoluímos no curso das correntes mentais, assim como os peixes se desenvolvem nas correntes marinhas.
Refletimos, por isso, todas as inteligências que se afinam conosco no mesmo tom.
Na alegria ou na dor, no equilíbrio ou no desequilíbrio, agimos com todos os Espíritos, encarnados ou desencarnados, que, em nossa vizinhança, se nos agregam ao modo de sentir e de ser.
Saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela.
Obsessão é a ideia fixa em situações deprimentes, provocando, em nosso desfavor, os eflúvios enfermiços das almas que se fixaram nas mesmas situações.
Tentação é a força viciada que exteriorizamos, atraindo a escura influência que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia com a ignorância, ou com a perversidade, começa invariavelmente da perversidade ou da ignorância que acalentamos conosco.
Um prato de brilhantes não estimulará a fome natural de um cavalo, mas excitará a cobiça do homem, cujos pensamentos estejam desvairados até o crime.
Lembremo-nos, assim, da necessidade de pensar irrepreensivelmente, educando-nos, de maneira a avançarmos para diante, errando menos.
A matéria, que nos obedece ao impulso mental, é o conjunto das vidas inferiores que vibram e sentem, a serviço das vidas superiores que vibram, sentem e pen­sam.
O pensamento raciocinado é a maior conquista que já alcançamos na Terra.
Procuremos, desse modo, aperfeiçoar nossa mente e sublimá-la, através do estudo e do trabalho que nos enobreçam a vida.
Felicidade, pois, é o pensamento correto.
Infortúnio é o pensamento deformado.
Um santuário terrestre é o fruto mental do arquiteto que o idealizou, com a cooperação dos servidores que lhe assimilaram as ideias.
O mundo novo que estamos aguardando é construção divina, mentalizada por Cristo, na exaltação da Humanidade. Trabalhadores que somos, contratados por nosso Divino Mestre, saibamos pensar com ele para com ele vencermos.

Do cap. 38 do livro Instruções Psicofônicas, ditado por Espíritos Diversos por intermédio de Francisco Cândido Xavier. Lourenço Prado foi escritor espiritualista, autor de vários livros e páginas esparsas, referentes ao Esoterismo. A mensagem acima foi transmitida por via psicofônica em 25/11/1954.
Texto extraído da revista eletrônica O Consolador, no endereço:

sábado, 17 de setembro de 2011

DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS



Raul Teixeira responde
http://www.oconsolador.com.br/ano5/227/raulteixeiraresponde.html
Ano 5 - N° 227 - 18 de Setembro de 2011 - Revista Eletrônica - O Consolador



           – Como devemos, à luz da doutrina espírita, tratar o tema descriminalização das drogas, que alguns indivíduos, de diversas capas sociopolíticas, vêm propugnando, sob o argumento de que seus governos não conseguiram vencer o tráfico?

