quinta-feira, 30 de abril de 2015

Aos Jovens

Mensagem 118  -  Obra: Minuto de Sabedoria - Autor: C. Torres Pastorino



      Você que é jovem, construa a sua felicidade em bases sólidas. 
      A felicidade não depende dos outros, mas de nós mesmos. 
      Se alguém quiser desviá-lo do bom caminho, não o acompanhe; siga a estrada reta do bem, pois só assim conseguirá ter alegria em seu coração.
       Estude o mais que puder, ouça os conselhos de seus pais, seja puro e sincero em suas afeições, pois assim construirá uma vida nobre e digna. 

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Reflexão

        O nascimento, a infância, a juventude são o caminho novo, o recomeço para se alcançar a felicidade real.  A oportunidade nova é a solicitude de Deus para com a criatura. O Espírito que saiu da mão do Criador, puro, ingênuo e ignorante, conquistando, depois de muitos séculos,  a liberdade de decidir suas ações e atitudes, a partir daí, sempre se portou por sua vontade. 
       No curso dos milênios, vivendo necessidades e experimentando possíveis saciedades, acertou e errou, no entanto, enquanto havia a ingenuidade, a inocência de seus atos nada lhe pesava além do resultado das experiências, que reconhecia boas ou más, satisfazia ou não suas necessidades. Vida após vida assim evoluía desenvolvendo a inteligência e a compreensão no que lhe era de alcance.
       Passados os milênios, muitos, a inteligência se aguçou, levando o Espírito a perceber que a conquista: de poder, de influência, de posse de bens -- algo especulativo, da necessidade geral -- poderia reverter em atendimento de seus interesses e posteriormente também dos seus agregados. A partir desse momento começam a aparecer os sinais da inveja, do orgulho, do egoísmo. Adquirindo o gosto pela posse, quase sempre em detrimento dos mais fracos.
       Desperto o poder pela posse, pela subjugação de outrem, desejou-se atravessar suas fronteiras e abarcar outras divisas, com o sentido de se tornar mais forte, daí em diante ficou aumentado o orgulho e egoísmo.
     Nessa busca de poder, também descobriu a sensação de seus sentidos, e quis usufruí-lo com mais intensidade, inicialmente da sexualidade, depois ampliando a experimentação de outros excitantes, tornando mais tarde vícios.
        Como tudo isso vem de tempo longínquo criou raízes profundas na alma e como oferece prazer, mesmo os excessos proporcionando sofrimentos, o indivíduo se compraz no sofrimento, formando assim um círculo vicioso, sendo que somente uma decisão firme do Espírito pode interromper a alimentação do vício dos sentidos. 
        Sendo o estágio evolutivo da criatura uma construção própria, que respeita a sua vontade; com isto o Criador oferece o tempo para o despertamento das ilusões geradas e que nelas se compraz.
           A organização da sociedade em família é ferramenta operosa pelos laços de afinidade onde os mais experientes auxiliam a orientação dos jovens que estão recomeçando a trajetória evolutiva, mostrando-lhes os perigos e as inconveniências, visando o asserto no novo a aprender e o reajuste do que é velho para que não experimente novamente o sofrimento com a consciência comprometida. 
          Filhos obedientes podem não concordar com os pais, no entanto, têm mais tempo para refletir e melhor decidir quando surgir a oportunidade de realizar os seus interesses, em conta o livre arbítrio. 
           Estudar sempre aumenta as possibilidades de refletir e tomar decisão mais justa, concernente ao planejamento da reencarnação. 
     A educação moral é a chave para a paz e a felicidade verdadeiras, porque permanecerá na eternidade, é conquista pessoal.
       O Evangelho de Jesus, bem compreendido, é a grande luz norteadora da vitória do Espírito na jornada dos tempos infinitos.



            Reflexão com base no texto inicialmente posto. 




                                                        Dorival da Silva

quinta-feira, 23 de abril de 2015

A CADA UM



A CADA UM


“Levanta-te direito sobre os teus pés.” — Paulo. (ATOS, capítulo 14,
versículo 10.)



De modo geral, quando encarnados no mundo físico, apenas enxergamos os aleijados do corpo, os que perderam o equilíbrio corporal, os que se arrastam penosamente no solo, suportando escabrosos defeitos. Não possuímos suficiente visão para identificar os doentes do espírito, os coxos do pensamento, os aniquilados de coração.

