quinta-feira, 11 de maio de 2017

Não as palavras

Não as palavras

“Mas em breve irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.” - Paulo. (I Coríntios, 4:19.)

   Cristo e os seus cooperadores não virão ao encontro dos aprendizes para conhecerem as palavras dos que vivem na falsa concepção do destino, mas sim dos que se identificaram com o espírito imperecível da construção evangélica.
      É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.
   Muita vez, as criaturas menos favorecidas de faculdades orgânicas, qual o cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante conceituação dessa natureza.
    É que, comumente, se esquece o homem das obras de santificação que lhe compete efetuar no próprio espírito.
     Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos da vontade a fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço pessoal para o estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se recordam de que possuem ideias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é imprescindível manter recursos íntimos de proteção a esses germens para que frutifiquem mais tarde.
    É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades”.
    Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.
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Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 72, publicado em 1951.

Reflexão:  O Apóstolo Paulo faz referência a circunstância que pode ser trazida para os dias atuais, como: “(...) não as palavras dos que andam inchados”.  Vê-se com frequência nos meios de comunicação se locupletarem dos ensinos Evangélicos, como se Jesus tivesse outorgado poder para quem se intitula representá-Lo pudesse torcer a essência dos ensinamentos a atender fins lucrativos, seja financeiro, de poder, de imagem... São os inchados de personalismo, o cristianismo a seu bel-prazer. “(...), mas a virtude”, a que Paulo de Tarso indica, onde está nesses tempos modernos? Há confusão sobre o que seja virtude, coloca-se neste prisma o falatório em torno das lições do Evangelho, os abundantes fatos miraculosos, que traem a atenção dos incautos, as exposições pessoais e coletivas a título de santidade...  Esquece-se que o verdadeiro virtuoso nem desconfia que o seja.

“É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas.”  O homem vê o ensinamento do evangelho como algo que norteia a materialidade de seus próprios feitos, no entanto, o trabalho de Jesus e de seus apóstolos e de todos os verdadeiros trabalhadores de Sua Vinha é para a espiritualização da Alma, com o desenvolvimento da inteligência e a conquista de virtudes, estas com a vivência do bem e da caridade, muitas vezes no silêncio e no anonimato. Como não se trata de construção material somente é possível se dar na intimidade espiritual.

Toda construção material é considerada na razão dos benefícios que poderá oferecer a muitos espíritos em evolução na vida de reencarnado para conquista também da sua espiritualização, dando oportunidade à conscientização da existência do Mundo Espiritual, tanto quando dos que através dela atende os mais enfraquecidos do caminho evolutivo, sendo o amor em ação.

“É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades””. Para enunciar os ensinamentos de Jesus precisa respeitar a Sua autoria, Ele não veio trazer para o Mundo uma opinião, ou informação que poderá ser objeto de contradita, não!, Ele traz a verdade colhida na fonte que é Deus, em conta a sua grandiosidade intelectual e moral conquistada na esteira dos tempos, que se perde no infinito.

“Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.”  As construções externas que se observa nas comunidades, embora tenham o seu lugar, mas são materiais e passageiras, fáceis de se construir, no entanto, a mensagem do Evangelho de Jesus trata da construção interna do Espírito, àquela que permanecerá, proporcionando a paz e a felicidade permanentes.

Palavras são a expressão das qualidades da Alma que se manifesta, demonstrando um estado de consciência sublimado, ou não.

                                                  Dorival da Silva

quinta-feira, 4 de maio de 2017

O capacete

O capacete

“Tomai também o capacete da salvação” - Paulo. (Efésios, 6:17.)
Se é justa a salvaguarda de membros importantes do corpo, com muito mais propriedade é imprescindível defender a cabeça, nos momentos de luta.
Aliás, é razoável considerar que os braços e as pernas nem sempre são requisitados a maiores dispêndios de energia.
A cabeça, porém, não descansa.
A sede do pensamento é um viveiro de trabalho incessante.
Necessário se faz resguardá-la, defendê-la.
Nos movimentos bélicos, o soldado preserva-a, através de recursos especiais.
Na luta diária mantida pelo discípulo de Jesus, igualmente não podemos esquecer o conselho do apóstolo aos gentios.
É indispensável que todo aprendiz do Evangelho tome o capacete da salvação, simbolizado na cobertura mental de ideias sólidas e atitudes cristãs, estruturadas nas concepções do bem, da confiança e do otimismo sincero.
Teçamos, pois, o nosso capacete espiritual com os fios da coragem inquebrantável, da fé pura e do espírito de serviço. De posse dele enfrentaremos qualquer combate moral de grandes proporções.
Nenhum discípulo da Boa Nova olvide a sua condição de lutador.
As forças contrárias ao bem, meu amigo, alvejar-te-ão o mundo íntimo, através de todos os flancos. Defende a tua moradia interior. Examina o revestimento defensivo que vens usando, em matéria de desejos e crenças, de propósitos e ideias, para que os projéteis da maldade não te alcancem por dentro.