Raul Teixeira: A questão das drogas é uma questão de moralidade. Enquanto vivermos numa condição de agigantada hipocrisia social, encontraremos esses embates para que se deixe de considerar como um crime aquilo que já se haja tornado comum, usual e, para muitos até, natural, no caso em tela, o uso e a distribuição de substâncias psicoativas, capazes de gerar dependência e destruição.
     O grande problema é que vivemos num mundo em que as drogas são intensamente lucrativas, rendendo cifras altíssimas, ganhos financeiros inabordáveis, e quem as chancela como seus donos, e que estão por detrás da sua proliferação na malha social, são indivíduos sem qualquer escrúpulo, sem nenhuma sensibilidade, que afivelam ao rosto máscaras de cinismo e desfilam em todas as ramas do poder político e econômico, sem que sejam admoestados, enquanto compram o silêncio conivente de autoridades que deveriam ser leais defensoras da saúde pública.
      Desgraçadamente, em razão da grande ansiedade por obter dinheiro, por consumir o que consomem a classe média e os ricos e por gozar de uma vida financeira confortável, magotes de criaturas, jovens e velhos, homens e mulheres, se lançam à inglória lida de representar esses poderes sombrios do tráfico de drogas onde quer que vivam ou até onde possam se distender seus tentáculos.
          Todos os argumentos apresentados pelos defensores da descriminalização de qualquer droga são falsos, sofismáticos e oportunistas. A grande cartada sociomoral seria o engajamento das pessoas de boa vontade no sentido de incentivar os processos sérios e bem acompanhados da educação, que precisaria ter começo nos lares, onde, infelizmente, costuma ter início o uso das mais diversificadas drogas, considerando-se os vícios inocentes de pais, mães e outros familiares de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas abundantemente junto das crianças e, às vezes, oferecendo-lhes ou permitindo-lhes os “tragos” que, de ingênuos a princípio, acabam por desgovernar a criatura em função da instalação do vício.
           A situação espiritual preocupante é que ninguém sabe quem são os filhos ou de que realidades reencarnatórias procedem eles. Muitos reencarnam-se exatamente para superar a influência nefasta do tabagismo, do alcoolismo ou de qualquer outra forma de dependência psicoquímica que desenvolveram no pretérito e, uma vez renascidos, são confrontados pelo acesso fácil a esses usos sob aplauso da sociedade eminentemente dinheirista em que vivemos, marcados os tempos do mundo por um cruel materialismo que tem invadido todas as instâncias sociais e até mesmo os arraiais de muitas crenças religiosas.
            Não há como descriminalizar algo que é um crime em si mesmo. Serão feitos tão-somente jogos de palavras e criaremos novos conceitos para justificar o injustificável. Aí nos daremos conta de que, ainda que os legisladores aprovassem tal descriminalização – como é forte tendência –, entraríamos nas considerações de que nem tudo o que é legal é obrigatoriamente moral. Na visão do mundo, então, tudo estaria bem, com os discursos de enfraquecimento do tráfico, com a suposta diminuição de mortes e de tudo que a clandestinidade propicia aos comerciantes e usuários. Entretanto, ninguém escaparia dos conflitos e comprometimentos de ordem moral, uma vez que as leis de Deus se acham situadas em nossa intimidade, em nossa consciência, de cujas imposições e cobranças ninguém consegue se evadir.

Entrevista concedida em 17 de setembro de 2011 à revista “O Consolador”:

sábado, 3 de setembro de 2011

Transição Planetária por Bezerra de Menezes



Transição Planetária por Bezerra de Menezes

Meus filhos:

Que Jesus nos abençoe.

A sociedade terrena vive, na atualidade, um grave momento mediúnico no qual, de forma inconsciente, dá-se o intercâmbio entre as duas esferas da vida. Entidades assinaladas pelo ódio, pelo ressentimento, e tomadas de amargura cobram daqueles algozes de ontem o pesado ônus da aflição que lhes tenham proporcionado. Espíritos nobres, voltados ao ideal de elevação humana sincronizam com as potências espirituais na edificação de um mundo melhor. As obsessões campeiam de forma pandêmica, confundindo-se com os transtornos psicopatológicos que trazem os processos afligentes e degenerativos.

Sucede que a Terra vivencia, neste período, a grande transição de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração.

Nunca houve tanta conquista da ciência e da tecnologia, e tanta hediondez do sentimento e das emoções. As glórias das conquistas do intelecto esmaecem diante do abismo da crueldade, da dissolução dos costumes, da perda da ética, e da decadência das conquistas da civilização e da cultura…

Não seja, pois, de estranhar que a dor, sob vários aspectos, espraia-se no planeta terrestre não apenas como látego mas, sobretudo, como convite à reflexão, como análise à transitoriedade do corpo, com o propósito de convocar as mentes e os corações para o ser espiritual que todos somos.

Fala-se sobre a tragédia do cotidiano com razão.

