domingo, 25 de novembro de 2018

Casa espiritual

 Casa espiritual 

“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.” - Pedro. (I Pedro, 2:5.) 

Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor. 
Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor. 
O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir nas palavras de Simão Pedro, porque a lição de Jesus não deve ser tomada apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima. 
Muita vez, é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados. 
Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal. É também o restaurador da casa espiritual dos homens. 
O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço. O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo. 


Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, capítulo 133, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier – Ano: 1951 

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Reflexão:  
Nesse exercício reflexivo sobre a página acima notamos de início a grandiosidade do texto, neste fragmento: “(...), por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.” As letras dizem sem nenhuma sombra de dúvida o que se precisa fazer. Somos casa espiritual, teremos a beleza ou não do próprio esforço.  
Não há proibição na conservação da casa material que habitamos, nem do cultivo do corpo físico na sua exterioridade, nem de usufruir das coisas que o Mundo dispõe, desde que não haja abuso, tendo sempre presente a consciência de que quem participa de todos os feitos da vida é o ser pensante (a alma) que se manifesta e age através de um organismo de carne, que lhe obedece. Dessa forma, todas as experiências geram registros na alma, pois são recursos intelectuais e emocionais que lhe pertencem e modificam a casa espiritual (o estado espiritual).  Como ensina o apóstolo Pedro, no verso à epígrafe, “(...), como pedras vivas, sois edificados casa espiritual.”  
Reproduzimos parte do texto inicial, considerando a precisão com que se correlaciona a imagem gerada pela escrita entre o que se pode observar no campo das construções materiais com o estado espiritual gerados pela miscelânea de comportamentos da vida neste Mundo, vejamos: “Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra; aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível e observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.”  
  Não podemos esquecer que compareceremos na vida espiritual, após a morte do corpo, com aquilo que cultivamos e não com um estado espiritual ideal que imaginamos. Isto é um estado de ilusão que causará grande frustração. 
As figuras imaginárias para nós trazidas pelo Orientador Espiritual são na verdade, como deduzimos, anotações reais de quem observa de um plano espiritual mais elevado, sendo generoso em nos informar de maneira comparativa uma realidade nossa, que se generaliza com maior ou menor coloração de realidade, dada a diversidade natural de Espíritos encarnados. Observemos que no final de sua página ainda frisa: “(...), sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.”  Poucos chegam à vida espiritual em condições ideais de paz e felicidade. A morte do corpo material ocorre a qualquer hora, independente da vontade de quem quer que seja, assim a casa espiritual precisa estar em constante renovação para melhor.  Com ela, que somos nós mesmos, retornaremos à vida normal do Espírito e estaremos felizes ou não. A qualidade da Casa que dirá! 

                                                   Dorival da Silva

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Governo interno


Governo interno

“Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de algum modo a ficar reprovado.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 9:27.)

Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo.

É imprescindível, portanto, saber governá-lo. Representação em material terrestre da personalidade espiritual, é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio.

É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo.

A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As ideias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.

Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total.

É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa-vontade para com os nossos irmãos.

Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 158, ano 1950.


REFLEXÃO: Não é comum nesses tempos modernos falar-se de governo interno, uma vez que grande parte das pessoas coloca seus interesses em tudo o que está fora de si. Observa-se. Comenta-se. Julga-se. Reproduz e divulga. Expõe os feitos e defeitos de outrem. Parte considerável de indivíduos não se importa com a reputação de si mesmo e nem dos outros. Há um excesso de cuidados com futilidades, não há preocupação com o respeito, perante si e o próximo.

      O apóstolo Paulo, no versículo lançado no início deste estudo, demonstra a responsabilidade com que ensinava, para que a verdade que colhera com a sua inteligência e que integrava os valores morais de sua alma não viesse contradizer-se com a sua vivência junto a sociedade de seu tempo.

Emmanuel coloca no início de sua análise: Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo.

“É imprescindível, portanto, saber governá-lo. Representação em material terrestre da personalidade espiritual, é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio.”

