quinta-feira, 16 de março de 2017

Microcefalia não é pena de morte

Microcefalia não é pena de morte


            Os que defendem a legalização do aborto encontraram na associação do aumento da microcefalia com o surto de zika uma oportunidade para retomar a discussão da liberação do procedimento no Brasil. Querem transformar o diagnóstico de microcefalia em atestado de morte para todas as crianças das mães que contraíram o vírus e que optarem pela interrupção da gravidez, mesmo com possibilidades de nascerem sem sequelas neurológicas graves.


               Com o avanço da medicina fetal e da genética médica, hoje é possível a detecção, ainda no útero, de várias anomalias fetais. Querer considerar apenas as crianças saudáveis com direito à vida é retomar a prática da eugenia feita na Grécia antiga e pelo nazismo, abrindo um precedente para a liberação do aborto em outros casos de microcefalia.


               Não se pode falar na opção de abortamento, pois não se trata de patologia letal que inviabilize a vida extrauterina. A discussão do aborto em casos de microcefalia retrata bem o momento pós-moderno em que vivemos.


               Para a maioria dos autores, a pós-modernidade é marcada como a época das incertezas, das fragmentações, do narcisismo, da troca de valores, do vazio, do niilismo, da deserção, do imediatismo, da efemeridade, do hedonismo, da substituição da ética pela estética, da apatia, do consumo de sensações e do fim dos grandes discursos.


               Na sociedade pós-moderna, predomina a permi
ssividade que justifica que tudo é bom desde que eu me sinta bem. É um relativismo no qual não há nada absoluto, nada totalmente bom ou mau, onde as verdades são oscilantes.


               Vive-se numa época de grande competitividade e de pouca solidariedade. Em nome dessa nova ideologia, os indivíduos se permitem agir passando por cima de valores fundamentais.


               A coisificação da vida e o predomínio dos interesses pessoais em detrimento do coletivo são bem característicos dessa fase em que vivemos.


               Entretanto, aprendemos com a genética que a diversidade é a nossa maior riqueza coletiva. E o feto anômalo, mesmo o portador de grave deficiência, como é o caso da microcefalia, faz parte dessa diversidade. Deve ser, portanto, preservado e respeitado.


               Necessário se faz proteger também a gestante, dando-lhe apoio em sua gravidez e proporcionando tratamento ao seu futuro filho.


               O aborto provocado é um procedimento traumático, com repercussões gravíssimas para a saúde mental da mulher, que geralmente aparecem tardiamente. Produz um luto incluso, devido à negação da ocorrência de uma morte real, mas esse aspecto é totalmente desconsiderado.


               As mulheres sofrem uma perda, e suas necessidades emocionais são relegadas ou escondidas. Esse processo vai gerar profundas marcas e favorecer o surgimento da síndrome pós-aborto.

               A evolução de uma sociedade é medida pela sua capacidade de amparar os mais frágeis. A sociedade que apela para o aborto se declara falida em suas bases educacionais, porque dá guarida à violência no que ela tem de pior, que é a pena de morte para inocentes. Compromete, portanto, o seu projeto mais sagrado, que é o da construção da paz.


Gilson Luís Roberto é presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil.

Mensagem extraída da Revista Eletrônica "O Consolador", que poderá ser acessada no endereço:
 http://www.oconsolador.com.br/ano9/454/cartas.html

quinta-feira, 9 de março de 2017

No serviço cristão

No serviço cristão

“Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.” - (I Pedro, 5:3.)

Aos companheiros de Espiritismo cristão cabem tarefas de enormes proporções, junto das almas.

Preocupam-nos profundos problemas da fé, transcendentes questões da dor.

Porque dão de graça o que por graça recebem, contam com a animosidade dos que vendem os dons divinos; porque procuram a sabedoria espiritual, recebem a gratuita aversão dos que se cristalizam na pequena ciência; porque se preparam em face da vida eterna, desligando-se do egoísmo destruidor, são categorizados como loucos, pelos que se satisfazem na fantasia transitória.

Quanto maior, porém, a incompreensão do mundo, mais se deverá intensificar naqueles as noções da responsabilidade.