As ameaças de natureza sísmica, a cada momento tornam-se realidade tanto de um lado como de outro do planeta. O crime campeia a solta e a floração da juventude entrega-se, com exceções compreensíveis, ao abastardamento do caráter, às licenças morais e à agressividade.

Sucede, meus filhos, que as regiões de sofrimento profundo estão liberando seus hóspedes que ali ficaram, em cárcere privado, por muitos séculos e agora, na grande transição, recebem a oportunidade de voltarem-se para o bem ou de optar pela loucura a que se têm entregado. E esses, que teimosamente permanecem no mal, a benefício próprio e do planeta, irão ao exílio em orbes inferiores onde lapidarão a alma auxiliando os seus irmãos de natureza primitiva, como nos aconteceu no passado.

Por outro lado, os nobres promotores do progresso de todos os tempos passados também se reencarnam nesta hora para acelerar as conquistas, não só da inteligência e da tecnologia de ponta, mas também dos valores morais e espirituais. Ao lado deles, benfeitores de outra dimensão emboscam-se na matéria para se tornarem os grandes líderes e sensibilizarem esses verdugos da sociedade.

Aos médiuns cabe a grande tarefa de ser ponte entre as dores e as consolações. Aos dialogadores cabe a honrosa tarefa de ser, cada um deles, psicoterapeutas de desencarnados, contribuindo para a saúde geral. Enquanto os médiuns se entregam ao benefício caridoso com os irmãos em agonia, também têm as suas dores diminuídas, o seu fardo de provas amenizados, as suas aflições contornadas, porque o amor é o grande mensageiro da misericórdia que dilui todos os impedimentos ao progresso – é o sol da vida, meus filhos, que dissolve a névoa da ignorância e que apaga a noite da impiedade.

Reencarnastes para contribuir em favor da Nova Era.

As vossas existências não aconteceram ao acaso, foram programadas.

Antes de mergulhardes na neblina carnal, lestes o programa que vos dizia respeito e o firmastes, dando o assentimento para as provas e as glórias estelares.

O Espiritismo é Jesus que volta de braços abertos, descrucificado, ressurreto e vivo, cantando a sinfonia gloriosa da solidariedade.

Dai-vos as mãos!

Que as diferenças opinativas sejam limadas e os ideais de concordância sejam praticados. Que, quaisquer pontos de objeção tornem-se secundários diante das metas a alcançar.

Sabemos das vossas dores, porque também passamos pela Terra e compreendemos que a névoa da matéria empana o discernimento e, muitas vezes, dificulta a lógica necessária para a ação correta. Mas ficais atentos: tendes compromissos com Jesus…

Não é a primeira vez que vos comprometestes enganando, enganado-vos. Mas esta é a oportunidade final, optativa para a glória da imortalidade ou para a anestesia da ilusão.

Ser espírita é encontrar o tesouro da sabedoria.

Reconhecemos que na luta cotidiana, na disputa social e econômica, financeira e humana do ganha-pão, esvai-se o entusiasmo, diminui a alegria do serviço, mas se permanecerdes fiéis, orando com as antenas direcionadas ao Pai Todo-Amor, não vos faltarão a inspiração, o apoio, as forças morais para vos defenderdes das agressões do mal que muitas vezes vos alcança.

Tende coragem, meus filhos, unidos, porque somos os trabalhadores da última hora, e o nosso será o salário igual ao do jornaleiro do primeiro momento.

Cantemos a alegria de servir e, ao sairmos daqui, levemos impresso no relicário da alma tudo aquilo que ocorreu em nossa reunião de santas intenções: as dores mais variadas, os rebeldes, os ignorantes, os aflitos, os infelizes, e também a palavra gentil dos amigos que velam por todos nós.

Confiando em nosso Senhor Jesus Cristo, que nos delegou a honra de falar em Seu nome, e em Seu nome ensinar, curar, levantar o ânimo e construir um mundo novo, rogamos a Ele, nosso divino Benfeitor, que a todos nos abençoe e nos dê a Sua paz.

