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terça-feira, 24 de novembro de 2020

Racismo, preconceito!? Por que ignorar isso?

 Racismo, preconceito!? Por que ignorar isso? 

      Para analisar esse assunto em profundidade, é preciso considerar que todos os homens do mundo são espíritos imortais em viagem sem fim na busca do estado de perfeição. Racismo, preconceito e todos os sectarismos e outros “ismos” referentes existem pela ignorância da própria essencialidade espiritual. 

A perseguição de uma raça de gente por outra, de um entendimento religioso por outro; ou, a intolerância de dissensão política ou, mesmo, de comportamento, não se justificam, se se tem conhecimento lúcido do “Ser”, que cada um é.  

Cabem os questionamentos adiante que ajudarão no entendimento: O que é o Ser humano?  “Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma composição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução. (...).”¹   

“Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma? Uma massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”²

“Que é a alma? Um Espírito encarnado.”³ 

“Que é a alma antes de unir ao corpo? “Espírito.”4  

Então, o Homem é um Espírito que está reencarnado num corpo, enquanto dá vida inteligente ao seu equipamento de carne, chama-se Alma. Diz-se: reencarnado, porque não é a primeira vez que encarna, ou seja, retorna à vida material em novo corpo. Quando se refere a “Homem” ou “Os Homens” está se referido à Humanidade, o que inclui os seres masculino e feminino (homem e mulher), sem nenhuma distinção de gênero, mesmo porque se trata de Espíritos que poderão reingressar no mundo num e noutro sexo. 

A consciência dessa realidade permite a retirada do véu que impedia o entendimento mais amplo da vida e suas razões.  Assim, o racismo e os preconceitos perdem a razão para existir, como a escuridão que se extingue à chegada da luz, o desfazer da ignorância de quem realmente se é, e a finalidade de estar neste mundo.

Com a reencarnação, agora bem entendida pela revelação dos Espíritos Superiores, condutores da Humanidade, não é possível que as mentes e corações conhecedores dessa verdade, que supera  as conjecturas outras, não compreendam a grandiosidade da justiça Divina para com seus filhos, mostrando que todos têm o mesmo direito diante de sua Lei. “Qual a finalidade da reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?”5.   

A reencarnação, que é uma Lei Divina, que todos estão submetidos, resolve a questão do racismo…  Os indivíduos que compõem a atual sociedade, passada essa experiência -- toda geração passa --, retornando à vida espiritual, quando terão condições para analisar as consequências da existência terminada, às suas e da sociedade da qual participou, verão quais necessidades que lhes incomodam e novas programações de retorno à carne serão preparadas, na busca da solução dos seus incômodos espirituais.  

Assim, com as revisões que as análises e estudos no mundo espiritual proporcionam ao Espírito, de acordo com os novos propósitos, individuais e coletivos, buscam o reingresso na vida material, possivelmente, em muitos casos, por escolha própria, em posição reversa a da vida anterior; se eram negros poderão ser brancos, se eram do sexo masculino poderão envergar a estrutura feminina, se foram pobres encontrarem o caminho da riqueza. Não sendo essa alternância uma regra fixa, pois que existe o livre-arbítrio, mas o Espírito, estando fora da matéria tem visão mais ampla, vê as melhores possibilidades para vencer as suas deficiências, limitações, e os problemas de consciência. Embora no novo corpo não lembre as suas resoluções anteriores, mas estas estão no Espírito, e elas fluem através das tendências e da intuição. É possível observar isso no dia a dia das pessoas, como as habilidades inatas, que se apresentam sem nunca nesta existência ter feito treinamento para determinado fim, no entanto, demonstram facilidades para tais e tais tarefas. 

Racismo e preconceito são heranças de educação deformada, resultado da ignorância e do orgulho, que geram o ódio e a vingança, como são sentimentos que estão no Espírito, e não se sabe quando originou e nem em que circunstância, mas existe como uma nuvem invisível que magoa uns, ao mesmo tempo, atiça outros; todos digladiam, sendo vítimas do mesmo mal. Certamente os racistas de hoje são os mesmos que envergaram indumentária carnal que representava a raça que odeiam, e vice-versa. O sentimento está no Espírito. A única solução é o entendimento de que todos são Espíritos, que caminham para a libertação das peias, entre outras, aqui se trata do racismo e dos preconceitos de maneira geral. A decisão primeiramente é particular, íntima, depois os gestos e atitudes novos refletem na sociedade. Quando a maior parte da população estiver livre de tais amarras o Mundo já será outro, muito melhor, porque os Espíritos estão mais adiantados. 