Não falamos aqui dos estudiosos, dos investigadores ou dos observadores simplesmente. Referimo-nos aos que já entenderam a grandeza do auxílio fraternal e a ele se entregaram, de coração voltado para o Cristo. Encontram-se nos círculos de uma experiência nobre demais para ser comentada, mas a responsabilidade que lhes compete é igualmente muito grande para ser definida.

A ti, pois, meu irmão, que guardas contigo os interesses de muitas almas, repito as palavras do grande apóstolo, para que jamais te envaideças, nem procedas “como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 69.

*   *   *

REFLEXÃO: Quantos pretendem locupletar-se do que não lhe pertence. Como o livre arbítrio é uma Lei Natural, que, nem sempre, exerce a cobrança das consequências dos desvios imediatamente, mas, aguarda o reposicionamento do próprio infrator, dando tempo ao tempo.

Em se tratando das questões da fé, tanto os enganadores como os enganados são responsáveis pelo que advier desse processo de venda do que se recebe de graça, que deveria ser dado de graça.

A fé com ou sem a organização religiosa não serve de recurso de sobrevivência, nem meio de enriquecimento material, a qualquer pretexto. Para isto existem as profissões, as transações comerciais e empresariais com suas leis norteadoras, que exercidas de forma justa proporcionam o suficiente para atender as exigências da vida.

Jesus tinha profissão, era como o seu pai José, carpinteiro, não cobrava para ensinar as Primícias do Reino, apresentava essas verdades sem pompas, sem luxo, sem aparato desconcertantes. O seu templo era a Natureza, à luz do Sol, o som era o marulhar do mar, seus instrumentos, os apetrechos de trabalho: o barco, a enxada, a pá, o arado, a candeia...

Suas revelações eram espargidas, como a chuva suave que cala devagarinho as entranhas da terra ressequida. Tocavam os corações ansiosos por algo que não conheciam, mas que necessitavam de alento e esperança. Algo norteador das mentes, que pudessem estabelecer consciências clarificadas naquilo de essencial para a Vida, porque só conheciam desolação, desrespeito, abusos e a morte.

Jesus, arauto da esperança, da iluminação, do amor, apresenta a grandiosidade de Deus, apazigua a dor, modifica o estado moral reinante no mundo, abre a clareira da paz, mostra o rumo para a felicidade, franqueia o conhecimento da existência das muitas moradas na Casa do Pai e que iria à frente para preparar o lugar, para que seus irmãos pudessem encontrá-Lo, na sequência desta vida na outra Vida.

Ele, o Cristo, não precisou de ambiente suntuoso, não exigiu tapete de honorabilidade, não exigiu moedas, não condicionou o acesso à verdade sob nenhuma forma, não teatralizou nenhuma circunstância para chamar a atenção, não disse o que faria ou que alguém faria isto ou aquilo acontecer.  Apenas realizou com humildade e singeleza os fatos mais extraordinários, com o objetivo de ensinar, porque era Mestre.

A luz espiritual resplandece daquele que a conquistou, não é existente naquele que apenas almeja, imita, falseia ou engana.  A verdade surgirá em momento inopinado e as máscaras dos vendilhões cairão, restando a frustração, o arrependimento, a aflição de muitos, e longo caminho para o refazimento do plantio de árvores de frutos amargosos que darão colheitas arrasadoras.

Não fazer comércio daquilo que foi dado de graça para que de graça seja distribuído, sob pena de sofrimento intenso, em virtude do aviltamento de consciência.

Jesus é: “O Caminho, a verdade e a vida.”

                                                             Dorival da Silva.


quinta-feira, 2 de março de 2017

Caracteres do verdadeiro profeta

Caracteres do verdadeiro profeta

Desconfiai dos falsos profetas. É útil em todos os tempos essa recomendação, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar. Perguntareis, sem dúvida, como reconhecê-los. Aqui tendes o que os assinala:

Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército. Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.

Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra consequência: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.

Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito.

Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão encontrado pessoas assaz crédulas que lhes creem nas torpezas. Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis. Possuem todas as suas virtudes os que se dão como o Cristo? Essa a questão. Observai-os, perscrutai-lhes as ideias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho. Notai, ademais, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos. Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.

Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos.
                                                                                                                   – Erasto. (Paris, 1862.)