                São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,
    Bezerra.
17 AGOSTO 2011
MENSAGEM MEDIÚNICA DE BEZERRA
Por Divaldo Franco (13/11/2010 – Los Angeles)
extraído do site da Federação Espírita Pernambucana - http://federacaoespiritape.org/transicao-planetaria-por-bezerra-de-menezes/

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que faço comigo?



               
O que faço comigo?

Desafios não são adversários;são como continentes
 que nos   compete desbravar e conquistar


Iniciaremos este estudo com a citação do evangelista Mateus, 5:24: “Reconcilia-te depressa com o teu adversário”. Então perguntamos: Quem são nossos adversários? O patrão, o vizinho, o lanterneiro, a cozinheira, o dirigente... E assim vai, por uma infinidade de pessoas e circunstâncias que dia a dia ombreiam conosco ao longo do caminho e podem nos perturbar a paz. Sabemos que não temos o direito nem a possibilidade de mudarmos quem quer que seja. Estamos todos, como diz Fritjof Capra, “... na teia da vida, interagindo mutuamente, interdependentes e individuais ao mesmo tempo”. Neste bailar de acontecimentos não nos cabe imputar a ninguém os espinhos que porventura nos atingem. Os espinhos são, antes de qualquer coisa, companheiros adequados aos nossos momentos. Sabemos que nesta “Teia da Vida” estamos construindo e destituindo simultaneamente. Destituindo complexos emocionais perniciosos que, assomando do nosso inconsciente, perturbam o consciente obrigando-o, em muitos casos, a situações e comportamentos indesejados. Ao mesmo tempo estamos construindo o nosso futuro, a partir de posturas outras, ligando-nos a avanços intelecto-morais, de conformidade com o que nos aconselha Kardec quando diz: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pelo muito que faz para domar suas más inclinações”.

Ora, se não posso imputar no outro minhas agruras e se devo domar minhas más inclinações, devo, pois, reconciliar-me comigo mesmo, quem sabe, meu maior adversário. Para tal necessito conhecer-me melhor, a partir da minha constituição mental e dos arquivos que trago, que cultuo ou que incomodam. Estamos vindo de um passado gigantesco onde paulatinamente avançamos, num caminhar lento, progressivo e espetacular. Dormimos no mineral, como disse Léon Denis. A questão 540 de “O Livro dos Espíritos” cita que: “... É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo”. Virtuosamente viemos evoluindo, passando depois pelo reino vegetal, sonhando com algo que nos tornasse coesos e prontos a vivermos com consciência. Movimentamo-nos, a seguir, pelo reino animal, desde os primeiros instantes nos oceanos até a grandiosa marcha pelas montanhas, vales e reinos outros que nos capacitaram ao despertamento, quando chegamos ao homem. Imaginamos aí a gama de arquivos que construímos ao longo deste período a partir de um arquétipo primordial. 

O sentimento de culpa é sempre um colapso
da consciência

André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos, encerrando o terceiro capítulo, nos diz, após uma análise do tempo de viagem da mônada divina pelos reinos atrás, que: “Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos”. Agora, no homem, estamos nos construindo para chegar à santidade – caminho natural. Assim sendo e com os apontamentos espíritas que nos remetem ao Evangelho de Jesus, necessitamos parar as correrias para fazer uma análise de nós próprios no tocante ao que já conseguimos de bom e ao que necessitamos realizar para que nossas vivências sejam proveitosas em termos de aprimoramento ético-moral de consequências religiosas. Ideal religião professada no íntimo de cada um de nós numa relação direta com o Pai.