Conteúdo extraído da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 140, ano 1951.

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Reflexão: A mensagem acima inspirada na anotação de Paulo, o apóstolo dos Gentios, “Tomai também o capacete da salvação”, leva-nos a entender a grandiosidade do alerta de Emmanuel, quanto a “defesa da moradia interior”“Todos os flancos” por onde poderemos ser atingidos somente existirão de acordo com a nossa permissão, se fraquejarmos diante das vicissitudes que a trajetória pela vida no corpo enseja. A resistência é um estado moral lúcido que deveremos construir a nosso favor. É para isto que o Evangelho de Jesus está disponível no Mundo.

   “Teçamos, pois, o nosso capacete espiritual com os fios da coragem inquebrantável, da fé pura e do espírito de serviço. De posse dele enfrentaremos qualquer combate moral de grandes proporções.”

Esse recurso de defesa é íntimo, portanto, individual, depende do estado de entendimento próprio. É trabalho intenso de reflexão sobre o resultado de nossas atitudes. A única ferramenta capaz de acessar o fulcro de atitude infeliz é o pensamento através da reflexão, daquilo que conhecemos de nós, por isso a necessidade do autoconhecimento. Corrigido esse polo irradiador é nossa melhor defesa sobre esse ponto moral, porque não encontraremos ressonância de mesma qualidade no ambiente de convivência que mais nos contaminaria, em conta a similitude.  
        
         “Examina o revestimento defensivo que vens usando, em matéria de desejos e crenças, de propósitos e ideias, para que os projéteis da maldade não te alcancem por dentro.”

O que se origina em nossa intimidade, o que alimentamos, o que buscamos na nossa vida? Fortalecemo-nos com esses recursos, defendendo-nos com os propósitos e ideias no bem, ou aceitamos as influências do meio, do que está fora, indo ao encontro do que não convém ao nosso interesse moral?

Somente seremos atingidos por investidas negativas se frequentarmos a mesma faixa vibratória, para isso precisaremos estar desejando, pensando e comprazendo com as mesmas coisas. Muitas vezes ocorre por nossa invigilância.  Tornamo-nos presas dóceis, por que estamos iludidos, somamos com o mal até que a dor consiga nos despertar. Dessa forma, o mal não nos atacou, o convidamos. Não estávamos preparados para a defesa, não havíamos construído um arsenal moral, embasado no conhecimento, na vivência do bem, na reflexão profunda sobre a vida.

“Tomai também o capacete da salvação”, da nossa malignidade. Somente nós poderemos adoecer a nossa alma e da mesma forma curá-la. A salvação é a alma sadia e sábia. Assim é o grande projeto de Jesus, que o anunciou, e compromissou-se com o Criador de que: “das ovelhas que o Pai lhe confiou nenhuma se perderá¹. Jesus trabalha incansavelmente, arregimentando os recursos possíveis à nossa condição, através da grande falange de benfeitores que sob suas orientações conduz a Humanidade da Terra, àquela que se arrasta ao peso da materialidade, para que desperte do pesadelo que ela mesma se impôs. Ele não poderá fazer a parte que nos compete no nosso progresso espiritual, respeita o livre-arbítrio.

“A cada um segundo as suas obras”.

¹Obra: Caminho, Verdade e Vida, capítulo. 2, Emmanuel, psicografia: Francisco Cândido Xavier.


