sábado, 2 de maio de 2020

TERRA PROVEITOSA



TERRA PROVEITOSA

“Porque a terra que embebe a chuva, que cai muitas vezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus.” — Paulo. (HEBREUS, capítulo 6, versículo 7.)

Os discípulos do Cristo encontrarão sempre grandes lições, em contacto com o livro da Natureza.

O convertido de Damasco refere-se aqui à terra proveitosa que produz abundantemente, embebendo-se da chuva que cai, incessante, na sua superfície, representando o vaso predileto de recepção das bênçãos de Deus.
Transportemos o símbolo ao país dos corações. Somente aqueles espíritos, atentos aos benefícios espirituais, que chovem diariamente do céu, são suscetíveis de produzir as utilidades do serviço divino, guardando as bênçãos do Senhor.

Não que o Pai estabeleça prerrogativas injustificáveis. Sua proteção misericordiosa estende-se a todos, indistintamente, mas nem todos a recebem, isto é, inúmeras criaturas se fecham no egoísmo e na vaidade, envolvendo o coração em sombras densas.

Deus dá em todo tempo, mas nem sempre os filhos recebem, de pronto, as dádivas paternais. Apenas os corações que se abrem à luz espiritual, que se deixam embeber pelo orvalho divino, correspondem ao ideal do Lavrador Celeste.

O Altíssimo é o Senhor do Universo, sumo dispensador de bênçãos a todas as criaturas. No planeta terreno, Jesus é o Sublime Cultivador. O coração humano é a terra.

Cumpre-nos, portanto, compreender que não se lavra o solo sem retificá-lo ou sem feri-lo e que somente a terra tratada produzirá erva proveitosa, alimentando e beneficiando na Casa de Deus, atendendo, destarte, a esperança do horticultor.

Mensagem extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, ditado pelo Espírito Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 117, ano 1948.
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REFLEXÃO: No penúltimo parágrafo das disposições do Mentor Emmanuel estabelece três patamares sobre o versículo de Paulo colocado à epígrafe a serem analisados, por todos nós que desejamos caminhar com proveito no caminho evolutivo, ou seja, o caminho que nos levará ao alcance da paz e da felicidade.


A Doutrina Espírita, em seu primeiro ponto, traz uma revelação grandiosa, quando Allan Kardec propõe a questão: O que é Deus? A resposta traz o foco do clarão que se abriria daí para a frente, modificando integralmente as concepções da Ciência, da Filosofia e da Religião, a sua concisão é rica e bela: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”


O Orientador Emmanuel diz no parágrafo em análise que: “O Altíssimo é o Senhor do Universo, sumo dispensador de bênçãos a todas as criaturas.” Ele coloca num segundo patamar: “No planeta terreno, Jesus é o Sublime Cultivador.” E, em terceiro: “O coração humano é a terra.”


Por ordem Divina, Jesus arregimentou meios e recursos e elaborou um lar onde pudesse dar oportunidade a uma infinidade de seres que se encontravam em vários estágios evolutivos, ainda muito acanhados, com a inteligência pobre e moralmente insipiente. Planejou e com muitíssimos grupos de grandes Espíritos sábios, cientistas e engenheiros siderais, trabalhadores de muitas ordens do Mundo Espiritual, depois de milênios, estabilizou a atmosfera, o solo e as águas, providenciou os animais e os vegetais, dando condições para que seres hominais pudessem no Planeta se estabelecerem, encontrando oportunidade para caminhar para a paz e a felicidade, depois das experiências de muitas reencarnações. 


Jesus preside o planeta Terra desde o seu planejamento para existir, as vidas materiais, inclusive a do homem, se automatizaram, os Reinos têm o seu desenvolvimento conforme os processos genéticos, se reproduzem garantindo a perpetuação das espécies; preparado o ambiente nos passos dos milênios, o objetivo é o aprimoramento dos Espíritos que estão sob a sua tutela, que são bilhões, nos mais variados estágios evolutivos.


