sábado, 25 de junho de 2016

Há vida depois da morte?

Editorial

Ano 8 - N° 388 - 9 de Novembro de 2014



 
Há vida depois da morte?

Embora para muitos o problema da morte não esteja devidamente esclarecido, é bom lembrar ao leitor que tal não é o pensamento dos espíritas. Afinal, a obra de Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita, é fruto do diálogo com os chamados
mortos, ou Espíritos, na terminologia espírita.

As obras dos nossos médiuns mais respeitáveis foram escritas também por Espíritos, e nesse sentido a coleção André Luiz, psicografada pelo médium Chico Xavier, é um testemunho eloquente de que há, sim, vida depois da morte, porque a morte só atinge o corpo físico e nada causa à alma que o habitava antes do seu regresso ao chamado mundo espiritual.

Quando alguém partidário da doutrina espírita afirma que o problema da morte não está esclarecido, é óbvio que se refere ao entendimento geral, alheio ao Espiritismo, um fato que todos nós, espíritas, conhecemos, tendo em vista que as religiões mais expressivas quanto ao número de adeptos não tratam em seus livros do tema morte, nem do que lhe sucede.

Os adeptos de tais religiões não dispõem também de informações acerca da origem, da natureza e do destino do Espírito humano. E, no entanto, dizem professar ideias espiritualistas!...

Se o indivíduo se diz cético com relação às questões espiritualistas, sua incerteza com relação à sobrevivência da alma será ainda maior. Não admitindo a existência da alma, como poderá admitir a existência dos Espíritos?

Em face disso, não há o que estranhar quando se diz que o problema da morte, na visão das pessoas a que nos referimos, não se encontra esclarecido.
A diferença da concepção espírita, comparativamente com o que é professado pelas outras doutrinas espiritualistas, está em que o Espiritismo, não se fundamentando em dogmas ou em teorias preconcebidas, não inventou a alma, para assim explicar os chamados fenômenos inabituais. Foram as almas dos chamados mortos que se apresentaram e isso ocorreu já na fase inicial do Moderno Espiritismo, em Hydesville, quando o Espírito de Charles Rosma se apresentou à família Fox. 
 
Conforme lemos em História do Espiritismo, de Arthur Conan Doyle, tradução de Júlio Abreu Filho, Margareth Fox, a mãe das meninas médiuns, assim relatou o que ocorreu na noite de 31-3-1848, quando o agente invisível que causava as manifestações em sua residência se identificou:

“Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo uma pausa de um para o outro, a fim de os separar até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido.

Então perguntei: ‘É um ser humano que me responde tão corretamente?’ Não houve resposta. Perguntei: ‘É um Espírito? Se for, dê duas batidas’. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: ‘Se foi um Espírito assassinado dê duas batidas’. Estas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Perguntei: ‘Foi assassinado nesta casa?’ A resposta foi como a precedente. ‘A pessoa que o assassinou ainda vive?’ Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem que o assassinara nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a sua família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: ‘Continuará a bater se chamar os vizinhos para que também escutem?’ A resposta afirmativa foi alta.”  

Como os espíritas sabem perfeitamente, nascia com os fenômenos ocorridos na residência da família Fox o Moderno Espiritismo, cuja parte teórica ou doutrinária seria desenvolvida nove anos mais tarde na França, novamente por meio do diálogo com o mundo espiritual, razão pela qual Kardec afirmou que o resultado do seu trabalho, a doutrina espírita, é a codificação dos ensinos dados pelos Espíritos, que são os seus verdadeiros autores.(1) 

(1)
Sobre o assunto, sugerimos a leitura do texto “As Irmãs Fox, Conan Doyle e o Espiritismo brasileiro”, de Jáder Sampaio, publicado na edição 179 desta revista. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/ano4/179/especial.html 

Editorial copiado da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá se acessada através do endereço:  http://www.oconsolador.com.br/ano8/388/editorial.html

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Exaltação ao Livro Espírita

Exaltação ao Livro Espírita

Repositório feliz da trajetória histórica da Humanidade, o livro é o silencioso mensageiro dos tempos, apresentando os fastos das culturas do passado e as narrativas sobre homens e mulheres que desfilaram pelas páginas das diferentes épocas e jazem hoje amortalhados, porém vivos, aguardando ser consultados.