Sem a educação moral, àquela que se adquire no berço, a educação de família, como preconiza Allan Kardec, será muito difícil aguardar que a escola regular e a justiça formal possam resolver tais problemas. Jesus, o Cristo, ensina: “Ame o seu próximo com si mesmo.”6 Grande parte dos racistas e preconceituosos conhecem a máxima do Mestre Nazareno, no entanto, sobre  as verdades espirituais não bastam estar informado, é preciso que se torne uma realidade internalizada na Alma, e reflitam nos gestos e atitudes no seu contexto de vida. Indivíduo evangelizado desconhece sentimentos racistas e preconceituosos. 

A Doutrina Espírita tem como máxima: “Fora da caridade não há salvação”7.  Desrespeito a quem quer que seja é faltar com a caridade. Agressividade para com os outros, o primeiro agredido é o próprio agressor. Tudo na vida é via de duas mãos. “É dando que se recebe.”, recita São Francisco.

      Com um pouco de boa vontade não é difícil perceber os equívocos da vida, depende do foco preferencial. 

      O eixo principal desses males é o orgulho e a insensatez.  

                                               Dorival da Silva

  1. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, capítulo X, item 26, Allan Kardec, FEB, tradução de Guillon Ribeiro

  2. Questão 136-b, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, tradução de Evandro Noleto Bezerra.

  3. Questão 134, idem.

  4. Questão 134-a, idem.

  5. Questão l67, idem.

  6. Mateus, 22:39.

  7. Capítulo XV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Karde, LAKE, tradução de J. Herculano Pires.


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Carrasco

 Carrasco

Reunião pública de 20/3/59
Questão nº 913

    Verdugo invisível, onde se lhe evidencie a influência, aparecem a rebeldia e o azedume, preparando a perturbação e a discórdia.

    Mostra-se na alma que lhe ouve as pérfidas sugestões, à maneira de fera oculta a atirar-se sobre a presa.

    Assimilando-lhe a faixa de treva, cai a mente em aflitiva cegueira, dentro da qual não mais enxerga senão a si mesma.

    E assim dominada, a criatura, ao pé dos outros, é a personificação da exigência, desmandando-se, a cada instante, em reclamações descabidas, incapaz de anotar os sofrimentos alheios. Pisa nas dores do próximo com a dureza do bronze e recebe-lhe as petições com a agressividade do espinheiro, expelindo pragas e maldições. Onde surge, pede os primeiros lugares e, se lhos negam, à face das tarefas que a previdência organiza, não se peja de evocar direitos imaginários, condenando, sem análise, tudo quanto se lhe expõe ao discernimento. Desatendida nos caprichos particulares com que se aproxima dos setores de luta que desconhece, mastiga a maledicência ou gargalha o sarcasmo, lançando lodo e veneno sobre nomes e circunstâncias que demandam respeito. Se alguém formula ponderações, buscando-lhe o ânimo à sensatez, grita, desesperada, contra tudo o que não seja adoração a si mesma, na falsa estimativa dos minguados valores que carrega no fardo de ignorância e bazófia.

    E, então, a pessoa, invigilante e infeliz, assim transformada em temível fantasma de incompreensão e de intransigência, enrodilha-se na própria sombra, como a tartaruga na carapaça, e, em lastimável isolamento de espírito, não sabe entender ou perdoar para ser também perdoada e entendida, enquistando-se na inconformação, que se lhe amplia no pensamento e na atitude, na palavra e nos atos, tiranizando-lhe a vida, como a enfermidade letal que se agiganta no corpo pela multiplicação indiscriminada de perigosos bacilos.

    Atingido esse estado d’alma, não adota outro rumo que não seja o da crueldade com que, muitas vezes, se arroja ao despenhadeiro da delinquência, associando-se a todos aqueles que se lhe afinam com as vibrações deprimentes, em largas simbioses de desumanidade e loucura, formando o pavoroso inferno do crime.

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    Irmãos, precatai-vos contra semelhante perseguidor, vestindo o coração na túnica da humildade que tudo compreende e a todos serve, sem cogitar de si mesma, porque esse estranho carrasco, que nos alenta o egoísmo, em toda parte chama-se orgulho.

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       Página extraída da obra: Religião dos Espíritos, pelos Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 20, 1960, FEB (Trata de assunto relativo à questão 913 – que será transcrita na parte final da reflexão --, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicado em 18.04.1857)

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REFLEXÃO: A página acima de Emmanuel tem mais de sessenta anos e suas verdades são atuais, mas precisamos verificar que os usos e costumes desta época proporcionam ampliar os entendimentos, ou, pelos menos, análise dos novos comportamentos. 