O Ser pensante não é o corpo, no entanto ele é exigente sob muitos aspectos, o desgaste de suas energias proporciona a fome, atendido na sua necessidade quieta e proporciona conforto ao espírito que o governa, entretanto, se o governante quer mais satisfação com o prazer da comida, avança os limites da necessidade, buscando sempre meios de ampliar as satisfações, com variedades e quantidades, viciando o organismo, que por sua vez sentirá a necessidade de se saciar. O desejo crescente de comer é prazer da alma e exigência do organismo. Construindo-se um círculo vicioso. É problema de governança. A alma é o governo e o corpo é a estrutura de sua manifestação material.

A analogia pode ser considerada em todas as situações em que o indivíduo está se manifestando, seja nos usos e costumes, atividades físicas, intelectuais e morais, sempre será a manifestação do governo (alma) através do corpo (universo celular).

O Orientador Espiritual avança seus ensinamentos: É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo.

“A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As ideias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.”

Considerando o Espírito viajor da vida pela eternidade, nesses tempos novos o homem precisa ter ciência de que deve governar-se em seu benefício, objetivando a grande meta, que não é um lugar e nem o fim de aonde se chegar, mas um estado de espírito, ou seja, um estado de plenitude, requisito para outros voos evolutivos, pois que a evolução é infinita.

O aprofundamento do ensino do Mentor, precisa encontrar eco em quem o examina com interesse as questões da vida espiritual, mesmo estando num corpo de carne, fragilíssimo e finito, embora a sua complexidade, pois se trata analogicamente de miniatura do Universo”. No entanto, é o instrumento material mais perfeito capaz de permitir a manifestação do “Ser Pensante”, por algum tempo, para a experiência de intensivo aprendizado. Exige manutenção, equilíbrio, sobriedade e higidez a serem proporcionados pelo seu governador, que deveria ser o mais interessado na eficácia desse processo de vida, que não se trata de outra coisa que não a melhoria de sua própria vida espiritual.

O Orientador elucida: “É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo.

“A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As ideias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.

“Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total.”

Se se pensar numa vida exclusivamente material fica difícil de entender o pensamento que flui de Alta Paragem espiritual através de mensageiros designados pelo Criador em favor das Criaturas na Terra; no entanto, convicto da continuidade da Vida após o cessar da vida do corpo físico, num mundo não material, aonde a plenitude do Espírito que se conta como patrimônio indestrutível, porque são intelectuais e morais, então reina no indivíduo a paz e a felicidade, nada mais que o Reino dos Céus até onde permite o seu estado evolutivo.

Concluindo o ensinamento Emmanuel anota: É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa-vontade para com os nossos irmãos.”

O indivíduo é “bonzinho” consigo, justifica suas derrapadas para satisfazer necessidades orgânicas que ele engendra além daquelas normais de manutenção de seu instrumento de carne. O que não se pode esquecer é que a vida no corpo também é vida espiritual, embora transitória, e como ela continuará ininterruptamente, apesar da morte, leva como bagagem todos desequilíbrios que viveu no corpo, que exigirão atendimentos como se o “Ser Pensante” estivesse na vida material. É sofrimento perturbador no outro lado desta vida.

“A cada um segundo as suas obras.”

                                                                      Dorival da Silva

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Cultiva a paz


Cultiva a paz

“E, se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, ela voltará para vós.” - Jesus. (Lucas, 10:6.)
Em verdade, há muitos desesperados na vida humana. Mas quantos se apegam, voluptuosamente, à própria desesperação? quantos revoltados fogem à luz da paciência? quantos criminosos choram de dor por lhes ser impossível a consumação de novos delitos? quantos tristes escapam, voluntariamente, às bênçãos da esperança?

Para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe intensamente no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as manifestações de desarmonia, perante as leis eternas.

Todos rogam a paz no Planeta atormentado de horríveis discórdias, mas raros se fazem dignos dela.

Exigem que a tranquilidade resida no mesmo apartamento onde mora o ódio gratuito aos vizinhos, reclamam que a esperança tome assento com a inconformação e rogam à fé lhes aprove a ociosidade, no campo da necessária preparação espiritual.