Desde as escritas rupestres às estelas de pedras, às argilas, papiros, pergaminhos, tábuas, peles de animais até o momento grandioso da descoberta do papel, a partir dos sinais toscos e informes até às letras e caracteres bem definidos, as mensagens vivas referindo-se às glórias e misérias da humanidade passaram através dos seus registros de uma para outra geração, eternizando os acontecimentos.

Foi ele que auxiliou o desenvolvimento da razão humana e contribuiu decisivamente para a conquista do conhecimento, abrindo mais amplos e grandiosos espaços para o pensamento.

Imortalizado através dos evos, alcançou este momento relevante de tecnologia insuperável, permanecendo insubstituível.

Não obstante a glória da ciência virtual, ele prossegue oferecendo contribuição própria indispensável ao processo de evolução das criaturas.

Perpetuando o pensamento oriental, rico de sabedoria e de mística, na Grécia e em Roma preservou para o futuro a genialidade de Trucídides, de Ésquilo, de Hesíodo, de Sócrates, de Platão, de Aristóteles, de Hipócrates, de Leucipo, de Epicuro, de Heródoto, de Pitágoras, de Homero, de Cícero, de Ovídio e de incontáveis mensageiros de Deus e do progresso para auxiliarem o ser humano no avanço inevitável para a aquisição da sabedoria.

Posteriormente, em diferentes períodos, fez-se a alavanca para impulsionar a cultura, tornando-se responsável pelos momentos grandiosos das decisões magnas da sociedade.
Através de Shakespeare ou de Charles Dickens, de Dante Alighieri ou de Voltaire, de Teresa de Jesus, a santa de Ávila, ou de Jean Jacques Rousseau, de Sór Juana Inés de la Cruz ou do Marquês de Beccaria penetrou no bojo das criaturas humanas e fez desmoronar as masmorras da ignorância ou construiu-as na emoção de muitos, assinalando profundamente cada época.

Graças a Goethe através de Os sofrimentos do jovem Werther, induziu ao suicídio inúmeros adolescentes frustrados afetivamente que se identificavam com o drama da infeliz personagem, sulcando vidas com amargura. O mesmo aconteceu com Tolstoi, no seu Anna Karenina, de que se arrependeria dolorosamente mais tarde...

No entanto, noutros momentos desencarcerou milhões de vidas quando se apresentou como fonte geradora de esperanças no formato de Obras espirituais em todas as culturas, culminando em O Novo Testamento, que retrata o maior momento da História.

Apesar da missão sublime de que se encontra investido, nem sempre aqueles que o escrevem dão-se conta da sua significação e objetivo.

Por isso, no livro espírita encontramos a mensagem de vida eterna desvestida de sortilégios e dogmatismos, refletindo a transparente claridade da Vida exuberante.

Foi Allan Kardec quem o brindou com eloqüente entusiasmo e imbatível coragem, lutando contra os preconceitos e as paixões servis ao apresentar em Paris, em 1857, o Espiritismo, despido de sofismas e silogismos, das complexidades de sistema e dos conflitos de escolas filosóficas através de O Livro dos Espíritos hoje patrimônio da Humanidade.

Contendo as questões mais palpitantes do pensamento histórico analisadas pelos Imortais, é síntese de sabedoria em todos os sentidos, que as conquistas da ciência contemporânea vêm confirmando a cada dia.

Escrito com clareza meridiana e acessível aos diferentes níveis culturais, tem resistido às revoluções das diversas ideologias sem sofrer qualquer prejuízo de conteúdo ou de forma, transcorridos cento e quarenta e quatro anos quase após a sua publicação.