O contexto atual nas questões comportamentais, econômicas, políticas, sociais, psicológicas, tecnológicas, educacionais… são muito diferentes, embora tenha suas raízes fincadas no meado do século passado.  Há uma distensão dos segmentos daquela geração, com progresso nos diversos setores: o transporte e a comunicação ficaram mais rápidos, o setor da saúde evoluiu grandiosamente, a assistência social multiplicou em muito sua contribuição, a política se sofisticou, a educação -- num aspecto amplo, que envolve a educação de família -- , conquanto a sua evolução, permitiu mescla  personalística, exacerbando comportamentos inadequados, tais como: a violência, o desrespeito aos mais velhos e aos “diferentes”, ênfase aos modos viciantes... 

Apesar de evolução significativa notada em todos os setores da vida, existe um em particular, que embora tenha se ampliado, não foi na melhor direção, o que precisaria rumar para a verticalização moral, ou seja, buscar a harmonização com as regras de bem viver trazidas ao mundo por Jesus, o Nazareno. 

Ele, o Senhor, ensina bem viver na existência em que está posto na vida de um corpo, e bem viver sem a existência deste, porque a vida na sua essência não sofre interrupção, mas as consequências boas ou não permanecerão com toda força, sendo que cada individualidade não poderá, em tempo algum, fugir de sofrer os resultados de si mesmo, por isso o ensinamento: “a cada uma segundo as suas obras”.

O Mentor de Chico Xavier, na mensagem inicial fala de um determinado carrasco, a lição é abrangente, sendo atemporal e alcança todos os tipos comportamentais, pois, trata do espírito humano, e aponta a sua pedra de tropeço evolutivo. 

A base inspirativa do tema, foi o estudo da questão 913 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, em reunião na sede da Comunhão Espírita Cristã, de Uberaba (MG), em 23-03-1959, transcrita adiante: Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? ‘Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade.   Ele neutraliza todas as outras qualidades’”.

Com os recursos que anotamos acima, deixamos ao leitor a liberdade de sua reflexão sobre si mesmo, o meio onde vive, ainda, sobre as relações sociais, políticas, religiosas e científicas sob seu interesse, considerando que cada um tem a liberdade de olhar para a direção que mais condiz com o seu estado de interesse, no entanto, não deveremos esquecer a máxima do Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, resumidamente.

                                         Dorival da Silva


Nota 2: As obras de Allan Kardec estão disponíveis para consulta no endereço:  https://kardecpedia.com/

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Por que “Amar o próximo como a si mesmo”?

Por que “Amar o próximo como a si mesmo”?

Nos dias que se correm observando os meios culturais através da música popular, das novelas televisivas, vídeos e textos espalhados pela internet, filmes e outros, certamente com exceções, denota-se que o substantivo amor é colocado como algo a ser exigido de alguém, o coletivo me deve amor, devo ser amado a todo custo, sou credor de todo amor, sou infeliz porque não me amam. É o egoísmo exacerbado e o orgulho ditando normas de comportamento. Distancia-se velozmente da humildade.

Grande parte da população do Mundo se diz cristã, portanto, seguidora da mensagem de Jesus, o Cristo, e Ele por solicitação do próprio homem, que se fazia representar pelos Fariseus, à época, que um de seus doutores, em nome da plêiade religiosa dominante, questiona, embora, não para aprender, mas com o intuito de condenar o intruso que incomodava por portar sabedoria contundente que não atendia aos interesses daquele poder mandatário, quando questiona:  “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” — Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. (Mateus, 22:34 a 40.).   Jesus não deixa nenhuma dúvida quanto à maior Lei e não se referia à lei do Mundo, mas à Lei de Deus, sendo ela perfeita e imutável.

Em conta a exatidão do ensinamento do Mestre Divino, é de muita impropriedade, nos tempos chamados modernos, o desvirtuamento da palavra amor, para representar comportamento desregrado, dando a ideia de uso do próximo, na busca de sensações insaciáveis, abrindo na alma um grande campo de vazio impreenchível nesse rumo comportamental.

Situação que se dá nas relações afetivas, tanto como nos meios empresariais, governamentais, outras organizações, sempre ressalvadas exceções, porque sempre o bom senso existirá, mesmo momentaneamente em proporções menores.

Grassam a ansiedade, a depressão, o pânico e outras patologias emocionais nas mais variadas classes sociais -- a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a depressão como o mal que atingirá grande parte da população mundial nas próximas décadas. Os melhores especialistas e os mais modernos medicamentos não são capazes de contornar esses males, conquanto a necessidade deles para a sua amenização, até que decisão particular, íntima e decisiva possa modificar no espírito a ideia de amar, amando, amando-se, aos moldes de Jesus, curando-se definitivamente.