Vejamos que Espírito tem inteligência, vontade, poder de decidir suas atitudes, boas ou más, e carrega consigo latentes potenciais extraordinários a serem desenvolvidos. No entanto, tudo depende de sua decisão de fazer ou não fazer algo, acolher orientação ou buscar conhecimento, trabalhar ou não. Trata-se de autoconstrução espiritual, embora, exista a Lei de Progresso que sempre o estará incomodando, caso não ande por sua vontade. 


Deus, a origem de tudo, disponibiliza as possibilidades para o desenvolvimento de todos os Reinos. Mas, neste momento, estamos falando do ser humano, mais especificamente do Espírito, que não se extinguirá, embora necessite de um corpo para as experiências no campo material. Assim como todo aluno precisa de professor, todos no Planeta têm o Mestre Jesus. Como Governador e gestor dos recursos Divinos, Ele cuida do que há de mais importante no Universo: os Espíritos. Ele aplica sua sabedoria para atender às necessidades de todos neste Orbe. 


Entendamos que Jesus não usa de violência, aplica o amor e a justiça, não foge à caridade. 


A caminhada do homem na Terra é de sofrimento, o que o Orientador Espiritual na página do início aponta: Cumpre-nos, portanto, compreender que não se lavra o solo sem retificá-lo ou sem feri-lo e que somente a terra tratada produzirá erva proveitosa, (...) ,  é a “dor-evolução”, é a nossa dor, pois, como a semente que rompe o solo para encontrar a luz, o Espirito precisa vencer as resistências da sua própria obscuridade para alcançar as claridades que aguarda o eclodir de suas conquistas intelectuais e morais, compreendendo que a verticalização das forças somente o bem é capaz de produzir. 


Na escuridão da Alma, vive-se os instintos, o acerto e o erro, a ignorância, a brutalidade, as desconsiderações com o próximo, impera o egoísmo e o orgulho, o crime, e hediondez...  Sofre as consequências, vê-se obrigado a sanar...  O mal gera o mal, o sensualismo o sensualismo... Tudo isso nasce na Alma e somente ela poderá estancar essa corrente e alterar o seu curso, buscando a nobreza de tudo o que depreciou, mas não se dará sem esforço, renúncia, dando novo rumo ao pensamento e sentimento, o que quase sempre ocorre em função do sofrimento. 


Há a revolta e a incompreensão das criaturas no estágio inicial de espiritualização, conforme a anotação de Emmanuel, assim:  “Não que o Pai estabeleça prerrogativas injustificáveis. Sua proteção misericordiosa estende-se a todos, indistintamente, mas nem todos a recebem, isto é, inúmeras criaturas se fecham no egoísmo e na vaidade, envolvendo o coração em sombras densas.” 


Todos estamos dentro de um plano Divino, com meta clara, embora a nossa cegueira e a má vontade, o desejo de permanência na vida como se conhece, a comodidade, mas existem as Leis Naturais que são as balizas norteadoras do aprimoramento da Criatura, conquanto o seu livre-arbítrio, causam incômodos quando do desatendimento.


Como todo desequilíbrio traz em si consequências danosas: desgostos, infelicidades, depressão, ruínas emocionais e materiais...  O destoar com a harmonia da vida natural, é o desarranjo da Casa do Pai, a consciência. Toda desarmonia causa sofrimento, desconforto, doença, infelicidade, desesperança, insegurança e outros males no caminho de quem não quer modificar o seu estado espiritual para o bem. 


“O Altíssimo é o Senhor do Universo, sumo dispensador de bênçãos a todas as criaturas. No planeta terreno, Jesus é o Sublime Cultivador. O coração humano é a terra.”


Aproveitando o excerto acima, destacamos: O coração humano é a Terra.  Onde o Sublime Cultivador  tem realizado seus esforços no Mundo, oferecendo, além de Seus próprios exemplos, exarados no Evangelho, há vinte séculos, presente na sociedade do Planeta,  quando lançou as sementes do amor e esperança, que continua cultivando.  


