sábado, 24 de janeiro de 2015

Terrorismo de natureza mediúnica


       
Sutilmente vai-se popularizando uma forma lamentável de revelação mediúnica, valorizando as questões perturbadoras que devem receber tratamento especial, ao invés de divulgação popularesca de caráter apocalíptico.
Existe um atavismo no comportamento humano em torno do Deus temor que Jesus desmistificou, demonstrando que o Pai é todo Amor, e que o Espiritismo confirma através das suas excelentes propostas filosóficas e ético-morais, o qual deve ser examinado com imparcialidade.
Doutrina fundamentada em fatos, estudada pela razão e lógica, não admite em suas formulações esclarecedoras quaisquer tipos de superstições, que lhe tisnariam a limpidez dos conteúdos relevantes, muito menos ameaças que a imponham pelo temor, como é habitual em outros segmentos religiosos.
Durante alguns milênios o medo fez parte da divulgação do Bem, impondo vinganças celestes e desgraças a todos aqueles que discrepassem dos seus postulados, castrando a liberdade de pensamento e submetendo ao tacão da ignorância e do primitivismo cultural as mentes mais lúcidas e avançadas...
O Espiritismo é ciência que investiga e somente considera aquilo que pode ser confirmado em laboratório, que tenha caráter de revelação universal, portanto, sempre livre para a aceitação ou não por aqueles que buscam conhecer-lhe os ensinamentos. Igualmente é filosofia que esclarece e jamais apavora, explicando, através da Lei de Causa e Efeito,  quem somos, de onde viemos, para onde vamos, porque sofremos, quais são as razões das penas e das amarguras humanas... De igual maneira, a sua ética-moral é totalmente fundamentada nos ensinamentos de Jesus, conforme Ele os enunciou e os viveu, proporcionando a religiosidade que integra a criatura na ternura do seu Criador, sendo de simples e fácil formulação.
Jamais se utiliza das tradições míticas greco-romanas, quais das Parcas, sempre tecendo tragédias para os seres humanos, ou de outras quaisquer remanescentes das religiões ortodoxas decadentes, algumas das quais hoje estão reformuladas na apresentação, mantendo, porém, os mesmos conteúdos ameaçadores.
De maneira sistemática e contínua, vêm-se tornando comuns algumas pseudorrevelações alarmantes, substituindo as figuras mitológicas de Satanás, do Diabo, do Inferno, do Purgatório, por Dragões, Organizações demoníacas, regiões punitivas atemorizantes, em detrimento do amor e da misericórdia de Deus que vigem em toda parte.
Certamente existem personificações do Mal além das fronteiras físicas, que se comprazem em afligir as criaturas descuidadas, assim como lugares de purificação depois das fronteiras de cinza do corpo somático, todos, no entanto, transitórios, como ensaios para a aprendizagem do Bem e sua fixação nos painéis da mente e do comportamento.
O Espiritismo ressuscita a esperança e amplia os horizontes do conhecimento exatamente para facultar ao ser humano o entendimento a respeito da vida e de como comportar-se dignamente ante as situações dolorosas.
As suas revelações objetivam esclarecer as mentes, retirando a névoa da ignorância que ainda permanece impedindo o discernimento de muitas pessoas em torno dos objetivos essenciais da existência carnal.