Para esmagadora maioria dessas criaturas comodistas a paz legítima é realização muito distante.

Em todos os setores da vida, a preparação e o mérito devem anteceder o benefício.

Ninguém atinge o bem-estar em Cristo, sem esforço no bem, sem disciplina elevada de sentimentos, sem iluminação do raciocínio. Antes da sublime edificação, poderão registrar os mais belos discursos, vislumbrar as mais altas perspectivas do plano superior, conviver com os grandes apóstolos da Causa da Redenção, mas poderão igualmente viver longe da harmonia interior, que constitui a fonte divina e inesgotável da verdadeira felicidade, porque se o homem ouve a lição da paz cristã sem o propósito firme de se lhe afeiçoar, é da própria recomendação do Senhor que esse bem celestial volte ao núcleo de origem como intransferível conquista de cada um.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, capítulo 65, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier (1951).

Reflexão: Quem no mundo não deseja a paz. O desejo da paz transita desde o indivíduo, às coletividades e às nações.  Situação que vem desde a antiguidade e os milênios se contam, e o desejo da paz é permanente. Surgiram nos diversos tempos: Profetas, missionários, gurus, reveladores, guerreiros, conquistadores, líderes Políticos, religiosos... Aonde se encontra a paz?

Por ausência de entendimento mais profundo, busca-se a paz no fortalecimento de exército capaz de conter ou destruir o inimigo; procura-se proteção, no afã de encontrar a paz, cercando-se de defesa protetora tida por intransponível para os inimigos e quem se aventar contra o seu interesse.

Esses arranjos tentados há milênios podem temporariamente silenciar os ruídos lá fora, dando uma falsa sensação de paz, sendo que na intimidade das massas há burburinhos abafados, porque na alma de cada indivíduo que compõe a massa há uma usina de força alimentada pelo combustível de medo, de insegurança, de dúvida e o desconhecimento da realidade da vida espiritual, não sabe que a paz que busca ainda é uma intenção que está voltada para o exterior, que espera ou supõe a ação ou reação dos outros. Há dependência crônica de que a solução da aflição, da insegurança e tudo que impede a paz desejada virá de fora, alguém se apresentará com a solução! Uma entidade, um governo? Quem? Se os milênios de tentativas não solucionaram.

O Benfeitor Emmanuel vem recobrar ensinamento de Jesus esclarecendo: Para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe intensamente no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as manifestações de desarmonia, perante as leis eternas.” E amplia: Todos rogam a paz no Planeta atormentado de horríveis discórdias, mas raros se fazem dignos dela.”

Num ponto posterior o Mentor exemplifica em que contexto os indivíduos pretendem encontrar a paz: Exigem que a tranquilidade resida no mesmo apartamento onde mora o ódio gratuito aos vizinhos, reclamam que a esperança tome assento com a inconformação e rogam à fé lhes aprove a ociosidade, no campo da necessária preparação espiritual.
Para esmagadora maioria dessas criaturas comodistas a paz legítima é realização muito distante.”

Leciona o digno Instrutor: Ninguém atinge o bem-estar em Cristo, sem esforço no bem, sem disciplina elevada de sentimentos, sem iluminação do raciocínio. (...)”

Precisa-se entender que Espírito orientador, tal como o autor da página em referência, não faz registro com palavras que não apresentam a precisão necessária do que se quer ensinar, portanto, a inserção anterior deixa muito claro que a paz se dá na intimidade de cada pessoa, o que corresponde dizer que na intimidade de cada espírito, que por ora está investido de um corpo de carne.

Na parte conclusiva do texto, Emmanuel deixa claro que não adianta somente estar informado, ter acompanhado alguns detentores de paz, e nem ter intelectualizado todas as formas de se chegar à paz, é preciso verdadeiramente investir-se do sentimento de paz, conquista inalienável, como aponta: “(...) Antes da sublime edificação, poderão registrar os mais belos discursos, vislumbrar as mais altas perspectivas do plano superior, conviver com os grandes apóstolos da Causa da Redenção, mas poderão igualmente viver longe da harmonia interior, que constitui a fonte divina e inesgotável da verdadeira felicidade, porque se o homem ouve a lição da paz cristã sem o propósito firme de se lhe afeiçoar, é da própria recomendação do Senhor que esse bem celestial volte ao núcleo de origem como intransferível conquista de cada um.