O nosso coração é a terra proveitosa e tem um Divino Cultivador, que aguarda sejamos capazes de acolher pelos nossos méritos o Orvalho Divino, para que nos saturemos de paz e felicidade.


Trabalhemos! O futuro tem o sabor dos méritos. 


                      Dorival da Silva

segunda-feira, 27 de abril de 2020

COMO PEDES?


COMO PEDES?

“Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 16, versículo 24.)

Em muitos recantos, encontramos criaturas desencantadas da oração.

Não prometeu Jesus a resposta do Céu aos que pedissem no seu nome?

Muitos corações permanecem desalentados porque a morte lhes roubou um ente amigo, porque desastres imprevistos lhes surgiram na estrada comum.

Entretanto, repitamos, o Mestre Divino ensinou que o homem deveria solicitar em seu nome.

Por isso mesmo, a alma crente, convicta da própria fragilidade, deveria interrogar a consciência sobre o conteúdo de suas rogativas ao Supremo Senhor, no mecanismo das manifestações espirituais.

Estará suplicando em nome do Cristo ou das vaidades do mundo?

Reclamar, em virtude dos caprichos que obscurecem os caminhos do coração, é atirar ao Divino Sol a poeira das inquietações terrenas; mas pedir, em nome de Jesus, é aceitar-lhe a vontade sábia e amorosa, é entregar-se-lhe de coração para que nos seja concedido o necessário.

Somente nesse ato de compreensão perfeita do seu amor sublime encontraremos o gozo completo, a infinita alegria.

Observa a substância de tuas preces. Como pedes? Em nome do mundo ou em nome do Cristo? Os que se revelam desanimados com a oração confessam a infantilidade de suas rogativas.

Mensagem extraída da obra: Caminho, Verdade e Vida, ditada pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 66, ano 1948.


REFLEXÃO: Pedir, rogar, suplicar, orar são atitudes íntimas de se buscar acesso a um poder maior, que certamente poderia atender uma necessidade premente que está além das próprias forças, conforme o nosso julgamento.

Jesus, um Ser grandioso que não veio ao Mundo para resolver assuntos materiais, mas para ensinar as questões espirituais e o enriquecimento virtuoso dos seres vinculados ao Planeta Terra, com o objetivo de que nos caminhemos no tempo infinito com sabedoria e consciência lúcida.

O Espírito orientador Emmanuel, em sua página acima, depois apropriado argumento sobre o versículo à epígrafe, no final registra: “Os que se revelam desanimados com a oração confessam a infantilidade de suas rogativas.   Que pensar sobre isto? 

Numa de nossas reuniões domésticas em torno do Evangelho, um Amigo Espiritual tratando desse tema, nos levou a pensar, quando esclareceu, o que aqui tentamos expressar com nossas palavras: Há vinte séculos Jesus trouxe as lições do Seu evangelho, as verdades não se alteraram, mas naquele tempo inicial a Humanidade, na maior parte, formada de espíritos num estado infantil de entendimento, por isso precisou utilizar de recursos pedagógicos compatíveis para àquele momento e que pudesse servir nos tempos futuros, considerando o amadurecimento natural da alma humana.

O problema está que grande parte de Humanidade ainda não saiu da infância espiritual, o seu contato com o mundo espiritual acontece com acanhamento, numa pobreza muito grande, que já deveria ter sido superada, se o entendimento estivesse sido buscado com sinceridade, deixando as amarras convencionais.

Jesus era Mestre, Ele mesmo cerificou isto, portanto, todo mestre deseja e tem como princípio que seus alunos, seus discípulos, cresçam e atendam aos seus objetivos, voem, conquistando a suficiência, tendo autonomia sobre a vida, porque têm sabedoria, consciência da responsabilidade e sabem para que estão vivendo.

