quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Por que “Amar o próximo como a si mesmo”?

Por que “Amar o próximo como a si mesmo”?

Nos dias que se correm observando os meios culturais através da música popular, das novelas televisivas, vídeos e textos espalhados pela internet, filmes e outros, certamente com exceções, denota-se que o substantivo amor é colocado como algo a ser exigido de alguém, o coletivo me deve amor, devo ser amado a todo custo, sou credor de todo amor, sou infeliz porque não me amam. É o egoísmo exacerbado e o orgulho ditando normas de comportamento. Distancia-se velozmente da humildade.

Grande parte da população do Mundo se diz cristã, portanto, seguidora da mensagem de Jesus, o Cristo, e Ele por solicitação do próprio homem, que se fazia representar pelos Fariseus, à época, que um de seus doutores, em nome da plêiade religiosa dominante, questiona, embora, não para aprender, mas com o intuito de condenar o intruso que incomodava por portar sabedoria contundente que não atendia aos interesses daquele poder mandatário, quando questiona:  “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” — Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. (Mateus, 22:34 a 40.).   Jesus não deixa nenhuma dúvida quanto à maior Lei e não se referia à lei do Mundo, mas à Lei de Deus, sendo ela perfeita e imutável.

Em conta a exatidão do ensinamento do Mestre Divino, é de muita impropriedade, nos tempos chamados modernos, o desvirtuamento da palavra amor, para representar comportamento desregrado, dando a ideia de uso do próximo, na busca de sensações insaciáveis, abrindo na alma um grande campo de vazio impreenchível nesse rumo comportamental.

Situação que se dá nas relações afetivas, tanto como nos meios empresariais, governamentais, outras organizações, sempre ressalvadas exceções, porque sempre o bom senso existirá, mesmo momentaneamente em proporções menores.

Grassam a ansiedade, a depressão, o pânico e outras patologias emocionais nas mais variadas classes sociais -- a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a depressão como o mal que atingirá grande parte da população mundial nas próximas décadas. Os melhores especialistas e os mais modernos medicamentos não são capazes de contornar esses males, conquanto a necessidade deles para a sua amenização, até que decisão particular, íntima e decisiva possa modificar no espírito a ideia de amar, amando, amando-se, aos moldes de Jesus, curando-se definitivamente.

Qual a importância de amar o próximo? É ampliar a compreensão do sentido da vida. É enxergar no próximo o espelho de si mesmo, buscando a compreensão de suas dificuldades, as percebidas, porque com a reflexão se reconhecerá que as dificuldades do próximo são as mesmas que se possui, e por vezes piores. Corrigindo em si mesmo as mazelas percebidas é amar-se, aperfeiçoar-se, crescer espiritualmente, harmonizar-se com a Lei Divina, ser feliz.

Jesus não ditou norma, apenas revelou o que não se compreendia, embora existisse, por que a Lei Divina sempre existiu, e é a mesma sempre. Existindo o desvirtuamento, por qualquer interesse, por mais se tente justificar, encontrará os efeitos contendores do seu desvio. Assim as dores morais, os sofrimentos, não cessarão enquanto o infrator não se corrigir, conscientizando de que é a criatura que precisará crescer para Deus, aperfeiçoando-se, jamais a imperfeição imperará, tal é a Lei.


                                                          Dorival da Silva

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Fé que transporta montanha

Fé que transporta montanha

A fé vem sendo tratada nos tempos modernos pelas vias massificadoras de comunicação televisiva, radiofônica e pela rede internacional de computadores...

Permanece, em maior parte, a prática incisiva de dominação da fé condicionada a alguém ou a algum templo.  Utilizam-se do nome Jesus e do evangelho como moeda fácil, no afã de autenticidade e por fazer valer interesses escusos fantasiam, teatralizam tentando fazer banalidades se tornarem verdades irrefutáveis.