Da mesma forma como não se deve enganar os candidatos ao estudo espírita, a respeito das regiões celestes que os aguardam, desbordando em fantasias infantis, não é correto derrapar nas ameaças em torno de fetiches, magias e soluções miraculosas para os problemas humanos, recorrendo-se ao animismo africanista, de diversos povos e às suas superstições. No passado, em pleno período medieval, as crenças em torno dos fenômenos mediúnicos revestiam-se de místicas e de cerimônias cabalísticas, propondo a libertação dos incautos e perversos das situações perniciosas em que transitavam.
O Espiritismo, iluminando as trevas que permanecem dominando incontáveis mentes, desvela o futuro que a todos aguarda, rico de bênçãos e de oportunidades de crescimento intelecto-moral, oferecendo os instrumentos hábeis para o êxito em todos os cometimentos.
A sua psicologia é fértil de lições libertadoras dos conflitos que remanescem das existências passadas, de terapêuticas especiais para o enfrentamento com os adversários espirituais que procedem do ontem perturbador, de recursos simples e de fácil aplicação.
A simples mudança mental pra melhor proporciona ao indivíduo a conquista do equilíbrio perdido, facultando-lhe a adoção de comportamentos saudáveis que se encontram exarados em O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, verdadeiro tratado de eficiente psicoterapia ao alcance de todos que se interessem pela conquista da saúde integral e da alegria de viver.
Após a façanha de haver matado a morte, o conhecimento do Espiritismo faculta a perfeita integração da criatura com a sociedade, vivendo de maneira harmônica em todo momento, onde quer que se encontre, liberada de receios injustificáveis e sintonizada com as bênçãos que defluem da misericórdia divina.
A mediunidade, desse modo, a serviço de Jesus, é veículo de luz, de seriedade, dignificando o seu instrumento e enriquecendo de esperança e de felicidade todos aqueles que se lhe acercam.
Jamais a mediunidade séria estará a serviço dos Espíritos zombeteiros, levianos, críticos, contumazes de tudo e de todos que não anuem com as suas informações vulgares, devendo tornar-se instrumento de conforto moral e de instrução grave, trabalhando a construção de mulheres e de homens sérios que se fascinem com o Espiritismo e tornem as suas existências úteis e enobrecidas.
Esses Espíritos burlões e pseudossábios devem ser esclarecidos e orientados à mudança de comportamento, depois de demonstrado que não lhes obedecemos, nem lhes aceitamos as sugestões doentias, mentirosas e apavorantes com as histórias infantis sobre as catástrofes que sempre existiram, com as informações sobre o fim do mundo, com as tramas intérminas a que se entregam para seduzir e conduzir os ingênuos que se lhes submetem facilmente...
O conhecimento real do Espiritismo é o antídoto para essa onda de revelações atemorizantes, que se espalha como um bafio pestilencial, tentando mesclar-se aos paradigmas espíritas que demonstraram desde o seu surgimento a legitimidade de que são portadores, confirmando o Consolador que Jesus prometeu aos seus discípulos e se materializou na incomparável Doutrina.
Ante informações mediúnicas desastrosas ou sublimes, um método eficaz existe para a avaliação correta em torno da sua legitimidade, que é a universalidade do ensino,  conforme estabeleceu o preclaro Codificador.
Desse modo, utilizando-se da caridade como guia, da oração como instrumento de iluminação e do conhecimento como recurso de libertação, os adeptos sinceros do Espiritismo não se devem deixar influenciar pelo moderno terrorismo de natureza mediúnica, encarregado de amedrontar, quando o objetivo máximo da Doutrina é libertar os seus adeptos, a fim de os tornar felizes.
Vianna de Carvalho
 