O homem com humildade pode aprender com as clarezas de sua inteligência e através da vivência, da meditação, da análise e compreensão dos resultados encharcar-se de sentimentos de paz, pois faz justiça aos seus esforços. Todo cultivo exige esforço e em se tratando da paz de si mesmo, que servirá de chave para ingresso na paz Universal, por que não trabalhar para tal conquista.

                                                            Dorival da Silva.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O Museu do Rio de Janeiro


O Museu do Rio de Janeiro

Todos nós, brasileiros, lamentamos profundamente o esperado incêndio do museu histórico do Rio de Janeiro, responsável por duzentos anos de brasilidade, sob vários aspectos.

Narra a imprensa que a questão de segurança vinha sendo debatida desde há muito, sem que as necessárias providências fossem tomadas com seriedade, o que facultou a terrível catástrofe.

Enquanto as labaredas consumiam parte da nossa história, não nos foi possível ficar indiferentes àquela consumpção decorrente da irresponsabilidade humana. Recordo-me de quando Hitler em 1933 celebrou com os seus asseclas a queima dos livros escritos por judeus, iniciava, dessa forma, a futura cremação de seres humanos nos seus campos de trabalhos forçados e câmaras de gás...

Visitando Dachau, lembro-me de uma frase de grande poeta ali exposta: Quando se queimam livros, mais tarde se queimarão seres humanos. Era uma profecia macabra que se fez real e chocou a humanidade.

A história de uma nação é a sua alma, são os seus feitos, suas glórias e quedas, suas experiências vitoriosas ou infelizes, páginas vivas que contribuirão em favor do seu e do futuro do povo.

Milhões de documentos valiosos transformaram-se em cinza, e hoje permanece o esqueleto carbonizado do edifício grandioso, que um dia foi residência da família real que governou o País.

Nunca mais será possível recuperar-se qualquer peça, porque nenhuma providência foi tomada, mesmo durante o incêndio, para ser salva.

Os que viram o fogaréu ficaram imobilizados...

Tive ocasião de visitar Oradour, cidade francesa que os nazistas destruíram durante a Segunda Guerra Mundial, por falso motivo de receber e esconder partisans (guerrilheiros patriotas), não deixando vivas sequer as plantas. A cidade fora cercada e aniquilada com todos os seus habitantes e animais. Posteriormente, o general Charles de Gaulle, ao tornar-se presidente da França, tornou-a patrimônio da humanidade através da UNESCO, como lição viva da barbárie humana.

Quantos extraordinários documentos desapareceram para sempre, fotografias, pinturas, trabalhos científicos e peças de arte foram consumidos, deixando-nos ignorantes da própria história.

As futuras gerações estarão órfãs desde agora de poderosas e legítimas fontes de informações a respeito do belo país em que renasceram.

O Brasil, dizem muitos notáveis periodistas, é um país sem história, o que se torna lamentável, considerando-se a sua grandeza e o seu destino espiritual e cultural.

Que a infeliz ocorrência pelo menos sirva de advertência às autoridades responsáveis por outros patrimônios vivos desta grandiosa pátria do Cruzeiro do Sul, fadada à construção de uma sociedade justa e plenamente feliz.

Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 6.9.2018.
Em 6.9.2018.

domingo, 26 de agosto de 2018

Aborto em debate público. O que moralmente se conclui?


Aborto em debate público. O que moralmente se conclui?