Base de sustentação da Doutrina Espírita, desdobra-se em outros que são fundamentais para a compreensão do ser, do destino, da dor, dos objetivos essenciais, quais sejam: O Livro dos MédiunsO Evangelho segundo o Espiritismo,O Céu e o Inferno e A Gênese em incomparável harmonia entre a ciência, a filosofia e a religião, unindo a razão ao sentimento, a ética à moral, o pensamento à emoção, como ninguém dantes o conseguira.

Graças a esse conjunto estrutural, desdobra-se em novos livros de orientação e consolo, de esclarecimento e debate, de informações valiosas e de revelações incomuns, dignificando a vida e todos os seres que habitam a Terra, por elucidar que o processo evolutivo é inestancável, a todos facultando a glória da plenitude.

Por essas razões, exaltamos o livro espírita, nele encontrando Jesus descrucificado e libertado dos mitos com que O ocultaram através dos tempos, retornando ao planeta, a fim de erguê-lo na escala dos mundos e impulsioná-lo no rumo do Pai.
Vianna de Carvalho 
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na noite de 24 de janeiro de 2001, em Salvador, Bahia.
Esta mensagem poderá ser acessada na origem através do endereço:

 
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=77


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Terrorismo de natureza mediúnica

Terrorismo de natureza mediúnica

       
Sutilmente vai-se popularizando uma forma lamentável de revelação mediúnica, valorizando as questões perturbadoras que devem receber tratamento especial, ao invés de divulgação popularesca de caráter apocalíptico.
Existe um atavismo no comportamento humano em torno do Deus temor que Jesus desmistificou, demonstrando que o Pai é todo Amor, e que o Espiritismo confirma através das suas excelentes propostas filosóficas e ético-morais, o qual deve ser examinado com imparcialidade.
Doutrina fundamentada em fatos, estudada pela razão e lógica, não admite em suas formulações esclarecedoras quaisquer tipos de superstições, que lhe tisnariam a limpidez dos conteúdos relevantes, muito menos ameaças que a imponham pelo temor, como é habitual em outros segmentos religiosos.
Durante alguns milênios o medo fez parte da divulgação do Bem, impondo vinganças celestes e desgraças a todos aqueles que discrepassem dos seus postulados, castrando a liberdade de pensamento e submetendo ao tacão da ignorância e do primitivismo cultural as mentes mais lúcidas e avançadas...
O Espiritismo é ciência que investiga e somente considera aquilo que pode ser confirmado em laboratório, que tenha caráter de revelação universal, portanto, sempre livre para a aceitação ou não por aqueles que buscam conhecer-lhe os ensinamentos. Igualmente é filosofia que esclarece e jamais apavora, explicando, através da Lei de Causa e Efeito,  quem somos, de onde viemos, para onde vamos, porque sofremos, quais são as razões das penas e das amarguras humanas... De igual maneira, a sua ética-moral é totalmente fundamentada nos ensinamentos de Jesus, conforme Ele os enunciou e os viveu, proporcionando a religiosidade que integra a criatura na ternura do seu Criador, sendo de simples e fácil formulação.
Jamais se utiliza das tradições míticas greco-romanas, quais das Parcas, sempre tecendo tragédias para os seres humanos, ou de outras quaisquer remanescentes das religiões ortodoxas decadentes, algumas das quais hoje estão reformuladas na apresentação, mantendo, porém, os mesmos conteúdos ameaçadores.
De maneira sistemática e contínua, vêm-se tornando comuns algumas pseudorrevelações alarmantes, substituindo as figuras mitológicas de Satanás, do Diabo, do Inferno, do Purgatório, por Dragões, Organizações demoníacas, regiões punitivas atemorizantes, em detrimento do amor e da misericórdia de Deus que vigem em toda parte.
Certamente existem personificações do Mal além das fronteiras físicas, que se comprazem em afligir as criaturas descuidadas, assim como lugares de purificação depois das fronteiras de cinza do corpo somático, todos, no entanto, transitórios, como ensaios para a aprendizagem do Bem e sua fixação nos painéis da mente e do comportamento.
O Espiritismo ressuscita a esperança e amplia os horizontes do conhecimento exatamente para facultar ao ser humano o entendimento a respeito da vida e de como comportar-se dignamente ante as situações dolorosas.