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no

dia 7 de dezembro de 2009, durante o XVII Congresso Espírita
Nacional, em Calpe, Espanha.
Em 09.04.2012.

sábado, 17 de janeiro de 2015

O tempo agora...


O tempo agora...

O tempo que se transcorre é bom ou é ruim? Para todas as pessoas, ou...? Parecem indagações sem nexo. Conquanto a dualidade, vive-se às duas sensações.  Nem tudo é só bom, nem tudo é só ruim! Porque dentro desse caldo situacional existe um ser pensante, que altera com a sua disposição, o sentimento e a percepção.

Quem tem o entendimento de que este momento é de aprendizado ou de reajuste do que não estava bem estabelecido e vislumbra que depois tudo ficará melhor, então, se tem uma visão de futuro, o bom e o ruim são apenas estados transitórios que não permanecerão. É a consciência da mutabilidade. Nada é estático neste Mundo. O que é bom agora poderá ser visto de outra maneira em outro momento. E assim com o que é ruim. 

A maturidade modifica a valorização das coisas e dos fatos.  É observável para quem faz reflexões da própria vida. Todo indivíduo tem uma trajetória própria, perpassou por inúmeras circunstâncias boas e ruins, nas perspectivas daqueles momentos, que nas reflexões da maturidade, muitas que pareciam boas e foram defendidas com intensidade, se mostram que eram equívocos, apenas frutos da ignorância ou da vaidade. Outras que nas ocasiões que se deram eram ruins, também eram apenas uma questão do foco dos interesses, eram as percepções daquele momento, porque ignorava ou o orgulho não permitia se curvasse. 

As dissonâncias dos sentimentos são os exercícios da construção do edifício intelectual e moral, sendo o progresso um fatalismo, mostrando um rumo, sem erro, é o futuro. É o depois, o amanhã, a próxima década... Já não é o agora.  Esse agora é um instante, já não existe mais... Passou àquele, agora é outro... “Tudo passa...” Tanto as dores como as alegrias passam.  O que fica é um novo estado de alma. É bom ou é ruim, depende da escolha. Da agregação de valores. Se há uma soma harmônica é certo que há paz. Se o tumulto impera, tanto “o agora”, como “o depois” aguardarão a reflexão.

                                                                                    Dorival da Silva

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Diante do tempo

                             
                                                                              
Contempla o mundo ao qual voltaste, através da reencarnação, para resgatar o passado e construir o futuro.

Sol que brilha, nuvem que passa, vento que ondula, terra expectante, árvore erguida, fonte que corre, fruto que alimenta e flor que perfuma utilizam a riqueza das horas para servir.

Aproveita, igualmente, os minutos, para fazeres o melhor.

*

Perdeste nobres aspirações em desenganos esmagadores: no entanto, as esperanças renascem no coração dilacerado, à maneira de rosas sobre ruínas.

Perdeste créditos valiosos na insolvência passageira que te aflige o caminho; todavia, o trabalho dar-te-á recursos multiplicados para conquistas novas.

Perdeste felizes ocasiões de prosperidade e alegria, à vista da calúnia com que te ferem, mas, no culto da tolerância, removerás a maledicência, demandando níveis mais altos.

Perdeste familiares queridos que te largaram à solidão; no entanto, recuperá-los-ás tão logo consigas sazonar os frutos do entendimento, na esfera da própria alma.

Perdeste afetos sublimes na fronteira da morte; todavia, reaverás todos eles, um dia, quando te sentires de espírito libertado, nos planos da Grande Luz.

Perdeste dons preciosos, na enfermidade que te flagela, mas o próprio corpo físico é santuário que se refaz.

*

Observa, contudo, o que fazes do tempo e vale-te dele para instalar bondade e compreensão, discernimento e equilíbrio, em ti mesmo, porque o dia que deixas passar vazio e inútil é, realmente, um tesouro perdido que não mais voltará.

                                                                                      Reunião pública de 15-12-61
                                                                                             
                                                                 Emmauel - psicografia de Francisco Cândido Xavier. 

Nota do autor (fragmento): "(...) todos os comentários deste livro foram psicografados nas reuniões públicas das noites de segundas e sextas-feiras, da Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba."
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Mensagem extraída da obra: Justiça Divina, capítulo 82.
(Estudos e dissertações em torno da obra
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec)


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

ATRAVESSANDO A FLORESTA



O espírita no mundo assemelha-se ao homem que se embrenha na selva... Determinado a vencê-la, ele precisa atravessar a floresta, alcançando a grande clareira no vale ensolarado; no entanto as dificuldades são imensas para que as supere...

Ele se defrontará com os mais diversos perigos e obstáculos; sem bússola que o norteie, correrá o risco de perder-se na mata fechada; forças da Natureza conspirarão contra o tentame, porquanto a floresta, nunca dantes devassada, quer permanecer inexplorada...

À medida que avança, o homem se deparará com cipoais a se enrodilharem nas pernas, provocando-lhe sucessivas quedas... Terrenos escorregadios, pântanos, areias movediças, serpentes, troncos praticamente intransponíveis, insetos de todas as espécies, mas o homem prossegue decidido a vencer a escura floresta, para alcançar, do outro lado, a claridade solar...