Não raro encontramos nessas pesquisas pessoais os complexos das culpas e dos medos. Segundo Joanna de Ângelis, ínsito em seu livro “Conflitos Existenciais”, no capítulo seis: “A culpa é o resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente”. Ainda a própria mentora e no mesmo livro, capítulo três, diz: “A raiva é um sentimento que se exterioriza toda vez que o ego sente-se ferido, liberando esse abominável adversário que destrói a paz no indivíduo”. Aproveitando o ensejo, citamos André Luiz que, no livro Entre a Terra e o Céu – cap. 23, anotou: “O sentimento de culpa é sempre um colapso da consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam”.

Raiva, culpa e ego. Sabemos que o ego representa um conjunto de ideias, vontades e pensamentos que movem a pessoa e desenvolvem a sua perspectiva diante da sua própria vida. O ego provoca aceitação e admiração própria. Isto, dentro das informações correntes em vários compêndios principalmente da psicologia analítica. Joanna de Ângelis informa que o ego é o “Responsável pela diferenciação que o indivíduo é capaz de realizar entre seus próprios processos internos e a realidade”. Então, a culpa por algum comportamento infeliz vai gerar raiva e afetará sobremodo o ego, gerando reações no campo individual de relações consigo mesmo ou com outrem. Em contrapartida e, por excelência, existe a perspectiva de despertar o Self; ou seja: o Deus em si, o Eu interno. 

Errar é do homem, persistir no erro é atitude infantil

Continuando nossas análises, não fica difícil concluir que os medos gerados pela culpa e pela raiva podem nos tornar seres violentos e agressivos, tanto fisicamente quanto verbalmente, motivados por inseguranças. Inseguranças geram desproteções próprias e naqueles que estão à nossa volta. Passamos assim a viver de forma incompleta, sempre observando as reações dos outros a nosso respeito e nos defendendo, acuados, de adversários visíveis e invisíveis, pessoas ou circunstâncias. Daí assomam as personas (máscaras) nas quais nos escondemos temerosos de enfrentar os adversários criados e nem sempre reais que vão surgindo à medida que não os combatemos. É sabido que nos é cobrado segundo nossas possibilidades. Errar é do homem, persistir no erro é atitude infantil.

Enquanto estamos aprendendo, experimentando, aprimorando, o Espírito vai-se ajustando para viver dentro das Leis Naturais instituídas por Deus. Quando passamos a repetir os erros dentro das lições já aprendidas e consolidadas em nosso cognitivo, passamos a nos culpar por aquelas ações. Exemplos disso são os destemperos da sexualidade, dos vícios da ingestão de drogas alucinógenas, do álcool, do tabaco, de alimentos em demasia, falácias infelizes, julgamentos de outrem e uma infinidade de atitudes incoerentes com o homem espiritual que precisa despertar em si o Self.

Não raro passamos a ser manipulados por pessoas e situações que nos constrangem e constrangem a quem nos quer bem. Chegados a este ponto, necessitamos repensar os efeitos danosos de todo esse envolvimento psicológico infeliz que nos trazem aborrecimentos, dificultando-nos uma marcha saudável e eficaz. Daí surge a questão dos enfrentamentos.

Muito interessante quando lemos no livro: “Triunfo Pessoal” da citada mentora, capítulo cinco: “A maturidade psicológica induz o ser humano aos enfrentamentos sucessivos do seu processo de individuação”.  Segundo Jung, “A individuação é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência”. Importante quando nos colocamos como observadores do nosso processo de libertação das ideias e posturas antigas, transformando-as em hélices em movimento, autoaspirando-se para melhor nos conduzir no processo da evolução. 

É bom que aprimoremos o caráter,
sublimando os sentimentos

Antes, renascíamos, crescíamos, trabalhávamos e desencarnávamos em sucessivas ocasiões, sem o conhecimento exato do que aqueles eventos nos proporcionavam. Dessa forma andávamos, ríamos, trabalhávamos em algo e exaltávamos nossas personas e nos comprazíamos com suas empedradas formações e consolidações. A individuação, contudo, ficava fora do contexto ou, quando muito, era realizada de maneira lenta nem sempre consciente. Agora, com as aberturas que “O Livro dos Espíritos” nos oferece, vamos observar que a dinâmica da vida nos exige participação consciente. Na questão 23 do referido livro, somos informados de que “O espírito é o princípio inteligente do universo”. Quando pensamos em universo, algo superior aflora em nossas mentes e logo vem a reflexão: o que é o universo, para que serve em nossas vidas? Por que os monges orientais se ligam tanto a ele? E um campo imenso de pesquisas se apresenta a nós dentro do nosso processo de crescimento pela individuação.