As suas revelações objetivam esclarecer as mentes, retirando a névoa da ignorância que ainda permanece impedindo o discernimento de muitas pessoas em torno dos objetivos essenciais da existência carnal.
Da mesma forma como não se deve enganar os candidatos ao estudo espírita, a respeito das regiões celestes que os aguardam, desbordando em fantasias infantis, não é correto derrapar nas ameaças em torno de fetiches, magias e soluções miraculosas para os problemas humanos, recorrendo-se ao animismo africanista, de diversos povos e às suas superstições. No passado, em pleno período medieval, as crenças em torno dos fenômenos mediúnicos revestiam-se de místicas e de cerimônias cabalísticas, propondo a libertação dos incautos e perversos das situações perniciosas em que transitavam.
O Espiritismo, iluminando as trevas que permanecem dominando incontáveis mentes, desvela o futuro que a todos aguarda, rico de bênçãos e de oportunidades de crescimento intelecto-moral, oferecendo os instrumentos hábeis para o êxito em todos os cometimentos.
A sua psicologia é fértil de lições libertadoras dos conflitos que remanescem das existências passadas, de terapêuticas especiais para o enfrentamento com os adversários espirituais que procedem do ontem perturbador, de recursos simples e de fácil aplicação.
A simples mudança mental pra melhor proporciona ao indivíduo a conquista do equilíbrio perdido, facultando-lhe a adoção de comportamentos saudáveis que se encontram exarados em O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, verdadeiro tratado de eficiente psicoterapia ao alcance de todos que se interessem pela conquista da saúde integral e da alegria de viver.
Após a façanha de haver matado a morte, o conhecimento do Espiritismo faculta a perfeita integração da criatura com a sociedade, vivendo de maneira harmônica em todo momento, onde quer que se encontre, liberada de receios injustificáveis e sintonizada com as bênçãos que defluem da misericórdia divina.
A mediunidade, desse modo, a serviço de Jesus, é veículo de luz, de seriedade, dignificando o seu instrumento e enriquecendo de esperança e de felicidade todos aqueles que se lhe acercam.
Jamais a mediunidade séria estará a serviço dos Espíritos zombeteiros, levianos, críticos, contumazes de tudo e de todos que não anuem com as suas informações vulgares, devendo tornar-se instrumento de conforto moral e de instrução grave, trabalhando a construção de mulheres e de homens sérios que se fascinem com o Espiritismo e tornem as suas existências úteis e enobrecidas.
Esses Espíritos burlões e pseudossábios devem ser esclarecidos e orientados à mudança de comportamento, depois de demonstrado que não lhes obedecemos, nem lhes aceitamos as sugestões doentias, mentirosas e apavorantes com as histórias infantis sobre as catástrofes que sempre existiram, com as informações sobre o fim do mundo, com as tramas intérminas a que se entregam para seduzir e conduzir os ingênuos que se lhes submetem facilmente...
O conhecimento real do Espiritismo é o antídoto para essa onda de revelações atemorizantes, que se espalha como um bafio pestilencial, tentando mesclar-se aos paradigmas espíritas que demonstraram desde o seu surgimento a legitimidade de que são portadores, confirmando o Consolador que Jesus prometeu aos seus discípulos e se materializou na incomparável Doutrina.
Ante informações mediúnicas desastrosas ou sublimes, um método eficaz existe para a avaliação correta em torno da sua legitimidade, que é a universalidade do ensino,  conforme estabeleceu o preclaro Codificador.
Desse modo, utilizando-se da caridade como guia, da oração como instrumento de iluminação e do conhecimento como recurso de libertação, os adeptos sinceros do Espiritismo não se devem deixar influenciar pelo moderno terrorismo de natureza mediúnica, encarregado de amedrontar, quando o objetivo máximo da Doutrina é libertar os seus adeptos, a fim de os tornar felizes.
Vianna de Carvalho
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no

dia 7 de dezembro de 2009, durante o XVII Congresso Espírita
Nacional, em Calpe, Espanha.
Em 09.04.2012.