Onde existissem somente cegos, acabaria a criatura perdendo o interesse e a lembrança do aparelho visual; pela mesma razão, na Crosta da Terra, onde esmagadora maioria de pessoas se constituem de almas paralíticas, no que se refere à virtude, raros homens conhecem a desarmonia de saúde espiritual que lhes diz respeito, conscientes de suas necessidades incontestes.

Infere-se, pois, que a missão do Evangelho é muito mais bela e mais extensa que possamos imaginar. Jesus continua derramando bênçãos todos os dias. E os prodígios ocultos, operados no silêncio de seu amor infinito, são maiores que os verificados em Jerusalém e na Galileia, porquanto os cegos e leprosos curados, segundo as narrativas apostólicas, voltaram mais tarde a enfermar e morrer. A cura de nossos espíritos doentes e paralíticos é mais importante, porquanto se efetua com vistas à eternidade.

É indispensável que não nos percamos em conclusões ilusórias.

Agucemos os ouvidos, guardando a palavra do apóstolo aos gentios.

Imprescindível é que nos levantemos, individualmente, sobre os próprios pés, pois há muita gente esperando as asas de anjo que lhe não pertencem.

Obra: Caminho, Verdade de Vida - Psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, capítulo 79.


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Reflexão

        Na Terra estamos hospitalizados, embora entramos neste hospital conhecedores da necessidade de conquistarmos a saúde, quando do planejamento da reencarnação, agora estamos esquecidos que precisamos tomar os medicamentos que nos restituam a vitalidade e o equilíbrio espiritual. É essa saúde que precisamos. É conquista definitiva. Mas como há o esquecimento providencial de nossas existências anteriores e dos tempos que estivemos na espiritualidade, preferimos acolher as influências do meio em que estamos vivendo, e permitir o uso do livre arbítrio contra os interesses primordiais de nós mesmos.  Escolhendo quase sempre as atitudes agravantes de nossas deficiências espirituais.
     Muitas vezes preferimos maquiar a nossa situação, demonstrando exteriormente alegria, conforto e equilíbrio falsos, porque não é o que estamos sentindo. Na intimidade encontramos um vazio profundo, impossível de preenchimento com os valores e meios exteriores, por mais bonitos ou agradáveis que possam parecer. São as doenças da alma, que não recebem o tratamento devido, embora não faltem os fármacos receitados pela medicina. Estes tratam os resultados apresentados no corpo físico, mas não a causa que se encontra no Espírito. É certo que temos o dever de cuidar do aparelho físico, entretanto, não somos o físico, apenas o utilizamos para manifestação na vida material, em virtude de nossas necessidades espirituais.
         A inteligência, os recursos emocionais que cada um de nós possui, e também os defeitos, representados pelos vícios, desequilíbrios, que se apresentam como as doenças crônicas no campo da psiquiatria, bem como as virtudes são patrimônio cultivado na alma. 
         O medicamento excelente é a aplicação das lições do Evangelho de Jesus em nossas vidas, de forma nenhuma desejar modelá-las aos interesses particularistas, mas através das reflexões verdadeiras, das renúncias à satisfação dos apetites negativos, da luta infrene para a educação dos olhos, ouvidos, pensamentos... Substituindo os hábitos feios e negativos por outros equilibrados e nobres.
         Se estamos fisicamente doentes, em tratamento severo, que tenhamos esperança, que meditemos com confiança em Jesus,  modifiquemos o rumo dos interesses imediatistas.  É grande a oportunidade de se conhecer, de se descobrir. A vida espiritual jamais terá fim, o corpo é equipamento de evolução para a alma, este finda a sua utilidade.  No entanto, é preferível um corpo todo roto, mas que a alma esteja exultante com suas vitórias, sobre si mesma.
      A paz e a felicidade que todos almejamos são conquistas fluidas na alma e exigem grandes esforços.

            Reflexão inspirada no texto inicialmente colocado.  

                                                       Dorival da Silva




quinta-feira, 16 de abril de 2015

Curas

Curas

                                                        “E curai os enfermos que nela houver
                                          e dizei-lhes: É chegado a vós o reino
                                          de Deus.” – Jesus. (Lucas, 10:9.)
Realmente Jesus curou muitos enfermos e recomendou-os, de modo especial, aos discípulos.

Todavia, o Médico Celestial não se esqueceu de requisitar ao Reino Divino quantos se restauram nas deficiências humanas.

