Candeia sob o alqueire
Ninguém há que, depois de ter acendido uma
candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o
candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; pois nada há secreto que não
haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de
aparecer publicamente. (Lucas, 8:16 e 17.)
Extraído
de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXIV - Não ponhais a candeia
debaixo do alqueire, item 2.
Bem-aventuranças
“Bem-aventurados sereis quando os homens vos
aborrecerem, e quando vos separarem, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome
como mau, por causa do Filho do homem.” – Jesus. (Lucas, 6:22.)
O problema das
bem-aventuranças exige sérias reflexões, antes de interpretado por questão
líquida, nos bastidores do conhecimento.
Confere Jesus a
credencial de bem-aventurados aos seguidores que lhe partilham as aflições e
trabalhos; todavia, cabe-nos salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e
sofrimentos à conta de bênçãos educativas e redentoras.
Surge, então, o
imperativo de saber aceitá-los.
Esse ou aquele
homem serão bem-aventurados por haverem edificado o bem, na pobreza material,
por encontrarem alegria na simplicidade e na paz, por saberem guardar no
coração longa e divina esperança.
Mas... e a
adesão sincera às sagradas obrigações do título?
O Mestre, na
supervisão que lhe assinala os ensinamentos, reporta-se às bem-aventuranças
eternas; entretanto, são raros os que se aproximam delas, com a perfeita
compreensão de quem se avizinha de tesouro imenso. A maioria dos menos favorecidos
no plano terrestre, se visitados pela dor, preferem a lamentação e o desespero;
se convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para a exigência descabida e,
quase sempre, ao invés de trabalharem pacificamente, lançam-se às aventuras
indignas de quantos se perdem na desmesurada ambição.
Ofereceu Jesus
muitas bem-aventuranças. Raros, porém, desejam-nas. É por isto que existem
muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas
que ainda não são benditos no Céu.
Mensagem extraída da Obra: O Pão Nosso, ditada
pelo Espírito Emmanuel, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier,
capítulo 89, publicada em 1950.
Reflexão: As verdades, em se tratando das questões
espirituais, não são conclusivas e definitivas no estágio evolutivo dos
Espíritos vinculados ao Planeta Terra, nem no tempo em que Jesus fez revelações e
nem nos dias atuais, embora os entendimentos das mesmas verdades se estenderam,
mas não abrangem a sua integralidade, vez que esta somente se amplia de acordo
com os valores intelectuais e morais alcançados pelos homens. Jesus na sua
grandiosidade as conhecia na inteireza, mas sabia que o revelar deveria ser
gradativo para que houvesse conformação nas almas ainda em início de vivência
na busca de sabedoria.
A luz da verdade
precisa estar à vista, perceptível ao que a busca. A quem busca a luz material
em algum ambiente, para que a encontre com facilidade, faz-se necessário que
ela esteja no candeeiro, num lugar de evidência.
A referência de
Jesus, embora utilize a figura da luz material, elemento comum a todos, falava
da luz espiritual. Como o Guia de Humanidade estava a ensinar sobre algo ainda
não alcançável pelo entendimento de seu tempo, faz a ponte, para a ideia chegar
até os dias atuais, quando a inteligência e o entendimento fossem maiores.
A candeia
trata-se do próprio Espírito dos homens, que precisam se aprimorar, precisam
encandecer-se de entendimento e vivência, combustível das virtudes e valores
morais, numa palavra, lucidez.
Deverá se
encontrar no candeeiro da vida, não mais afixado em algum ponto relevante de
ambiente material, mas nas lides de responsabilidade dentro da sociedade,
realizando e promovendo o progresso geral, mesmo que através de ações
consideradas sem muita importância aos olhos da coletividade. As ações empreendidas por Jesus também não
eram consideras de relevância aos maiorais de sua época.
As ações nobres
terão reflexos nos corações, nas almas, no seguir dos tempos, sendo que os
resultados não competem ao que realiza, portanto, não se deve esperar ou exigir.
O bem é o perfume que se perceberá inopinadamente em algum momento na
eternidade, mas, desde agora, a sua intenção proporciona paz e felicidade.
“...pois nada há secreto que não haja de ser descoberto,
nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente. “
***
“Confere Jesus a credencial de bem-aventurados aos
seguidores que lhe partilham as aflições e trabalhos; todavia, cabe-nos
salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e sofrimentos à conta de bênçãos
educativas e redentoras. ”
Bem-aventurado é
a credencial atribuída por Jesus aos seguidores que agem e suportam as aflições
e trabalhos para a realização do bem. Todo bem tem a propriedade de promover o
homem, o espírito humano, sendo indispensável suportar os efeitos das ações
transformadoras.
Toda tarefa no
bem exige esforços, tanto dos que estão mais clarividentes de suas obrigações
diante da vida, pois caminharam mais, evolutivamente, como dos que precisam dar
os primeiros passos por vontade própria, vencendo as amarras impeditivas que lhes são inerentes, sendo essas forças pungentes, que alimentaram
por muito tempo.
Os transeuntes
da vida, mesmo cheios de boas intenções, mas que se deixam abalar pela vaidade
e o orgulho, nas realizações do bem, não poderão ter-lhes atribuído a
credencial de Jesus, pois lhes falta a modificação de si mesmos, com os valores da
humildade e da modéstia, desejando atribuir-se os méritos do pouco que fazem. “
(...) se visitados pela dor, preferem a
lamentação e o desespero; se convidados ao testemunho de renúncia resvalam
para a exigência descabida e, quase sempre, ao invés de trabalharem
pacificamente, lançam-se às aventuras indignas de quantos se perdem na
desmesurada ambição. ”
“Ofereceu Jesus muitas bem-aventuranças. Raros, porém,
desejam-nas. É por isto que existem muitos pobres e muitos aflitos que podem
ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu. ”
A oferta de
Jesus continua posta. Quem se habilita? As bem-aventuranças alcançadas são para
sempre. Todos trilham na eternidade, uns em paz e felizes, porém, muitos...
Dorival da Silva