Qual a importância de amar o próximo? É ampliar a compreensão do sentido da vida. É enxergar no próximo o espelho de si mesmo, buscando a compreensão de suas dificuldades, as percebidas, porque com a reflexão se reconhecerá que as dificuldades do próximo são as mesmas que se possui, e por vezes piores. Corrigindo em si mesmo as mazelas percebidas é amar-se, aperfeiçoar-se, crescer espiritualmente, harmonizar-se com a Lei Divina, ser feliz.

Jesus não ditou norma, apenas revelou o que não se compreendia, embora existisse, por que a Lei Divina sempre existiu, e é a mesma sempre. Existindo o desvirtuamento, por qualquer interesse, por mais se tente justificar, encontrará os efeitos contendores do seu desvio. Assim as dores morais, os sofrimentos, não cessarão enquanto o infrator não se corrigir, conscientizando de que é a criatura que precisará crescer para Deus, aperfeiçoando-se, jamais a imperfeição imperará, tal é a Lei.


                                                          Dorival da Silva

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Ressuscitará

Ressuscitará

“Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.” - (João, 11:23.)

Há muitos séculos, as escolas religiosas do Cristianismo revestiram o fenômeno da morte de paisagens deprimentes.

Padres que assumem atitudes hieráticas, ministros que comentam as flagelações do inferno, catafalcos negros e panos de luto.

Que poderia criar tudo isso senão o pavor instintivo e o constrangimento obrigatório?

Ninguém nega o sofrimento da separação, espírito algum se furtará ao plantio da saudade no jardim interior. O próprio Cristo emocionou-se junto ao sepulcro de Lázaro. Entretanto, a comoção do Celeste Amigo edificava-se na esperança, acordando a fé viva nos companheiros que o ouviam. A promessa dEle, ao carinho fraternal de Marta, é bastante significativa.

“Teu irmão há de ressuscitar” - asseverou o Mestre.

Daí a instantes, Lázaro era restituído à experiência terrestre, surpreendendo os observadores do inesperado acontecimento.

Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.

O espírito mais ensombrado no sepulcro do mal e o coração mais duro são arrancados das trevas psíquicas para a luz da vida eterna.

O Senhor não se sensibilizou tão-somente por Lázaro. Amigo Divino, a sua mão carinhosa se estende a nós todos.

Reponhamos a morte em seu lugar de processo renovador e enchei-vos de confiança no futuro, multiplicando as sementeiras de afeições e serviços santificantes.

Quando perderdes temporariamente a companhia direta de um ente amado, recordai as palavras do Cristo; aquela reduzida família de Betânia é a miniatura da imensa família da Humanidade.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 151, em 1951.

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Reflexão: Jesus trouxe para a Humanidade, de forma atemporal, mensagem de esperança e renovação.  Seus ensinamentos não envelhecem e quanto mais se lhe compreende mais brilhante a Boa Nova se torna.

O Espírito Emmanuel, generosamente comenta o versículo registrado por João, 11:23 – “Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.”, na parte que destacamos: “Gesto que se transformou em vigoroso símbolo, sabemos hoje que o Senhor nos reergue, em toda parte, nas esferas variadas da vida. Há ressurreição vitoriosa e sublime nas zonas carnais e nos círculos diferentes que se dilatam ao infinito.”, traz-nos o Senhor fato modificador de entendimento para quem deseja analisar com seriedade.

Seria morrer de fato se não houvesse a possibilidade de ressurgir, mas Jesus coloca para o mundo o reaparecimento de Lázaro, grandioso que transpôs os séculos, no entanto, somente agora, se consegue entender que o retorno do irmão de Marta era correspondente ao ressurgir de todos nós de nosso estado de morte espiritual transitório.

Sempre que colocamos todas as nossas forças para a conquista de bens materiais, poder, evidência social, esquecidos que estamos apenas vivendo uma experiência, com término em momento imprevisto, estamos mortos espiritualmente. É preciso ressuscitar, retornar ao compromisso que assumimos com a nossa consciência antes de reentrarmos no novo corpo físico, este que estamos agora utilizando (isto é a reencarnação).

Ressuscitar é tornar a condição anterior à ilusão de um período que deliberamos viver pela ganância, vaidade, orgulho, egoísmo...

Ressuscitar é, também, retornar à condição anterior do estado de depressão, pânico e tantos outros problemas psicológicos e psiquiátricos.

Ressurgir é voltar ao estado de normalidade espiritual, conquanto poderemos receber ajuda medicamentosa, profissional, amorosa, até que fiquemos novamente em pé, mas será a nossa vontade que nos fará andar, superando com clareza e coragem as nossas inferioridades naturais de quem está no caminho evolutivo. Embrenhar-se novamente nas ilusões e fantasias é morrer outra vez espiritualmente, embora fisicamente possa-se parecer normal.