Não nos interessa apenas a regeneração do veículo em que nos expressamos, mas, acima de tudo, o corretivo espiritual.

Que o homem comum se liberte da enfermidade, mas é imprescindível que entenda o valor da saúde. Existe, porém, tanta dificuldade para compreendermos a lição oculta da moléstia no corpo, quanta se verifica em assimilarmos o apelo ao trabalho santificante que nos é endereçado pelo equilíbrio orgânico.

Permitiria o Senhor a constituição da harmonia celular apenas para que a vontade viciada viesse golpeá-la e quebrá-la em detrimento do espírito?

O enfermo pretenderá o reajustamento das energias vitais, entretanto, cabe-lhe conhecer a prudência e o valor dos elementos colocados à sua disposição na experiência edificante da Terra.

Há criaturas doentes que lastimam a retenção no leito e choram aflitas, não porque desejem renovar concepções acerca dos sagrados fundamentos da vida, mas por se sentirem impossibilitadas de prolongar os próprios desatinos.

É sempre útil curar os enfermos, quando haja permissão de ordem superior para isto, contudo, em face de semelhante concessão do Altíssimo, é razoável que o interessado na bênção reconsidere as questões que lhe dizem respeito, compreendendo que raiou para seu espírito um novo dia no caminho redentor.



Obra: Pão Nosso, capítulo 44, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Espírito Emmanuel.  

quinta-feira, 9 de abril de 2015

É suficiente crermos em Jesus para sermos salvos?, ...

– É suficiente crermos em Jesus para sermos salvos, como professam algumas religiões?  
Raul Teixeira: Esses mesmos irmãos que pregam que basta crermos em Jesus para sermos salvos não se dão conta de que estão desdizendo a Sua própria fala. Se Jesus Cristo disse: Meu pai trabalha sempre e eu trabalho também, bastaria ao rebanho dEle apenas acreditar? Essa é uma panaceia criada na Idade Média pela Igreja para agradar os nobres, que a partir disso não trabalharam mais; o trabalho era para mulheres e escravos.
Foi Jesus que nos disse que a cada um será dado conforme suas obras. Veja lá: Thiago diz que a fé sem obras está morta em si mesma e Jesus nos disse que a cada um será dado conforme suas obras e não conforme suas crenças.
É muito fácil a criatura ler no texto, memorizá-lo e repeti-lo, sem digerir intelectualmente o que leu. Fica repetindo frases prontas, palavras de ordem que não são verdades segundo o Evangelho de Cristo.
A salvação é um trabalho que realizamos dentro de nós próprios quando entendemos as leis divinas e temos a disposição de vivenciá-las. Aí estabelecemos uma sintonia com o bem, de tal ordem que nos salvamos da ignorância, nos libertamos de todo mal. Conhecereis a verdade e essa verdade vos libertará. Essa libertação é a redenção, é a salvação.
 
  José Raul Teixeira
(Revista Eletrônica: O Consolador) http://www.oconsolador.com.br
Extraído de entrevista publicada no jornal espírita Libertador, de junho/julho de 2010.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

DOAÇÃO A ENTIDADE FILANTRÓPICA

LAR DA CRIANÇA “DR. BEZERRA DE MENEZES”
RUA ESTEVAN LEITE DE NEGREIROS, 806 – VILA MACEDO  -  Telefone: 43 3542-4303
BANDEIRANTES – PARANÁ    *   CNPJ.: 80.505.589/0001-19



DOAÇÃO A ENTIDADE FILANTRÓPICA DIRETAMENTE
NA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA


  Formulário do Imposto de Renda Modelo Completo
 1. Acesse: Resumo da declaração
 2. Acesse: Doações Diretamente na Declaração - ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)
 3. Acesse - Tipo do Fundo:  Municipal
 4. UF: Paraná
 5. Município: Bandeirante – PR - (CNPJ do Fundo Municipal: 17.803.953/0001-90)
 6. Próximo Passo: Imprimir  DARF da doação
 7. Acesse: DARF  –  ECA
 8. O Valor dos 3% do imposto calculado será lançado pelo programa da Receita no campo próprio, mesmo se tiver imposto a ser restituído.
 9. É muito importante fornecer uma cópia do Recolhimento-DARF (precisa estar visível a autenticação ou o recibo eletrônico do pagamento), que será repassado ao Gestor do Fundo Municipal dos Diretos da Criança e do Adolescente (FMDCA) para que destine a importância para o Lar da Criança.