O Mestre e Senhor, aguarda de todos a competência, aguarda a contribuição efetiva, a realização, a liberdade conquistada pela Luz própria; que pode pedir, pois, os seus valores comungam com o que se pleiteia, a graça naturalmente flui alcançada.

A misericórdia nunca faltou, mesmo sem nenhum pedido, o que é justo é fruto de atendimento, todos somos amparados indistintamente, não existimos na vida do corpo como se fossemos folha seca ao vento, existe um planejamento e um destino, no entanto, o agente ativo, o aluno, o ser que se encontra sob o buril da vida somos nós mesmos, precisamos fazer a nossa parte. Não aguardemos nada de graça, o contributo é o mérito pelos esforços para vencer as comodidades, a preguiça, o vício, a imoralidade, as tendências negativas que trazemos de outras vidas.

Jesus, espera que sejamos vitoriosos, que deixemos a infância espiritual e alcancemos a maturidade, que oferece a confiança, a humildade moral, o reconhecimento do que somos capazes, assim poderemos nos apresentar com autoridade junto a Jesus.

Ele não precisará dizer novamente: “Até agora, nada pedistes em meu nome; (...)”.

                                                            Dorival da Silva

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Mudamente...



"Mudamente..."

Algo mal que se expressa mudamente. Que transtorno tem trazido aos povos! Pessoas que se afastam dos seus familiares e amigos. Profissionais que querem trabalhar, mas temem o vírus que não se vê. Proteções que apaziguam o medo sem a certeza do contágio. Doentes declarados precisam aguardar, hospitais são esvaziados e outros construídos para aguardar os que ainda não estão, mas com certeza ficarão doentes, pois, silenciosamente o mal sinaliza e antecipa o futuro.

Os grandes males do Planeta aconteceram através de agressividades ruidosas para demonstrar força, tambores, farfalhar de espadas e escudos, gritos; tropel de cavalaria, a voz troante do canhão de pólvora, a esgrima de estúpidos cavaleiros; o roçar dos ares em asas apinhadas de mortíferos arranjos a despenharem-se sobre casas, hospitais, escolas levando terror e morte, ainda, a metralha disparada alhures.

Em tempos passados, epidemias que matavam largamente eram noticiadas pelo desespero de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, aos gritos, alardeando o pavor, vez que a morte era inevitável, considerando a inexistência de recursos médicos. 

Agora é diferente! 

Professores e escolares paralisados, lojas e armarinhos fechados, oficinas quietas, meios de comunicação em efervescência com opiniões e opiniões suas e de convidados para explicar, sugerir, orientar à exaustão, sem nada conclusivo e que estanque a enxurrada de...

Pesquisa disto e daquilo, testes, buscas de medicamentos, tentativas, achismos e promessas, interesses políticos e econômicos que se chocam, vaidades, egoísmos, medos, inseguranças, decretos que não são respeitados e doentes que se contam aos milhares e corpos mortos em número assustador.

E os exércitos?

Estão silentes, a luta não é de Nação contra Nação, mas das Nações contra o invisível, que não teme nenhuma arma bélica, mesmo as mais sofisticadas, as forças estão de um lado só e não veem a quem atacar, ou de quem se defender.

A arrogância dos poderios desceu à insignificância. Uma grande mão educadora semeia no Mundo as possibilidades do respeito ao outro, todos são de carne e osso, têm fome, sede e adoecem; faz compreender que a vida é uma construção e são peças a alfabetização, a cultura, a arte, a ciência, a espiritualização. Para a vida com dignidade de todas as gerações das sociedades é indispensável que quem sabe e pode mais colabore com o aprendizado dos menos sábios e limitados em recursos.

Os grandes males das eras passadas eliminaram a vida da Terra? Não. Estamos aqui.

Agora também não se extinguirá a vida do Planeta; como as tormentas antigas causaram modificação do pensamento, da cultura, da ciência, da filosofia... Também, o mal invisível que arrasa nesses dias, findo o seu tempo educativo, deixará atmosfera renovada com mudanças profundas nas relações humanas, pois deverá prevalecer a fraternidade e solidariedade entre os indivíduos e os povos.