                                                       Dorival da Silva

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Dissertação de Além-Túmulo: A INFÂNCIA

Dissertação de Além-Túmulo: A INFÂNCIA -- Comunicação espontânea do Sr. Nélo, Médium, lida na Sociedade em 14 de janeiro de 1859 -- REVISTA ESPÍRITA (fevereiro de 1859)

Não conheceis o segredo que, na sua ignorância, escondem as crianças. Não sabeis o que são, nem o que foram, nem em que se tornarão. E, contudo, as amais e as prezais como se fossem uma parte de vós mesmos, de tal sorte que o amor de uma mãe pelos filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outro ser. De onde vem essa doce afeição, essa terna benevolência que os próprios estranhos sentem por uma criança? Vós o sabeis? Não. É isso que vos quero explicar.

As crianças são seres que Deus envia em novas existências; e, para que elas não possam queixar-se de sua grande severidade, dá-lhes toda a aparência da inocência; mesmo numa criança de natureza má seus defeitos são cobertos pela inconsciência de seus atos. Essa inocência não é uma superioridade real sobre aquilo que foram antes; não, é a imagem do que deveriam ser; e, se não o são, unicamente sobre elas recairá a culpa.

Mas não foi apenas por elas que Deus lhes deu esse aspecto; foi também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à sua fraqueza; e esse amor seria singularmente enfraquecido à vista de um caráter intolerante e impertinente, ao passo que, supondo os filhos bons e meigos, dão-lhes toda a sua afeição e os cercam das mais delicadas atenções. Mas quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi prodigalizada durante quinze ou vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanece bom, se for fundamentalmente bom, mas se irisa sempre de matizes que se ocultavam na primeira infância.

Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e que, quando se tem puro o coração, fácil é conceber a explicação.

Com efeito, imaginai que o Espírito das crianças que nascem entre vós pode vir de um mundo onde adquiriu hábitos completamente diferentes. Como quereríeis que estivesse em vosso meio esse novo ser, que vem com paixões completamente diversas das que possuís, com inclinações e gostos inteiramente opostos aos vossos? Como quereríeis que se incorporassem em vossas fileiras de modo diferente do que Deus o quis, isto é, pelo crivo da infância? Aí se vêm confundir todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as verdades de seres engendrados por essa multidão de esferas onde se desenvolvem as criaturas. Vós mesmos, ao morrer, vos encontrais numa espécie de infância, em meio a novos irmãos. E, em nova existência fora da Terra, ignorais os hábitos, os costumes e as relações desse mundo tão novo para vós; manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais viva do que o vosso pensamento atual.

A infância tem ainda outra utilidade. Os Espíritos não entram na vida corporal senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A fraqueza da tenra idade os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que podemos reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Tal é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual hão de responder.

Assim, não somente a infância é útil, necessária e indispensável, mas, ainda, é a consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.


Observação – Chamamos a atenção de nossos leitores para esta notável dissertação, cujo elevado alcance filosófico é facilmente compreensível. Que há de mais belo, de mais grandioso que essa solidariedade que existe entre todos os mundos? Que de mais apropriado para nos dar uma ideia da bondade e da majestade de Deus? A Humanidade cresce por tais pensamentos, ao passo que se avilta se a reduzimos às mesquinhas proporções de nossa vida efêmera e de nosso imperceptível mundo entre os demais mundos.

                                       (Observação de Allan Kardec)

-- A página acima também poderá ser acessada através do endereço:

/nobilta.com.br/mkt/campanhas/2017/nobilta-2017-marco.pdf?utm_campaign=nobilta_news_marco__2017&utm_medium=email&utm_source=RD+Station 

terça-feira, 18 de abril de 2017

160 Anos de Espiritismo

160 Anos de Espiritismo

A Codificação da Doutrina Espírita foi levada a público em 18.04.1857, com a publicação da primeira obra basilar: O Livro dos Espíritos, que completa cento e sessenta anos do seu aparecimento no Planeta Terra.

O trabalho de organização da Doutrina pertence a Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo: Allan Kardec.

Com o advento da Doutrina Espírita muitas elucidações se deram no contexto da vida no Planeta, oferecendo melhoria substancial à sua condução.  Há uma compreensão ampla das razões porque se está vivendo uma realidade de tantas exigências, a começar pela da subsistência, salubridade, saúde, alimentação, escolaridade, trabalho, formação de família, a organização social e política, as especializações nas diversas áreas, a tecnologia que se desenvolve vertiginosamente... Fica mais fácil o entendimento das razões de tudo isso, das complexidades no meio social, das distâncias evolutivas entre diversos grupos, além das diversidades de pessoa a pessoa, inclusive dentro do próprio lar.

