Canção
da Imortalidade
Os
teus afetos que desencarnaram vivem e prosseguem conforme eram enquanto na
vilegiatura carnal. Não os pranteies em desespero, porque obedeceram à Soberana
Lei biológica, a qual estabelece que tudo quanto nasce, morre.
Morrer,
no entanto, não significa consumir-se, desintegrar-se no nada. Tudo se
transforma, inexistindo o aniquilamento da vida.
Qual
seria a finalidade da existência, o seu significado, se a fatalidade da
evolução a destruísse, dessa nada restando?
Olha
em derredor e acompanha o desdobramento do existir, a multiplicidade de
experiências no laboratório do globo terrestre.
Tudo
é movimento, organização, equilíbrio, e mesmo aquilo que se apresenta como
desordem ou caos obedece a leis inflexíveis que o acionam, a fim de que alcance
a finalidade a que se destina.
A
semente intumesce-se, e o vegetal triunfa enquanto ela se desintegra,
transforma-se e aparentemente morre, facultando perpetuar-se a espécie que
surgirá no momento adequado, após os impositivos indispensáveis ao seu
desenvolvimento, numa fatalidade que nunca deixa de acontecer.
Observa
a luta de todas as áreas, desde o vírus insignificante às amebas na ansiosa e
célere multiplicação com que exaltam o fenômeno de viver.
O
ser humano caminha no rumo da imortalidade, desde quando vencidas as ásperas
etapas. Agora, sob a nobre conquista da inteligência e dos sentimentos, avança
para a angelitude. Esse percurso que se deu naturalmente na sucessão dos
milhões de anos obedeceu a uma planificação anterior, sem pressa nem alteração
na ordem do seu desenvolvimento.
Eles,
os teus afetos, acercam-se de ti com imensa ternura e inspiram-te em tentativas
de serem percebidos, ansiosos por oferecer-te notícias do que sucedeu com eles,
a fim de que não incidas nos mesmos equívocos e perturbações.
Se
te amaram, continuam afeiçoados e zelosos, muito se esforçando para que as tuas
horas terrestres sejam abençoadas pela alegria de viver e pela oportunidade de
trabalhar em favor da autoiluminação, assim como da fraternidade com as demais
pessoas.
Têm
nítida visão da imortalidade e anelam convidar-te à compreensão elevada dos
objetivos essenciais.
Faze
silêncio interior, aquieta as ansiedades e harmoniza as emoções para que os
possas ouvir e sentir.
Eles
te amam ainda e têm os mesmos sentimentos de saudade, ternura, anelos de
convivência, aspirações de progresso.
É
natural que sintas saudade e a ausência deles produza tristeza ou amargure o
teu coração.
Não
te constitua motivo de desnorteamento a falta da convivência física. É
temporária, porque também, no momento próprio, rumarás pelo estreito corredor
da morte, enquanto eles te aguardam com emoções inauditas.
A
vida é de sabor indestrutível. Desde que se apresenta em qualquer forma,
prosseguirá com mais complexidade até alcançar a finalidade a que se destina.
Em todos os
tempos, o fenômeno da morte constituiu uma fatalidade perversa, quase
incompreensível no seu contínuo ceifar de existências.
Considera
que se não houvesse essa abençoada interrupção, como seria a sua continuidade
na Terra? O prolongamento sem fim, assinalado por tormentos inauditos e sem a
esperança da sua sucessão?
A
morte é o veículo que faculta a cessação momentânea dos fenômenos físicos,
materiais, sem qualquer prejuízo para a essência - a alma imortal!
Vive,
porém, de maneira saudável, para que os teus sejam dias bem-aventurados e a
edificação do futuro seja segura para coroar-se de paz.
Utiliza-te
de cada momento no carreiro orgânico para aprimorar-te e desenvolveres a divina
essência de que te constituis.
Abandona
os adornos grotescos de que te utilizas para as condições existenciais e
faze-te sutil e transparente como um delicado raio de luar.
O
sentido da existência terrestre é o de autoiluminação, prolongando-se pelos
sem-fins da imortalidade.
Tudo
o que é material experimenta mudanças.
O
tempo, na sua voracidade, utiliza-se dos elementos da Natureza para tudo
alterar e reduzir à poeira original.
Não,
porém, a vida.
Maior
concessão de Deus, recorre-lhe a oportunidade para enriquecer-te de bênçãos,
que esparzirás pelo caminho percorrido, transformadas em sinais luminosos.
A
dor provinda da ausência desses amores que voltaram ao Grande Lar através da
morte deve ser superada pelas cálidas lembranças da convivência com eles.
Revive-os
pela memória, nos acontecimentos que te alegraram, as mil nonadas dos sorrisos,
mas também as experiências de dor e de aflição que te fortaleceram no convívio
com eles.
Jamais
te iludas com a ideia absurda do nada.
Vivem
aqueles que já morreram.
*
A
lagarta que se arrasta, graças à histólise e à histogênese, transforma-se em
falena leve que flutua no ar.
O
ser espiritual que se reveste de carne, quando essa transformação ocorre e
desveste-o, ascende com leveza aos páramos celestes.
Abençoa
a tua existência física mediante o respeito aos fatores que a reencarnação
coloca para viver. Não têm caráter punitivo ou afligente, nem são considerados
plenificadores como concessões ímpares, mas resultado dos comportamentos.
Todos
que se encontram na roupagem física estão em aprendizagem na escola redentora.
Ninguém privilegiado, pessoa alguma na condição de condenado. As experiências
de crescimento são as mesmas para todos os seres.
A
sabedoria do amor inspirará a cada qual o melhor rumo a percorrer. Mantém-te
atento no momento da escolha, fazendo o investimento seguro da renúncia e da
abnegação hoje para a sublime compensação amanhã.
Quando
se adquire consciência do significado existencial, nada a macula, porque se transforma
em lição, e nada a diminui, porque a Lei é de evolução.
*
Diante
do esquife dos que morreram, aprende a respeitá-los.
Alguns
permanecem ao lado dos próprios corpos, ouvem-te, veem-te e sentem as tuas boas
ou más emoções.
Recorda
de momentos agradáveis que eles captarão e os felicitarão.
Faze
com eles como gostarás que te façam quando chegar a tua vez.
Joanna de
Ângelis
Psicografia
de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite
de
5 de setembro de 2016, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,
Bahia.
Em 9.1.2017.