O Supremo Tribunal Federal promoveu audiência pública nos dias 3 e 6 de agosto de 2018, coordenada pela ministra Rosa Weber, sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.  Entre os expositores estão representantes do Ministério da Saúde, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), da Academia Nacional de Medicina, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Conselho Federal de Psicologia e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Houve manifestações abrangendo pessoas físicas com potencial de autoridade e representatividade, organizações não governamentais, sociedade civil e institutos específicos, além de entidades da área de saúde, institutos de pesquisa, organizações civis e instituições de natureza religiosa e jurídica.

Argumentações contrárias e favoráveis, explicações jurídicas, científicas, religiosas etc. Conquanto a magnificência do evento, em conta a grandiosidade do tema, trata-se de eliminar a possibilidade de uma existência orgânica, para a vivência e experiência material de um Espírito, circunstância regida por Lei Natural em favor da alma humana, que se quer descriminalizar pela lei transitória do homem para se comprometer grandemente por se desrespeitar a Lei Divina, a Lei da Vida.

Seja a gestação de um dia, seja de 12 semanas, em se interrompendo voluntariamente o seu curso estará interferindo na Lei que tudo rege e ninguém com o mínimo de senso poderá alegar desconhecimento de tratar-se da Lei Divina.
Moisés apresentou para a Humanidade de todos os tempos o Decálogo, em um dos seus postulados indica “não matar”, o que se conhece por Lei de Deus, e ninguém em sã consciência poderá dizer que não se refere ao ser humano.

Jesus posteriormente veio dizer a todas as Gentes, o que ecoa grandemente nos dias atuais, sendo a humanidade mais capaz de entender a mensagem, porque a inteligência geral está aumentada, as ciências evoluíram e a comunicação é instantânea, de que não veio derrogar a Lei, mas cumpri-la,  no entanto, sintetizou: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” — (Mateus, capítulo 22, versículo 39.); Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas.  (Mateus, 7:12.); Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.  (Lucas, 6:31.).

O bom senso diz que nenhuma lei humana, nenhuma orientação científica, nenhuma orientação religiosa pode sobrepor a Lei Natural, porque ela é permanente e não se dobra diante da instabilidade dos interesses do homem. A única possibilidade admitida é se, verdadeiramente, a mãe gestante corre risco de vida, que não poderá ser utilizado subterfúgio para se justificar diante da lei dos homens a legalidade do ato, o que só por isto seria crime.

O problema é de consciência, parece que isto não diz muito aos materialistas, que por ora têm apenas uma visão estreita da vida e julgam poder solucionar com suas canhestras convicções, apenas com base nas suas opiniões e saberes calcados no próprio materialismo, que em nada se preocupam com a condição espiritual de cada indivíduo agora e depois desta vida corporal.

Busca-se uma justificativa para descriminalizar o aborto até  12ª semana, dizendo-se solucionador de um problema de saúde pública e morte de mães em clínicas clandestinas, ou nas mãos despreparadas para a realização de tal crime com segurança, é a ação de menor esforço, porque o que se precisa é levar o esclarecimento à massa populacional sobre a vida desde a infância, ampliar o acesso à educação integral de verdade, do desafio de libertar uma quantidade enorme de gente da miséria social e da ignorância cultural, visando o planejamento familiar adequado às suas condições.

Quando se fala de consciência, é ter a lucidez de que o homem não é o corpo físico, embora precise dele para sua evolução, a vida na sua essência não é material, não se extingue com o corpo físico, ela continua depois do desaparecimento da massa carnal, porque existia antes do presente corpo e continuará a existir após ele, e a vida ressurgirá no corpo físico incontáveis vezes, em conta a lei de reencarnação.  Os senhores e senhoras que hoje defendem a descriminalização do aborto em discussão, certamente encontrarão grande dificuldade para retornar num novo corpo físico no futuro, vez que ninguém há neste mundo que não precisará retornar à vida no corpo físico e isso somente se dará com a gestação no ventre de uma mãe, em conta que trabalham para fechar a porta de retorno para o seu próximo, através do renascimento, dificultando essa via para si mesmos.  Quanta falta faz estudar e compreender a lei da reencarnação? Não é porque não acredita que a reencarnação deixa de existir,  queiram ou não estão reencarnados. É da Natureza.