Jesus nos trouxe a mensagem essencial, os Benfeitores Espirituais aclararam o entendimento, e cabe a cada um de nós o próprio salvamento das mazelas que cultivamos, utilizando-se das claridades que o Mundo Espiritual esparge sobre os homens. Onde estaria o mérito do aprendiz. Como chegaríamos a ser mestres se ainda não aprendemos a ser alunos?


                                               Dorival da Silva

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A luz inextinguível

A luz inextinguível

“A caridade jamais se acaba.” - Paulo. (I Coríntios, 13:8.)
    Permaneces no campo da experiência humana, em plena atividade transformadora.
    Todas as situações de que te envaideces, comumente, são apenas ângulos necessários mas instáveis de tua luta.
    A fortuna material, se não a fundamentas no trabalho edificante e continuo, é patrimônio inseguro.
   A família humana, sem laços de verdadeira afinidade espiritual, é ajuntamento de almas, em experimentação de fraternidade, da qual te afastarás, um dia, com extremas desilusões.
  A eminência diretiva, quando não solidificada em alicerces robustos de justiça e sabedoria, de trabalho e consagração ao bem, é antecâmara do desencanto.
     A posição social é sempre um jogo transitório.
  As emoções da esfera física, em sua maior parte, apagam-se como a chama duma vela.
    A mocidade do corpo denso é floração passageira.
   A fama e a popularidade costumam ser processos de tortura incessante.
  A tranquilidade mentirosa é introdução a tormentos morais.
   A festa desequilibrante é véspera de laborioso reparo.
   O abuso de qualquer natureza compele ao reajustamento apressado.
  Tudo, ao redor de teus passos, na vida exterior, é obscuro e problemático.
    O amor, porém, é a luz inextinguível.
    A caridade jamais se acaba.
   O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.
    Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora.
    Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.

Mensagem extraída da obra: Vinha de Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 162, publicada em 1951.


Reflexão: Vive-se num oceano de circunstâncias, como que inseridos numa retorta laboratorial, onde se experimenta as diversas reações, sendo que os elementos não se misturam, sendo que cada elemento registra para si os resultados da convivência.  Nesse ambiente o elemento é a alma humana, que num Universo infinito não perde a sua individualidade, no entanto, acumula as experiências guardando os efeitos das reações no contato com todos os outros que estiveram nas suas experiências, como as suas em relação às experiências dos demais.

Nesse contexto, que enseja idas e vindas, são as reencarnações, desenvolve nas partículas humanas o fator extraordinário, o amor, o laço que ao mesmo tempo que une, liberta-se, ao tempo que serve, serve-se.

É o bem que se aprende fazer, consciente de que atendendo se é atendido; assim construindo em si mesmo edificação permanente, embora dinâmica, sempre crescente em seu aperfeiçoamento, pois se trata de construção atemporal, ocorre nos terrenos da alma, que mais se enriquece quanto mais se realiza.

Muitos desejam holofotes e pedestal de ilusórias evidências para o Mundo, exalça-se a vaidade e o orgulho, enrijecendo a máscara do egoísmo, não demorando para encontrar a frustração, numa construção carcomida e escurecida pela mágoa, revolta, desespero, que ficará no tempo à espera do arrependimento e do auto perdão, por deixar-se enceguecer pela miserabilidade das ilusões materiais.  

O amor, porém, é a luz inextinguível”, mas, não será de aparência, nem oriundo de exacerbação física no exercício das sensações; claramente o trabalho no campo material, quando na vida terrena, acionado pela motivação espiritual envolto em virtudes de servir, de doar-se; produzindo alento, conforto espiritual, esperança e renovação.  Quase sempre no anonimato.

Pelos caminhos do bem encontramos a caridade, como ensina o Espírito Emmanuel: “A caridade jamais se acaba.” A caridade tem infinitas aplicações e caminha construindo pela eternidade, acompanhando o seu benfeitor, pois, é desse foco que se irradia cada vez mais intensamente tornando-se inextinguível.

O Benfeitor, Emmanuel, revela para a Humanidade, com a grandeza que lhe é patrimônio: “O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.”  Não circunscreveu que é somente no Planeta Terra, é em toda parte no Universo, sendo o homem, viajor universal. 

 “Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora.” O melhor serviço a exercer no mundo é amar desinteressadamente, consciente que o mundo tem a qualidade de seus habitantes, o seu aprimoramento depende do aprimoramento de todos.

 “Ama, pois, em Cristo, e alcançarás a glória eterna.”


                                                                                             Dorival da Silva

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Há muita diferença e Muito se pedirá...