Assim, simbolicamente, acontece com o espírita. Podemos vê-lo no mundo atravessando a gigantesca floresta das provações; além de lutar contra o próprio carma, contra as próprias limitações, ele se vê diante de problemas e de empecilhos exteriores; no entanto precisa vencer o matagal espesso da vida turbulenta e alcançar o outro lado, varar a floresta, abrindo picadas para que outros, mais tarde, possam seguir-lhe os passos. Às vezes, o homem, na floresta, se sente como que detido pelas ramagens; caminha vacilante, dois passos adiante, um passo atrás, esfalfado e sedento...

Assim também acontece com o espírita. Quantas vezes o companheiro de ideal supõe não estar realizando progresso algum na romagem terrestre?! Quantas vezes se imagina retrocedendo, em vez de avançar e se pergunta, agoniado e aflito: -- Estarei verdadeiramente caminhando, saindo do lugar, buscando a luz que me proponho?!...

Figuradamente, o espírita se defronta com o chão desnivelado da incompreensão e com o trecho escorregadio da vaidade pessoal, todavia ele não deve se deter e não deve se lançar a essa aventura sem bússola que o norteie, para que não ande em círculos e não se perca no labirinto das amargas experiências da desilusão.

Com a bússola da fé, o espírita é convidado a caminhar, passo a passo, superando as dificuldades, podando   os galhos  pontiagudos  de  suas  próprias   mazelas,   corrigido-se   em   seus   equívocos... Naturalmente lhe será lícito o repouso no refazimento das energias, mas não a desistência diante do que se propõe...

A vida na Terra assemelha-se a uma floresta em que o espírito encarnando se embrenha, com o propósito de vará-la e alcançar o vale majestosos e belo de sua própria redenção espiritual.

De fato, o trilho é estreito; convenhamos, no entanto, que, dentro de um matagal, quanto mais estreito o trilho, com mais segurança e noção de rumo se poderá movimentar ao longo de seu curso...

Impossível abrir-se um caminho largo em meio à floresta sem lamentável perda de tempo, mesmo porque, para que o homem possa atravessá-la com êxito, não há necessidade que ele construa uma estrada ampla... Bastar-lhe-á pequeno espaço desimpedido, onde apóie os pés com firmeza para seguir adiante...

Que o espírita agradeça tudo quanto possa constrangê-lo a manter-se na direção e tudo quanto possa discipliná-lo para que chegue ao outro lado; no nosso caso, o outro lado significa o regresso à Vida Espiritual com a bagagem da experiência acumulada...

Que os companheiros de Doutrina Espírita compreendam, pois, o imperativo de seguirem adiante, com determinação e coragem, e continuem varando a floresta repleta de gritos e gemidos que nos representam o eco da própria consciência culpada.

IRMÃO JOSÉ

(Extraída do livro: Mediunidade, Corpo e Alma,
psicografado por Carlos A. Bacelli/Espíritos Diversos,
página 24 a 26, 1ª edição, junho de 1999)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O fenômeno da morte