Todos os dias se faz necessário apresentar algo fantástico para prender a atenção dos incautos com promessas de efeitos extraordinários, ludibriando as massas daqueles que se permitem, porque alimentam uma fé cega, dependente de outrem, que como o cego ter um guia cego ambos cairão na ribanceira.

“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.  ( Mateus, 11:28 a 30). ” -- Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por Ele [Jesus] ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.” (1).

A fé que transporta montanha (de problemas da vida, dificuldades normais da própria senda evolutiva, que afligem, pois, o homem precisa vencer as suas limitações) é lucidez, confiança na superação das próprias limitações, utilizando com sabedoria as ferramentas que a vida lhe coloca às mãos.

Para se alcançar na vida o alívio das aflições, Jesus fala que é necessário “tomar sobre si o seu jugo” e que se aprenda com Ele a “brandura e a humildade de coração” , assim a alma estará em repouso, no entanto, existe uma condicionante  “o seu jugo é suave e seu fardo é leve”, “que apenas impõe como dever o amor e a caridade.”

O ensinamento de Jesus não é ouvir prédicas, embora isso possa ser útil se quem ensina é honesto e quem ouve passa o conteúdo pelo crivo da razão, através de meditação rigorosa, descartando o que não seja útil para a evolução moral e espiritual. Isto é a parte menor do processo evolutivo, falta a condição primordial: amor e caridade.  

A verdadeira caridade moral, que também se extrai da caridade material, vez que toda ação no bem exige a participação da emoção, da tolerância, da compreensão, é a única condição a proporcionar as modificações íntimas da alma humana. A brandura e a humildade de coração, de que Jesus se refere, é modificação consciente do indivíduo, sabendo suportar as dificuldades que lhe são próprias para a superação dos vícios, da ganância, da inveja, do ódio, do sensualismo, do orgulho, da prepotência, do egoísmo... Sendo que em grande compreensão: a caridade é o amor em ação.

A condição: “que apenas impõe como dever o amor e a caridade” não é norma de Jesus, porque a ela Ele também está submetido, é Lei Natural (Lei de Deus) da qual o Mestre é o revelador. 

Portanto, o homem precisa de ser livre para buscar e para entender, é ser autônomo, não precisa de tutela para a sua fé, vez que Deus lhe deu a liberdade (o livre arbítrio), “buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á, e pedi e se vos dará”.

Note-se que sempre há uma ação, uma disposição, faz-se necessário a mão na obra. A passividade, na expectativa que alguém fará a parte de cada um é um engano.  A solidariedade é sempre bem-vinda, mas como apoio, e não deverá fazer a parte particular que compete a cada pessoa. “A cada um segundo a suas obras.” Jamais se pagará pela deficiência dos outros ou se gozará felicidades tendo por conta a virtude dos outros. “Deus é Justo.”

Assim, não é possível caminhar com as pernas que não sejam as próprias e nem encontrar a paz e a felicidade às expensas de outrem.

A fé transporta montanha, na medida da confiança que ela proporciona.

(1)-Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo VI – O Cristo Consolador, item 2.
                                                                            

Dorival da Silva

sábado, 7 de outubro de 2017

O Amor


O Amor

O amor se apresenta de acordo com quem ama e quem é amado, sendo infinito a sua forma de expressão: amor-renúncia, amor-evolução, amor-doação, amor-responsabilidade, amor... 

Quem ama verdadeiramente não exige amor de quem se ama, ou da causa que se ama; amar é uma doação lúcida de sentimento que flui dmundo íntimo, que desconhece a limitação sensorial, porque transcende os limites das coisas materiais singrando no infinito espiritual. 

O corpo não ama, mas expressa grosseiramente o sentimento de amor que se encontra na Alma. 

A amizade, a gentileza, a fraternidade, a solidariedade, a caridade são expressões de amor, quando a manifestação se dá naturalmente e desinteressada. 

O amor não pode ser percebido pelo egoísta, nem pelo indiferente. O sentimento somente poderá ser notado pelos seus iguais, pela similitude.  

É engano dizer que a prática sexual é amor.  Os casais que se amam exercem com amor. Fora disto é inconsequência. 