Há muita diferença


“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.” – (Atos, 3:6.)

É justo recomendar muito cuidado aos que se interessam pelas vantagens da política humana, reportando-se a Jesus e tentando explicar, pelo Evangelho, certos absurdos em matéria de teorias sociais.
Quase sempre, a lei humana se dirige ao governado, nesta fórmula: – “O que tens me pertence.”
O Cristianismo, porém, pela boca inspirada de Pedro, assevera aos ouvidos do próximo:
– “O que tenho, isso te dou.”
Já meditaste na grandeza do mundo, quando os homens estiverem resolvidos a dar do que possuem para o edifício da evolução universal?
Nos serviços da caridade comum, nas instituições de benemerência pública, raramente a criatura cede ao semelhante aquilo que lhe constitui propriedade intrínseca.
Para o serviço real do bem eterno, fiar-se-á alguém nas posses perecíveis da Terra, em caráter absoluto?
O homem generoso distribuirá dinheiro e utilidades com os necessitados do seu caminho, entretanto, não fixará em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, se as não realizou com o sentimento do amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legítima.
Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior.
Não olvides a palavra amorosa de Pedro e dá de ti mesmo, no esforço de salvação, porquanto quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio.
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Mensagem extraída da obra: Pão Nosso, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, capítulo 106.
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Muito se pedirá àquele que muito recebeu

       “O servo que souber da vontade do seu amo e que, entretanto, não estiver pronto e não fizer o que dele queira o amo, será rudemente castigado. Mas aquele que não tenha sabido da sua vontade e fizer coisas dignas de castigo menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado.”  (Lucas, 12:47 e 48.)

 Principalmente ao ensino dos Espíritos é que estas máximas se aplicam. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique, é certamente culpado; contudo, além de o Evangelho, que os contém, achar-se espalhado somente no seio das seitas cristãs, mesmo dentro destas quantos há que não o leem, e, entre os que o leem, quantos os que o não compreendem! Resulta daí que as próprias palavras de Jesus são perdidas para a maioria dos homens.
O ensino dos Espíritos, reproduzindo essas máximas sob diferentes formas, desenvolvendo-as e comentando-as, para pô-las ao alcance de todos, tem isto de particular: não é circunscrito; todos, letrados ou iletrados, crentes ou incrédulos, cristãos ou não, o podem receber, pois que os Espíritos se comunicam por toda parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância; não se pode desculpar nem com a falta de instrução, nem com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios tem de conhecer a verdade.
Os médiuns que obtêm boas comunicações ainda mais censuráveis são, se persistem no mal, porque muitas vezes escrevem sua própria condenação e porque, se não os cegasse o orgulho, reconheceriam que a eles é que se dirigem os Espíritos. Todavia, em vez de tomarem para si as lições que escrevem, ou que leem escritas por outros, têm por única preocupação aplicá-las aos demais, confirmando assim estas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do vosso próximo e não vedes a trave que está no vosso.”  
Por esta sentença: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecados”, quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje.
Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas também aos que houverem aproveitado, muito será dado.
O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos.
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Textos extraídos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XVIII – Muitos os chamados, pouco os escolhidos, itens 10 e 12.
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Reflexão:
       "Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior".  
           Nesse dizer de "Emmanuel" fica a síntese do registro evolutivo de cada um de nós. Ninguém pode ser àquilo que ainda não conquistou espiritualmente, o que se vê cotidianamente são mostras de como se pretende apresentar. É a hipocrisia. A personalidade que idealizamos para a conquista daquilo que atende às nossas ansiedades e interesses, muitas vezes desonestos.
             A figura maiúscula de Pedro exalta o que interessa ao "ser" imortal, dando de si as vibrações que exalavam de seu espírito para atender o vazio espiritual do pedinte, expressando excepcionalmente o ensinamento que perpetua, sem que a grande maioria dos que se dizem cristãos o compreende em profundidade -- "E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou."
              A necessidade maior do reencarnado está na sua alma, é a razão de estar vivendo num corpo físico, que necessita de muita assistência, a condição emocional de desiquilíbrio e a precariedade social são os resultados do que somos, considerando que percebemos apenas a parte aparente do "iceberg", caso tivéssemos consciência da integralidade certamente não nos suportaríamos.
              As carências da alma se preenchem com os recursos conquistados pela própria alma. O que é material por mais valor possa ter na ótica do mundo deve ser considerado apenas na condição de meio para a realização do bem. A realização que movimenta a intenção, as emoções, pede superação de dificuldades, apurando a capacidade de discernimento, a oportunidade de decidir e de avaliar se o que resulta é bom ou não para si e para outrem.  O bem ou mal são as consequências das iniciativas ou não.
            No Evangelho Segundo o Espiritismo apresenta análise do ensinamento de Jesus: "Muito se pedirá àquele que muito recebeu", o que é uma lógica límpida, é justiça Divina. Não há reparo! Não é possível que se permitisse que um mestre em matemática claudicasse em operações básicas, certamente se exigirá exatidão em matéria complexa compatível com a sua competência. Assim é na questão espiritual, a consciência não ficará satisfeita se não cumprirmos com os deveres que nos são próprios. Havendo descumprimento pela falta de compromisso, deslealdade, relaxamento, displicência e irresponsabilidade, tudo o que defluir em prejuízos sejam no campo material ou moral será exigido reparação, nesta vida ainda ou em outra, e as dificuldades serão correspondentes ao nosso estado de consciência. As dificuldades materiais ou emocionais são os desforços que fizemos para não fazer ou mal fazer o que tínhamos possibilidades de fazer bem, com resultados benfazejos proporcionadores de paz e felicidade.
           "O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos."  As verdades estão colocadas e não há possibilidade de retrocesso, o que a vida propõe é a plenitude, esta é a meta, o atraso na caminhada é por conta de cada indivíduo, chama-se indivíduo porque é um mundo próprio, é autônomo, no entanto, não conseguirá alcançar o objetivo se não souber estender os braços para servir e as emoções para consolar àqueles que ainda estão no esforço de superação de suas mazelas.
              A Doutrina Espírita contém os ensinamentos orientadores, como a trombeta que aponta a direção, ater-se a isso é escolher-se investindo no aprimoramento de si mesmo, multiplicando o número dos alçados no mundo dos escolhidos.
                                                   Dorival da Silva