O fenômeno da morte

Presente e constante na existência humana, o fenômeno da morte constitui uma fatalidade da qual ninguém consegue eximir-se.
Ocorrendo a cada momento nas células, que também se renovam, ocasião chega em que a anóxia cerebral se encarrega de parar as funções do tronco encefálico, interrompendo a ocorrência biológica da vida física.
Todos os seres que nascem morrem, dando prosseguimento ao milagre da vida em outra dimensão, aquela de onde tudo procede.
O objetivo essencial da existência física, em consequência,  é a construção e a vivências dos valores éticos responsáveis pelo progresso incessante do Espírito até o momento em que alcança a plenitude.
Mesmo nos reinos vegetal e animal, o processo de nascimento e morte obedece à planificação do desenvolvimento evolutivo da essência divina presente em tudo e em toda parte como fundamental manifestação da vida.
Desde quando criado o ser, o deotropismo atrai-o com força dinâmica inescapável...
Ao atingir a fase do instinto, desenham-se-lhe no psiquismo, pelas experiências, os pródromos da razão, passo gigantesco no rumo da angelitude.
Fixar os valores que dignificam e elevam, que o libertam das heranças grosseiras da fase antropológica primitiva, torna-se-lhe, portanto, imposição inevitável que o arrasta no rumo da ascese, que se lhe constitui meta a ser conquistada.
Passo a passo, experiência após vivência, a ânsia de alcançar a paz e a sabedoria estimula-o ao prosseguimento, mesmo quando sob ações penosas do sofrimento, decorrente da desatenção e da rebeldia ante as leis que regem o universo.
Parte integrante do Cosmo, essa unidade minúscula que é o ser humano, à semelhança de uma micropartícula que forma a unidade atômica, deve manter a sua constância sob o comando da consciência lúcida que reflete o estágio em que se encontra.
As ocorrências desastrosas por falta de discernimento, por teimosia dos instintos agressivos, retardam-lhe a marcha, sem dúvida, porém, não impedem que ocorram novas oportunidades vigorosas em provações ou expiações pungitivas que se encarregam de corrigir as anfractuosidades morais e os desvios comportamentais, impondo a conduta correta como a solução adequada para o equilíbrio e o bem-estar.
Viver é automático, porém, bem viver, selecionando as questões que promovem os sentimentos e a inteligência em níveis mais elevados, para a conquista da sabedoria, deve ser o objetivo de máxima importância para todo viajante na indumentária carnal.
Sócrates, totalmente lúcido e decidido a demonstrar a sua grandeza moral em fidelidade a tudo quanto ensinou e viveu, recebeu a morte como um grande bem.
Instado a fugir por Críton, que houvera organizado um plano audacioso com os seus demais amigos, surpreendeu-se e o repreendeu, demonstrando que as leis, mesmo quando injustas, devem ser obedecidas, de modo que a sociedade aprenda a estabelecer códigos de nobreza.
Caso fugisse, evidenciaria que era realmente o que dele diziam os inimigos, especialmente aqueles que o levaram ao tribunal com infâmias grosseiras.
E sofismando a respeito da existência, qual fizeram antes os juízes, anuiu com tranquilidade à sentença infame, demonstrando que a existência física é uma experiência de iluminação e não uma pousada para o prazer infinito.
Buda, de igual maneira, despedindo-se dos discípulos que aguardavam mais informações, a fim de darem continuidade à divulgação dos seus pensamentos, informou que lhes legava o dharma – a ordem universal imutável – e, serenamente abandonado por muitos que antes o assistiam, silenciou a voz e retornou à pátria da imortalidade.
Jesus é o exemplo máximo, porque no auge dos sofrimentos pôde pronunciar frases que assinalariam com vigor a sua despedida, desde o perdão aos crucificadores que não sabiam o que estavam fazendo (Lucas, 23:34), até entregar a mãezinha aos cuidados do discípulo amado e este ao seu carinho (João, 19:26-27), rompendo os laços da consanguinidade terrestre em favor da fraternidade universal.
Foi mais além, dialogando com o ladrão que lhe suplicava ajuda e socorrendo-o com a resposta da sublime esperança da sua entrada no reino dos Céus (Lucas, 23:43), assim que se desvencilhasse das asperezas dos erros, e se cumprisse tudo para quanto viera, num inolvidável silêncio após o tudo consumado(João, 19:30).
Logo mais, porém, retornava em júbilo na madrugada esplendente de sol e de beleza, confirmando a imortalidade e o triunfo da vida sobre contingência material, de modo que os amigos e quantos outros que o viram pudessem superar a injunção corpórea e voar nos rumos do Infinito.
Francisco de Assis, sofrido pela ingratidão de alguns dos melhores companheiros, ferido e maltratado, sem forças nem resistências orgânicas, exauriu-se lentamente, cantando sempre até o último hausto, a ponto de ser censurado por tanta alegria...
Todos aqueles que descobriram a imortalidade enfrentaram o fenômeno da consumpção dos tecidos orgânicos com estoicismo e naturalidade, alegrando-se com o término da tarefa terrestre abraçada, de modo a retornarem vitoriosos ao grande Lar de onde partiram no rumo do planeta terrestre.