A mensagem também poderá ser lida na fonte, através do endereço:
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=279

quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS FESTAS DE JUNHO


AS FESTAS DE JUNHO



Maria Helena Marcon




Com o mês de junho, chegam as comemorações festivas que envolvem, normalmente, Escolas, Clubes e, chegam, à conta de novidade, até as Casas Espíritas.



São as chamadas festas juninas, que iniciam no dia 13 de junho, dia de Antônio de Pádua, alcança o dia 24, festividade alusiva a João, o Batista e culmina a 29 do mesmo mês, com a festa a Pedro, o Apóstolo, em conformidade com o calendário católico.



Alerta-nos o Espírito André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira, no opúsculo Conduta Espírita que ao espírita compete dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso, recordando ainda que o espírita não se prende a exterioridades.



Evocando, em rápido giro histórico, as origens das ditas festas, que têm no fogo o seu elemento mais representativo, vamos encontrá-las relacionadas às celebrações do solstício do verão na Europa e com os cultos devidos aos deuses da fecundação. Com ritos de fogo, comemorava-se a aproximação das colheitas, ao mesmo tempo em que se pedia aos deuses a proteção contra o demônio da peste, esterilidade e estiagem.



Todos os antigos povos da Terra celebravam, em meados de junho, os fogos em honra do Sol. Eram sempre dias festivos, quando os seres humanos cantavam hinos de louvor e faziam os seus pedidos. As pessoas jovens e crianças dançavam em volta das fogueiras, enquanto os mais velhos cantavam em coro canções de agradecimento.



Ainda não existiam os fogos de artifício mas as fogueiras representavam uma obrigação e tradição nas comemorações das festas juninas. Costumeiramente altas, elas serviam como termômetro para que os adivinhos pudessem dizer do tempo que faria durante o outono, a época das colheitas. Conforme a direção que o vento soprasse a fumaça das enormes fogueiras, o tempo futuro seria propício ou não para a boa colheita.


A Igreja, em determinado momento, decidiu por associar tais festejos aos seus feriados em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, passando a constarem do seu calendário.



No Brasil, as festividades juninas vieram juntamente com os portugueses e espanhóis católicos e sofreram influências também dos africanos, em especial dos moradores das Ilhas dos Açores, que incluíram muito de folclore nas comemorações religiosas de então.



Com as tradições europeias, as festas juninas assumiram algumas características próprias, no território nacional. Coincidentemente, nesta época do ano, as pinhas maduras dos pinheiros brasileiros deixam cair ao chão o pinhão, pronto para ser consumido. Isso foi aliado, ainda, à época da colheita da batata-doce, do milho e outros artigos que são consumidos ao redor das fogueiras.



O traje caipira e o casamento, tão comuns em qualquer festa junina, têm sua explicação. O primeiro, na tradição brasileira, copiando-se do caboclo o modo de vestir, andar e falar. Acrescentou-se a figura das sinhazinhas, numa rememoração aos dias das autênticas, que povoaram a História nacional, no auge dos engenhos e das fazendas, em dias não muito distantes.



A tradição do casamento vem de outros continentes, pois o mês de junho representava para os povos que emigraram para o nosso país, a abundância em época de início de colheita. Os pais podiam promover grandes festas nos casamentos, unindo os dois moços e homenageando, por sua vinculação ao Catolicismo, Santo Antônio, São João e São Pedro, com fogueiras, danças e outras características das festas juninas.



Entendendo que a Doutrina Espírita é eminentemente educativa e o templo Espírita é Escola de Espiritismo e é Hospital de Espíritos, tais comemorações não devem adentrar-lhe a intimidade.



Se o estudante comum tem compromissos com a Sociedade e o mestre-escola tem responsabilidade com as gerações que passam pelo seu gabinete, também o estudante espírita tem compromissos com o Mestre Divino, e o pregador tem deveres e responsabilidade com a alma dos alunos.