        

               
             
  
           

quinta-feira, 16 de julho de 2015

RECEITA

RECEITA


Por onde vais humanidade insana?
Que mais dentro do mal, queres fazer?
Não vês que do teu erro é que dimana
O louco orgulho que te faz sofrer?

O teu egoísmo te não deixa ver, 
O falso objetivo que te engana
Supões na "força" o máximo poder
E a "força" te destrói... te desengana.

E enquanto não tiveres compreensão,
De que a maldade mais mais maldade gera, 
Mais amargor terás no coração. 

No entanto, para todo o mal e dor, 
Há um remédio que acalma e regenera:
-- Receita de "Jesus"-- gotas e amor!

Jésus Gonçalves - (1902 - 1947)
Psicografia de Francisco Cândido Xavier (1910 - 2002)
Livro: Flores do Outono

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Aos Jovens

Mensagem 118  -  Obra: Minuto de Sabedoria - Autor: C. Torres Pastorino



      Você que é jovem, construa a sua felicidade em bases sólidas. 
      A felicidade não depende dos outros, mas de nós mesmos. 
      Se alguém quiser desviá-lo do bom caminho, não o acompanhe; siga a estrada reta do bem, pois só assim conseguirá ter alegria em seu coração.
       Estude o mais que puder, ouça os conselhos de seus pais, seja puro e sincero em suas afeições, pois assim construirá uma vida nobre e digna. 