A cópia do DARF pode ser transmitida para o endereço: dorivaldasilva52@hotmail.com, ou através dos Correios no endereço: Lar da Criança Dr. Bezerra de Menezes, Rua Estevan Leite de Negreiros, 806, Vila Macedo, Bandeirantes (PR), CEP.: 86360-000.

Nota:  Caso a declaração seja feita através de escritório de contabilidade, gentileza manifestar ao Contador ou Contabilista o seu interesse em realizar a doação diretamente na declaração do imposto de renda.

Esta é a única forma de reter parcela de imposto federal diretamente no Município, permitindo o atendimento de carências sociais, no nosso caso de crianças em situação de risco de sua integridade em função da desestrutura familiar.

Agradecemos o seu acolhimento, assim poderemos levar mais adiante a tarefa que esta Instituição realiza há mais de 26 anos ininterruptamente, todos os dias do ano.

GENTILEZA ENCAMINHAR ESSA SOLICITAÇÃO AOS SEUS CONTATOS
 PODEM CONTRIBUIR PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS DE QUALQUER LUGAR DO BRASIL.
 -- “A DOAÇÃO ATRAVÉS DO IMPOSTO DE RENDA É DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA A MANUTENÇÃO DO ACOLHIMENTO DAS CRIANÇAS EM DESAMPARO NESTA COMUNIDADE" --
                                                                                    
                                                                                                   Bandeirantes, 15 de fevereiro de 2015.

                                                                                                          Atenciosamente,

                                                                                                         Dorival da Silva

                                                                                                          - Presidente-

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1862)

Homens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.

Generaliza-se o mal-estar. A quem inculpar, senão a vós que incessantemente procurais esmagar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas como pode a benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Aplicai-vos, portanto, em destruí-lo, se não lhe quiserdes perpetuar as funestas consequências.

Um único meio se vos oferece para isso, mas infalível: tomardes para regra invariável do vosso proceder a lei do Cristo, lei que tendes repelido ou falseado em sua interpretação.

Por que haveis de ter em maior estima o que brilha e encanta os olhos, do que o que toca o coração? Por que fazeis do vício na opulência objeto das vossas adulações, ao passo que desdenhais do verdadeiro mérito na obscuridade? Apresente-se em qualquer parte um rico debochado, perdido de corpo e alma, e todas as portas se lhe abrem, todas as atenções são para ele, enquanto ao homem de bem, que vive do seu trabalho, mal se dignam todos de saudá-lo com ar de proteção. Quando a consideração dispensada aos outros se mede pelo ouro que possuem ou pelo nome de que usam, que interesse podem eles ter em se corrigirem de seus defeitos?

Dar-se-ia o inverso, se a opinião geral fustigasse o vício dourado, tanto quanto o vício em andrajos; mas o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizeis. Sem dúvida; mas por que deixastes que as necessidades materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as consequências.

Não esqueçais que tal estado de coisas é sempre sinal certo de decadência moral. Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de castigar os soberbos.

Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo à reflexão e a que se emendem, sob os golpes que de quando em quando lhes desfere no orgulho para os advertir. Todavia, em lugar de se humilharem, eles se revoltam. Então, cheia a medida, Deus os abate completamente e tanto mais horrível lhes é a queda, quanto mais alto hajam subido.

Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todas as sendas, toma novamente coragem, apesar de tudo. Em sua misericórdia infinita, Deus te envia poderoso remédio para os teus males, um inesperado socorro à tua miséria. Abre os olhos à luz: aqui estão as almas dos que já não vivem na Terra e que te vêm chamar ao cumprimento dos deveres reais. Eles te dirão, com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandezas da vossa passageira existência são mesquinhas a par da eternidade. Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele que haja sido o mais humilde entre os pequenos deste mundo; que aquele que mais amou os seus irmãos será também o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua autoridade, ver-se-ão reduzidos a obedecer aos seus servos; que, finalmente, a humildade e a caridade, irmãs que andam sempre de mãos dadas, são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno.
                                                                                      
                                                                                        – Adolfo, bispo de
                                                                                   Argel. (Marmande, 1862)