Traz-nos o Espiritismo pontos que abrem os horizontes da Alma Humana, um farol que aclara as perspectivas para o futuro e outro que amplia o entendimento do que se passou ou o que está se passando com o homem, coletiva ou individualmente, através da revelação da reencarnação, da preexistência e pós-existência do Ser Espiritual à presente vida corporal, da comunicabilidade dos espíritos, da pluralidade dos mundos habitados...

Compreendida a Lei Divina da reencarnação várias situações inibidoras de maior progresso deixam de ter sentido a sua permanência, tais como: preconceitos de raça, religião, cor, sexo... Por que já vivemos nas mais variadas situações pelos tempos que se passaram e poderemos renascer em qualquer outra parte do Mundo, nas mais diversas circunstâncias, inclusive experienciar existência tanto em corpo masculino ou feminino.

Aceita a ideia da reencarnação, amplia-se a visão espiritual da vida, se alguém renasce é porque existia, se existia é que continuou a vida após a morte de corpo material anteriormente utilizado, se existia, onde estava? Estava na vida espiritual, vivendo de acordo com a sua condição evolutiva, poderia estar feliz ou não, vez que é: “a cada um segundo as suas obras”.

A pluralidade dos Mundos habitados é outra revelação da Doutrina Espírita, vez que os Espíritos Superiores informam que não há nada no Universo que não tenha finalidade, sendo que os espíritos seguem evoluindo numa escala infinita, passando por muitos Mundos, até alcançar a angelitude. Existem no Universo muitos mundos idênticos ao nosso, como os há inferiores e também superiores em escala sem fim.

Outro ponto relevante é a comunicabilidade dos espíritos, através da mediunidade, o que sempre existiu, portanto, não apareceu com a Doutrina Espírita, mas foi através da observação criteriosa de Allan Kardec e a orientação dos Espíritos Reveladores que se compreendeu e educou-se os médiuns para a consecução desse trabalho de permitir a captação do pensamento de um espírito desencarnado através de outro espírito encanado.

A Doutrina Espírita constitui-se em três pilares: Ciência, Filosofia e Religião.  Ciência de observação, partindo do efeito para se encontrar a causa; Filosofia, que questiona, investiga e conclui-se, comprovando a veracidade através de espíritos e médiuns diversos, estes estranhos uns aos outros, inclusive de países e línguas diferentes, elucidando questões de todas as áreas do conhecimento, revelando novas verdades, confirmando e ampliando outras de domínio da Academia Científica, sem no entanto, esgotar tema algum, vez que as possibilidades do conhecimento são infinitas; Religião, não na forma tradicional, com a hierarquização organizacional, mas pelas condições éticas e morais, tendo por base o Evangelho de Jesus, com amplificação de entendimento através dos Imortais Codificadores, como se pode verificar em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
 
Não há dúvida que a Doutrina Espírita é a Terceira Revelação, àquela prometida por Jesus, quando se despedia de sua tarefa no campo da vida material.

“A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.” – Capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 6.

Consolador prometido - Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.  (João, 14:15 a 17 e 26.) – Capítulo 6 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 3.

A Doutrina Espírita está posta há 160 anos trazendo em seu conteúdo uma força intensa para a reconstrução consciente daquele que se interessar no seu estudo e vivência. Reaviva a mensagem de Jesus, pois agora amplia a percepção espiritual do ser humano. Dá-lhe elucidações porque a Ciência Espírita o leva além dos limites materiais, permite-lhe avançar com sua inteligência e sensibilidade sobre a fronteira frágil existente entre o que é material e o que é espiritual.

Compreende-se com mais facilidade as colocações de Jesus, que a recompensa da vitória sobre a matéria será depois desta existência, vez que a vida no corpo físico sempre trará tribulação.

A Doutrina Espírita é consoladora, é libertadora ao mesmo tempo que transformadora. Mostra que toda ação tem consequência na vida, causa e efeito, cabendo a responsabilidade de acordo com o estado de consciência de cada um.


                                                         Dorival da Silva
                                                         2º Vice-Presidente da
                                                                                  4ª União Regional Espírita, sede em 
                                                         Jacarezinho, PR                                                              

quinta-feira, 13 de abril de 2017

A paz

A paz

A paz existe naquele que a cultiva;
A paz é algo que se irradia de uma fonte;
A paz contagia aonde chega;
A paz mitiga a aspereza por onde passa.