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Reflexão

        O nascimento, a infância, a juventude são o caminho novo, o recomeço para se alcançar a felicidade real.  A oportunidade nova é a solicitude de Deus para com a criatura. O Espírito que saiu da mão do Criador, puro, ingênuo e ignorante, conquistando, depois de muitos séculos,  a liberdade de decidir suas ações e atitudes, a partir daí, sempre se portou por sua vontade. 
       No curso dos milênios, vivendo necessidades e experimentando possíveis saciedades, acertou e errou, no entanto, enquanto havia a ingenuidade, a inocência de seus atos nada lhe pesava além do resultado das experiências, que reconhecia boas ou más, satisfazia ou não suas necessidades. Vida após vida assim evoluía desenvolvendo a inteligência e a compreensão no que lhe era de alcance.
       Passados os milênios, muitos, a inteligência se aguçou, levando o Espírito a perceber que a conquista: de poder, de influência, de posse de bens -- algo especulativo, da necessidade geral -- poderia reverter em atendimento de seus interesses e posteriormente também dos seus agregados. A partir desse momento começam a aparecer os sinais da inveja, do orgulho, do egoísmo. Adquirindo o gosto pela posse, quase sempre em detrimento dos mais fracos.
       Desperto o poder pela posse, pela subjugação de outrem, desejou-se atravessar suas fronteiras e abarcar outras divisas, com o sentido de se tornar mais forte, daí em diante ficou aumentado o orgulho e egoísmo.
     Nessa busca de poder, também descobriu a sensação de seus sentidos, e quis usufruí-lo com mais intensidade, inicialmente da sexualidade, depois ampliando a experimentação de outros excitantes, tornando mais tarde vícios.
        Como tudo isso vem de tempo longínquo criou raízes profundas na alma e como oferece prazer, mesmo os excessos proporcionando sofrimentos, o indivíduo se compraz no sofrimento, formando assim um círculo vicioso, sendo que somente uma decisão firme do Espírito pode interromper a alimentação do vício dos sentidos. 
        Sendo o estágio evolutivo da criatura uma construção própria, que respeita a sua vontade; com isto o Criador oferece o tempo para o despertamento das ilusões geradas e que nelas se compraz.
           A organização da sociedade em família é ferramenta operosa pelos laços de afinidade onde os mais experientes auxiliam a orientação dos jovens que estão recomeçando a trajetória evolutiva, mostrando-lhes os perigos e as inconveniências, visando o asserto no novo a aprender e o reajuste do que é velho para que não experimente novamente o sofrimento com a consciência comprometida. 
          Filhos obedientes podem não concordar com os pais, no entanto, têm mais tempo para refletir e melhor decidir quando surgir a oportunidade de realizar os seus interesses, em conta o livre arbítrio. 
           Estudar sempre aumenta as possibilidades de refletir e tomar decisão mais justa, concernente ao planejamento da reencarnação. 
     A educação moral é a chave para a paz e a felicidade verdadeiras, porque permanecerá na eternidade, é conquista pessoal.
       O Evangelho de Jesus, bem compreendido, é a grande luz norteadora da vitória do Espírito na jornada dos tempos infinitos.



            Reflexão com base no texto inicialmente posto. 




                                                        Dorival da Silva

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1862)

Homens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.

Generaliza-se o mal-estar. A quem inculpar, senão a vós que incessantemente procurais esmagar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas como pode a benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Aplicai-vos, portanto, em destruí-lo, se não lhe quiserdes perpetuar as funestas consequências.

Um único meio se vos oferece para isso, mas infalível: tomardes para regra invariável do vosso proceder a lei do Cristo, lei que tendes repelido ou falseado em sua interpretação.

Por que haveis de ter em maior estima o que brilha e encanta os olhos, do que o que toca o coração? Por que fazeis do vício na opulência objeto das vossas adulações, ao passo que desdenhais do verdadeiro mérito na obscuridade? Apresente-se em qualquer parte um rico debochado, perdido de corpo e alma, e todas as portas se lhe abrem, todas as atenções são para ele, enquanto ao homem de bem, que vive do seu trabalho, mal se dignam todos de saudá-lo com ar de proteção. Quando a consideração dispensada aos outros se mede pelo ouro que possuem ou pelo nome de que usam, que interesse podem eles ter em se corrigirem de seus defeitos?

Dar-se-ia o inverso, se a opinião geral fustigasse o vício dourado, tanto quanto o vício em andrajos; mas o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizeis. Sem dúvida; mas por que deixastes que as necessidades materiais sobrepujassem o bom senso e a razão? Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Desse fato sofre hoje a sociedade as consequências.

Não esqueçais que tal estado de coisas é sempre sinal certo de decadência moral. Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de castigar os soberbos.

Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo à reflexão e a que se emendem, sob os golpes que de quando em quando lhes desfere no orgulho para os advertir. Todavia, em lugar de se humilharem, eles se revoltam. Então, cheia a medida, Deus os abate completamente e tanto mais horrível lhes é a queda, quanto mais alto hajam subido.

Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todas as sendas, toma novamente coragem, apesar de tudo. Em sua misericórdia infinita, Deus te envia poderoso remédio para os teus males, um inesperado socorro à tua miséria. Abre os olhos à luz: aqui estão as almas dos que já não vivem na Terra e que te vêm chamar ao cumprimento dos deveres reais. Eles te dirão, com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandezas da vossa passageira existência são mesquinhas a par da eternidade. Dir-te-ão que, lá, o maior é aquele que haja sido o mais humilde entre os pequenos deste mundo; que aquele que mais amou os seus irmãos será também o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua autoridade, ver-se-ão reduzidos a obedecer aos seus servos; que, finalmente, a humildade e a caridade, irmãs que andam sempre de mãos dadas, são os meios mais eficazes de se obter graça diante do Eterno.
                                                                                      
                                                                                        – Adolfo, bispo de
                                                                                   Argel. (Marmande, 1862)


Mensagem extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VII – Bem-Aventurados os Pobres de Espírito, Instrução dos Espíritos, O Orgulho e a Humildade, item 12, por Allan Kardec, tradução: Guillon Ribeiro, editora FEB