Para entendermos tudo isto que se nos oferece por novos desafios é bom que enfrentemos todas as nossas imperfeições morais. É bom que aprimoremos o caráter, sublimando os sentimentos. “Os enfrentamentos são campos de luta, nos quais o ser cresce e desenvolve os inestimáveis recursos adormecidos no Self, que se encontram à sua espera para oferecerem a contribuição da paz do Nirvana” – apontamentos de Joanna de Ângelis no livro “Triunfo Pessoal”. Vemos, às vezes, pessoas estáticas perante suas culpas. O medo de enfrentá-las faz com que o tempo passe e elas nunca saiam dos estados infelizes nos quais estão projetadas. Vivem iludindo-se. Vivem perambulando em torno de si mesmas, buscando ali e acolá o próximo momento satisfatório que as farão rir e se divertir das suas risadas, para logo em seguida retornarem ao estado quase, se não completo, de depressão pela imersão dos sentidos no vale escuro de cavernas mentais. Ei-las, pois, amedrontadas. Segundo Victor Hugo, no livro Párias em Redenção: “O medo é verdugo impiedoso dos que lhe caem nas mãos. Produz vibrações especiais que geram sintonia com outras faixas na mesma dimensão de onda, produzindo o intercâmbio infeliz de forças deprimentes, congestionantes”. Daí, muitas vezes a pessoa agride para se defender ou foge para não lutar. Sabemos que o Espírito não tem fim, conforme consta na questão 83 de “O Livro dos Espíritos”. Viveremos infinitamente neste cômputo de inseguranças? Seria um destronar do Projeto Divino que nos criou para vivermos com Deus, na glória eterna da Luz.

O temor não é boa companhia de jornada

Se ainda não fez, é hora de enfrentar seus adversários, que não estão lá fora e sim dentro de cada um. É hora de reconciliar-se com eles, como nos aconselha Jesus. O temor não é boa companhia de jornada. Os cuidados sim. Estes o são. Desta forma devemos nos preparar para enfrentarmos com galhardia e bom senso nossas culpas, medos e inseguranças. De acordo com Joanna de Ângelis: “Faz-se necessária uma vinculação profunda com o Self, que adquirirá maior conscientização dos relacionamentos indispensáveis com o seu núcleo na psique”. Bom pesquisarmos nossas companhias, aquelas para as quais abrimos sorridentes as portas das nossas casas ou as visitamos contentes, trocando presentes e informações, brindando em festas convulsas isto ou aquilo. A elas estamos também abrindo as portas dos nossos corações e mentes, arquivando fatos que irão gerar reações. Que bom preservarmos nossos lares!

Lembramo-nos de que conhecemos uma pessoa que dizia existir em sua cidade natal um menino que falava com Deus, na intimidade do seu quarto. Todos riam de tal afirmativa. Um dia paramos para pensar na validade daquela história. Ora, se Deus está dentro de nós, se Seu Reino é semente plantada, necessitando rega, como nos disse Jesus na Parábola do Semeador, então podemos, dentro das nossas particularidades espirituais, conversar sim com o Pai. Ele nos responderá de acordo com nossos entendimentos e, desta forma, estaremos nos vinculando ao Self que nos dirá a melhor forma de proceder para sairmos vencedores em nossas lutas, vencendo os vícios e entronizando as virtudes. Fazendo silêncios para que eles possam nos aconselhar.