                                                           Dorival da Silva 


quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Escritura individual


Escritura individual

“Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram.” - (Mateus, 26:56.)
O desígnio a cumprir-se não constitui característica exclusiva para a missão de Jesus.
Cada homem tem o mapa da ordem divina em sua existência, a ser executado com a colaboração do livre-arbítrio, no grande plano da vida eterna.
Acima de tudo, nesse sentido, toda criatura pensante não ignora que será compelida a restituir o corpo de carne à terra.
Os companheiros menos educados sabem, intuitivamente, que comparecerão a exame de contas, que se lhes defrontarão paisagens novas, além do sepulcro, e que colherão, sem mais nem menos, o fruto das ações que houverem semeado no seio da coletividade terrestre.
Em geral, porém, ao homem comum esse contrato, entre o servo encarnado e o Senhor Supremo, parece extremamente impreciso, e prossegue, experiência afora, de rebeldia em rebeldia.
Nem por isso, todavia, a escritura, principalmente nos parágrafos da morte, deixará de cumprir-se. O momento, nesse particular, surge sempre, com múltiplos pretextos, para que as determinações divinas se realizem. No minuto exato, familiares e amigos excursionam em diferentes mundos de ideias, através das esferas da perplexidade, do temor, da tristeza, da dúvida, da interrogação dolorosa e, apesar da presença tangível dos afeiçoados, no quadro de testemunhos que lhe dizem respeito, o homem atende, sozinho, no capítulo da morte, aos itens da escritura grafada por ele próprio, diante das Leis do Eterno Pai, com seus atos, palavras e pensamentos de cada dia.
Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel e psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, capítulo 94,
REFLEXÃO: Como negar ao que consta instalado na consciência? O translado escritural dos compromissos assumidos diante da estância evolutiva é inegável, intransferível, cabendo ao compromissado dar contas sob pena das cominações inerentes ao inadimplente, podendo ser agravadas pela renitência no descumprimento de suas obrigações.
Uma multidão de Espíritos todos os dias deixa a vida do corpo físico, em incontável circunstância, e uma outra entra na vida corporal, os que retornam ao campo espiritual levam consigo o atendimento ou não de seus compromissos escriturados na alma, põem-se felizes ou magoados, revoltados o que corresponde aos seus feitos e ao atendimento ou não das cláusulas morais do seu contrato diante da vida; os que chegam, vem com os ajustados deveres a cumprir, na maioria, cheios de esperança e os melhores desejos, no entanto, no transcorrer da lida, no levantar da cortina dos oferecimentos do mundo poucos resistem à tentação de novamente usufruir das experiências conhecidas em vida anterior, que tendenciosamente acende o braseiro adormecido, lembrando-se intuitivamente de sensações, tais como: do poder degenerativo, do sensualismo, do sexualismo e outros “-ismos” depreciativos de comportamento digno diante da consciência,    dando aso ao descumprimento voluntário dos compromissos  escriturados  no próprio espírito.
O orientador espiritual Emmanuel, na página inicial, registra: “Em geral, porém, ao homem comum esse contrato, entre o servo encarnado e o Senhor Supremo, parece extremamente impreciso, e prossegue, experiência afora, de rebeldia em rebeldia”.  É a liberdade que o Criador dá à criatura, o livre-arbítrio. Aí reside o problema humano, que pode decidir por sua conta, o que fazer na vida; como está mais próximo da sua origem, do estado egoístico, próximo da animalidade, conquanto a conquista de alguns passos evolutivos, contrariar a própria consciência ainda lhe dá satisfação, tem prazer doentio, o prefere aos esforços do livramento de seu próprio mal.
Respeitar o escriturado espiritual, que geralmente exige reparação de desvios antigos, reorientação dos sentimentos, estabelecimentos em si de uma fé raciocinada, ações no bem geral, diminuição do orgulho e do egoísmo, exercício da verdadeira caridade, conquista de virtudes, não é tarefa cômoda, não é viagem de lazer, trata-se de esforço hercúleo.
O que se precisa entender, o que faria com que os esforços ficassem mais leves, é ter uma visão de futuro, futuro espiritual, entendendo que o espírito humano viaja no tempo, pela eternidade, e quanto mais rápido supera suas misérias e conquista virtudes mais leve se torna, fazendo com que a viagem que por ora é incômoda, pesada, dolorida, porque carrega-se uma montanha de quinquilharia emocionais sem nexo, em muito, somente atendendo os caprichos da própria escuridão moral que em nada importa para a felicidade e paz íntima. 
No final do último parágrafo do texto de Emmanuel, lê-se: “(...) o homem atende, sozinho, no capítulo da morte, aos itens da escritura grafada por ele próprio, diante das Leis do Eterno Pai, com seus atos, palavras e pensamentos de cada dia.”  Conquanto a rebeldia geral, considerando o não atendimento em nada do que foi combinado antes da entrada na carne, uma cláusula será cumprida fielmente, a da morte do corpo, essa não há como adiar; mesmo correndo num processo de mortes coletivas, cada espírito estará singularmente posto na forma “grafada por ele próprio”.
Por que não honrar o compromisso proposto e assumido voluntariamente diante da Lei Natural, sendo que todas as cláusulas são a favor do devedor?
                                             Dorival da Silva