Depois da perturbação viral a vida no Planeta será mais justa? A esperança que carregamos diz que sim. Temos confiança que Alguém que considera seus filhos, os habitantes da Terra, está no leme da nau que enfrenta as convulsões intestinas numa experiência que aponta para uma Nova Era, Um Novo Tempo.

O que podemos esperar?

                                         Dorival da Silva



quinta-feira, 16 de abril de 2020

Há uma ameaça!


Há uma ameaça!

Num povo muito grande, muitas línguas, costumes, classes sociais, poderes..., lá existe algo a rugir, mas a causa do furor é silenciosa, se tem notícia, percebe-se seus efeitos que atingem vidas, convulsiona a organização social, política, econômica, confrangendo indistintamente os indivíduos.

Decisões são necessárias para proteger os interesses, no entanto, existe um conflito de forças antagônicas, preservar as pessoas do mal afligente ou manter as atividades do dia a dia.

O motivador se conhece em laboratório, é pequeno, é um vírus, no entanto, sagaz, multiplica-se espantosamente, dissemina-se invisível através do próprio hospedeiro, não escolhe direção, apenas deseja um organismo que o amaine para que sobreviva.

Seus efeitos são devastadores em grande parte dos contaminados, embora não escolha idade, os velhos e os doentes são os preferidos, poucos se salvam.

Remédio conhecido não respeita, vacina que o barre também não existe, somente a resistência natural de cada um suporta, mas não perdoa as forças combalidas.

Causa medo, vez que ninguém sabe se suas resistências são capazes de sobrestar a invasão do tal, que poderá levar o corpo a sucumbir.
Governos se chocam, autoridades da saúde impõem condições, organizações protestam, populações carecem de assistência, o emprego escasseia, o estado econômico cambaleia, o futuro...

Dentro da pandemia virtudes afloram, corações generosos movimentam as mãos, organizam mutirões, donativos surgem para atender as necessidades dos mais fracos, alimentos e materiais higienizantes...

O estado geral da Humanidade é novo, conquanto a ameaça à vida, há uma nova realidade, alguém invisível impõe-se aos poderosos do Mundo uma força incontestável, sem nenhum material bélico, sem estrondo de explosivo, nem revoada de supersônicos e chuva de ogivas.

Se faz necessário que o forte socorra o fraco, pois, o invisível poder a todos iguala, mostrando que se interdependem, carências várias é pertencimento mútuo, somente o dividir e servir dos meios e recursos sanará as ânsias do Mundo.

A caridade, a fraternidade... Agora genericamente forçadas, depois, quando se tornarem ações naturais entre os povos, será o estabelecimento do Reino dos Céus na Terra.

Há muito tempo Um Homem Crucificado disse isso...
                                            
                                                 Dorival da Silva

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Domingo, dia claro...


Domingo, dia claro...

As notícias não são boas, anúncio de mortes nas maiores cidades do Mundo, nos países ricos e nos pobres também, é a pandemia: Coronavírus.

Olhando pela janela contemplo no quintal uma atmosfera linda, o Sol brilha mostrando luz suave, o ar leve carrega o perfume que colhe das flores, as plantas estão muito verdes, os pássaros se manifestam sem preocupação, a Natureza se posta com a sua grandeza.

Jornais de folhas, de televisão, de rádio se manifestam sem detença em notícias de toda ordem, numa concorrência exorbitante de mais e mais atualizações da desgraça que atinge milhares de almas que sofrem com a contaminação e multidões outras aflitas para não se contaminarem com o vírus que pode causar o mal.

Autoridades que exigem o recolhimento das populações nos lares, outras que solicitam o relaxamento de tal iniciativa, visando preservar as questões econômicas; populares que querem retornar ao trabalho, pois precisão resguardar o pão de cada dia; outros que são autorizados por servirem a setores considerados indispensáveis ao atendimento básico da sociedade, tais como farmácias, supermercados, postos de combustíveis, hospitais...