Mensagem extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VII – Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, Instrução dos Espíritos, O Orgulho e a Humildade, item 12, por Allan Kardec, tradução: Guillon Ribeiro, editora FEB 

sexta-feira, 27 de março de 2015

Partindo da paz interior e da tolerância

15/03/2015 -- 00h00

Partindo da paz interior e da tolerância


O principal médium brasileiro explica como as religiões, respeitando as outras, podem auxiliar no combate à violência e ao materialismo


Gina Mardones
Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita

Quando se trata de paz, o baiano Divaldo Pereira Franco, 87 anos, domina o assunto. Nomeado Embaixador pela Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), o médium e orador espírita que já psicografou mais de 200 obras no País veio a Londrina na semana passada compartilhar seu ideal de não-violência com a comunidade. Ele participou da abertura do Movimento Você e a Paz, campanha que teve início em Salvador e objetiva mobilizar cidadãos como agentes multiplicadores de uma cultura de tolerância e amor ao próximo. 
Além da teoria espírita, ideias de Gandhi, Martin Luther King Jr., Carl Jung e Viktor Frankl permearam a conversa do médium, considerado por muitos como o sucessor de Chico Xavier, com a reportagem da FOLHA. Para ele, a integração ecumênica entre os povos faz parte do caminho para se reduzir a agressividade, tanto que ele próprio se encontrou recentemente com o papa Francisco, no Vaticano. 

O orador também discorreu sobre o papel das religiões no combate ao materialismo, o preconceito envolvendo algumas denominações neopentecostais e mazelas que atingem a população mundo afora, sob o ponto de vista do espiritismo. Confira os principais trechos da entrevista. 

O senhor veio a Londrina participar de um evento em prol da paz. Por onde podemos começar para tentar alcançar esta condição de não-violência? 

Nosso movimento tem características especiais. Se trata de atividade ao alcance de todas as pessoas. Todos somos unânimes em achar que a violência atingiu índices insuportáveis, porém a maioria cruza os braços. Martin Luther King Jr. dizia que pior que a gritaria dos maus, é o silêncio dos bons. Porque é exatamente o nosso silêncio que permite que sejam ouvidas as vozes do desespero. Pensamos durante muito tempo como contribuir para mudar ou abrir espaço para uma visão diferente, em fazer da paz coletiva. Já havíamos nos dedicado há mais de 50 anos à educação e quando eu completei 70 anos, eu pude visitar quase 100 penitenciárias, presídios, lugares para crianças em risco e achei que poderia contribuir nesta área. Sob a inspiração dos bons espíritos, veio a ideia de uma proposta nos seguintes termos: você e a paz. Isto é realizar primeiro a paz interior, o indivíduo que não tem paz interna, ele não pode de maneira nenhuma colaborar numa sociedade equilibrada porque ele está em desajuste. Não adianta o mundo estar em paz e estar guerreando em casa. Esta guerra da afetividade, pais e filhos, parceiros, amigos, amantes, é essencial trabalhar em favor do bem estar pessoal, com os pais voltando para casa para educar o filhos. Mais importante do que dar um presente é fazer-se presente. Esse presente é trabalhar pela afetividade. Nós somente amamos o que conhecemos, o que não conhecemos nós nos fascinamos, nos apaixonamos. Mas é coisa muito rápida, como um grande incêndio com combustível sem reserva. Acabou o combustível, acabou o incêndio. 

Ainda sobre paz interior, que ferramentas as pessoas podem usar para chegar a esta condição? 