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A máquina divina

Elucidações de Emmanuel


por Francisco Cândido Xavier


A máquina divina

Meu amigo,
O corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.
Os vizinhos do bruto precipitam-na ao sorvedouro da animalidade.
Os maus empregam-na criando o sofrimento dos semelhantes.
Os egoístas valem-se dela para esgotarem a taça de prazeres fictícios.
Os orgulhosos isolam-na sem proveito.
Os vaidosos cobrem-na de adornos efêmeros para reclamarem o incenso da multidão.
Os intemperantes destroem-na.
Os levianos mobilizam-na para menosprezar o tempo.
Os tolos usam-na inconsideradamente, incentivando as sombras do mundo.
Os perversos movimentam-lhe as peças na consecução de desordens e crimes.
Os viciados de todos os matizes aproveitam-lhe o temporário concurso na manutenção da desventura de si mesmos.
Os indisciplinados acionam-lhe os valores estimulando o ruído inútil em atividades improdutivas.
O espírito prudente, todavia, recebe essa máquina valiosa e sublime para tecer, através do próprio esforço, com os fios da caridade e da fé, da verdade e da esperança, do amor e da sabedoria, a túnica de sua felicidade para sempre na Vida Eterna.

Da obra intitulada Nosso Livro, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicado em 1950.
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Reflexão: Nos dias atuais em que há um endeusamento de si mesmo, visando a exuberância física, com os excessos musculares, com adornamentos metálicos e outros materiais, com enfeites pictóricos, intervenções plásticas alteradoras da estrutura original, entre outros fazeres excepcionais, quando a “máquina divina” não pede nada disso.

O Espírito Emmanuel, com a lucidez que lhe é característica, com visão que transcende os limites da materialidade, mostra que o instrumento corporal tem outra finalidade. “O corpo físico é a máquina divina que o Senhor nos empresta para a confecção de nossa felicidade na Terra.”  O Benfeitor diz que o Senhor empresta a Máquina Divina...  Essa informação leva à meditação: Embora o corpo sirva exclusivamente a um indivíduo, ele não lhe pertence definitivamente. Poderá sê-lo retirado a qualquer momento, restituindo-lhe à Natureza de onde veio, desintegrando-se definitivamente para integrar outras construções orgânicas ou não.

... empresta a máquina divina para a confecção da nossa felicidade na Terra.”  Trata-se de equipamento fungível. O “Ser pensante”, a Alma, precisa de tal máquina para sua vida temporária no mundo material na busca das experiências espirituais. Toda a alquimia com as coisas da Terra é visando o aprimoramento da Alma, intelectual e moralmente.