*

Reflexiona diariamente a respeito da tua partida em direção à imortalidade, preparando-te, a fim de que não te fixes em interesses mesquinhos retentivos da retaguarda material.
Treina o pensamento em considerações constantes em torno da desencarnação, porquanto ela chegará, talvez, quando menos a esperes.
Se tiveres a felicidade de enfermar por longo prazo, diluindo os liames retentivos do corpo físico, isto será uma bênção.
Mas se fores convocado repentinamente, deixa-te conduzir com alegria, certo de que viverás.
Nada obstante, prepara-te conscientemente para enfrentar esse fenômeno terminal, agradecido ao corpo que te vem servindo de instrumento para a evolução, bem como a tudo quanto te ocorre na atual conjuntura evolutiva.
 
                                                                    Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de
2 de junho de 2014, na residência de Dominique e
Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, França.
Em 8.12.2014.
A mensagem acima foi copiada do sítio:
http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=287

sábado, 20 de dezembro de 2014

Coisas invisíveis

Coisas invisíveis

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade se estendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas.” – Paulo. (Romanos, 1:20.)


O espetáculo da Criação Universal é a mais forte de todas as manifestações contra o materialismo negativista, filho da ignorância ou da insensatez.

São as coisas criadas que falam mais justamente da natureza invisível.

Onde a atividade que se desdobre sem base?

Toda forma inteligente nasceu de uma disposição inteligente.

O homem conhece apenas as causas de suas realizações transitórias, ignorando, contudo, os motivos complexos de cada ângulo do caminho. A paisagem exterior que lhe afeta o sensório é uma parte minúscula do acervo de criações divinas, que lhe sustentam o habitat, condicionado às suas possibilidades de aproveitamento. O olho humano não verá além do limite da sua capacidade de suportação. A criatura conviverá com os seres de que necessita no trabalho de elevação e receberá ambiente adequado aos seus imperativos de aperfeiçoamento e progresso, mas que ninguém resuma a expressão vital da esfera em que respira no que os dedos mortais são suscetíveis de apalpar.

Os objetos visíveis no campo de formas efêmeras constituem breve e transitória resultante das forças invisíveis no plano eterno.

Cumpre os deveres que te cabem e receberás os direitos que te esperam. Faze corretamente o que te pede o dia de hoje e não precisarás repetir a experiência amanhã.


Capítulo 55, da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel.



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Enfermidades da alma

 
 
 
Enfermidades da alma

Gravame de significado perigoso nos relacionamentos humanos é a intriga.

Perversa, é semelhante à erva daninha e traiçoeira que medra no jardim das amizades, gerando desconforto e agressividade.

A intriga é enfermidade da alma que se alastra perigosamente na sociedade, tornando-se terrível inimiga dos bons costumes.

O intrigante é sempre alguém infeliz e invejoso que projeta os seus conflitos onde se encontra, alegrando-se com os embaraços que proporciona no meio social.

À semelhança de cupim sorrateiro, destrói sem ser vista, até o momento em que as resistências fragilizadas em suas vítimas, rompem-se, dando lugar ao caos, à destruição.

Muitas vezes, o insensato não faz ideia do poder mefítico da intriga, permitindo-se-lhe a manifestação verbal ou gráfica, por falta de responsabilidade ou desvio de conduta psicológica.

Da simples referência a respeito de alguém ou de algum acontecimento adulterado pela imaginação enferma, surge a rede das informações infelizes que dilaceram as vidas que lhes são o alvo inditoso.

Ninguém, na Terra, encontra-se indene à difamação das pessoas espiritualmente enfermas, e, quando são atingidas pelas flechas das narrações deturpadas, permitem-se sucumbir, abandonando os propósitos superiores em que se fixavam, sem ânimo para o prosseguimento nos ideais abraçados.

Lamentavelmente a intriga consegue grassar com imensa facilidade em quase todos os agrupamentos sociais, religiosos, familiares, políticos, de todos os matizes, em razão da presença de alguns dos seus membros que se encontram em desarmonia interior.