Mensagem extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo XXI, item 9.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Doe o seu Imposto de Renda

Atenção:  Todos que desejar fazer doação a Instituição diretamente, independente do Imposto de Renda, poderá realizar depósito na conta do Banco do Brasil (banco 001), agência: 0429-4, conta: 4.001-0.  Outra modalidade de ajuda é a solicitação de carnê de contribuição voluntária, quando deverá ser informado os seguintes dados: Nome, endereço, CPF, valor que deseja contribuir, data escolhida para o vencimento e e-mail (este é opcional).

Algumas Informações sobre o Lar da Criança Dr. Bezerra de Menezes - A Instituição está em atividade desde 1988, portanto, completará 30 anos no início de 2018.  Entidade sem fins lucrativos. Os membros da Diretoria são voluntários. As atividades são o acolhimento de crianças abandonadas e com graves riscos sociais, abandono, violência... O público alvo é a criança de zero a seis anos, com acolhimentos excepcionais de crianças de mais idade, principalmente quando se trata de irmãos.  O sistema é o de abrigamento, recebendo atendimento durante as 24 horas do dia, finais de semana, feriados, portanto, o ano todo ininterruptamente. Os dispêndios com a manutenção de alimentação, medicamentos, mão-de-obra com atendentes e demais despesas fixas são pagos com as contribuições via carnês de cobrança, doações esporádicas, doações outras de materiais de consumo e limpeza. A Prefeitura contribui com duas funcionárias, mas o quadro é composto por seis, vez que é necessário cobrir todos os turnos, por ser atendimento 24 horas e ainda nos finais de semana e feriados. Todas as crianças abrigadas são acompanhadas pela Promotoria e o Juízo da Infância e Juventude, além do Conselho Tutelar.

São prestadas contas mensalmente ao  Órgão competente. 

Contamos com a colaboração. Obrigado. 

Dorival da Silva
Presidente



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Reencarnação! Do que se trata?


   Reencarnação! Do que se trata?

Reencarnação, em conceito simples, é: o retorno do Espírito à vida material em um novo corpo. Todos os que estão num corpo físico estão reencarnados.
  
Trata-se de processo complexo essa viagem de um mundo sutil para um mundo material.  Não é estranho ao Espírito reencarnado, vez que todos os seres Humanos existentes na Terra renasceram e morreram inumeráveis vezes. Entretanto, as tradições e os usos e costumes dos milênios que se sucederam, trouxeram elementos que formaram conceitos equivocados.
A ausência de análise mais apurada e o comodismo agregado aos preconceitos dos mais diversos, estabeleceram paradigmas tidos como verdades inquestionáveis, que se enraizaram em grande parcela da Humanidade do Planeta como barreira intransponível.
A inexistência quase absoluta do autoquestionamento sobre a vida antes desta vida, da existência em curso e o que posteriormente a morte física o que se dará, para onde irá.  
Sob a ótica espiritual a vida é sempre uma continuidade, sem nunca ter tido interrupção, conquanto a entrada e saída na vida material (corpo físico) a vida do Espírito é única.
“— O princípio da reencarnação é uma consequência necessária da lei de progresso. Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos; acrescentemos que nenhuma conexão haveria entre elas, nenhuma relação necessária; seriam todas estranhas umas às outras. Por que, então, as de hoje haviam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? (...)” (1)
Como ninguém pode compreender o Criador, sem que seja infinito em tudo, tal como considerá-Lo a inteligência suprema e a causa primeira de todas as coisas (2) no Universo, tais como Seus atributos: eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom... (3), há de se perceber que na justiça divina não pode existir privilégio em sentido nenhum, nem na Terra ou em remota paragem do Universo.  Qualquer das almas que não tivesse partido de um mesmo ponto, tendo obtido alguma vantagem ou desvantagem, mesmo que insignificante, colocaria em causa a justiça divina. O que é impensável, a qualquer um de mínima razão. 
Portanto, diante da ideia de justiça plena da divindade e sendo uma de suas leis a lei de progresso, que toda a criação está subordinada, e é fatal, porque ocorre independentemente de percebê-la, compreendê-la ou não, assim é possível deduzir que todos os seres -- aqui se refere à alma humana -- tiveram seu início num estado de total ignorância, embora possuíssem todos os atributos em estado latente. Os homens de hoje, pelo estágio de sua inteligência e demais valores desenvolvidos, trilharam milênios incontáveis, vivenciando experiências inúmeras, errando e acertando, formando os caracteres necessários à construção de si mesmos, que ainda requer uma trajetória nos milênios futuros até o estado de pureza de sentimento e plenitude de inteligência.
A reencarnação é conhecida desde os primeiros tempos da Humanidade, foram as tradições que mudaram o entendimento, o que vem novamente ser trazida à baila na atualidade através dos ensinamentos da Doutrina Espírita, visando esclarecer aos homens modernos sobre a verdade, que é natural, mas que ficou envolta pelas nuvens escuras da ignorância, do interesse ou da má-fé nos milênios que se passaram. 
“Nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nem oculto que não venha a saber-se” (4).