Tudo o que se valoriza intensamente no corpo implementa-se com as mesmas colorações no envoltório da Alma, o que se denomina na Doutrina Espírita por perispírito, corpo sutil que envolve o "Ser Pensante" - a Alma - e permanece após a morte do corpo físico.  Com essa apresentação permanece-se durante a erraticidade (período entre a desencarnação e a próxima reencarnação), com exceções e graduações próprias de cada situação.

“O Senhor nos empresta (o corpo físico) para a confecção de nossa felicidade na Terra.”  Há que se entender que o Mentor faz referência a felicidade que se construirá na Alma, portanto, patrimônio infungível, terá continuidade após a morte. Assim não limita a confecção de felicidade para gozo apenas enquanto na vida material, mas para sempre. Dessa forma, transferir a condição de usufruir felicidade com os elementos da matéria é pura ilusão, mesmo porque a matéria nada poderá perceber, sendo o sentir um atributo da Alma.

A vida no ambiente da Terra flui em dois planos, sendo o plano espiritual, a condição primeira, -- pois de lá veio para lá retornará --; o plano no corpo físico é uma viagem de oportunidades para aprendizado e aprimoramento da Alma.  Numa análise mais profunda a Alma vive os dois planos ao mesmo tempo, embora quem está na indumentária física não perceba.

Emmanuel, o Espírito benfeitor, faz correlação entre a condição moral e a empregabilidade da máquina divina, que foi emprestada pela Divindade para a confecção da felicidade, mas, o homem, pela Lei Natural tem o livre-arbítrio, confecciona o sofrimento, para si, se não ocorre imediatamente virá no futuro, e para os outros proporciona dificuldades, tornando para si dívidas a serem sanadas em algum tempo. Abaixo tornamos aos registros do Benfeitor:

“Os vizinhos do bruto precipitam-na ao sorvedouro da animalidade.
“Os maus empregam-na criando o sofrimento dos semelhantes.
“Os egoístas valem-se dela para esgotarem a taça de prazeres fictícios.
“Os orgulhosos isolam-na sem proveito.
“Os vaidosos cobrem-na de adornos efêmeros para reclamarem o incenso da multidão.
“Os intemperantes destroem-na.
“Os levianos mobilizam-na para menosprezar o tempo.
“Os tolos usam-na inconsideradamente, incentivando as sombras do mundo.
“Os perversos movimentam-lhe as peças na consecução de desordens e crimes.
“Os viciados de todos os matizes aproveitam-lhe o temporário concurso na manutenção da desventura de si mesmos.
“Os indisciplinados acionam-lhe os valores estimulando o ruído inútil em atividades improdutivas.”

Fechando o texto de orientação, Emmanuel, resumidamente fala de como bem utilizar a máquina divina e os resultados a se alcançar, que transcende os limites desta existência material e segue o caminho da eternidade:
“O espírito prudente, todavia, recebe essa máquina valiosa e sublime para tecer, através do próprio esforço, com os fios da caridade e da fé, da verdade e da esperança, do amor e da sabedoria, a túnica de sua felicidade para sempre na Vida Eterna.”

                                                         Dorival da Silva

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Amadurecimento espiritual


Amadurecimento espiritual

          O Espírito Humano, viajor no tempo que não tem fim, sendo de sua responsabilidade a qualidade da viagem e o aproveitamento das possibilidades a seu favor.

        A viagem terá mais ou menos dificuldades de acordo com o estágio evolutivo. Poderá atrasar-se indefinidamente em situação de sofrimento, perturbação, revolta...  Caberá a si mesmo a modificação do estado em que se encontrar.

        A meta para todos é o estado de paz e felicidade; essa conquista é pessoal.  Conquanto depender das relações coletivas, o desenvolvimento é individual, o que quer dizer que o coletivo é o resultado das qualidades individuais.   