Negligenciar tais deveres é desrespeitar o salário da fé e paz interior que recebe para o honroso cumprimento das tarefas.

Por isso, honrar o templo espírita é preservar o Espiritismo contra os programas marginais, atraentes e aparentemente fraternistas, mas que nos desviam da rota legítima para as falsas veredas em que fulguram nomes pomposos e siglas variadas.



Honremos, pois, o templo espírita, fazendo dele a nossa escola de aprendizagem e renovação, para que o Espiritismo se honre conosco, felicitando-nos a vida!







Bibliografia:

Franco, Divaldo Pereira. Crestomatia da Imortalidade. Por Espíritos diversos. Salvador: LEAL, cap. 21.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos 

No dia 18 de abril de 1857, foi publicado em Paris, pela Editora Dentu, na Galeria d’Orléans, no Palais Royal, O Livro dos Espíritos, de autoria de Allan Kardec, obra que deveria assinalar um novo período na cultura da civilização.
Constituído por perguntas apresentadas aos Espíritos pelo emérito Professor Rivail, que mais tarde adotou o pseudônimo de Allan Kardec, em homenagem a uma reencarnação que tivera no século I a.C. nas Gálias e as respectivas respostas dos mesmos.
Inúmeros comentários nele são feitos pelo ínclito Codificador que deu à doutrina de que a obra se constitui o nome de Espiritismo, definindo-o como uma ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos espíritos e as relações que existem com o mundo material, é composto por 1019 questões sobre história, antropologia, filosofia, psicologia, ética e moral, religião, defluentes das pesquisas em torno da imortalidade da alma.
Produzindo uma grande celeuma na época, o extraordinário livro que abarca ímpar proposta de filosofia comportamental e moral cristã restaura os ensinamentos de Jesus, atualizando-os à luz da ciência e das conquistas modernas do pensamento.
Utilizando criteriosa metodologia de investimento de investigação da mediunidade – foram consultados centenas de médiuns de diferentes países –, o Codificador, conforme se tornou conhecido, confirmou a promessa de Jesus, quando anunciara que enviaria o Consolador para restabelecer a verdade dos Seus ensinamentos e novas informações que, no Seu tempo, a sociedade não tinha como entender.
Hoje o Espiritismo espalha-se pelo mundo, especialmente pelo Brasil, com a finalidade de confirmar a sobrevivência do Espírito à consumpção física, explicando, através da reencarnação, a Justiça Divina e abrindo largos horizontes de esperança e plenitude para todos.
Comemorando o seu 159º aniversário há poucos dias, merece ser lido e estudado, a fim de que se possa explicar os atuais conflitos que aturdem a sociedade. 
 Divaldo Pereira Franco.
Artigo publicado no jornal A Tarde,
 coluna Opinião, em  21.4.2016.
Em 25.4.2016.
 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

De que modo?

De que modo?

“Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 4:21.)
Por vezes, o apóstolo dos gentios, inflamado de sublimes inspirações, trouxe aos companheiros interrogativas diretas, quase cruéis, se consideradas tão-somente em sentido literal, mas portadoras de realidade admirável, quando vistas através da luz imperecível.

Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações.

Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da Humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste.

A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem.

Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos.

Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica.

Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo:
– “Que quereis? irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?”
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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 152.
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Reflexão:
       O homem está subido em inteligência. A intelectualidade alcançou disseminação considerável. A tecnologia avançou vertiginosamente. As religiões com base no Evangelho Cristão se ramificaram excepcionalmente. No entanto, a mensagem epistolar aos Coríntios: – “Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?” -,  permanece quase que congelada no entendimento das massas. 
            Nem o apóstolo dos Gentios e nem o Mestre Jesus ensinou aos líderes grupais para que estes regateassem os seus ensinamentos àqueles que os referenciassem, gerando a fantasia de que pudessem ter algum poder delegado sobre os que conseguisse arregimentar como partidários seus. Os ensinamentos foram distribuídos indistintamente, como as gotículas de chuva que a todos atendem sem intermediários.
         A mensagem evangélica é universal, dando ensejo que cada alma possa abstrair o essencial para a vida de acordo com a sua capacidade de percepção, o que pode ocorrer em grupo, àquele afim. Não como ouvinte somente, mas realizando reflexão e análise por si mesmo, propiciando a possibilidade da troca de experiências e compreensões com os pares, não para sobrepor uns sobre outros, mas para contribuir e respeitar o entendimento de outrem, que sendo diferente do nosso ponto de vista, permite-nos ampliar nossa capacidade de percepção da verdade.
           "Vara" simboliza a imposição, é a dor, em conta a relutância em se não tomar as rédeas da vida em suas mãos, buscando com seus esforços o entendimento de que a vida espiritual não será melhorada pelos esforços de terceiros, essa melhoria se dará exclusivamente com os próprios esforços. "Vara" seria as diversas formas que as Leis Naturais têm de nos proporcionar melhoria, mostrando-nos através das vivências que experimentamos, estas que são o resultado de nosso estado espiritual, através das doenças orgânicas, emocionais e espirituais. 
       "Ou com amor e espírito de mansidão", aqui também é a Lei Natural funcionando, mas não para corrigir a rebeldia de se alimentar o "homem velho", mas proporcionar um estado de alegria íntima correspondente à condição espiritual daquele que anda com suas próprias forças, ainda contribuindo com o seu próximo, realizando o bem com plena confiança de suas possibilidades, consciente de que é parte da engrenagem Universal. A religiosidade nos liberta. 
         "Que quereis?" ...

                                          Dorival da Silva
              



quinta-feira, 12 de maio de 2016

Há muita diferença e Muito se pedirá...


Há muita diferença


“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.” – (Atos, 3:6.)

É justo recomendar muito cuidado aos que se interessam pelas vantagens da política humana, reportando-se a Jesus e tentando explicar, pelo Evangelho, certos absurdos em matéria de teorias sociais.
Quase sempre, a lei humana se dirige ao governado, nesta fórmula: – “O que tens me pertence.”
O Cristianismo, porém, pela boca inspirada de Pedro, assevera aos ouvidos do próximo:
– “O que tenho, isso te dou.”
Já meditaste na grandeza do mundo, quando os homens estiverem resolvidos a dar do que possuem para o edifício da evolução universal?
Nos serviços da caridade comum, nas instituições de benemerência pública, raramente a criatura cede ao semelhante aquilo que lhe constitui propriedade intrínseca.
Para o serviço real do bem eterno, fiar-se-á alguém nas posses perecíveis da Terra, em caráter absoluto?
O homem generoso distribuirá dinheiro e utilidades com os necessitados do seu caminho, entretanto, não fixará em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, se as não realizou com o sentimento do amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legítima.
Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior.
Não olvides a palavra amorosa de Pedro e dá de ti mesmo, no esforço de salvação, porquanto quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio.
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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 106.
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Muito se pedirá àquele que muito recebeu

       “O servo que souber da vontade do seu amo e que, entretanto, não estiver pronto e não fizer o que dele queira o amo, será rudemente castigado. Mas aquele que não tenha sabido da sua vontade e fizer coisas dignas de castigo menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado.”  (Lucas, 12:47 e 48.)