Será que os defensores do aborto, postados nas justificativas colhidas em interesses governamentais, científicos, sociais ou econômicos, sabem a causa dos que nascem aleijados, com doenças graves, os que se apresentam com idiotia, má formação congênita, a frigidez nas mulheres e a impotência nos homens, a infertilidade etc. etc. Nada acontece sem uma razão e uma necessidade. Trata-se da lei de causa e efeito, também conhecida como a lei de retorno.  Se alguém nascesse com qualquer defeito, degenerescência por mínima que seja, seria uma imperfeição da natureza, o que seria uma injustiça do responsável pela criação, como o filho não é criação dos pais, que somente oferecem os recursos materiais, doando atributos genéticos, então, o único responsável seria o Criador, mas não é assim, o Criador é perfeito e suas leis são perfeitas, somente resta a responsabilidade recair sobre o próprio renascente, que se apresenta em novo corpo com as consequências de seu estado de consciência, na tentativa de oportunidade para solucionar o seu crime. Trata-se da dor da alma, do remorso, do arrependimento dos crimes que ficaram sem solução no passado e que se refletem no presente.

Ser doutor em leis, doutor em ciências, doutor em questões sociais, doutor em questões religiosas, doutor ...  doutor ... , ou não,  não dá direito a impedir o funcionamento da Lei Natural sem assumir grave responsabilidade e o infrator deverá dar solução diante da própria consciência, em qualquer tempo, pois o despertar da consciência ocorrerá em algum momento da eternidade, porque Deus é justo.

O livre-arbítrio é Lei Natural, todos tem a liberdade de se postar segundo o seu entendimento, no entanto assumirão a responsabilidade do que se der, o que for virtuoso trará consequências boas e ajudará no progresso particular e coletivo, se se trata de negativas, mas sem premeditação,  terá suas consequências e servirá de aprendizado, no entanto, os erros premeditados, sabendo que é crime, terá desfecho danoso, imediato, ou, ainda, quando houver o despertamento que afetará de pronto a consciência dos envolvidos, de resgate obrigatório em algum tempo, certamente em vida ou vidas posteriores, vez que quase nunca é possível a solução na vida em que se deu o crime.

Os Benfeitores Espirituais lecionam: “A semeadura é livre, no entanto, a colheita é obrigatória”.

O ser humano, ciente de que é um Espírito e sua vida não terá fim, tem o dever de lutar pela vida, pois está cuidando de outras vidas que também não terão fim, que formam a família universal e para isso foram criados. Não é difícil deduzir que Deus espera de cada ser humano o trabalho de  cocriação na evolução da Humanidade e não a destruição da ferramenta evolutiva que disponibiliza a favor do próprio homem.

A vida em primeiro lugar! 

                                                                       Dorival da Silva.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Mensagem de Bezerra

Mensagem de Bezerra


A resposta para nossa busca está no amor. E se nos amarmos quanto Ele nos pediu, as nossas dores serão transformadas em alegrias no Reino de Deus.

Lembrai-vos, filhos da alma, que Jesus é os dois extremos da vida, o zênite e o nadir das nossas aspirações. Quando as dores vos parecerem insuportáveis, quando a solidão se vos apresentar tenebrosa e fria, lembrai-vos de Jesus. Uma voz sequer levantou-se para inocentá-lO e eram centenas aqueles a quem Ele atendeu. 

Quando vos sentirdes desamados ou rejeitados, mantende a irrestrita confiança no amor e vos entregai Àquele que é a vida da própria vida. Não temais nunca, porque Ele nunca nos deixa a sós. 

Elegemos o tema da mulher equivocada (na conferência de encerramento), porque todos nós carregamos um espinho na carne e nas carnes da alma. Todos nós, ainda imperfeitos, somos  algo Maria de Magdala ou Miriam de Migdol, que o amor de Jesus nos recebe com ternura infinita, sem nos perguntar quem fomos, mas nos propõe o que seremos. 

Tende ânimo. São horas muito difíceis de testemunho e de lágrimas, de ansiedade e de desamor. Mas crede, filhos da alma, Jesus não venceu no mundo, venceu o mundo das paixões. 