Todo empenho deve ser aplicado para a vitória sobre a intriga.

Cabe àqueles que são devotados ao bem não darem ouvidos à intriga que se apresenta disfarçada de maledicência, de censura em relação a outrem ausente, aplicando o antídoto do silêncio nesse trombetear da maldade.

Cuidasse o intrigante do próprio comportamento e dar-se-ia conta do quanto necessita de corrigir, em si mesmo, ao invés de projetar no seu próximo o morbo infeccioso.

Toda censura com sinais de acusação é filha da crueldade que se converte em intriga.

São célebres as intrigas das cortes, nas quais os ociosos e inúteis, compraziam-se em tecer redes vigorosas que asfixiavam as melhores expressões do trabalho, que mesmo imperfeitas ou necessitadas de aprimoramento, produziam para o bem...

Nada se edifica ou se faz sem o exercício, em cujo início os equívocos têm lugar.

As mais colossais realizações são resultado de pequenos ou incertos tentames.

O intrigante, porém, sempre ativo e vigilante, porque insidioso, logo se apropria da mínima falha que se observa em qualquer projeto para investir furibundo e devastador.

*   *   *

Jesus referiu-se com firmeza àquele que vê o argueiro no olho do próximo, embora a trave pesada que se encontra no seu.

Sê tu, no entanto, aquele que adota a complacência, que compreende o limite e a dificuldade do outro.

Fala, quando a tua boca possa cantar o bem de que está cheio o teu coração.

A palavra enunciada torna-te servo, enquanto que a silenciada faz-te dela senhor.

Não estás convidado para vigiar o próximo, mas para conviver e trabalhar com ele.

Tocado no sentimento pelo amor, usa a bondade nas tuas considerações em relação às demais pessoas com as quais convives ou não.

Faz-te a criatura gentil por quem todos anelam, estando sempre às ordens dos Mensageiros da luz para o serviço da fraternidade e da construção do bem no mundo.

A palavra é portadora de grande poder, tanto para estimular, conduzir à plenitude, assim como para gerar sofrimento, destruição e amargura...

Guerras terríveis, representando a inferioridade humana, surgiram de intrigas de pequeno porte, que se tornaram ameaças terríveis...

Tratados de paz e de união também são frutos do acordo pela parlamentação e pelos diálogos, pelas decisões de alto porte.

Tem, pois, cuidado com o que falas, a respeito do que ouves, vês ou participas. Serás responsável pelo efeito das expressões que externes, em razão do seu conteúdo.

Convidado a servir na Seara de Jesus, mantém-te vigilante em relação a esta enfermidade contagiante: a intriga!

Tentado, em algum momento, a acusar, a criar situações danosas, resiste e silencia, legando ao tempo a tarefa que te compete.

Isso não quer dizer conivência com o erro, mas interrupção da corrente prejudicial, mantida pela intriga. Antes, significa também a decisão de não vitalizar o mal, mantendo-te em paz, sustentado pela irrestrita confiança em Deus, na execução da tarefa abraçada, seja ela qual for.

A intriga apresenta-se de forma sutil ou atrevidamente, produzindo choques emocionais que se transformam em dores naqueles que lhes padecem a injunção cruenta.

*   *   *

Allan Kardec, o nobre mensageiro do Senhor, preocupado com o próprio e o comportamento dos indivíduos, buscando uma diretriz segura para evitar a intriga e outros desvios na convivência social, indagou aos Guias espirituais, conforme se lê na questão 886, de O Livro dos Espíritos:

-Qual o verdadeiro sentido da palavra  caridade, como a entendia Jesus?

E eles responderam com expressiva sabedoria:

Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.

Nessa resposta luminosa encontra-se todo um tratado de ética para o bem viver, ser feliz e contribuir para a alegria dos outros.

Joanna de AngelisPsicografia de Divaldo Pereira Franco,na reunião
mediúnica de 23 de janeiro de 2012,no Centro Espírita
Caminho da Redenção,em Salvador,Bahia.
Em 17.05.2012

Mensagem extraída do endereço:
 http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=285