        A existência de boa convivência familiar configura melhores possibilidades em sociedade.  As experiências bem-sucedidas promovem a confiança e a segurança nas ações de progresso.  As experiências de resultados negativos, se superadas as causas e as consequências, mostram que os sofrimentos não compensam, apesar de serem lições, deixam suas marcas.

        Prestar atenção na vida, o que corresponde a meditar nas decisões e ações a serem encetadas no roteiro existencial, favorece sobremaneira o amadurecimento espiritual, pois, procura-se antever os resultados e as consequências.

        Toda ação proporcionará resultado positivo ou negativo, contra o próprio ou a outrem, ou a ambos, com consequências que poderão se desdobrar em questões materiais e emocionais, quase sempre as vinculando.

        Os problemas materiais podem ser resolvidos facilmente se os reflexos emocionais permitirem. Assim os problemas gerados pelas ações levadas a efeito com irresponsabilidade desdobram no campo espiritual ligando os indivíduos pelo ressentimento, ódio, mágoa, desejo de vingança...

        Quando a ação é labor no bem, isto gera vibrações de alegria, de agradecimento, que perduram no tempo, somando-se com outras de mesmo teor, formando um patrimônio sustentador da paz e felicidade.

        O amadurecimento espiritual não acontece num átimo de tempo, nem numa ação fortuita. Essa estrutura espiritual é obra de vivências, da compreensão da necessidade do equilíbrio, da temperança diante das circunstâncias da vida, ponderações diante das próprias ações, como das dos demais que rumam no caminho evolutivo.

        O ninho familiar é o grande laboratório de amadurecimento, para os que se acham na condição de filhos, como de pais. Na família forma um caldo vivencial, conquanto entrelaçados os seus elementos, permanecem individualizados, cada um acolhendo a experiência com os sentimentos que lhe é possível, diante da elevação moral e intelectual que lhe é própria. Nenhum dos componentes é perfeito, embora cada elemento se encontre num patamar evolutivo único, apesar da proximidade evolutiva entre si.

        O contributo da mensagem de Jesus amplia em muito o amadurecimento espiritual, vez que traz entendimento para as dificuldades que se deparam no correr da vida. Jesus faz a ligação entre a vida material e a vida espiritual. Reporta-se aos sofrimentos e aflições da alma humana nos contextos da existência, mas esclarece que há libertação dos males, num novo contexto de vida, no campo espiritual.

        Somente os rebeldes e os renitentes permanecem em sofrimento até que se autorizem sinceramente à modificação do seu estado, contornando o orgulho, o egoísmo... Aplicando na sua existência as regras do bem-viver, respeitando a si mesmo e ao próximo.

        A Doutrina Espírita que veio na condição de “terceiro revelador”, dando complemento as revelações de Moisés e as de Jesus, sendo promessa do próprio Cristo, vem dar mais luz ao entendimento naquilo em que não pôde fazer, em conta as condições intelectuais e morais dos homens de sua época.

        Essa terceira revelação, o Espiritismo, demonstra fatos relevantes para o aprimoramento do Espírito Humano, pois lança luz a infinitas indagações, principalmente sobre a continuidade da vida após a morte do corpo físico, aí, o codificador do espiritismo, Sr. Allan Kardec, faz, com a ajuda dos Espíritos, um raio X do mundo espiritual.  A Doutrina Espírita não é obra de uma pessoa, o Sr. Kardec foi o organizador, na qualidade de pedagogo, oferecendo contribuição da sua condição de homem culto e sábio de seu tempo, no entanto, é obra dos Espíritos evoluídos, que no tempo determinado por Jesus, veio fazer fluir através da Espiritualidade Maior, àquilo que já existia no Mundo, através das religiões, dos profetas, das filosofias, das ciências, dos saberes populares, no entanto estavam esparsos, sendo tudo juntado e organizado, formando uma Nova Ciência, uma Nova Filosofia,  com consequências morais – Nova Religião, mas sem hierarquia, sem cerimônias, tendo como fundo a religação do homem a Deus, pelos laços da inteligência, da fé racionada e da moral.