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (5).

1.     A Gênese – Allan Kardec – capítulo XI, item 33
2.     O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – questão nº 1
3.     Idem – questão nº 13
4.     S. Lucas, 12-2
5.     S. João, 8-32
                                                                           Dorival da Silva
                                                                        

Quem são os presos de cadeias?




Quem são os presos de cadeias?


Todos se originaram de um pai e uma mãe. Foram, desejados ou não, foi construção do amor ou da inconsequência. Foram embriões, fetos, nascituros, criancinhas, crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens...

Tiveram mães ou precariedade de mães, madrastas, avós ou “avódrastas”.  Muitos, filhos da rua. Alguns, de famílias abastadas, mas abandonados dentro de casa.  Outros, em abrigos... Poucos pais constam dos documentos de registros das crianças, àquelas que estão à margem da sociedade considerada regular.  Há covardia e irresponsabilidade enormes, em conta o estado educacional reinante. Não há respeito em relação aos outros, mesmo sendo seus filhos; não há comprometimento com a vida, mesmo sendo suas vidas; não tendo responsabilidade com a sociedade, ignoram que são peças integrantes dela, inconscientes de que dependendo de suas qualidades é a qualidade do ambiente em que se vive.

Em quantidade significativa, por falta de opção educacional, cultural, esportiva e de trabalho, foram capturados para o tráfico, para o comércio ilícito, o roubo, tornando-se criminosos inveterados.

De quem é a culpa? Pode-se dizer com certeza que a culpa é de toda a sociedade. Somente poder-se-ia dizer isenta se o número de criminosos fosse diminuto e as organizações oficiais ou não tivessem realizado a sua parte de forma que os indivíduos renitentes tivessem rejeitado todas as possibilidades para se tornarem homens de bem. O que não ocorre, existindo verdadeiro despautério na condução daquilo que é público, destruindo a cultura de educar homens ilibados, porque estariam numa sociedade lídima no transcorrer dos tempos.

Considerando o que acima se expõe, anotamos abaixo a sabedoria de Allan Kardec, quando faz esclarecimento complementar à questão 685 de O Livro dos Espíritos, publicado em 18.04.1857:

“Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos”.

As sementes da árvore-da-vida abundante para todos são existentes de todos os tempos.   Jesus, apresentou as regras do bem viver, o respeito ao próximo, o amor para com todos.  Clarificou para o Mundo a continuidade da vida após esta vida, tanto que ele retornou após a sua morte física, para comprovar essa verdade. Falou das verdades vindas de Deus através da oração, da fé, além de tudo o que demonstrou enquanto caminhava entre os homens de carne, apresentou, para que não ficassem dúvidas, as manifestações de pentecostes.  Luzes que se faziam à luz meridiana, homens e mulheres que falavam nas mais variadas línguas e dialetos, para que as pessoas vindas de todas as partes pudessem bem entender a mensagem que fluía da espiritualidade, trazendo a esperança e revelações sobre a vida nos planos espirituais.

O homem moderno, com a inteligência desenvolvida para as ciências e as tecnologias, deixou distanciar em atraso, o que já vai distante, a questão moral.  O orientador espiritual “Emmanuel”, mentor do médium Francisco Cândido Xavier, aponta em 1950, na obra Pão Nosso, capítulo 36, o ensinamento clarificador para quem presta atenção à vida: As portas do Céu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o homem se eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria”.