A paz constrói em silêncio;
A paz agrega e modifica;
A paz cria a paz;
A paz gera a felicidade daquele que a alimenta.

A paz origina a grandeza do coração;
A paz alcança alturas de sentimentos;
A paz repara a rudeza dos desencontros;
A paz conquista a limpidez da alma.

A paz promove a primavera do saber;
A paz reconstrói a maciez do carinho;
A paz alteia a graça de amar;

A paz, a paz, a paz!?


Dorival da Silva


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Casa espiritual

“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.” - Pedro. (I Pedro, 2:5.)
Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.
Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.
O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir nas palavras de Simão Pedro, porque a lição de Jesus não deve ser tomada apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima.
Muita vez, é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados.
Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal. É também o restaurador da casa espiritual dos homens.
O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço. O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel e psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 133, ano 1951.

***

Reflexão: O apóstolo Pedro, no versículo inicialmente colocado, refere-se a: “(...), como pedras vivas, sois edificados casa espiritual”. É fundamental reconhecer que cada indivíduo é um projeto único. Essa construção terá a feição do “auto construtor” espiritual.  Portanto, não se habita a Casa Espiritual, é-se a própria habitação, somente os valores que são cultivados residem nessa edificação.

Dessa forma, pode-se avaliar a qualidade da construção em andamento pelas manifestações próprias, tais como: a fala, a manifestação cultural, a escrita, o comportamento nas relações sociais, as bandeiras que defende, ação e reação frente a fato inopinado...
 
O Espírito Emmanuel, estudando a anotação de Pedro, destaca: “(...), existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, (...)” e “(...) são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor”.  Essas observações merecerem o “status” de alerta grave para todos que transitam na vida corpórea, porque esta é a grande oportunidade de alçar posição de melhoria da Alma. É a Casa em edificação, que será transladada para a espiritualidade com a beleza ou a fealdade que lhe couber.

O Espírito Benfeitor levanta, ainda, na sua análise: (...) “e outras (Casas) que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto (...).”  Observando-se as circunstâncias acima, não é difícil imaginar que são Almas em sofrimento em razão do seu estado doentio, alimentado com ilusões, ambições desmedidas, orgulho desenfreado, egoísmo renitente.

Há grande corrida na busca de alívio das dores da alma nos consultórios médicos, psicológicos, psiquiátricos, que colaboram com suas técnicas no apaziguamento das ânsias maiores, de tratamentos de longo prazo, até que o paciente tome ou não resolução transformadora. A cura não virá de fora, mas, sim, de dentro para fora. É o esforço hercúleo de quem sofre. Caso não dê conta na presente vida no corpo físico, dará continuidade aos esforços na vida espiritual, mesmo assim, não conquistando a saúde necessária, retornará em novo corpo de carne para a continuidade do tratamento. Todos se curarão um dia.

A Casa Espiritual merece cuidados, ninguém será feliz em parte alguma numa moradia de ilusões.


                                                   Dorival da Silva.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Suicídio




Suicídio
 

No suicídio intencional, sem as atenuantes da moléstia ou da ignorância, há que considerar não somente o problema da infração ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura comete contra si mesma, através da premeditação mais profunda, com remorso mais amplo.

Atormentada de dor, a consciência desperta no nível de sombra a que se precipitou, suportando compulsoriamente as companhias que elegeu para si própria, pelo tempo indispensável à justa renovação.

Contudo, os resultados não se circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os desequilíbrios consequentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em existências próximas.

É assim que após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições.

Ser-nos-á fácil, desse modo, identificá-los, no berço em que repontam, entremostrando a expiação a que se acolhem.

Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endocrínicas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose(1)ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa.

Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma.

Junto de semelhantes quadros de provação regenerativa, funciona a ciência médica por missionária da redenção, conseguindo ajudar e melhorar os enfermos de conformidade com os créditos morais que atingiram ou segundo o merecimento de que disponham.

Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprendas a crescer para a luz e a viver para o amor, ante a glória de Deus.

                                                Emmanuel. 
(1) Ictiose: dermatose caracterizada pela secura e aspereza da pele, a qual, por hipertrofia de sua camada córnea, se torna escamosa como a dos peixes. 
 


Do livro Religião dos Espíritos, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço: 
http://www.oconsolador.com.br/ano9/432/emmanuel.html