Governos montam hospitais de campanha às pressas, prevendo a impossibilidade de atendimento condizente ao número crescente de contaminados e previsão catastrófica da quantidade de doentes nos próximos meses; há busca infrene de equipamentos auxiliares à respiração, pois a doença viral exaure consideravelmente a capacidade respiratória dos contaminados mais graves, levando os mais suscetíveis, idosos e detentores de doenças crônicas, com frequência, à morte.

Os interesses políticos estendem o seu manto sobre a desgraça, buscando retirar o que pode de capitalização para os poderes, dos poderosos que nem sabem se verão o fim da pandemia, que se mostra demorar em ter solução. É mando e desmando dos antagonistas do poder de um lado, é revolta de apaniguados insatisfeitos de outro, parte da população se levanta em protesto, sem ao certo sobre o quê; vez que todos estão num barco em comoção, num incêndio alimentado por muitos combustíveis emocionais e de insensatez.

Países buscam equipamentos que salvaguardam a fisiologia respiratória dos possíveis internados em situação agravada, pois é vital, no entanto, os centros produtores desses recursos não têm a quantidade suficiente e a capacidade de produção também não atende à demanda de todos. Existe a lei de mercado, a falta do produto inflaciona os preços, os mais pobres não podem adquirir o que precisa, a força econômica sobrepõe os mais fracos, que ficam em segundo plano, assim se verifica a pandemia que avança sem detença, causando mortes em quantidade inimaginável.

Os templos religiosos, os cinemas, os teatros, os “shoppings”, o comércio e a indústria estão vazios às custas de decretos oficiais, tudo com o propósito de se evitar a disseminação do contágio pela movimentação das pessoas, buscando-se o alongamento do enraizamento  desse mal de forma generalizada em curto prazo, o que seria uma tragédia humana, considerando a impossibilidade de acolhimento em hospitais a massa de gente em estado desesperador de insuficiência respiratória incontrolável.  Certamente a morte desassistida se daria em toda parte, o que se pretende evitar, dando condições para se salvar a maior parte dos doentes.   
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O indivíduo que busca se esgueirar do contato com o tal vírus, que lhe poderá comprometer a máquina de carne é também um Espírito, ou se quiserem uma Alma, que está passando um período de experiência neste Mundo, será que todos se lembram disso? Será que a fé que professamos nos prepara para momento tão decisivo? Mesmo que fiquemos doentes coletivamente, o caminho a percorrer é exclusivo, mesmo cercado de assistentes, o desfecho é solitário, se for o ponto final da existência. Caso isto ocorra o corpo já não importa, a própria circunstância levará às finalidades. E nós que não findamos, apenas nos liberamos do corpo, como nos encontraremos? Esta é a pergunta excelente. O que virá depois!

Se faz necessário a humildade. Se não é agora que deixaremos a carcaça, será mais adiante, poderá demorar décadas, mas o dia chegará.

O momento é adequado para olharmos para dentro, a lógica nos mostra que não será com os olhos que conhecemos, será com as ondas criadas pela reflexão, poderíamos dizer com o olhar da alma, da análise, da crítica e da síntese.

A busca do autoconhecimento, da descoberta das virtudes e dos defeitos, dos vícios... Viver a relação humana com mais cuidado, observando para aprender.

Esse retorno para casa é mais significativo, além de representar o que é praxe, também diz que precisamos ir mais além. Aproveitar bem o tempo, tornando-o útil. Compreendendo que toda ocupação nobre é ocupação produtiva. Sejam em atividades materiais, intelectuais, ou na atenção à criança ou ao velho, a importância é como se faz.

Jesus, o Cristo, lecionou: “Amar o próximo como a si mesmo” e a Doutrina Espírita ensina: “Fora da caridade não há salvação”. 
  