Meditação, a busca de uma religião, seja ela qual for, que não leve ao fanatismo nem ao combate de outras religiões. A presença de Deus é muito importante no íntimo do ser humano, é uma verdadeira meta. Frankl e Jung diziam que a vida tem que ter sentido. A vida sem sentido é uma vida morta e o indivíduo sem incentivo é um parasita social, que vive às custas dos outros. Se nós colocarmos nossa imortalidade como meta, porque todo aquele que tem religião acredita na imortalidade, vamos nos esforçar. Pode ser uma pessoa sem cultura, mas ela tem consciência do dever, sabe do elemento básico de todas as religiões que é o amor ao próximo, o amor a Deus. Então fazemos uma proposta utilizando os dois verbos – o reagir e o agir. Aprendemos a reagir pela força do instinto. Alguém pisa no nosso pé, a gente reage e dá um soco. A gente pisa na pata do cavalo, ele dá um coice; na pata do cão, ele morde. É o instinto. Se alguém pisar em nosso pé, não reajamos, mas ajamos. Peçamos para tirar o seu pé de cima do nosso. Parece uma coisa banal, mas é muito importante. Voltemos ao dialogo, ao convívio, à compaixão, dando ao outro o direito de ser como é. Mas a nós, exigindo de nós mesmo sermos cada vez melhores. No ano 2000, a Unesco apresentou um memorando com cinco itens para a paz mundial. Se as nações preservassem esses itens haveria paz mundial. O primeiro deles, preserve a paz. Segundo: não dê margem à violência. Se lhe atiram um diamante no rosto, não fique ferida. Embrulhe o diamante em uma peça de veludo e entregue. Atirar a verdade no rosto do outro fere, então a verdade tem que ser diluída. Jesus contou a verdade usando parábolas, Buda contando histórias, Maomé com outros textos. O terceiro: seja tolerante. O quarto: proteja o planeta; e o quinto, vamos voltar à solidariedade. Quer dizer que em alguma época, fomos solidários. Hoje, somos solitários. O gesto da Al-Qaeda, em 2001, contra os Estados Unidos, ataca estes cinco itens. Mas não posso acabar com o Estado Islâmico. Posso ser bom amigo dentro de casa e isso vai mudando. Gandhi tinha uma frase fantástica: numa casa com uma pessoa de paz, a casa é pacífica. Numa rua que tem uma casa pacífica, a rua fica pacificada. Num bairro com rua de paz, ele fica em paz. Uma cidade com um bairro de paz fica também pacífica. E assim por diante. Se cada um de nós fizer um pouco de esforço e descobrirmos que a paz está dentro de nós, é fantástico. Jesus, o vulto mais notável da humanidade do ponto de vista filosófico, sintetizou toda a sua doutrina em duas frases: "Ama o teu próximo como a ti mesmo" e "Não faças a outrem o que não desejares que outro te faça". 

O senhor falou sobre a importância da consciência da imortalidade, independente da religião. Ações ecumênicas são importantes para evitar episódios de intolerância e fundamentalismo? 

O problema não está na religião, está nos religiosos. O religioso é um ser que necessita de Deus, mas ele se tem muitos conflitos pessoais, cria um Deus dele e não o Deus universal. E quer impor esse Deus aos outros. Daí o diálogo inter-religioso é saudável. Porque não importa a religião que o outro tem. Importa a conduta que a religião preconiza para ele e todas preconizam a mesma coisa: o amor a Deus, ao próximo, o trabalho do bem. Mas os mecanismos diferem porque nós somos diferentes, cada um de nós está num nível de consciência, então necessitamos de tantas religiões quantas são as nossas necessidades. 

O senhor fez uma visita ao papa Francisco recentemente. Isso faz parte desta integração ecumênica? Como foi? 

O papa é uma das pessoas mais notáveis do século. É um jesuíta com uma conduta franciscana. Ele reflete, de alguma forma, os ensinamentos de Jesus na visão de São Francisco. Quando ele foi passando, o saudei: "Sou brasileiro". Ele sorriu e continuou. Não houve margem para conversarmos. Pode-se compreender o número de pessoas importantes a quem ele tem que atender. Mas foi muito gratificante estar ali e sentir o amor, porque lá fora tinha mais de 10 mil pessoas, na sala tinha 5 mil. Ele fez um discurso que foi fascinante, pedia aos pais para voltarem para casa para tirarem seus filhos das mãos dos traficantes de drogas, que eram seus verdadeiros pais, com quem eles conviviam.

O Brasil é um país com uma gama de religiões, algumas com mais seguidores, outras com menos. O senhor avalia que ainda existe preconceito contra determinadas religiões? 

De nós para eles não. Quanto ao comportamento de alguns pastores, nós lamentamos. Mas é um problema pessoal deles, porque todos os que estão vinculados a religiões, ao chamado neopentecostalismo, se voltam para Deus. Imaginemos se estas 20 milhões de pessoas não tivessem religião e se encontrassem nas ruas, o que seria de nós? Consideramos, do ponto de vista filosófico, alguns comportamentos exóticos, que não coincidem, pelo contrário, colidem com o Evangelho de Jesus. Mas é uma questão que diz respeito a eles e não a nós. 

Que tipos de comportamento seriam esses? 