Tudo pede esforços para se iniciar, para vivenciar e superar. Não há viagem no mundo da experiência no campo da vida física que não pedirá esforços de superação diante dos desafios que surgirão. Virtude existe quando temos que nos contrariar, existindo circunstância que nos proporciona locupletar de vantagens e vantagens aos arrepios da lei, ainda mesmo, quando tudo parece impossível de descoberto. O juiz maior é a consciência. Impossível de descoberto para os outros, que em tese não têm nada com o fato, mas o que age à sobra das normas ordenadoras da vida social, sabe e não esquece.

As consequências são sempre danosas à vida, advém os reflexos do mal, pois toda intenção negativa gera para o infrator responsabilidade correspondente.

Quem são os presos de cadeias?  Todos que praticam o mal e não se redimem. Existem as prisões de grades e paredes materiais, como as psicológicas e as espirituais, sempre será necessário corrigir os efeitos dos desatinos, das insinceridades, dos desrespeitos à vida, à organização social.

                                                    Dorival da Silva

Falatórios

Falatórios

“Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.” - Paulo. (II Timóteo, 2:16).
Poucas expressões da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece vasto lugar aos monstros do crime.

A atividade religiosa e científica há descoberto numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por extinguir-lhes os focos essenciais.

Quanto se há trabalhado, louvavelmente, no combate ao álcool e à sífilis?

Ninguém lhes contesta a influência destruidora. Arruínam coletividades, estragam a saúde, deprimem o caráter.

Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que sempre forma, em derredor, imensa família de elementos enfermiços ou aviltantes, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras.

Raros meditam nisto.

Não será, porventura, o verbo desregrado o pai da calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação?

Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório.

A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.

Quantos inimigos da paz do homem se aproveitam do vozerio insensato, para cumprirem criminosos desejos?

Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as energias, que dizer da língua transviada do bem que destrói vigorosas sementeiras de felicidade e sabedoria, amor e paz? Se há educadores preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indiferença alusiva aos desvarios da conversação?

Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.

Desprezar as sagradas possibilidades do verbo, quando a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.

Cada frase do discípulo do Evangelho deve ter lugar digno e adequado.

Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 73, 1951.
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Reflexão: Através do falar, escrever e outras formas de expressão o indivíduo faz transparecer o que lhe vai na alma. É educado ou não, é agressivo ou afável, respeita o argumento de outrem, mesmo que contrário ao seu ponto de vista?

Vive-se nestas últimas décadas um fenômeno, conquanto a tecnologia que leva e traz notícias de todas as partes, a ausência do diálogo produtivo, com argumentação embasada em conhecimentos sólidos, estruturados pela análise dos fatos e contextos, com raras exceções. 

Usa-se as redes sociais, que têm potencial extraordinário de comunicação, para bagatelas, com exposição pessoal, revelações inoportunas, às vezes surge mensagem de profundo conceito moral, no entanto, mescladas dentre muitas inadequadas, objeto de leitura corrida e sem reflexão sobre o seu conteúdo, ou desprezada em contra o tamanho do escrito.

      Emmanuel expressa no texto acima: “Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.”  Não é o que se verifica, o linguajar torna-se cada vez menos nobre, o hábito da leitura não é cultivado de forma abrangente, os diálogos são inconsistentes, não saem do trivial.

        No final da mensagem o Espírito Amigo registra: “Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.” Toda fala carrega uma carga de energia com a qualidade de quem se expressa. O pensamento vem antes da fala e emite carga com o teor da sua origem, que poderá ser harmonizadora ou desarmonizadora, geralmente são desarrazoadas, gerando os desequilíbrios correspondentes para quem expressa e para quem recebe o seu influxo.

      No corpo do texto, o Amigo Espiritual, aponta: “Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório. A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.”  São os valores nobres que enriquecem a alma, e é a riqueza da alma que proporcionará a paz e a felicidade após o fim da presente existência. Fato que ninguém poderá ignorar que se dará, que a vida neste plano é finita.

Sempre haverá o depois, seja após qualquer manifestação nas horas e nos dias que se correm, tal  como depois desta vida. Cada indivíduo encontrará consigo mesmo, no estágio em que se colocou.

      Vale a pena a preparação permanente para a vida, não somente para esta que se percebe, mas bem elaborada garantirá naquela que não termina um estágio mais favorável.

      Quem deseja uma vida de paz e felicidades em qualquer tempo que se eduque nas menores como na mais expressiva manifestação do pensamento.
                                                
                                                        Dorival da Silva.