O conteúdo religioso é de vital importância na psicoterapia do enfrentamento. Conhecer a Verdade para, através dela, libertar-se. Lutar contra as paixões primitivas, transformando impulsos inferiores em emoções de harmonia. Não fugir, ocultar-se dos demais ampliando a mágoa contra a sociedade e contra si próprio.” Além destas sábias orientações, Joanna de Ângelis ainda nos informa: “À medida que o ego se faz consciente dos valores ínsitos no Self torna-se factível uma programação saudável para o comportamento, trabalhando cada dificuldade, todo desafio, mediante a reconciliação com sua realidade eterna”.

Agora podemos nos perguntar: O que faço comigo? Vergasto-me ante adversários ou os transformo em continentes que devo desbravar e conquistar? É bom que nos amemos, nos respeitemos. Que nos tornemos unos com a Criação, pois somos partes integrantes de um todo de luz, portanto, somos luzes. É bom que enfrentemos com sensatez nossos limites, estendendo-os com prazer, sendo vitoriosos e, por isso, virtuosos. Nada de carregar o mundo nas costas e sim caminharmos nele de olhos fixos nos céus das nossas consciências superiores.

GUARACI LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

ANOTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

Anotações da Mediunidade   
 Francisco Cândido Xavier

Emmanuel

Recebamos a experiência, por mais difícil, com a luz da confiança no Senhor que, nos oferecendo a luta depuradora, nos possibilita a própria regeneração.
Podemos e devemos esposar a nossa iniciação, no aprimoramento para a Vida Superior, começando a ser bons.
Desperta e faze algo que te impulsione para a frente na estrada de elevação.
A vida não te reclama atitudes sensacionais, gestos impraticáveis, espetáculos de súbita grandeza...
Pede simplesmente sejas sempre melhor para aqueles que te cruzem os passos.
No lar, na profissão, nos templos da fé, na intimidade ou na via pública, somos convidados ao bem que Jesus testemunhou, a fim de que a nossa diretriz, a expressar-se no exemplo, projete-se nas mentes que nos rodeiam, induzindo-as à renovação.
Se a semente recusasse o sacrifício no seio da gleba em que aprende a morrer para ressurgir a benefício dos outros, não colheríamos o grão que nos supre o celeiro e, se o grão repelisse a mó que o desintegra, a pretexto de conservar-se, não disporíamos do recurso indispensável do pão que nos alimenta.
Não olvidemos que, tanto quanto possível, ao invés de rogarmos auxílio, antes de tudo, devemos auxiliar, na certeza de que, se a nossa palavra elucida e reanima, somente a nossa atitude positiva na prática dos princípios que propagamos será bastante forte para reformar-nos.
Anota, em torno de ti mesmo, a grande família humana reclamando-te pão e luz, esperança e consolo.
Guardemos a correta atitude do aprendiz do Senhor que não desconhece o sacrifício de si mesmo como estrada única para a ascensão a que se propõe.
Fenômenos mediúnicos serão sempre motivos de experimentação e de estudo, tanto favorecendo a convicção, quanto nutrindo a polêmica, mas educação evangélica e exemplo em serviço, definição e atitude, são forças morais irremovíveis da orientação e da lógica, que resistem à dúvida em qualquer parte.
Mediunidade é instrumento vibrátil e cada criatura consciente pode sintonizá-lo com o objetivo que procura.
“Acharás o que buscas” ensina o Evangelho, e podemos acrescentar “farás o que desejas”.
Assim sendo, se te relegas à maledicência, em breve te constituirás em veículo dos gênios infelizes que se dedicam à injúria e à crueldade.
Se te deténs na caça ao prazer dos sentidos, cedo te converterás no intérprete das inteligências magnetizadas pelos vícios de variada expressão.
... Todavia, se te empenhas na boa vontade para com os semelhantes, imperceptivelmente terás o coração impelido pelos mensageiros do Eterno Bem ao serviço que possas desempenhar na construção da felicidade comum.