        Todos os esforços para o amadurecimento espiritual é aproximar-se de Deus, o que quer dizer, adentrar à plenitude da vida, quando as influências materiais estarão vencidas.


                                                  Dorival da Silva

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Amai-vos

Amai-vos

“Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.” - João. (I João, 3:18.)
Por norma de fraternidade pura e sincera, recomenda a Palavra Divina: “Amai-vos uns aos outros.”
Não determina seleções.
Não exalta conveniências.
Não impõe condicionais.
Não desfavorece os infelizes.
Não menoscaba os fracos.
Não faz privilégios.
Não pede o afastamento dos maus.
Não desconsidera os filhos do lar alheio.
Não destaca a parentela consanguínea.
Não menospreza os adversários.
E o apóstolo acrescenta: “Não amemos de palavra, mas através das obras, com todo o fervor do coração.”
O Universo é o nosso domicílio.
A Humanidade é a nossa família.
Aproximemo-nos dos piores, para ajudar.
Aproximemo-nos dos melhores, para aprender.
Amarmo-nos, servindo uns aos outros, não de boca, mas de coração, constitui para nós todos o glorioso caminho de ascensão.
  
Mensagem extraída da obra: Vinha de Lua, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 130, publicada em 1951.
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Reflexão: Para amar é preciso que o amor esteja em nós. No entanto, somos imperfeitos e esse sentimento é conquista crescente na intimidade de cada um de acordo com a lucidez alcançada diante da vida.

O exercício de amar se verifica ao choque dos comportamentos contrários ou divergentes ao estado de conforto emocional.  O que não é exatamente a relação com os posicionamentos emocionais opostos aos nossos, tais como: honesto e desonesto; falso e verdadeiro...

O problema que incomoda é encontrar a manifestação de comportamento que reflete identicamente a nossa própria condição emocional. Proporcionando uma reação de descontentamento, de ódio, de inveja, de birra, de desconfiança, de inferioridade, de falsa superioridade, de orgulho, de egoísmo, de...

Então como amar o próximo se não nos amamos? Precisamos nos amar.  Como será isso? Certamente não se dará num passe de mágica? É preciso se conhecer e para isso é preciso conviver com o nosso próximo, principalmente, os mais próximos.  Percebermos as nossas reações diante de tudo o que ocorre nas convivências diárias, não reagirmos como o animal faz por instinto, agredindo inconscientemente, mas utilizando os fatos para verificarmos a nossa posição, e aprofundarmos reflexão sobre as ocorrências.

Isso traz sofrimento para quem se propõe a se amar, leva àquele de bom propósito a buscar remédio eficaz, que é fácil de ser encontrado, que muitas das vezes está no seu próprio armário, muito maltratado, que é o Evangelho de Jesus, comum a todos os credos.

Agora, por certo, não será uma leitura superficial, com os olhos visitando as letras há muito conhecidas e até decoradas, será busca mais aprofundada, pois o nosso estado emocional pede mais consistência, porque estamos sofrendo, meditamos, não desejamos explodir, queremos refrigério consciente, o tratamento definitivo.

“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo”.  (Jesus; Mateus, 11:28 a 30.)

Não é sem razão, que o meio familiar, onde se encontram os próximos mais próximos, com raras exceções, é ambiente tumultuoso, pois, sendo que os iguais no campo dos interesses e das emoções se atraem, além de que são devedores e credores uns dos outros, resultantes de vidas passadas, em que foram parentes ou não, possivelmente vítimas e algozes dentro dos contextos que viveram.

Todos precisamos nos amar e amar o próximo, somente assim anularemos transformando as cargas deletérias que estabelecemos em nossa alma, em virtudes que nos dulcificarão, e, assim, ocorrendo com todos, alçaremos o estado de plenitude, onde estas virtudes se refletirão nos outros e retornarão ampliando a soma de paz e felicidades que todos almejam.

“Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por Ele (Jesus) ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cristo Consolador – capítulo VI, item 2)

                                                                         Dorival da Silva