 Principalmente ao ensino dos Espíritos é que estas máximas se aplicam. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique, é certamente culpado; contudo, além de o Evangelho, que os contém, achar-se espalhado somente no seio das seitas cristãs, mesmo dentro destas quantos há que não o leem, e, entre os que o leem, quantos os que o não compreendem! Resulta daí que as próprias palavras de Jesus são perdidas para a maioria dos homens.
O ensino dos Espíritos, reproduzindo essas máximas sob diferentes formas, desenvolvendo-as e comentando-as, para pô-las ao alcance de todos, tem isto de particular: não é circunscrito; todos, letrados ou iletrados, crentes ou incrédulos, cristãos ou não, o podem receber, pois que os Espíritos se comunicam por toda parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância; não se pode desculpar nem com a falta de instrução, nem com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios tem de conhecer a verdade.
Os médiuns que obtêm boas comunicações ainda mais censuráveis são, se persistem no mal, porque muitas vezes escrevem sua própria condenação e porque, se não os cegasse o orgulho, reconheceriam que a eles é que se dirigem os Espíritos. Todavia, em vez de tomarem para si as lições que escrevem, ou que leem escritas por outros, têm por única preocupação aplicá-las aos demais, confirmando assim estas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do vosso próximo e não vedes a trave que está no vosso.”  
Por esta sentença: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecados”, quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje.
Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas também aos que houverem aproveitado, muito será dado.
O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos.
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Textos extraídos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XVIII – Muitos os chamados, pouco os escolhidos, itens 10 e 12.
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Reflexão:
       "Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior".  
           Nesse dizer de "Emmanuel" fica a síntese do registro evolutivo de cada um de nós. Ninguém pode ser àquilo que ainda não conquistou espiritualmente, o que se vê cotidianamente são mostras de como se pretende apresentar. É a hipocrisia. A personalidade que idealizamos para a conquista daquilo que atende às nossas ansiedades e interesses, muitas vezes desonestos.
             A figura maiúscula de Pedro exalta o que interessa ao "ser" imortal, dando de si as vibrações que exalavam de seu espírito para atender o vazio espiritual do pedinte, expressando excepcionalmente o ensinamento que perpetua, sem que a grande maioria dos que se dizem cristãos o compreende em profundidade -- "E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou."
              A necessidade maior do reencarnado está na sua alma, é a razão de estar vivendo num corpo físico, que necessita de muita assistência, a condição emocional de desiquilíbrio e a precariedade social são os resultados do que somos, considerando que percebemos apenas a parte aparente do "iceberg", caso tivéssemos consciência da integralidade certamente não nos suportaríamos.
              As carências da alma se preenchem com os recursos conquistados pela própria alma. O que é material por mais valor possa ter na ótica do mundo deve ser considerado apenas na condição de meio para a realização do bem. A realização que movimenta a intenção, as emoções, pede superação de dificuldades, apurando a capacidade de discernimento, a oportunidade de decidir e de avaliar se o que resulta é bom ou não para si e para outrem.  O bem ou mal são as consequências das iniciativas ou não.
            No Evangelho Segundo o Espiritismo apresenta análise do ensinamento de Jesus: "Muito se pedirá àquele que muito recebeu", o que é uma lógica límpida, é justiça Divina. Não há reparo! Não é possível que se permitisse que um mestre em matemática claudicasse em operações básicas, certamente se exigirá exatidão em matéria complexa compatível com a sua competência. Assim é na questão espiritual, a consciência não ficará satisfeita se não cumprirmos com os deveres que nos são próprios. Havendo descumprimento pela falta de compromisso, deslealdade, relaxamento, displicência e irresponsabilidade, tudo o que defluir em prejuízos sejam no campo material ou moral será exigido reparação, nesta vida ainda ou em outra, e as dificuldades serão correspondentes ao nosso estado de consciência. As dificuldades materiais ou emocionais são os desforços que fizemos para não fazer ou mal fazer o que tínhamos possibilidades de fazer bem, com resultados benfazejos proporcionadores de paz e felicidade.
           "O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos."  As verdades estão colocadas e não há possibilidade de retrocesso, o que a vida propõe é a plenitude, esta é a meta, o atraso na caminhada é por conta de cada indivíduo, chama-se indivíduo porque é um mundo próprio, é autônomo, no entanto, não conseguirá alcançar o objetivo se não souber estender os braços para servir e as emoções para consolar àqueles que ainda estão no esforço de superação de suas mazelas.
              A Doutrina Espírita contém os ensinamentos orientadores, como a trombeta que aponta a direção, ater-se a isso é escolher-se investindo no aprimoramento de si mesmo, multiplicando o número dos alçados no mundo dos escolhidos.
                                                   Dorival da Silva