Observa o próprio rumo para que não te surjam problemas de companhia.
Eleva-te no aperfeiçoamento próprio e caminharás de espírito bafejado pelo concurso daqueles pioneiros da evolução que te precederam na jornada de luz, guiando-te as aspirações para as vitórias da alma.
... Não nos esqueçamos, porém, de que o movimento é de intercâmbio.
Se o homem recebe o concurso dos Espíritos Benfeitores, é natural que os Espíritos Benfeitores algo esperem igualmente do homem.
Nada existe sem permuta ou sem resultado.
O lavrador planta as sementes e recolherá os frutos.
O lapidário auxilia a pedra, que lhe retribui, mais tarde, com a sua beleza e brilho.
... E nós, que tanto temos recebido de Jesus, que oferecemos em troca?
Mediunidade sem exercício no bem é semelhante ao título profissional sem a função que lhe corresponde.
Não procures o médium dos Espíritos Benfeitores qual se fosses defrontado por um ser sobrenatural.
O médium é um companheiro.
É um trabalhador.
É um amigo.
E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado.
Não alegues a suposta ingratidão dos outros para desertar da Seara do Bem.
Na engrenagem da vida, cada qual de nós é peça importante com funções específicas.
Ninguém recebe o conhecimento superior tão-só para o proveito próprio.
Saibamos dividir o tesouro da compreensão em parcelas de bondade.
Seja qual for o contratempo que se te erija em obstáculo na estrada a percorrer, age para o bem.
Nem sempre conseguirás materializar os amigos da Vida Maior para satisfazer a sede de verdade que tortura a muitos de nossos companheiros na Terra, mas sempre podes substancializar essa ou aquela providência suscetível de prodigalizar-lhes tranqüilidade e consolação.
Nem sempre obterás a mensagem de determinados amigos que residem no Mais Além, para a edificação imediata dos que sofrem no Plano Físico; entretanto, sempre podes improvisar algum recurso com que se lhes restaurem a energia e o bom ânimo.
Nem sempre lograrás a cura de certas enfermidades no corpo de irmãos padecentes; todavia, sempre podes lenir-lhes o coração e aclarar-lhes a alma com o apoio fraterno, habilitando-lhes a mente para a cura espiritual.
A terra é médium da flor que se materializa, tanto quanto a flor é medianeira do perfume que embalsama a atmosfera.
O Sol é o médium da luz que sustenta o homem, tanto quanto o homem é o instrumento do progresso planetário.
Todos os aprendizes da fé podem converter-se em médiuns da caridade, através da qual opera o Espírito de Jesus de mil modos diferentes, em cada setor de nossa marcha evolutiva.
Ampara os teus semelhantes e encontrarás a melhor fórmula para o seguro desenvolvimento psíquico.
Amontoavam-se vermes onde se congregam frutos desaproveitados ou apodrecidos, assim como a luz brilha onde encontra força ou material que lhe sirva de combustível.
O médium, para servir a Jesus de modo positivo e eficiente, no campo da Humanidade, precisa aperfeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e à própria melhoria, a fim de que se faça filtro de luz e paz, elevação e engrandecimento para a vida e para o caminho das criaturas.
Quem deseje crescer para a Espiritualidade Superior não pode menosprezar o alfabeto, o livro, o ensinamento e a meditação.
Jesus é o nosso Divino Mestre.
Eduquemo-nos com Ele, a fim de que possamos realmente educar.
Por mais que se fale em mediunidade, é forçoso referir-nos sempre à disciplina que só a Doutrina Espírita consegue orientar para o bem.
Agir no bem é buscar a simpatia dos Espíritos Sábios e Benevolentes, encontrando-a.
Para curar, é preciso trazer o coração por vaso transbordante de amor e, quem realmente ama, não encontra ensejo de reclamar.
 (Registros colhidos na obra de mesmo nome, da biblioteca virtual do sítio "www.oconsolador.com.br)