                                               Dorival da Silva



Incluo parte da dedicatória do Espírito Irmão X existente na abertura da obra: Cartas e Crônicas, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, 1966, como segue:

"Num belo apólogo, conta Rabindranath Tagore que um lavrador, a caminho de casa, com a colheita do dia, notou que, em sentido contrário, vinha suntuosa carruagem, revestida de estrelas. Contemplando-a, fascinado, viu-a estacar, junto dele, e, semiestarrecido, reconheceu a presença do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas...

-- O quê? -- Refletiu, espantado -- o Senhor da Vida a rogar-me auxílio, a mim, que nunca passei de mísero escravo, na aspereza do solo?

Conquanto excitado e mudo, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa carga.

O Senhor agradeceu e partiu.

Quando, porém, o pobre homem do campo tornou a si do próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento... O grânulo de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola, transformado em pepita de ouro luminescente...
Deslumbrado, gritou:

-- Louco que fui!... Porque não dei tudo o que tenho ao Soberano da Vida?"

                                      *

       Na atualidade da Terra, quando o materialismo compromete edificações veneráveis da fé, no caminho dos homens, sabemos que o Cristo pede cooperação para a sementeira do Evangelho Redivivo que a Doutrina Espírita veicula. (...).

sexta-feira, 10 de abril de 2020

"EU" CONTRA "EU"


"EU" CONTRA "EU"

       Quando o Homem, ainda jovem, desejou cometer o primeiro desatino, aproximou-se o Bom Senso e observou-lhe.
 -- Detém-te! Por que te confias assim ao mal?
 O interpelado, porém, respondeu, orgulhoso:
 -- Eu quero.
 Passando, mais tarde, à condição de perdulário e adotando a extravagância e a loucura por normas de viver, apareceu a Ponderação e aconselhou-o:
       -- Para! Por que te consagras, desse modo, ao gasto inconsequente?
 Ele, contudo, esclareceu jactancioso:
       -- Eu posso.
 Mais tarde, mobilizando os outros a serviço da própria insensatez, recebeu a visita da Humildade, que lhe rogou, piedosa:
       -- Reflete! Por que te não compadeces dos mais fracos e dos mais ignorantes?
       O infeliz, todavia, redarguiu colérico.
       -- Eu mando.
       Absorvendo imensos recursos, inutilmente, quando poderia beneficiar a coletividade, abeirou-se dele o Amor e pediu:
-- Modifica-te! Sê caridoso! Como podes reter o rio das oportunidades sem socorrer o campo das necessidades alheias?
 E o mísero informou:
       -- Eu ordeno.
 Praticando atos condenáveis, que o levaram ao pelourinho da desaprovação pública, a Justiça acercou-se dele e recomendou?
       -- Não prossigas! Não te dói ferir tanta gente?
 O infortunado, entretanto, acentuou implacável:
 -- Eu exijo.
       E assim viveu o Homem, acreditando-se o centro do Universo, reclamando, oprimindo e dominando, sem ouvir as sugestões das virtudes que iluminam a Terra, até que, um dia, a Morte o procurou e lhe impôs a entrega do corpo físico.
       O desditoso entendeu a gravidade do acontecimento, prosternou-se diante dela e considerou:
       -- Morte, por que me buscas?
       -- Eu quero -- disse ela.
       -- Por que me constranges a aceitar-te?  -- gemeu, triste.
-- Eu posso  -- retrucou a visitante.
       -- Como podes atacar-me deste modo?
       -- Eu mando.
       -- Que poderes te movem?
       -- Eu ordeno.
       -- Defender-me-ei contra ti -- clamou o Homem, desesperado --, duelarei e receberás a minha maldição!...
       Mas a Morte sorriu, imperturbável, e afirmou:
 --Eu exijo.
       E, na luta do "eu", contra "eu", conduziu-o à casa da Verdade para maiores lições.
                                                         Irmão X

Página extraída da obra: Contos e Apólogos, capítulo 5, psicografada pelo Espírito Irmão X, através de Francisco Cândido Xavier, 1957.