Sede vós aqueles que podeis vencer as sobras do pretérito, que vos arrebatam muitas vezes de volta aos abismos da alucinação e amai. Pagai o preço do amor, socorrei por amor, erguei por amor, libertai por amor e vos sentireis salvos, erguidos, amparados por alguém que vos estenderá as mãos e dirá com um sorriso: Vinde, já atravessastes a porta estreita. Vinde à Casa do Meu Pai.

Nestes dias, meus filhos, o endereço de Deus chegou aos vossos corações. Tendes agora o mapa da vitória. Cabe-vos seguir pela rota abençoada da bondade, da misericórdia, do amor e da Doutrina libertadora dos imortais, para que a plenitude do Reino dos Céus desde hoje se vos instale no coração. 

                                                                                           Muita paz.

O servidor humílimo de sempre que vos fala, em nome
dos Espíritos espíritas aqui presentes. 
Ide em paz.

 Bezerra.

Mensagem psicofônica de encerramento da XX Conferência
Estadual Espírita, que se realizou no Expotrade, em Pinhais (PR),
  de 16 a 18 de março de 2018, pelo Espírito Bezerra de enezes,
 através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco. 
(Extraída do Jornal Mundo Espírita, Órgão de divulgação da
Federação Espírita do Paraná, maio/2018)


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Tribulações


Tribulações

“Também nos gloriamos nas tribulações.” - Paulo. (Romanos, 5:3.)

Comentando Paulo de Tarso os favores recebidos do Plano Superior, com muita propriedade não se esquecia de acrescentar o seu júbilo nas tribulações.

O Cristianismo está repleto de ensinamentos sublimes para todos os tempos.

Muitos aprendizes não lembram o apóstolo da gentilidade senão em seu encontro divino com o Messias, às portas de Damasco, fixando-lhe a transformação sob o hálito renovador de Jesus, e muitos companheiros se lhe dirigem ao coração, mentalizando-lhe a coroa de espírito redimido e de trabalhador glorificado na casa do Pai Celestial.

A palavra do grande operário do Cristo, entretanto, não deixa margem a qualquer dúvida, quanto ao preço que lhe custou a redenção.

Muita vez, reporta-se às dilacerações do caminho, salientando as estações educativas e restauradoras, entre o primeiro clarão da fé e o supremo testemunho. Depois da bênção consoladora que lhe reforma a vida, ei-lo entre açoites, desesperanças e pedradas. Entre a graça de Jesus que lhe fora ao encontro e o esforço que lhe competia efetuar, por reencontrá-lo, são indispensáveis anos pesados de serviço áspero e contínua renunciação.

Reparemos em nós mesmos, à frente da luz evangélica.

Nem todos renascem na Terra com tarefas definidas na autoridade, na eminência social ou no governo do mundo, mas podemos asseverar que todos os discípulos, em qualquer situação ou circunstância, podem dispor de força, posição e controle de si próprios.

Recordemos que a tribulação produz fortaleza e paciência e, em verdade, ninguém encontra o tesouro da experiência, no pântano da ociosidade. É necessário acordar com o dia, seguindo-lhe o curso brilhante de serviço, nas oportunidades de trabalho que ele nos descortina.

A existência terrestre é passagem para a luz eterna. E prosseguir com o Cristo é acompanhar-lhe as pegadas, evitando o desvio insidioso.

No exame, pois, das considerações paulinas, não olvidemos que se Jesus veio até nós, cabe-nos marchar desassombradamente ao encontro dEle, compreendendo que, para isso, o grande serviço de preparação há de ser começado na maravilhosa e desconhecida “terra de nós mesmos”

Mensagem extraída da obra:  Vinha de Luz, capítulo 142,  do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier (1951)




Reflexão: Nos dias atuais reclama-se a falta de lideranças para a condução da massa humana, que uma parte desgoverna-se pelas trilhas da violência, das viciações, da deslealdade diante das pequenas e das grandes necessidades da sociedade, envergando míseras vitórias, que se desdobarão em obrigações a serem ressarcidas diante da própria consciência.  A outra parte sofre a insegurança, a desconfiança, a incerteza, a desesperança, embora vise a construção do bem, o desejo de superar suas fraquezas, das dificuldades ambientais e circunstanciais.