O Evangelho recomenda que tudo deve ser dado grátis. Mesmo o dízimo, Jesus pagou e não cobrou. Dar de graça o que de graça recebemos. Depois não agredir o próximo, não atacar as diferenças religiosas. Só lamentamos, nós, espíritas, quando eles têm esses comportamentos, mas achamos naturais porque são resultado de conflitos pessoais. 

Na visão do senhor, como podemos lidar com a questão do materialismo na sociedade de hoje? As religiões podem ajudar a combater isso? 

Elas ajudam a combater. Vivemos um contexto individualista, sexista, consumista, de alguma forma a nossa postura hoje é uma postura de valorizar apenas o corpo e interesses muito imediatos. Então nos desviamos nessas buscas da realidade que somos, seres imortais. A pessoa jovem e bela de hoje amanhã estará, haja o que houver, envelhecida, doente, caso a morte não a arrebate antes. Devemos pensar na estrutura de uma sociedade prática, lógica, que cuide do corpo, que é um dever, mas, sobretudo, que coloque o corpo como sendo instrumento de uso e não o essencial para viver. O corpo perece, mas o espírito permanece. As religiões ensinam exatamente isso. Ao excesso de poder, o distribuir. Ao invés de reter, ser, transformar-se para melhor. 

O senhor poderia explicar qual a noção de céu e inferno no entendimento espírita? 

A tradição religiosa herdou do Antigo Testamento a mitologia ancestral a respeito de um lugar de penas punitivas e de um lugar de delícias. Quando veio o cristianismo, inevitavelmente, esta herança foi adaptada aos novos moldes. Como havia um desconhecimento a respeito do universo, estabeleceu-se que o inferno estava abaixo, no sentido geográfico, e o céu estava acima. Hoje com a visão que temos do universo, nós acreditamos que o inferno é a consciência de culpa e o céu é a consciência de dever cumprido. Haverá lugares de sofrimento, é natural. Pela Lei da Afinidade, aqueles que têm problemas são atraídos pelas mesmas vibrações e formam comunidades, que Joanna de Ângelis denominou como umbrais, uma região de dores, mas não eterna. Seria um purgatório transitório porque Deus jamais aplicaria uma pena eterna por um erro transitório. As pessoas não são más, são ignorantes. Mandela tem uma frase muito interessante: ninguém nasce mau, exceto os psicopatas, mas (os indivíduos) se tornam maus ou bons de acordo com o meio social no qual são gerados. Em todo criminoso, diz a psicologia, há uma criança maltratada, ferida. Então punir alguém eternamente vai além da misericórdia e definição de um pai que nos criou para o bem e nos deixou cair no abismo por uma emoção, um transtorno de comportamento, uma paixão. Não existe inferno eterno, existe inferno interior. A divindade nos dá oportunidade de encarnar, voltar para poder aprender e corrigir. 

O senhor citou a questão do sofrimento e da correção dos erros, por meio da reencarnação. Assistimos a uma série de adversidades acontecendo mundo afora, com pessoas ainda vivendo em guerra, como refugiadas ou em meio à fome e à miséria. Isso seria uma espécie de carma ou faz parte das mudanças na Terra? 

Digamos que seria um carma da humanidade. Porque a humanidade está em níveis diferentes de evolução. Vamos dizer que estes espíritos mais primários, sem experiências, os que cometeram atrocidades através da história vêm hoje para esses países que são verdadeiros purgatórios, vêm na condição de refugiados, apátridas, sem qualquer proteção aparente, mas sob o comando divino. Agora, nos cabe ajudá-los, criar situações que lhes sejam favoráveis. O fato de serem devedores não justifica que não sejamos bons construtores para ajudá-los. Por nossa vez, estamos também em outro nível em que existem também sofrimentos, de outra natureza, mas que também são punitivos. 

O senhor gostaria de acrescentar alguma coisa? 

Eu gostaria de deixar uma mensagem: vale a pena amar, em qualquer circunstância. O amor é sempre melhor para quem ama. Se alguém não me ama, o problema é da pessoa. Quando sou eu quem não ama, o problema é meu. Se alguém me odeia, pior para este alguém, porque vive atormentado. Mas quando sou eu quem odeia, pior para mim porque sou razão de tormentos. O amor é a essência da vida. Quem ama é feliz, saudável e grato a Deus. Se tem qualquer dúvida, experimente amar.

Antoniele Luciano
Reportagem Local

Reportagem do jornal Folha de Londrina, que poderá ser acessada através do endereço adiante: http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1481-20150315