Vê-se com frequência o apontamento da inexistência de liderança para a condução da juventude, da política, da cultura e outras áreas nestes tempos novos da sociedade. Será verdade? Ou a necessidade de alguém conduzir alguém pelas mãos não ficou para trás. Será que o momento não é de se encontrar a autonomia. O governo de si mesmo?

Paulo de Tarso (o São Paulo) diz: “Também nos gloriamos na tribulação”; o Espírito Emmanuel discorre sobre as dificuldades enfrentadas pelo “apóstolo da gentilidade”, que tinha uma perspectiva espiritual e utilizava das ferramentas deixadas por Jesus, que eram as suas mensagens e as suas exemplificações.

Na trajetória de Paulo, fica claro que ele se governou, se liderou, tendo a mensagem de Jesus como guia, Jesus fisicamente não estava presente, mas a sua mensagem estava presente intensamente na vida desse Apóstolo. Não é diferente nos dias de hoje, se na condição humana ele não lidera, mas a essência de suas lições está presente em toda parte, embora, a sua vivacidade precisa encontrar eco na intimidade da cada criatura. Existe uma miscelânea de religiões, mas a mensagem de Jesus fica apenas no palavrório, conquanto existam exceções, pois, mesmo os fragmentos de fé sincera Deus considera, porque “é amor” e tudo reserva em favor de seus filhos, considerando as mínimas coisas como seus créditos.

“Nem todos renascem na Terra com tarefas definidas na autoridade, na eminência social ou no governo do mundo, mas podemos asseverar que todos os discípulos, em qualquer situação ou circunstância, podem dispor de força, posição e controle de si próprios.”  

O excerto acima, retirado da mensagem inicial, Emmanuel assevera que todos podem em qualquer situação ou circunstância dispor de força, posição e controle de si próprios, o que se compreende governar-se, ou seja, ser líder de si mesmo.

Por que insistir que surjam líderes, se a hora é de trabalho coletivo, onde cada personalidade oferece, ou deveria oferecer, o seu contributo sob a sua própria liderança e a sua autonomia, ora conduzindo ora sendo conduzido dentro de contexto maior que transcende o interesse particularista, sabendo que a harmonia de tudo está na contribuição harmônica de cada um.

No último período do texto do início, o Orientador, faz um registro decisivo:
 “No exame, pois, das considerações paulinas, não olvidemos que se Jesus veio até nós, cabe-nos marchar desassombradamente ao encontro dEle, compreendendo que, para isso, o grande serviço de preparação há de ser começado na maravilhosa e desconhecida “terra de nós mesmos”.”  

Jesus trouxe ao Mundo os ensinamentos necessários para o crescimento espiritual da Humanidade, vez que ele veio para salvar as almas da ignorância, dizendo da perspectiva espiritual depois da vida do corpo, Ele não veio para salvar corpos perecíveis, muito embora, a sua mensagem ensine regras de bem viver, o que melhora em muito, com a sua aplicação, a vida no mundo das formas, isto porque se trata da melhoria espiritual de cada indivíduo, o que significa que a melhoria do espírito reflete onde ele estiver, encarnado ou desencarnado. 

Desassombradamente ir ao encontro de Jesus, o que corresponde a investir-se de suas verdades e vivê-las.  A proximidade com Jesus não ocorre necessariamente indivíduo a indivíduo, mas, sim, através da condição vibratória, de acordo com o estágio evolutivo. Caminhar para Jesus é o aperfeiçoar do Espírito em todos os sentidos. E esse trabalho de abnegação incondicional ocorre na intimidade da alma, no anonimato, -- há de ser começado na maravilhosa e desconhecida “terra de nós mesmos””.  
  
                                                                                                                                             Dorival da Silva